29 setembro, 2016

Para quem conhece o Humberto Henrique (13) é dever votar nele!

Foto: eu, Humberto e meu irmão



Para quem conhece o Humberto Henrique (13) é dever votar nele!

A pessoa política do Humberto é a realização da utopia.

A realização dos ideais políticos cristãos fundamentada na vida pública de Jesus e que tanto hoje se faz presente na fala do papa Francisco.

Devemos ter orgulho e o dever de votar no Humberto.

Sua atuação concretiza os ideais políticos de uma sociedade ideal, fundamentada em sua atuação verdadeiramente comprometida com o bem estar da coletividade.
Isso é verdade, não é campanha política.

Só não sabe quem não quer enxergar.

É verdade, não é campanha,  então porque vou votar em outro candidato que não seja o Humberto, porque pode ser que será bom, sendo que sabemos que o Humberto já vem fazendo e como prefeito poderá fazer muito mais e sabemos que tem muita gente precisando de um prefeito que faça muito mais, com olhar para os que mais precisam?

Penso que falar do Humberto não é campanha e sim uma conscientização que leve a quem de nós que pensamos em não votar nele repense o voto.

Ele tem conhecimento, proposta e é honesto e vem fazendo a diferença.

Essa diferença é tanto que até os adversários reconhecem.

Para quem conhece o Humberto é dever votar nele.

Mensagem final do X Encuentro Latinoamericano y del Caribe de las Comunidades Eclesiales de Base (CEBs)


Mensagem final do X Encuentro Latinoamericano y del Caribe de las Comunidades Eclesiales de Base (CEBs)

Del 13 al 17 de septiembre, se llevó a cabo, en Luque, Paraguay, el X Encuentro Latinoamericano y del Caribe de las Comunidades Eclesiales de Base (CEB), bajo el lema: “La CEB caminando y el Reino proclamando”. El obispo de San Pedro Apóstol, Paraguay, y responsable de las CEB, monseñor Pedro Jubinville CSSp, dirigió un mensaje final del Encuentro en el que expresó que “las CEB no son el pasado, son el futuro”, e instó a revalorizar el sentido de comunidad. “La comunidad forma, la comunidad sostiene, la comunidad abre al entorno”, expresó en su mensaje.
El reportaje es publicado por Agencia Informativa Católica Argentina - AICA, 27-09-2016. 

Del 13 al 17 de septiembre, se llevó a cabo, en Luque, Paraguay, el X Encuentro Latinoamericano y del Caribe de las Comunidades Eclesiales de Base (CEB), bajo el lema: “La CEB caminando y el Reino proclamando”.

El Encuentro, además, fue ocasión para que los delegados de las CEB de todo el continente celebraran el 50° aniversario del reconocimiento del Celam (Consejo Episcopal Latinoamericano) de esta realidad eclesial.
El obispo de San Pedro Apóstol, Paraguay, y responsable de las CEB, monseñor Pedro Jubinville CSSp, dirigió un mensaje final del Encuentro en el que expresó que “las CEB no son el pasado, son el futuro”.
“Parece un lindo eslogan pero lo creo realmente”, afirmó el prelado y señaló que “estamos llevando una inmensa riqueza: las comunidades mismas, las personas, la convivencia, el tejido humano que fabricamos y que somos, por la gracia de Dios. La opción por las comunidades es el camino de una gran renovación de la Iglesia y una contribución social única”.
Subrayando la necesidad de comunidad, monseñor Jubinville añadió: “La comunidad forma, la comunidad sostiene, la comunidad abre al entorno. ¿Cómo vamos a vivir una “economía solidaria” sin comunidad? ¿Cómo vamos a transmitir los valores de nuestros pueblos sin ella? ¿Cómo podemos hacer catequesis o celebrar la fe sin ella?”
El segundo punto del mensaje señala que durante el Encuentro se hizo hincapié en “la sacramentalidad de la comunidad” y explicó que “la comunidad es el sacramento del compartir, de la reconciliación con la tierra y entre nosotros. Ahí todo es importante: visitar, preparar una comida, jugar con los niños, pedir perdón, llamar y comunicar, lavar los cubiertos, decir la verdad, hospedar, contemplar el amanecer, respirar hondo, bailar, dar un beso”.
El tercer y último punto del Mensaje enfatiza que “somos sacramento de Jesucristo” y destaca que “las CEB llevan la memoria de Jesús compartiendo la Palabra y manteniendo el recuerdo vivo de muchos santos y mártires”.
Invitando a “no perder la memoria”, ya que la memoria “nos abre a los demás, nos cuestiona, nos sana, nos hace descubrir nuestra verdadera y profunda identidad, nos enseña a escuchar, nos envía no tanto como poderosos maestros de un mensaje bien sabido sino para exponernos más al misterio de Dios, encontrar su rostro en donde nos anunció Jesús que él se revelaría: los más pobres y excluidos”.
Por último el obispo de San Pedro Apóstol señala en su mensaje que “nuestra semana aquí en Luque fue una gran liturgia” y agradeciendo a Dios por “la memoria de estos 50 años de caminata”, concluyó invitando a volver a sus respectivas comunidades “con el compromiso de vivir radicalmente este don”.

‘O desafio da escola está não só em incorporar os interesses dos jovens, mas em educar esses próprios interesses’

