25 abril, 2008

Aconteceu o Lançamento da Cartilha de Orientação Política

Arquidiocese de Maringá fazendo acontecer
Pe Sidney Fabril abrindo a sessão disse que a missão da Igreja é evangelizar a pessoa humana, a política envolve a pessoa humana, por essa razão a Igreja deve entrar no mundo da política. Com a cartilha de orientação política a Igreja quer conscientizar os cidadãos, cidadãs e a sociedade que a democracia acontece com a participação de todos e que o poder é sinônimo de serviço principalmente dos mais pobres.

O Arcebispo Dom Anuar Battisti leu a nota lançada na 46º. Assembléia Geral dos Bispos do Brasil sobre eleição e defesa da vida e anunciou que a nota será divulgada nos meios de comunicação.

O convidado Dr. Marino Galvão, assessor jurídico e político da CNBB Sul II, disse que a Igreja sabe que a Igreja tem que ficar a distancia do comando político, que isso cabe aos cidadãos. Evangelizar é preciso como cristão e que votar bem é preciso como cidadão, aí de mim se não votar bem. A Igreja quer consciência na hora do voto. Voto tem preço calçado na dignidade da pessoa, queremos consciência na hora do voto. Temos parlamentares bons, más, um grande número está interessado apenas nele mesmo. O trabalho do eleitor começa com o voto. É preciso consciência que se faz necessário apoiar e acompanhar o candidato após eleito. Com os comitês da Lei no. 9840 a Igreja quer fazer um trabalho de reconstrução dos eleitores e buscar voto de cidadania calçado na dignidade e não no dinheiro.

Como é belo ver as coisas acontecendo e que bom que esta sendo lançado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), com apoio das 35 entidades que compõem o seu comitê nacional, um novo projeto de lei de iniciativa popular impedindo a candidatura de pessoas com pendências judiciais relativas a atos incompatíveis com o exercício do mandato e candidaturas dos que renunciam ao mandato para escapar de punições legais. O objetivo é tornar possível o afastamento de candidaturas de pessoas que estão envolvidas em práticas criminosas, ainda que não haja sentença definitiva.

Paraguai e Brasil - D. Demétrio Valentini

Informações da Diocese ( 27/04/08)
PARAGUAI E BRASIL
D. Demétrio Valentini
No domingo passado o Paraguai elegeu para seu presidente um bispo católico, D. Fernando Lugo. Ele vai tomar posse a 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Assunção, padroeira do Paraguai, de onde sua capital recebe o nome.
O significado desta eleição não se limita ao fato raro e singular de um bispo concorrer à presidência de república, e ser eleito por expressiva maioria. Estamos diante de um dos verdadeiros “sinais dos tempos”, que precisa ser bem interpretado, pois aponta para muitas direções.
A imprensa do Brasil foi surpreendida pelo resultado, porque pouco tinha se interessado em acompanhar o processo eleitoral neste país que é nosso vizinho, e com o qual temos tantas realidades em comum, inclusive nossa maior usina hidroelétrica. O colonialismo cultural que ainda nos envolve é capaz de fornecer detalhes esdrúxulos das prévias norte-americanas, enquanto desconhece lances decisivos da história que partilhamos com nossos vizinhos latino americanos.
A eleição de Fernando Lugo significa a afirmação da identidade de um povo, desejoso de assumir sua história, e ansioso por ver respeitada sua dignidade e sua capacidade de participar, em pé de igualdade, na construção da solidariedade latino americana.
Em Fernando Lugo, o povo do Paraguai enfatiza sua legítima soberania, e afirma suas responsabilidades.
A eleição de um bispo católico como presidente da república traz consigo uma clara proposta patriótica, ética e política. No seu novo presidente, o povo paraguaio quer expressar sua capacidade de construir uma nação baseada em valores morais que servem de fundamento, tanto para a convivência interna como externa.
Sem dúvida nenhuma, a eleição de Fernando Lugo cria um novo patamar de relacionamento do Paraguai com os outros países, e de maneira muito especial com o Brasil. Nossos povos partilham situações comuns, que pedem um entendimento aberto, franco e baseado na justiça e na solidariedade.
Uma dessas situações é Itaipu, a maior hidroelétrica do mundo, e símbolo inequívoco da riqueza natural do Paraguai, constituída dos dois rios que desenham sua geografia, o Paraguai e o Paraná.
A própria construção desta hidroelétrica consagrou o desperdício, cujas conseqüências ainda estamos pagando, por 50 anos, em forma de amortização dos empréstimos. Orçada no início em cinco bilhões de dólares, precisou depois duplicar o seu orçamento para dez, e finalmente aumentar para quinze bilhões, sem contar os custos posteriores das linhas de transmissão. Estas realidades precisam agora ser colocadas com franqueza na mesa das negociações, para atender à justa aspiração do Paraguai de receber um preço melhor pela energia que por força de contrato ele vende para o Brasil.
Esta causa se constituiu em motivo central da campanha eleitoral que levou Lugo à presidência. Ela precisa agora encontrar acolhida junto ao governo brasileiro, inclusive para sinalizar a fecunda colaboração que os dois povos são chamados a efetivar daqui para a frente, dentro do novo marco de relacionamento, decorrente destas eleições.
Outra situação que merece agora um tratamento novo e diferenciado é constituída pelos “brasiguaios”. Eles expressam a entranhada relação existente entre Brasil e Paraguai, como não se verifica com nenhum outro país da América Latina.
Posso imaginar o que se passa agora na cabeça de Fernando Lugo, recordando os encontros que fazíamos como bispos do Celam, sonhando com a integração fraterna dos povos latino americanos. Ele carregava uma inquietação política, que o levou a renunciar à própria diocese, para colaborar na caminhada do seu povo como cidadão comum. De repente, o povo paraguaio lhe confiou a enorme tarefa de resgatar a dignidade do seu país, sacudindo equívocos internos e postulando justiça e respeito internacional.
Lugo, vá em frente! Estamos torcendo por você. Seu nome expressa urgência. Lugo e “logo” carregam a mesma insistência. Pode contar com nosso apoio. Que Deus o ajude a cumprir esta nova missão que a Providência lhe confiou!