26 março, 2015

Programação da Semana Santa 2015 na Catedral de Maringá

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A Mulher que surpreendeu a tod@s e ungiu Jesus

Marcos 14.3-9: A Mulher que surpreendeu a tod@s e ungiu Jesus [João Bartsch]


O texto em questão é o relato da unção de Jesus em Betânia e é essencialmente relato de uma ação; visto que a mulher não fala uma palavra sequer - só age, faz acontecer. Olhemos mais de perto a ação desta mulher!

O texto não traz maiores informações sobre a mulher. Ela é apresentada de forma anônima. Para o evangelista parece que não é importante a identidade desta mulher e sim a sua ação.
A ação da mulher consistiu numa unção que provocou forte reação por parte dos presentes à ceia. Os presentes indignaram-se com a atitude da mulher de ungir Jesus com perfume. O texto traz que o principal motivo da indignação foi o desperdício nesta ação da mulher. Ela derramou perfume da melhor qualidade sobre a cabeça de Jesus. Esse perfume custava o salário de um ano de trabalho. Porém, suspeita-se que podem ter sido outros motivos que causaram a indignação dos presentes. Pode ter sido porque a mulher invadiu um lugar essencialmente de homens. As mulheres entravam na sala de refeição só para servir a refeição. E esta mulher entra sem falar nada e age! Sua ação causa grande impacto. Mas sabe-se também, que o ato de ungir era amplamente praticado no meio judaico. A unção era muitas vezes uma cortesia da dona da casa para com o visitante. Já a unção na cabeça era essencialmente um ato dos profetas e sacerdotes do povo de Israel. Com este ato proclamava-se a pessoa ungida rei. Neste texto uma mulher, sem pedir permissão, pratica um ato messiânico que era efetuado apenas por homens. Este parece ser o principal motivo da indignação dos presentes na ceia.

Com o ato de unção, a mulher declara, reconhece, testemunha Jesus como o Messias. O Messias, o Salvador que o povo estava esperando. Como sabemos, pelo evangelho, Pedro já havia confessado Jesus como Messias anteriormente. Vê-se que a confissão de Pedro era um tanto frágil, pois à medida que Jesus se confrontava com sua morte e não fugia, Pedro se decepcionava. Pedro queria que Jesus fosse o Messias a sua maneira, não entendia muito bem o caminho de Jesus.

A mulher não age por agir. Sua ação é certeira. Ela faz a coisa certa na hora certa. Jesus reconhece que ela fez o que pode. O que estava ao seu alcance ela fez sem medir esforços. Como vemos, a ação da mulher está baseada em sua fé e em seu discernimento. Ela por força de sua fé faz a leitura do momento e age ali onde achou que deveria agir.

É o final da época da paixão e todos tiveram a oportunidade de refletir sobre o sofrimento e a cruz de Cristo. Cruz, sinal de escândalo e também a maior expressão do amor dele por nós. Hoje neste domingo de Ramos, a partir do relato da ação desta mulher, lembremo-nos de tudo aquilo que fazemos por Jesus hoje em nossas vidas, sem esquecermos de tudo aquilo que deixamos de fazer por ele, que é nosso Senhor e Salvador. Que coisas preciosas temos e que poderíamos colocar a seu serviço? E que ainda não colocamos! Não pensemos unicamente em formas materiais. Há muitas maneiras de diferentes pessoas expressarem o amor e o reconhecimento que têm por Jesus. Podem oferecer a ele parte de seu tempo, dons, conhecimento, etc. Como vimos no texto a mulher fez o que pode!

Agora, por alguns instantes, pensamos sobre o que estamos fazendo e o que mais poderíamos fazer a Jesus!

Como naquela época, também hoje, gestos que transmitem e traduzem amor podem ser, e certamente o serão, alvo de críticas, provocando a indignação de certas pessoas. Todo e qualquer gesto em direção a Jesus, em nossa sociedade onde o acúmulo e o lucro são os valores predominantes, receberão críticas e vaias. Por isso, nosso envolvimento comunitário em nome de Jesus pode ser considerado como “perda” de tempo, e nosso testemunho e estudo da palavra podem ser considerados ingenuidade e alienação.

Porém, não podemos deixar que estas críticas nos façam desistir. A mulher mesmo sendo criticada, fez o que pode naquele momento para enaltecer Jesus, seu Senhor e Salvador. Que também nós, caros irmãos e irmãs, olhando para a cruz de Cristo possamos ver o que estamos fazendo e também o que estamos deixando de fazer. Como Jesus Cristo nos diz: “Em verdade vos digo, cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”.