No último dia 22 de setembro, o governo publicou a Medida Provisória 746, que modifica o Ensino Médio no país. Desde o primeiro momento, a medida gerou críticas contundentes de organizações e pesquisadores da educação. Em entrevista ao portal da EPSJV/Fiocruz, 28-09-2016, Marise Ramos  professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio -  EPSJV/Fiocruz, analisa a medida ponto a ponto e explica porque a reforma apresentada pelo governo nem de longe resolve a situação do ensino médio brasileiro, pelo contrário, reforça as desigualdades e relega a maior parte dos jovens uma formação mínima e precarizada.
Eis a entrevista.
A justificativa do governo para apresentar a MP é a falência do ensino médio no Brasil, que, segundo o próprio governo, apresenta alta evasão e desempenho estagnado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Esse é um diagnóstico correto?
Esses problemas existem, mas eu sempre destaco que a origem do problema da evasão e da própria estagnação das matrículas no ensino médio não está dentro do próprio ensino médio. Trata-se de uma questão da sociedade brasileira, da juventude brasileira, em especial da classe trabalhadora, daqueles que estudam na escola pública. Porque a faixa etária a partir da qual esses jovens ingressam no ensino médio é uma faixa etária também que desafia o jovem à realidade do emprego, do trabalho. Então, tem essa questão: a configuração do jovem como população economicamente ativa, como aquele que precisa trabalhar para complementar a renda familiar, pontualmente. Tem também a questão da própria sustentação no ensino médio. Por mais que tenhamos os programas de apoio, a passagem, o Programa Nacional do Livro Didático, a merenda escolar, por mais que se tenham ampliado os programas de assistência estudantil, ainda é um momento difícil para as famílias pobres, que têm dificuldade de sustentar o filho no ensino médio. Há outras questões diagnosticadas, todo mundo que estuda evasão também vê, por exemplo, a situação da gravidez precoce, o problema do uso de drogas, etc. Então esses são alguns aspectos que transcendem o conteúdo pedagógico da escola.
Mas não existe também problema interno à escola? O argumento é que o ensino médio não é atraente para os jovens...
Bom, entrando um pouco mais para a escola, claro que você tem nos sistemas estaduais de ensino redes bastante comprometidas do ponto de vista da qualidade da escola. Aí tem esse discurso: ‘a escola não é atrativa ao jovem’. Mas tem que se perguntar qual escola que não é atrativa ao jovem: a escola depredada, a escola sem condições dignas de estudo, de permanência? Obviamente. Então, esse já é um problema de qualidade propriamente. Aí entramos na questão do currículo, que também não é atraente ao jovem. A gente sabe que a escola passa por uma transição que tem a ver com a crise mais generalizada no plano cultural. As gerações que estão no ensino médio hoje vivem em uma sociedade em mudança, em transformação, uma sociedade em crise. E o ritmo da escola, a própria tradição da escola moderna, não incorpora as mudanças imediatamente. E também nem é o caso, porque um dos sentidos da educação, da escola, é ser uma experiência dos sujeitos em que uma das suas dimensões implica a incorporação, pelo jovem, da tradição de uma sociedade. Tradição no sentido daquilo que a sociedade construiu até o momento. É assim que a sociedade se sustenta, é preciso conhecer, incorporar a própria tradição para se questioná-la e transformá-la.
Então, de fato, eu não esperaria que a escola fosse algo que mudasse com a mesma dinâmica que os contextos sociais e culturais, porque esse confronto entre a tradição e a mudança, o novo, é formativo. Então, é preciso cautela com essa ideia de que a escola não é atraente aos jovens. Se de um lado se fala: ‘a escola não é atraente aos jovens’, de outro lado também se poderia perguntar: o que é atraente a esse jovem? É o que traz perspectivas, possibilidades formadoras para ele? Ou podem ser também lógicas deformadoras? Então, o desafio da escola está não só em incorporar os interesses dos jovens, convergir com os interesses dos jovens, mas educar esses próprios interesses. Os jovens, vindos de sua realidade — seja qual for, de uma vida burguesa, sofisticada, cara, ou de uma vida pobre, de carência —vão trazer os interesses que foram produzidos por essa realidade.
Não cabe à escola simplesmente incorporar os seus interesses, ou então adequar-se aos seus interesses. O que cabe à escola é, em se conhecendo esses interesses, confrontá-los com as necessidades formativas desses jovens, à luz de um projeto de sociedade. Isso tem a ver com currículo escolar. Pensar esse currículo nas dimensões da vida desse estudante, trazer a ciência, o conhecimento, o trabalho, a cultura em todas as suas dimensões – a cultura juvenil, da mídia, a cultura erudita, enfim. Precisa haver um encontro entre projeto educacional e interesses do jovem. Antes de um encontro, na verdade, é preciso haver um confronto para se poder, então, se encontrar e se reconstruir a convergência entre a finalidade da escola e o interesse do jovem.
Mudanças nos currículos são necessárias para atender esses pressupostos?
São. A gente tem debatido isso desde a redemocratização do país. Mas se quisermos colocar um marco, as reformas desde a LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996] trazem essa preocupação. Tanto que veio a reforma do ensino médio no governoFernando Henrique Cardoso, quando já se falou intensamente do protagonismo juvenil, da contextualização do conhecimento, da interdisciplinaridade, inclusive da lógica da formação por competência, porque traria um ensino mais diretamente vinculado aos objetivos de aprendizagem. Essa já foi uma reforma feita em nome do suposto interesse do jovem. Uma parte dos educadores, na qual eu me situo, já criticavam a reforma porque tentava-se fazer mudanças do ponto de vista curricular sem considerar as questões estruturais da sociedade e da própria escola.
Percebíamos a insuficiência daquela reforma, porque ela também representava, em certa medida, a ideia de que o jovem deve trazer os seus interesses e a escola deve se limitar a convergir com esses interesses. E aí vem a discussão que a gente consegue fazer posteriormente, já a partir de 2003, que redunda nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais [DCNs] do Ensino Médio, que expressam plenamente esse reconhecimento da necessidade de se repensar e se reorganizar o currículo do ensino médio tendo em vista a realidade dos seus estudantes, porém sem negligenciar a finalidade educacional, que é formar um jovem na sua plenitude.
Nesse sentido, as DCNs são muito positivas porque estabelecem a possibilidade de o estudante ter acesso e se apropriar do patrimônio científico, cultural, social, ético, político, produzido pela humanidade até então e, ao mesmo tempo, confrontar, questionar essa mesma tradição, do ponto de vista, inclusive, do seu tempo, do lugar onde se encontra, da forma como vê o mundo num determinado tempo. Então, as Diretrizes trazem plenamente essa preocupação. Quer dizer, se a questão do interesse do jovem pela escola é central, é um problema, o que se construiu até o momento, condensado nas DCNs do ensino médio, do meu ponto de vista, dão conta.
Esta Medida Provisória agrava os problemas do ensino médio?
Sim. Porque essa reforma traz essa mesma justificativa do índice de evasão, estagnação, etc., mas a maldade, digamos assim, é que ela reduz drasticamente o que podem ser os interesses da juventude. E delibera, inclusive sem ouvir a comunidade educacional, sem ouvir os próprios estudantes, sobre o que podem ser os seus interesses. Sabe o que eles dizem na MP que são os interesses do jovem? Ter uma formação mínima, que na prática é ter uma formação precária. É isso. Então a síntese dessa medida é uma formação precária, que vai se tornar realidade, principalmente, para os filhos da classe trabalhadora.
A MP limita a carga horária das disciplinas contidas na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) a 1200 horas e a outra metade da carga horária a itinerários formativos que incluem linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica profissional. Por que isso expressa essa formação mínima?
