30 agosto, 2016

Quase 14h de Dilma e uma defesa histórica para inspirar a resistência

E Dilma 
deixou hoje, no dia 30 de agosto de 2016, uma clara mensagem.
Não se entregue, não desista, não seja covarde, seja leal e tenha dignidade.
E essa mensagem poderia e deveria pautar 
as lutas futuras da esquerda brasileira.


Quase 14h de Dilma e uma defesa histórica para inspirar a resistência


A presidenta Dilma começou a falar no Senado às 9h53 e terminou às 23h47. Quase 14h de uma defesa memorável que vai se tornar uma peça de estudos por muitos e muitos anos.

Uma defesa que já seria histórica se fosse algo mais ou menos razoável, mas não foi só. Foi um show. Um show de coragem, de dignidade e de respeito à biografia e à democracia.

Não é pouco ter dignidade para defender a biografia. No universo da política as pessoas trocam suas biografias por qualquer trocado.

Entre aqueles que vão ser os juízes de Dilma não são poucos os que se lixam para o que vai ser dito sobre eles.

Há ali no Senado, por exemplo, gente, como o senador Romero Jucá que foi pego em gravação conspirando para acabar com o governo Dilma e a Lava Jato.

Há também lá o senador Perrela, que teve um helicóptero apreendido com 450 quilos de cocaína, mas que tem coragem de chamar pedaladas de crime.

Ou ainda pessoas do quilate de Aécio Neves, que de tão delatado é considerado como aquele que seria o “primeiro a ser comido” pela Lava Jato, na feliz expressão do ex-senador Sérgio Machado.

Há também traidores covardes, como senadora Marta, ou traidores dissimulados, como Cristovam.

Nenhum desses está preocupado com a sua biografia. 
Até porque alguns nunca tiveram e outros decidiram rasgá-las sem dó.
Mas Dilma, não. Ela respeita a sua biografia.

E só aceitou a condição de ser interrogada por 14 horas porque sabia que precisava defender também as instituições e o processo democrático.

E porque sabe que o golpe que está próximo de acontecer não pode se dar sem resistência. Sem sinais de resistência. Sem uma clara mensagem de futuro.

E Dilma deixou hoje, no dia 30 de agosto de 2016, uma clara mensagem.
Não se entregue, não desista, não seja covarde, seja leal e tenha dignidade.
E essa mensagem poderia e deveria pautar as lutas futuras da esquerda brasileira.

Dilma cometeu erros políticos, mas não é uma criminosa moral.
E esse que pode ter sido seu epílogo no poder foi uma aula magna de decência.


Fonte: http://www.revistaforum.com.br

Dia de Oração e Cuidado com a Criação

"Apesar de tudo, uma profunda esperança brilha sobre a Terra. Ela vem do fato de que, no mundo inteiro, a cada dia, cresce o número de pessoas e grupos que aprofundam a espiritualidade e se põem em diálogo para buscar novos caminhos. O resgate da dignidade da Terra, da Água e do Ar está na ordem do dia de grupos espirituais das mais diversas tradições", escreve Marcelo Barros, monge beneditino, escritor e teólogo brasileiro. 
Eis o artigo.
Pela primeira vez na história, diversas Igrejas cristãs e até outras religiões se unirão nessa semana para orar e meditar sobre o cuidado com a Terra, a água, o ar e todo o universo no qual nós, seres humanos somos inseridos e ao qual pertencemos. Desde a década de 70, a cada ano, o patriarca de Constantinopla propõe que todas as Igrejas Orientais dediquem o 1o de setembro como "dia de oração e cuidado com a Criação". Em agosto do ano passado, o papa Francisco enviou uma carta a todas as dioceses pedindo que a Igreja Católica também se una a essa celebração. Por sua vez, o Conselho Mundial de Igrejas convidou as Igrejas evangélicas, membros do Conselho para entrarem nessa mesma sintonia de cuidado com o ambiente. E, nesses dias, algumas notícias da internet contam que grupos hindus e budistas quiseram também unir-se a essa iniciativa ecumênica e ecológica.
Orar e meditar sobre a natureza como criação significa contemplar nela uma presença ativa do Criador que, permanentemente, continua conduzindo o universo no rumo do seu amor. O ser humano só mudará a sua forma de relacionar-se com os seus semelhantes e com os outros seres vivos se optar por um olhar de amor sobre o universo. Ao aprofundar a relação consigo mesmo e com os outros, é fundamental pressentir uma marca divina por trás de cada ser do universo.
Atualmente, o planeta Terra abriga mais de sete bilhões de pessoas. Nos próximos 50 anos, a previsão é de que o mundo tenha entre 8, 5 a 9 bilhões de habitantes. Mas, como viverá essa população, se metade dos recursos hídricos disponíveis para consumo humano e 47% da área terrestre já são utilizados? E ainda assim mais de um bilhão de pessoas passa fome e, a cada dia, mais de 30 mil morrem por este motivo? Estudos afirmam que a relação entre crescimento populacional e o uso de recursos do Planeta já ultrapassou em 20% a capacidade de reposição da biosfera e esse déficit aumenta cerca de 2,5% cada ano. Isso quer dizer que a diversidade biológica – de onde vêm novos medicamentos, novos alimentos e materiais para substituir os que se esgotam – está sendo destruída muito mais rápido do que está sendo reposta. Esse desequilíbrio está crescendo. Até 2030, 70% da biodiversidade poderá ter desaparecido...”1.
Apesar de tudo, uma profunda esperança brilha sobre a Terra. Ela vem do fato de que, no mundo inteiro, a cada dia, cresce o número de pessoas e grupos que aprofundam aespiritualidade e se põem em diálogo para buscar novos caminhos. O resgate da dignidade da Terra, da Água e do Ar está na ordem do dia de grupos espirituais das mais diversas tradições. As próprias Igrejas cristãs que, durante séculos, pareciam não ligar o ato criador de Deus com sua atuação salvadora na história, nas últimas décadas têm todas aprofundado essa questão. Em maio do ano passado, o papa Francisco dirigiu a toda humanidade uma carta sobre o cuidado com a casa comum. Nessa carta, ele se une a Bartolomeu, patriarca de Constantinopla, na insistência em unir o cuidado ambiental com a preocupação pela justiça social e econômica. Ao mesmo tempo, ensina que a raiz de tudo é um novo olhar espiritual sobre o universo como criação amorosa de Deus.
Na América Latina, um dos mais importantes sinais de esperança para a causa ecológica é o fortalecimento dos movimentos indígenas. Esses têm proposto como novo paradigma civilizatório o cuidado com o Bem-Viver que implica priorizar a vida comunitária, as relações humanas e a relação harmoniosa com a natureza como formas de organizar a sociedade. O cuidado com a Terra, a Água e todos os seres vivos se torna elemento central do processo social e político, assim como de uma nova sensibilidade espiritual. Todos nós somos convidados a participar ativamente dessa celebração de amor, como um casamento entre o céu e a terra.
Fonte: IHU