29 abril, 2014

Dia Internacional da Dança



Hoje, dia 19 de abril é o dia Internacional da Dança, sendo assim resolvi jogar um pouquinho de capoeira, já que ela também é uma dança. 

O vídeo completo pode ser visto no link:

Foi uma apresentação no II Encontrão das CEBs na paróquia N. Sra. da Liberdade, onde o Pe. Dirceu Alves do Nascimento e eu assessoramos. 

28 de Abril – “Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho”


Assédio Moral e Violência Organizacional estão entre os motivos de adoecimento e acidentes com trabalhadores. Projetos que coíbem prática tramitam no Congresso.

A reportagem é publicada pelo portal da CUT

28 de abril é o “Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”, instituído em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina nos Estados Unidos em 1969.

Em todo o mundo ocorrem centenas de milhares de acidentes do trabalho a cada ano. No Brasil, segundo dados oficiais, em 2012 foram registrados 705 mil acidentes de trabalho, gerando 14.755 casos de invalidez permanente e 2.731 mortes.

Contudo, esses números representam apenas uma pequena parte da realidade, pois se referem unicamente aos trabalhadores vinculados à Previdência, não incluindo os servidores públicos estatutários. Além disso, não consideram os milhões de trabalhadores informais e os autônomos.

A legislação brasileira determina a notificação obrigatória das ocorrências de acidentes e doenças do trabalho pelas empresas, no entanto elas descumprem sistematicamente essa exigência, principalmente quando se tratam de doenças do trabalho.

Adoecimento gera riscos no ambiente de trabalho

Nos últimos anos vem aumentando significativamente a ocorrência de doenças mentais entre os trabalhadores das mais diversas atividades econômicas. Essa situação se dá em razão da exigência cada vez maior por ganhos de produtividade. Os mecanismos utilizados pelas empresas para cobrança de metas e outras formas de controle da produção caracterizam-se, normalmente, como prática de assédio moral e violência organizacional, produzindo grande sofrimento mental levando frequentemente a quadros de incapacidade para o trabalho.

O Brasil gasta bilhões em recursos públicos com assistência médica, benefícios por incapacidade temporária ou permanente e pensões por morte de trabalhadores vítimas das más condições de trabalho. Além disso, tais acidentes e adoecimentos afetam a vida dos trabalhadores não apenas do ponto de vista econômico, mas também social e profissionalmente.

Assédio moral no trabalho: uma prática que adoece e mata

O assédio moral no trabalho é um fenômeno observado em diversos países. Embora não seja uma prática nova ele ganha maior dimensão a partir dos anos 90 com a implementação de novas formas de gestão do trabalho e intensificação da cobrança por produtividade. Como consequência, há o aumento de diversas formas de adoecimento mental, levando os trabalhadores algumas vezes ao suicídio.

Marie France Hirigohyen, psiquiatra francesa, pela primeira vez usou a terminologia a definindo como “toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.”

Para Hainz Leymann, médico alemão pioneiro no tema que já 1984 desenvolvia seus estudos “assédio moral é a deliberada degradação das condições de trabalho através do estabelecimento de comunicações não éticas (abusivas) que se caracterizam pela repetição por longo tempo de duração de um comportamento hostil que um superior ou colega (s) desenvolve (m) contra um indivíduo que apresenta, como reação, um quadro de miséria física, psicológica e social duradoura.”

Nos últimos 20 anos houve muitos avanços na compreensão do tema e vários trabalhos acadêmicos passaram a identificar outras práticas não enquadradas exatamente como assédio moral, mas trazendo igualmente sofrimento e outras consequências danosas aos trabalhadores. O conceito tem sido ampliado para assédio organizacional, assédio moral coletivo, violência organizacional, violência psicológica no trabalho, caracterizando-o como instrumento de gestão. As empresas o utilizam como forma de pressão por aumento de produtividade omitindo-se e até justificando a prática de seus gestores, chegando muitas vezes a estimula-las.

Cobranças insistentes por cumprimento de metas inatingíveis, estímulo à competição exacerbada entre colegas, divulgação de rankings, exposição vexatória de trabalhadores por não atingimento de níveis produtividade impostos, são algumas situações recorrentes.