Essa é a primeira questão que salta aos olhos. É o fato de se determinar qual é a carga horária máxima da formação da Base Nacional Curricular Comum [BNCC]. Hoje o ensino médio está regulado com 2400 horas, em termos de uma concepção de formação unitária. O parágrafo 2º do Artigo 36 da LDB, que foi revogado por essa MP, dava uma especificidade ao ensino médio com a formação profissional, mas essa possibilidade tinha como preceito o asseguramento da formação geral, pois a formação profissional só podia acontecer mediante acréscimo da carga horária. Então, as 2.400 horas hoje regulamentadas são de formação básica, e sob o princípio de uma formação unitária. A MP estabelece que essa formação básica e unitária se reduz necessariamente a 1200 horas, que é a metade da carga horária atualmente prevista. O que se faz com as outras 1200 horas? Aí se abrem itinerários formativos.
Suponhamos que eu seja estudante do ensino médio: eu me contento com uma formação básica de 1.200 horas e o restante da carga horária eu vou fazer guiado por aquilo que seria o meu interesse mais direto. Então, eu admito que posso ser menos formado. É isso que a medida está dizendo. A MP diz que a escola pode oferecer um ou mais itinerários. Então, um estudante que por ventura tenha suposto — porque a gente não pode nem dizer que ele saiba isso nessa fase da vida —que não tem interesse por ciências da natureza pode fazer a sua formação sem nunca mais ter o contato com as ciências da natureza. Ou seja, ele não vai ter uma formação que contemple minimamente o conjunto. Porque a Base Nacional Comum vai ser reduzida igualmente, já que não se pode prever para a Base um conteúdo que demande mais do que 1200 horas.
O governo Temer quando assumiu anunciou que o processo de elaboração da Base seria paralisado. Então, não sabemos se o documento final irá se assemelhar a segunda versão que chegou a ser divulgada, sobre a qual já pesavam muitas críticas. O que esperar da BNCC após a edição dessa MP?
A lei impõe uma base diferente, porque certamente se estava trabalhando com a ideia das 2400 horas. Portanto, agora se terá um ano e meio para o trabalho desse conteúdo. O estudante sequer poderá redescobrir o interesse por alguma outra área que ele supostamente considera não gostar, provavelmente porque não teve uma boa experiência, não teve uma formação completa ou não esteve em uma escola com condições boas. E aí pronto, já está sacramentado, ele não tem mais chance.
A MP fala que depois da conclusão do ensino médio, o estudante pode optar por cursar um segundo itinerário formativo. Isso não resolve o problema?
Essa é outra maldade. Se o estudante, por alguma razão, quiser ou necessitar de uma formação mais ampla, ele tem que ampliar o seu tempo de ensino médio. Então, se o jovem amplia o seu interesse, ele acaba penalizado porque vai ter que voltar e cursar mais tempo. Isso se o sistema oferecer vaga, porque o jovem pode querer e não poder, já que está claramente expresso na MP que isso está sujeito à oferta de vaga.
Contando que a escola pode oferecer um ou mais itinerários, isso significa que podemos ter escolas que só ofereçam, por exemplo, a área de linguagens ou formação técnica?
Isso é um retorno muito piorado, tanto à lei 4024/61 quanto à 5692/71. O sistema de ensino define o que vai oferecer. Se quiser definir com ênfase em linguagem ou em ciências humanas, por exemplo, pode-se ter uma escola em que se prescinda da existência de laboratórios, precarizando mais ainda uma estrutura já precária. Some-se a isso o fim da obrigatoriedade do ensino de artes e educação física no ensino médio que a MP também traz. Então, a escola poderá não precisar ter laboratório, teatro, quadra esportiva... Quer dizer, é um artifício para se ter escolas ainda mais empobrecidas na sua infraestrutura. Como é que isso pode ser uma resposta aos interesses dos jovens? Tem um paradoxo aí, não é?
Em relação à formação profissional, que pode ser um dos itinerários formativos, voltamos à separação tão criticada entre formação geral e os cursos técnicos?
Voltamos exatamente ao patamar das leis que mencionei. Aqueles que eram considerados bons currículos do segundo grau técnico, na época da lei 5.692, tinham 50% de formação geral e 50% de formação profissional. Os não tão bons tinham menos formação geral e mais formação técnica. Mas, por exemplo, se você pegar a realidade das escolas técnicas federais à época, tipicamente os seus currículos mantinham essa divisão de 50%. Então, agora, você simultaneamente consegue trazer o que tem de pior nas duas leis passadas: da 4.024, porque restringe a formação dos estudantes nas áreas específicas, a exemplo do que foi o científico e o técnico profissional, e ressuscita a 5.692, numa lógica de um currículo de 50% para cada coisa. Outro agravante é o parágrafo único do artigo 24 da MP, que diz que a carga horária anual, que atualmente é de 800 horas, poderá ser progressivamente ampliada no ensino médio para 1.400 horas.
Você acrescenta então aí 600 horas por ano, que é mais ou menos o equivalente a um turno a mais por dia, exatamente o horário integral. Muito bem, de forma desavisada poderíamos bater palmas, pois ampliou-se a carga horária do ensino médio para o tempo integral. Mas essa ampliação só pode acontecer para os itinerários formativos, não pode ser uma ampliação na carga horária da formação básica comum, porque a formação da base nacional comum é limitada às 1.200 horas. Se os sistemas e os estabelecimentos de ensino ampliam, devem ampliar para 600 horas por ano e só podem fazê-lo na parte diversificada. Então, você aumenta a formação na especialização, essa que supostamente seria o interesse do jovem, e ele não vai ter mais a possibilidade de descobrir que teria outro interesse também.
Mas como você disse, a ampliação do Ensino Médio integral é uma demanda da sociedade e também uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Além do problema da expansão da carga horária na parte diversificada, que outros pontos críticos tem o atual projeto de ensino médio integral apresentado pelo governo no mesmo dia da edição da MP?
Pois é, alguém poderia falar assim: ‘não, mas o horário integral é uma questão positiva’. Eu própria falaria. Mas há muitos problemas. De um lado, a gente já viu que a ampliação só se efetiva nos itinerários e não na formação geral. E a outra questão é a obrigatoriedade do horário integral, que pode ampliar a concorrência hoje já existente entre trabalho e escola. Porque se o horário integral no ensino médio for obrigatório, quantos jovens podem ser impedidos de estudar porque a sua vida, estruturalmente, exige conciliar educação e trabalho, ou exige conciliar o ajudar em casa com o estudo? Enfim, o que não se leva em conta é quais são as condições objetivas para que essa ampliação possa corresponder a um direito ou uma necessidade do próprio estudante, e não ser uma imposição que vai redundar na exclusão. Uma outra observação que eu quero fazer é comparar a possibilidade da implementação dessa MP nas escolas de elite e nos sistemas públicos de ensino predominantemente utilizados pelas frações empobrecidas da classe trabalhadora. Assim como aconteceu em outras reformas, as escolas de elite nunca negligenciaram a formação básica, sólida, de cultura geral.
Quando houve a profissionalização obrigatória pela lei 5.692/61, ou elas transgrediam a lei ou faziam a profissionalização por via das formações consideradas formações em serviços, que acabavam sendo uma oportunidade para ampliar a formação na área das ciências humanas. Então, escolhiam profissões que podiam abrir para ampliar a formação geral: por exemplo, comunicação, secretariado, que amplia na língua estrangeira ou turismo, que abre a possibilidade de ampliar o estudo da geografia, da história. Tanto que não deu certo, chegou a lei 7.044 depois, que simplesmente regulamentou o que já estava acontecendo, que eram as escolas que não atendiam a obrigatoriedade da educação profissional.
As elites não atendiam porque não concordavam em tirar a carga horária de formação geral em nome da formação profissional. As escolas mal equipadas não atendiam porque não conseguiam fazer uma formação profissional decente já que não tinham os recursos para montar bons laboratórios. Então, uma escola de elite pode tranquilamente oferecer a diversidade dos eixos, pode optar por oferecer todos os itinerários e arranjos que permitam o aprofundamento da formação geral, até porque essas escolas não têm problemas de espaço físico e nem de falta de professor. E as escolas dos sistemas públicos é que vão fazer efetivamente a redução. Então, você tem reiterada e legalizada uma dualidade por dentro do sistema de ensino.
Só para deixar bem claro: a MP pode fazer com que um jovem só tenha acesso a uma escolha de itinerário formativo, levando em conta que a escola na qual estuda, que na maioria das vezes é a mais próxima de casa, pode oferecer só um tipo de formação?
Sim, porque inclusive isso é da lógica da economicidade. Porque essa é uma outra questão: hoje a gente tem um problema de falta de professor. A área em que há mais falta de professor é a das ciências da natureza, em geral a química e a física. Então, um sistema que tenha problema de falta de professor na área das ciências da natureza pode optar por fazer na maioria das escolas o itinerário das linguagens no qual tem mais professor. Então, não se resolve o problema da falta de professor, sacrifica-se a formação do jovem para resolver cinicamente, para tapar o problema da falta de professores. Aí entra também o problema da carreira do magistério que, igualmente, não é atraente para o professor. Aí isso deixa de ser uma preocupação. Nem a reforma do Fernando Henrique chegou a tanto, até porque isso aqui é muito pior do que a reforma do governoFHC. Agora piorou porque reduziu. Agora você pode ampliar a carga horária largamente na formação técnico profissional, com a inversão completa dos valores: um ensino médio que enfatiza a formação técnico-profissional em detrimento da formação geral. Exatamente o contrário, radicalmente o oposto do que se buscou na discussão da LDB, do que se conseguiu com a concepção do ensino médio integrado.
O texto fala em sistema de créditos no ensino médio e também em convalidar o que foi aprendido no ensino médio para o ensino superior. Essas mudanças atendem à mesma lógica do aligeiramento da formação?
É a mesma lógica da racionalidade. Esse aproveitamento de créditos do ensino médio no ensino superior é uma idiossincrasia, uma incoerência nunca vista antes na legislação educacional, que é o nível superior validar como equivalente um aprendizado obtido no nível anterior. Vamos supor que eu cheguei ao ensino superior: ‘ah, mas isso que você estudou aqui é equivalente ao que nós vamos estudar agora como nível superior, então não precisa fazer’. Então, tem uma incoerência interna na organização do conhecimento, de forma a desconsiderar os motivos da existência de etapas em níveis de ensino. Isso só pode ser explicado, no meu ponto de vista, em razão de uma economicidade, de um racionamento de conhecimento.
Além de estar diminuindo a formação básica no ensino médio, você também diminui no ensino superior, porque convalida o que foi aprendido antes. Tem outro artigo da MP que diz que o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o sistema de créditos ou disciplinas com terminalidade específica, observada a Base Nacional Comum, a fim de estimular prosseguimento de estudos. Quer dizer, você pega uma etapa de formação que é de formação básica, uma etapa na qual o sujeito ainda está em formação, e fatia. Legaliza formas fragmentárias da construção curricular para estudantes que estão numa faixa etária cuja autonomia ainda não necessariamente corresponde a sua possibilidade de escolhas e definições. Você pode dizer assim: ‘ah, mas isso em relação ao adulto pode ser uma coisa interessante’. Bom, há que se discutir, pode ser interessante para o adulto, para o adulto que já tem maturidade, já tem períodos escolares vivenciados anteriormente, mas aqui isso está generalizado.
A MP apresenta também soluções criativas de possibilidades de reconhecimentos de saberes, como por meio de demonstração prática, experiência de trabalho, etc.. Quais podem ser as consequências disso?
Esse outro aspecto do reconhecimento de formação não escolar, digamos, é algo anunciado já desde a LDB, mas não no nível em que se coloca agora. O que se apresenta agora é que os sistemas poderão reconhecer mediante regulamentação própria, então não tem parâmetro nacional como já se teve, por exemplo, a Rede Certifique na educação profissional. Criticar essa equivalência não é a mesma coisa que dizer que um é melhor ou superior que o outro, mas é dizer que os saberes são diferentes e a própria validade e pertinência do conhecimento prático, da experiência cotidiana, precisa ser confrontada pela relação com o conhecimento sistematizado. A MP torna equivalentes atividades de educação técnica oferecidas em outras instituições de ensino, cursos oferecidos por centros ou programas ocupacionais, estudos relacionados a instituições de ensino nacionais e estrangeiros, educação à distância, e educação presencial mediada por tecnologias, além da experiência prática e de atividades de trabalho. Em última instância, levada às últimas consequências, considerando a restrita carga horária das 1.200 horas da Base Nacional Comum, e considerando ainda que esse aproveitamento pode se dar, inclusive, em relação à Base — porque o texto não diz diferente —, a gente pode supor que um estudante poderia concluir o ensino médio sem nunca tê-lo cursado como etapa da educação básica efetivamente.
Esse esforço da MP em garantir a formação no ensino médio ao custo da perda de qualidade pode ser interpretado como uma forma de zerar o número de jovens que ainda estão fora dessa etapa de ensino?
Exatamente. Porque você torna a possibilidade de certificação, de conclusão de estudos muito ágil, fácil e rápida. Então, pode-se conseguir elevar os números de conclusão de ensino médio muito rapidamente. Você pode ter escola mínima, com instalações mínimas, para uma formação igualmente mínima. É a minimização em todos os sentidos. Sabe o que é liofilização? Tirar água, drenar. O processo é esse, você está ressecando o ensino médio, está liofilizando, tirando o conteúdo dele e vai deixar uma massa de sobra. Uma outra coisa brutal é acabar com a exigência das licenciaturas para os professores, que também responde à falta de professores. A gente falou que o sistema pode optar pelo itinerário para o qual ele tem mais professores e deixa de ter que resolver o problema com falta de professores em outras áreas. Mas no artigo 61, inciso 4, a MP diz que nem a licenciatura se torna necessária para a educação profissional.
Isso já é possível hoje para a educação profissional?
Não, ao contrário, a LDB exigiu que todos os professores tivessem licenciatura. Isso foi possível na 5.692/71. Veja como é um retorno. Como não se tinha professores para todas as áreas técnicas, a 5.692, quando tornou a profissionalização compulsória, abriu o precedente de poder contratar como professor aquele que não tivesse licenciatura, mas que fosse especializado na área, com notório saber. Depois colocou-se a necessidade da formação pedagógica, que era um esquema para quem tinha só formação técnica de nível médio, e iria ser professor, e um outro esquema para quem tinha o nível superior em uma área, mas não tinha licenciatura. Durante muito tempo o sistema funcionou assim, até que na verdade os próprios esquemas acabaram e as instituições validaram que, desde que fizessem concurso e respondessem pelas exigências, poderia se não ter a licenciatura.
Essa ideia de que temos hoje um currículo exagerado com 13 disciplinas obrigatórias e que se aprende na escola muita coisa inútil, é recorrente. Após o anúncio da reforma pelo governo, esse foi o tom de alguns analistas na imprensa. Nesse sentido, não é um risco essa reforma ser atrativa para a sociedade?
Claro. Esse discurso pega o que já é criticado, que é a fragmentação por dentro do currículo. Por que a gente defende a integração? Ao invés de ter um tempo de matemática, outro de português, você vai tendo organizações em que as disciplinas dialogam umas com as outras. E ainda que você tenha 13 campos científicos, você tem um trabalho articulado entre eles, não são 13 aulas separadas em que uma não tem nada a ver com a outra, com mais 13 provas, com mais 13 exercícios para a casa. Então, é sempre o problema das reformas: eles pegam o fenômeno, a superfície, não vão até a raiz. E aí trazem a solução fácil. Isso aqui é um pacote de facilidades e por isso pode passar. É atrativo para o jovens e essa é a maior ironia, porque ele não pode se pensar como alguém maior, que amplie os seus direitos, os seus horizontes, ele tem que se pensar no mínimo, no instrumental. Isso é tipicamente a pós-modernidade, o efêmero, o rápido. De sólido não tem nada.