Centrais se manifestam por legislação contra violência organizacional

O Brasil, diferentemente de diversos países, não tem legislação federal para coibir essas práticas, em que pese vários projetos de lei tramitar atualmente no Congresso Nacional. Por isso em 2014 as centrais sindicais elegeram o Assédio Moral e a Violência Organizacional como motes das manifestações do “28 DE ABRIL – DIA MUNDIAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DE ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO”, com o objetivo de pressionar os parlamentares a criar legislação com essa finalidade.

Veja os conteúdos de alguns projetos de lei sobre assédio moral em tramitação no Congresso:

PL 2.369/2003 de autoria do deputado federal Mauro Passos (PT/SC) institui indenização a ser paga pela empresa quando o trabalhador for vítima de assédio moral além de obrigar o custeio de todo tratamento se for verificado dano à saúde. Estabelece também obrigatoriedade de medidas educativas e disciplinadoras, sujeitando a empresa a multa de R$ 1.000 por empregado caso não sejam feitos investimentos em prevenção.

PL 80/2009 do senador Inácio Arruda (PCdoB/CE) visa impedir, por determinado período de tempo, que empresas condenadas por práticas de coação moral no ambiente de trabalho venham a licitar com a Administração Pública, propondo a inclusão na Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações) de dispositivo criando o “Cadastro Nacional de Proteção contra a Coação Moral no Emprego”.

PLS 121/2009 de autoria do senador Inácio Arruda (PCdoB/CE) inclui o assédio moral entre as condutas vedadas aos servidores públicos, listadas no artigo 117 da lei que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais (Lei 8.112/1990). No artigo 132 desta lei, o projeto inclui a penalidade de demissão ao servidor que infringir a regra de vedação à prática do assédio moral.

PL 7.202/2010 dos deputados federais Ricardo Berzoini (PT/SP), Pepe Vargas (PT/RS), Jô Moraes (PCdoB/MG), Paulo Pereira da Silva(SDD/SP) e Roberto Santiago (PSD/SP) propõe alteração do texto do inciso II alínea “b” do artigo 21 da Lei nº 8.213/1991 (Lei Previdenciária), para incluir a ofensa moral como acidente de trabalho.

PL 6.757/2010 do deputado federal Vicentinho (PT/SP) propõe o acréscimo da alínea “h” no Art. 483 da Lei 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho) para incluir a coação moral entre os atos motivadores da solicitação da recisão de contrato por justa causa pelo trabalhador contra a empresa.

PL 6.757/2010 do deputado federal Vicentinho (PT/SP) propõe o acréscimo da alínea “h” no Art. 483 da Lei 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho) para incluir a coação moral entre os atos motivadores da solicitação da recisão de contrato por justa causa pelo trabalhador contra a empresa.

Esses projetos, uma vez transformados em legislação, em muito contribuirão para a eliminação do assédio moral e de outras formas de violência psicológica promovidas pelas empresas, adoecendo e até matando trabalhadores.

E se reduzirmos a jornada trabalhista para 6 horas?


Vejam só, Gotemburgo começará uma experiência para saber se trabalhar 6 horas por dia é mais benéfico para a produtividade, a saúde e a felicidade dos trabalhadores.

A reportagem é de Carmen López e publicada pelo jornal El País

O debate não é novo, mas foram os suecos que se decidiram a provar sua eficácia: Gotemburgo (a segunda cidade em importância da Suécia) fará um experimento para constatar o sucesso ou o fracasso da redução da jornada trabalhista para 6 horas diárias, segundo declarou Mats Pilhem, conselheiro da prefeitura e pertencente ao Partido da Esquerda, ao jornal sueco The Local.

A proposta do ensaio é simples: a metade dos funcionários da prefeitura manterão sua jornada habitual de quarenta horas semanais enquanto a outra metade desenvolverá uma jornada diária de 6 horas. Todos os trabalhadores ganharão o mesmo salário (é provável que os do segundo grupo estejam esfregando as mãos neste momento pensando no tamanho de sua sorte). Dentro de um ano serão avaliados os resultados do estudo para decidir que tipo de horário é mais benéfico para a sociedade de modo geral. “Esperamos que os trabalhadores de nosso modelo tenham menos dias de baixa por doença e se sintam melhor física e mentalmente após ter jornadas trabalhistas mais curtas”, explicou Pilhem.