28 setembro, 2016

Nota do CPERS sobre a Reforma do Ensino Médio

Na última quinta-feira, 22, o governo federal anunciou de forma autoritária a Medida Provisória 746, que trata da Reforma do Ensino Médio. Com a falsa justificativa de reduzir a elevada evasão desta etapa da educação básica e elevar a qualidade do ensino, anunciou um pacote de reformas de forma antidemocrática. Educadores e estudantes não foram ouvidos, o que caracteriza o autoritarismo nas decisões do atual governo.

Entre as polêmicas medidas anunciadas estão: a flexibilização do currículo, onde as disciplinas de Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia, as quais sempre integraram o currículo escolar, devem passar a ser optativas e a implementação de turno integral nas escolas,  passando a carga horária de 800 para 1.400 horas anuais. Em nenhum momento, foi especificado como essas medidas serão colocadas em prática e nem detalhado quando exatamente devem entrar em vigor.

Ao contrário da forma como foi conduzido o debate sobre o Plano Nacional de Educação – PNE, o qual foi intensamente debatido com educadores, estudantes, comunidade escolar e a sociedade em geral, esta reforma está sendo apenas anunciada à população. Não houve a chance dos principais interessados colocarem suas opiniões e sugestões. A Reforma do Ensino Médio foi um canetaço do governo Temer.

Um debate como este exige uma profunda reflexão e a participação ativa de professores, estudantes e toda a comunidade escolar, podendo, inclusive, contar com a colaboração das universidades.

Esta é mais uma prova da forma como este governo pretende atuar. Se analisarmos, neste cenário, a PEC 241, que trata da limitação dos gastos públicos e prevê, entre outras medidas, o congelamento dos orçamentos por 20 anos, veremos que, dessa forma, não haverá recursos para implementar mudanças como a implantação do turno integral nas escolas.  Além disso, temos que considerar ainda que o Projeto de Lei 4567/2016, que acaba com a garantia legal da Petrobras de ser a operadora única do Pré-Sal e, assim, encerra com o modelo de partilha do Pré-Sal, suspendendo os recursos que seriam destinados à educação. Há ainda que se considerar nesta análise, o PLP 257, que proíbe a revisão dos Planos de Carreira.

O cenário que se desenha é o de sucateamento da educação pública, em especial. Por isso, o CPERS reafirma sua posição democrática em todos os debates, principalmente aqueles que influenciam diretamente na qualidade da educação e na valorização e respeito aos educadores e estudantes. Por isso, repudia o conteúdo do texto da MP apresentado pelo governo federal e exige que todos os envolvidos neste processo sejam ouvidos.

Fonte: http://cpers.com.br

27 setembro, 2016

Lava Jato atua de acordo com conjuntura política, afirma cientista político

Para Frederico Almeida, da Unicamp, novas fases da operação estão relacionadas com eleições municipais

Brasil de Fato | São Paulo (SP), 

Juiz Sérgio Moro: recentemente, suas ações foram respaldadas por decisão do TRF / Lula Marques/AGPT

O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci foi detido pela operação Lava Jato nesta segunda-feira (26). Na semana passada, Guido Mantega, que dirigiu a mesma pasta durante os governos do PT, também teve sua prisão decretada, mas foi liberado no mesmo dia.
A prisão de Palocci foi anunciada um dia antes pelo atual ministro da Justiça do governo não eleito, Alexandre de Moraes, durante uma atividade política com o Movimento Brasil Livre (MBL) em Ribeirão Preto (SP).
Para analisar as motivações Lava Jato, seus limites e seus possíveis efeitos, o Brasil de Fato conversou com Frederico Ribeiro de Almeida, professor de ciência política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que estuda o sistema judiciário brasileiro e suas relações com a política.
Para ele, a operação age de acordo com a conjuntura política e pode trazer resultados indesejáveis para a democracia brasileira.
Confira a íntegra da entrevista abaixo:
Brasil de Fato – Como você avalia a atuação da Lava Jato?
Frederico Almeida — A Lava Jato tem vários aspectos inéditos, mas, ao mesmo tempo, tem coisas típicas da forma como a Justiça criminal opera no país. O que seria mais típico? A grande autonomia e empoderamento institucional do Ministério Público voltado a questões de interesse público de maneira geral e à corrupção, em especial. Isso é uma coisa que vem desde os anos 90, estando relacionada com o desenho institucional estabelecido na Constituição - com muitas atribuições e muita autonomia - e, no caso específico da corrupção, com o surgimento de uma série de legislações específicas sobre o tema.
São mudanças institucionais ocorrendo há bastante tempo que estão culminando no que estamos vendo hoje. Mesmo quando se fala na questão dos abusos, militantes de direitos humanos e pessoas que lidam com a Justiça criminal ordinária, dos pobres, —sejam defensores de acusados, sejam pesquisadores— acusam, há muito tempo, a existência de procedimentos forçados de produção de provas, uma certa tendência do Ministério Público pela punição e, muitas vezes, uma complacência do Judiciário com as teses da acusação.
Condução coercitiva, ações sem mandado, suspeitas em torno da qualidade da prova produzida: tudo isso são coisas denunciadas há muito tempo.
O que tem de novo? No nível em que a Lava Jato opera, ou seja, uma Justiça criminal voltada para os poderosos, em geral, o discurso das garantias, da defesa, do devido devido processo legal sempre foi muito forte e eficaz. O que tem de novo são as teses jurídica sobre a produção de prova, a necessidade de se prender para investigar.
Há uma nova formulação e uma nova postura institucional do Ministério Público, dos juízes, dos tribunais em geral de defender que certos crimes e certas práticas devem ser tratadas de maneiras específicas e diferentes.
O que determinou que a Lava Jato emplacasse?
Essas teses não surgiram ontem. O Ministério Público está tentando emplacar isso faz tempo. O que acontecia é que, quando os poderosos eram outros poderosos, havia uma certa resistência dos tribunais superiores e um certo sucesso dos advogados de defesa em resistir a essa tese. Isso mudou, e tem muito a ver com o ambiente de opinião pública muito favorável à Lava Jato, que coloca qualquer tribunal em uma posição muito desconfortável em barrar a operação ou criticar seus excessos.
Nesse sentido, a operação é muito politizada: ela está focando em alguns réus, em um partido específico, ajustando o tempo de suas operações com o tempo da conjuntura política.
Eles agem quando há uma sensibilidade da opinião pública para agir. E fazem um esforço de mídia —o juiz Sergio Moro sendo premiado, as coletivas de imprensa— no sentido de jogar deliberadamente com a opinião pública para fazer emplacar suas teses fora dos tribunais.
O que representa a decisão do Tribunal Regional Federal apontado que “situações excepcionais exigem medidas excepcionais?
Ali o argumento foi levado ao extremo. Essa decisão do TRF me deixou bastante assustado. Eu nunca trabalhei com a ideia de que existe um Estado de Direito ideal e que, eventualmente, os juízes e a polícia se desviam dele.
O Estado de Direito é uma construção que os operadores do direito fazem quando o aplicam. Tanto nos abusos cometidos contra os pobres e até mesmo na questão da Lava Jato, em nenhum momento, até essa decisão, se falava em excepcionalidade da atuação. Mesmo aquilo que era excessivo e abusivo era feito em uma lógica de tradução para o direito.
O Ministério Público diz: "certos crimes tem que ser provados de maneira diferente". Eles constroem isso como tese jurídica, eles buscam fundamento legal no direito comparado. Eles tentam dar uma nova cara de direito. Quando o policial executa na favela, ele faz um boletim de ocorrência dizendo que a pessoa resistiu. Ele tem que colocar a arbitrariedade dentro de uma lógica jurídica.
O que me assusta muito na decisão é que eles estavam analisando uma conduta específica de Sérgio Moro, o vazamento dos áudios entre Lula e Dilma, que não faziam nem parte do processo, e que ele divulgou com intuito político. O que o TRF está dizendo é que aquilo não é legal, mas que essa ilegalidade é justificada pela exceção da situação. Não há sequer um esforço de colocar na lógica do Estado de Direito algo que a gente pode achar que foge da sua lógica.
Quando se dispensa esse esforço e se diz que o juiz não precisa se ater à lei e pode praticar ilegalidades, o cenário fica muito perigoso. Você tem um juiz que toma medidas com uma motivação política, que ele já deixou claro há muito tempo, que não se coloca como alguém imparcial, que se coloca como parte da acusação e, além de tudo isso, que está dispensado de se restringir à legalidade para agir. A decisão é muito perigosa e muito preocupante. O papel dos tribunais é corrigir os excessos dos juízes de primeira instância.
Você afirma que a Lava Jato age de acordo com a política. Quais elementos da conjuntura influenciaram essa nova onda de prisões?