A prova da redução da carga horária da jornada trabalhista obteve mais vezes resultados irregulares. Pilhem em suas declarações faz alusão a uma fábrica automobilística da própria cidade que obteve conclusões positivas. Seus opositores, no entanto, lembram o caso da cidade de Kiruna, que depois de dezesseis anos com a jornada reduzida decidiu voltar à jornada original por motivos econômicos e de saúde.

Seja como for, o que evidencia a decisão das autoridades suecas é a preocupação europeia com a duração das jornadas trabalhistas, que causam problemas que vão desde a conciliação trabalhista e familiar até à produtividade e eficiência das empresas. Há apenas algumas semanas, a França anunciou que engenheiros e consultores eram obrigados a desligar seus celulares e dispositivos eletrônicos corporativos durante 11 horas por dia para tentar acabar assim com as jornadas trabalhistas intermináveis. Isto é, desligar o computador e o celular do trabalho e esquecer deles até a manhã seguinte, uma ação que para muitos e muitas é inimaginável nos dias de hoje.

Na Espanha, o problema é quase maior devido aos horários que, por si só, já são estendidos, e à cultura do “presentismo” trabalhista que impera na sociedade há alguns anos e é agravada por fatores como a crise. No entanto, alguns setores começaram a criar iniciativas para que os horários de trabalho sejam moldados de modo que haja uma melhoria na vida social e familiar das pessoas. É o caso, por exemplo, da Associação para a Racionalização dos Horários Espanhóis (ARHOE) cujo manifesto defende por “uma profunda modificação dos horários na Espanha, que nos ajude a ser mais felizes, a ter mais qualidade de vida e a ser mais produtivos e competitivos.”

Um dos objetivos do manifesto é favorecer a igualdade entre o homem e a mulher, já que as jornadas trabalhistas que são maratonas afetam especialmente às mulheres. De fato, o partido político sueco Iniciativa Feminista, é um dos principais defensores do experimento da redução das horas de trabalho já que fará a vida trabalhista bem mais acessível às mulheres com filhos. Até o momento, as medidas que estavam sendo tomadas pareciam encaminhadas a adaptar a vida pessoal e familiar com o trabalho (com a extensão dos horários dos colégios, por exemplo) mas parece que as coisas começam a mudar, ao menos no resto de Europa. Do resultado do experimento de Gotemburgo pode ser que possam extrair os roteiros para avançar na direção adequada para a verdadeira conciliação.

Maria, a mulher que vai a Emaús [Maria Soave]


"Os contos das Marias geram o
en-canto da vida"
(Lc 24,13-35)

Maria, um nome tão comum. Quando não se conhece o nome de uma mulher, tenta-se chamá-la de Maria e, muitas vezes, se acerta. Maria, um nome tão comum. Provavelmente, ela se chamava Maria.

Era uma mulher baixinha. Os lindos cabelos negros recolhidos em castas tranças. Este era o costume obrigatório das mulheres judias de boa reputação.

Maria gostava dos seus cabelos soltos; eram macios e espalhavam um perfume quente de azeite de oliva e de flores de jasmim.

Às vezes, de noite, à luz fraca de uma vela, Maria penteava os seus longos cabelos negros acariciando-os suavemente. Cleofas gostava de olhar a sua esposa perdida em pensamentos longínquos se penteando à luz frágil de uma vela. Cleofas gostava, à noite, de se perder no cheiro quente de azeite de oliva e de flor de jasmim. Eram casados há pouco tempo. Um casamento feito de sonho, amor e diálogo.

Há alguns meses tinham conhecido o grupo de Jesus. Um grupo como muitos outros existentes na Galiléia daquele tempo.

Um grupo como os outros e, ao mesmo tempo, tão diferente.

Quantas crianças participavam daquele grupo! Eram filhos de algumas discípulas e discípulos de Jesus.

Crianças amadas, acolhidas...

Para elas tinha espaço no grupo. Jesus adorava brincar com elas, carregava-as no colo e, ao entardecer, sentado debaixo de uma grande figueira, contava estórias, que chamavam sonhos bons nos corpos cansados daqueles pequenos. Jesus costumava dizer que o Reino de Deus é para as crianças. Maria e Cleofas sorriam ouvindo aquelas palavras. Nos olhos e no coração dos dois apareciam os rostos sonhados dos filhos do futuro, filhos e filhas, todas as pessoas empobrecidas, que viveriam num mundo diferente, um mundo de partilha, de amor, de carinho; um mundo com o mesmo cheiro do Reino de Deus.

O grupo de Jesus, um grupo como os outros e, ao mesmo tempo, tão diferente.

Quantas mulheres participavam do grupo de Jesus! Mulheres casadas e solteiras, viúvas... Mulheres discípulas, ministras da palavra e da fração do pão.

O grupo de Jesus, um espaço para crianças e mulheres, um espaço para todos os empobrecidos.

O grupo de Jesus, lugar de resgate da vida digna. Pessoas contando histórias que devolviam a esperança ao povo massacrado pelos impostos dos romanos e do templo. O grupo de Jesus, gente de carinho e de cura, mulheres e homens conhecedores da cura das ervas e das palavras boas que saram feridas da alma e do coração.

Maria, um nome tão comum. Um nome que não precisa ser citado nos livros de história. Ela, a esposa de Cleofas, provavelmente era conhecida só como a "Maria de Cleofas".

Maria, discípula do grupo de Jesus. Fazia já duas noites que sonhos assustadores visitavam o repouso de Maria.

Ela acordava, de repente, com o coração na garganta e o rosto molhado de lágrimas amargas.

O sono tranqüilo do descanso não iria mais voltar e os olhos, cheios de lágrimas, ficariam assim, abertos, fixando tristemente o vazio até as primeiras luzes da alvorada.

Há dois dias, na lua cheia da primavera, Maria tinha presenciado a morte do amigo.

Jesus, morto como bandido incômodo ao poder do templo e do imperador romano.

Foi impossível consolar o amigo. Foi obrigada, como outras mulheres do grupo, a ouvir os gritos de Jesus de longe, porque os soldados ameaçavam de morte todas as pessoas que ficassem muito perto das cruzes.

Uma pergunta trágica estava enroscada na garganta de Maria, parecia crescer à noite e quase a sufocava.

Por que tanta violência? Por que o amigo Jesus tinha sido morto? Ele, o meigo contador de estórias para mulheres, pobres e crianças... Ele, que fazia a esperança de um mundo melhor, sem exploradores e explorados, voltar a brilhar nos corpos das pessoas...

Ele, que, superando todos os orgulhos patriarcais, fazia das mulheres discípulas amadas...

Tudo estava acabado... Tudo... E a tristeza sufocava a garganta de Maria.

Cleofas também acordava, à noite, quando Maria acordava.

Ele sabia muito bem que Jerusalém nunca tinha sido um lugar acolhedor e seguro para a gente da Galiléia nem para quem aderia a idéias e práticas novas, ainda menos agora, com a morte de Jesus.

Decidiram então sair da cidade e tentar recompor os pedaços da vida e dos sonhos estraçalhados após a morte do amigo.

Saíram bem cedinho, às primeiras luzes, quando o dia ainda não é dia e a noite não é mais noite. Saíram abraçados, para se proteger do medo, do frio e da sufocante tristeza.

Tinham que percorrer alguns quilômetros. A palavra boa começou a se fazer espaço entre o nó da garganta de Maria. Ela lembrava os contos do amigo.

Lembrava as palavras e as estórias que nunca cansava de ouvir. Estórias de cura, de amor, de perdão, de partilha... Estórias do Reino de Deus. Estórias já cantadas e contadas desde Moisés até os profetas e profetisas... Estórias do Sonho de Deus!

A tristeza e o desânimo enroscados na garganta e no coração de Maria suavemente se desmanchavam, deixando lugar para uma doce saudade... O coração do casal ia se aquecendo na memória do amigo amado.

O sol começava a brilhar entre a planície e as montanhas e Cleofas percebia de novo o cheiro quente de óleo de oliva e de flor de jasmim nos cabelos de Maria.

Chegaram em casa, cansados e famintos. Maria, como sempre, foi buscar um pão guardado na despensa.

Não precisaram de palavras... O silêncio estava grávido de sentido. A vida cria símbolos: o pão. Os símbolos criam ritos: a fração do pão. E os ritos devolvem a vida e a esperança:

"Ele não está entre os mortos, ressuscitou! A vida tem sempre a última palavra!"