Tem a ver com duas coisas. [Em primeiro lugar], o momento eleitoral. Embora o PT já tenha entrado na campanha muito enfraquecido, se há de fato, como eu suspeito, um objetivo de tirar o PT do jogo político definitivamente, fazer ações como essas contra Lula, Guido Mantega, Palocci às vésperas das eleições tem um sentido muito claro: demonstrar que o PT era uma grande organização criminosa. Isso afetaria, inclusive, aqueles que estão disputando eleições. 
Há outra questão ligada à conjuntura, que é o fato de que, após a queda do governo Dilma, cobrou-se muito se a Lava Jato iria além do PT. O que me parece é que a Lava Jato sabe que está sob ameaça, sabe que o novo governo já a usou para o que queria e, na verdade, a considera um risco. A Lava Jato pode estar querendo acelerar a etapa PT, para começar logo uma etapa contra o novo governo. Finalizar logo a etapa contra o PT daria legitimidade, força social, para seguir na nova fase.
O problema é que ela está acelerando muito e dando muita brecha para seus críticos, entre os quais há muita gente sinceramente preocupada com nossa democracia —apesar de ter muitos envolvidos que começam a fazer discursos de que é preciso conter os abusos. Mas é difícil ela ter força tendo aberto tanto espaço para críticas, eventualmente contando com menos apoio da opinião pública quando os alvos não forem o PT e podendo ter decisões revertidas.
O ministro Gilmar Mendes, que ficou calado em outras situações de abuso, inclusive no vazamento dos áudios de Lula e Dilma, já tem falado que é preciso ter calma e conter os abusos. Já começa a surgir dentro do Supremo esse discurso. 
Mas uma das marcas da Lava Jato não é focar no PT, como você mesmo colocou?
Todos os estudos sobre o recrutamento dessas carreiras, [sobre] o que eles pensam —pesquisas de opinião feitas com juízes e procuradores—, [apontam para o fato de que eles] têm uma visão muito negativa dos políticos e da política, e vêem a si próprios como as únicas pessoas capazes de promover justiça e direito no Brasil.
[Essa visão] Não é necessariamente conservadora, mas é autoritária, porque nega a importância da participação cidadã, dos partidos políticos e do sistema representativo. Ela quer promover mudanças, é progressista nesse sentido, mas é autoritária, um pouco como foi o tenentismo. 
Quando se olha os discursos deles, eles anunciam esse tipo de operação como [tentativa] de subverter o sistema político. Eles identificam que a corrupção é estrutural, e a saída não é pegar casos isolados, mas fazer uma ação abrangente o suficiente para derrubar os esquemas de corrupção.
Eu acredito sinceramente que eles queiram ir atrás de outros partidos. A questão é que eles acreditam que precisam, em primeiro lugar, coibir os esquemas de corrupção que estão ativos no momento, no poder. A segunda questão é que eles dependem da opinião pública apoiando. Se eles forem procurar, nesse momento, esquemas envolvendo na época do segundo governo Fernando Henrique, isso vai se perder na opinião pública.
A seletividade tem a ver com uma ideia de etapas, o que não é menos ruim. A questão é saber se eles vão ter fôlego para cumprir a próxima etapa. 
Eles são politicamente ingênuos?
Tem uma certa ingenuidade relacionada com uma confiança muito grande no seu próprio poder e em sua superioridade ética em relação aos políticos. É uma coisa muito voluntarista e muito salvacionista, no sentido de "nós somos mais puros e preparados, sabemos o que é bom".
Apesar de achar que a Lava Jato é uma engrenagem central do golpe que nós sofremos agora, eu não acho que é uma ação coordenada pelos golpistas. A Lava Jato se aproveitou de um clima de oposição política e social a um governo e avançou sobre ele. Setores de oposição a esse governo usaram a Lava Jato também para impulsionar seus próprios interesses.
É só lembrar que a maior parte dos discursos sobre o impeachment falava em corrupção, sendo que não há nenhuma denúncia de corrupção contra Dilma e o impeachment não tratava disso. Quando essa confluência de interesses se quebra, é preciso saber se, isoladamente, os interesses têm força para se manter, dos dois lados. 
Mas e os casos que levantam em relação a Aécio, a questão de que Eike Batista quis entregar uma lista de propina a tucanos?
Quando eu acho que eles estão pensando além do PT, não acho que eles querem ir contra todos. Eu acho que o PSDB está muito blindando nessa história. Isso eu não tenho dúvida. Ela [a Operação Lava Jato] quer ir no PMDB. 
Talvez pela própria estratégia que eles criaram de atacar quem está no poder. Pode ser decorrência da forma como eles elegem como prioridade. De qualquer forma, há esta blindagem. Pode ser ideológica, mas pode ser também pela forma como eles constroem a estratégia. 
Quais são os efeitos da operação sobre o sistema político brasileiro então?
É um efeito muito ruim. Eu não tenho dúvidas que a corrupção é estrutural e parte do sistema político, mas atacar o problema de uma maneira judicial e criminal não resolve a origem do problema. 
Quando eles se colocam como a solução do problema, fazendo uma grande operação e levando para o Congresso medidas de combate à corrupção que só reforçam essa lógica de Justiça e polícia, sem lidar com financiamento de campanha, com transparência de contas, com a relação entre representantes e representados, eles não atacam os problemas estruturais da corrupção.
O maior problema é apostar em uma deslegitimação do sistema político sem compreender, ou fingindo não compreender, que a política só pode se renovar pela própria política. Não vão ser eles, juristas não eleitos, que vão reestruturar o sistema político. O problema colocar tudo abaixo, sem que o próprio sistema político tenha tempo e condição de se refazer. No extremo, eles vão colocar tudo abaixo mesmo, e aí se abre espaço para os aventureiros políticos, um salvacionista messiânico, que pode ser qualquer coisa, o que pode ser terrível e deve nos preocupar muito.
Ou então, eles não vão colocar tudo abaixo, que é o mais provável, e o sistema político vai se reerguer com base nos que ficaram aí. Não necessariamente o sistema político que vai se reerguer vai ser melhor. A única coisa que a Lava Jato não está fazendo é mexer nas causas estruturais da corrupção.
Edição: Camila Rodrigues da Silva

26 setembro, 2016

O candidato Humberto participará do fórum



Cargos de confiança nos serviços públicos, Trânsito e Lixo.

O candidato Humberto participará do fórum.

Humberto nesses anos como vereador teve uma postura ética e uma grande preocupação com iniciativas sobre a pauta do fórum com os candidatos à prefeitura de Maringá que a Arquidiocese realizará nesta terça-feira, às 19h30 no auditório Dona Guilhermina.

Seu plano de governo apresenta de forma possível de ser executada, proposta para esses três itens do fórum.

Arquidiocese realizará Fórum com os candidatos à prefeitura de Maringá


Com o objetivo de contribuir com o debate das questões sociais, a Arquidiocese de Maringá, por meio do Conselho Arquidiocesano de Leigos e Leigas, irá promover o Fórum com os candidatos à prefeitura de Maringá na próxima terça-feira (27) às 19h30 no auditório Dona Guilhermina.

Antecipadamente, a Igreja repassou aos candidatos, três pautas (abaixo) para que os candidatos se manifestem sobre. Os assuntos escolhidos pelo Conselho de Leigos e Leigas da Arquidiocese de Maringá foram: Cargos de confiança nos serviços públicos, Trânsito e Lixo.

A seguir, todas as regras do evento:

Início pontualmente às 19h30

Não será permitida a participação do candidato à vice em caso de ausência do candidato a prefeito.

O evento será gravado pela WebTV da Arquidiocese de Maringá e disponibilizado no site da Arquidiocese, em seu canal do YouTube, em no máximo 24 horas após a realização do mesmo. http://arquidiocesedemaringa.org.br/

A capacidade do auditório Dona Guilhermina é de 400 pessoas. Não haverá ingressos para o acesso do público. Quem chegar primeiro, entra. Não será permita a entrada de pessoas com objetos que identifiquem os candidatos ou suas coligações, assim como de pessoas com objetos sonoros.

A Arquidiocese de Maringá apresenta antecipadamente, aos candidatos, por meio de suas assessorias – e dá publicidade antecipada –  uma lista com trêsreivindicações elaboradas por lideranças e o clero, com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento sustentável, com base nos valores cristãos. As reivindicações são fundamentadas na Doutrina Social da Igreja Católica. http://migre.me/v1VyV

A lista com as três reivindicações será lida no início do evento. Na sequência, será feito o sorteio para que o primeiro candidato sorteado use a palavra para suas considerações sobre a pauta da Arquidiocese.

A cada fala, será sorteado o próximo a falar. Cada candidato terá sete minutos para suas considerações. Não haverá tempo extra, em hipótese alguma.

Não será permitido que os candidatos citem outros candidatos, pois não será debate. Portanto, não haverá direito de resposta. Caso um dos candidatos faça referência a outro candidato, o mediador irá intervir.

A fala de cada candidato deve ser feita exclusivamente sob as três pautas da Arquidiocese. Caso isso não ocorra, o mediador tomará a palavra e pedirá que o candidato se atente às propostas da Arquidiocese.

Após a primeira parte do evento, será realizada a rodada de considerações finais, sendo que cada candidato terádois minutos para tal. Será feito o sorteio para que o primeiro candidato sorteado use a palavra para suas considerações finais. A cada fala, será sorteado o próximo a falar.

Não haverá formação de mesa no palco para os candidatos. O candidato sorteado a falar sairá do local reservado junto à plateia e irá se dirigir ao púlpito.

Será permitida a filmagem e fotografia por parte das assessorias dos candidatos. No entanto, salienta-se que cada coligação faça uso das imagens com o devido bom senso.
Orienta-se que não se use as imagens do evento com o intuito de dar falsa conotação de apoio da Igreja para com qualquer que seja a candidatura.

Seguem as três pautas da Arquidiocese de Maringá:

Cargos de confiança nos serviços públicos
No serviço público, a contratação de mão de obra de servidores não concursados deve ser feita com extrema cautela e parcimônia. Esta modalidade é legítima, mas quando é feita de forma excessiva, pode desestimular o servidor público concursado, que muitas vezes se vê preterido na carreira.

De forma desordenada, a contratação de “cargos de confiança” (CCs) também pode impactar negativamente na execução dos serviços, pois, muitas vezes, o servidor lotado como cargo de confiança não possui qualificação específica para o desempenho da função, e quando a possui, devida a forma de contratação sem seleção, não é possível avaliar a qualificação do servidor.

Há casos explícitos em que os servidores em cargo confiança acabam exercendo “partidariamente” uma função pública, contrariando, assim, princípios básicos que regulam os serviços públicos, inclusive os Princípios da Eficiência, do Interesse Público, da Moralidade, entre outros. O problema não é a modalidade, mas sim o seu uso indevido e abusivo.

Questiona-se: Qual será a postura do candidato acerca do preenchimento de cargos na administração?  Caso eleito, irá diminuir, manter ou aumentar a quantidade atual de cargos de confiança?

Desenvolvimento Urbano – Trânsito
A Igreja é perita em humanidade. A vida humana é o nosso grande foco, como Igreja. Em Maringá, o trânsito tem tirado a vida de muita gente. As estatísticas são alarmantes. Uma das formas de aperfeiçoar as políticas públicas com relação ao trânsito é por meio do Conselho das Cidades.

Porém, na última Conferência Regional das Cidades realizada em Maringá neste ano de 2016, uma das situações amplamente discutidas foi a de que Maringá não dispõe do Conselho das Cidades.
A finalidade do Conselho das Cidades é formular e propor diretrizes para o desenvolvimento urbano e metropolitano, de forma integrada ao desenvolvimento regional, com participação social e integração das políticas fundiária, de habitação, saneamento ambiental, trânsito, transporte e mobilidade urbana.

Questiona-se: Caso eleito qual será a postura do candidato acerca da política de desenvolvimento urbano de forma a garantir a efetiva participação da sociedade em geral na elaboração dos programas de desenvolvimento local e regional, priorizando o interesse público?

Meio ambiente – Lixo
Em sua encíclica LAUDATO SI, o Papa Francisco afirma que, muitas vezes, os impedimentos para o desenvolvimento sustentável são resultados de ações políticas ineficientes. Na Laudato Si, que ficou conhecida como a Encíclica Verde, Francisco diz que “as atitudes que dificultam os caminhos de solução, mesmo entre os crentes, vão da negação do problema à indiferença, à resignação acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas. Precisamos de nova solidariedade universal”.

Em Maringá, ainda hoje a população padece com a falta de soluções para o grave  problema dos resíduos sólidos. O inadequado tratamento do lixo é questão que impacta negativamente o meio ambiente, tornando-se, inclusive, um problema de saúde pública.

Atualmente encontra-se em tramitação na Câmara, lei de iniciativa daquela casa, a partir de requerimento feito pela Arquidiocese de Maringá, que determina ao Município a elaboração do Plano de Gerencialmente de Resíduos Sólidos Urbanos.

Questiona-se: Caso eleito qual será a postura do candidato acerca da imediata elaboração, com a participação efetiva da sociedade civil organizada, do Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos como forma de delimitar-se um cronograma para a resolução do problema do lixo, que abarque os seguintes pontos: redução na produção do lixo (educação ambiental), coleta seletiva, compostagem, reciclagem (sistema de cooperativas de catadores) e a reutilização?

Fonte: site da Arquidiocese de Maringá