24 fevereiro, 2017

Triste....

Triste...

Uma liderança de minha paróquia, em um CPC de uma de nossas CEBs reagiu diante de uma proposta missionária apresentada para a CEB, dizendo mais ou menos assim:

- Não há necessidade de ficarmos indo até as pessoas, elas sabem que somos lideranças, e quando precisarem com certeza irá bater em nossas portas.

Que eu saiba não é orientação da paróquia.
Que eu saiba não é orientação da Arquidiocese de Maringá

Falou com autoridade, não sei de onde ela incorporou tal autoridade.

Eu acredito, que a  Igreja de Jesus Cristo é aquela que leva as seguidoras e seguidores de Jesus a irem ao encontro das pessoas, a exemplo de Jesus, que andava pelos povoados, nas casas, por onde pudessem fazer-se próximo para acolher e amar.

Papa Francisco insiste em nos ensinar que é triste o pastor que abre a porta da Igreja e fica ali, esperando.

O papa também nos ensina que para seguir Jesus é preciso trocar o sofá por um par de sapatos que ajude a caminhar, para ir ao encontro.


Trieste...

Anistia Internacional: livre direito à manifestação sofre retrocesso com Temer


Durante o segundo mandato de Dilma Rousseff, manifestantes vestidos de verde e amarelo praticamente não saíam das ruas, protestando contra seu governo. Foi só Michel Temer assumir que o livre direito à manifestação sofreu um grave retrocesso, segundo aponta o relatório da Anistia Internacional sobre 2016, divulgado hoje. Sob Temer, segundo a Anistia, houve “excessivo e desnecessário” uso da força em vários estados para dispersar manifestações contra o governo e a proposta de emenda constitucional (PEC 241/55) que restringe os gastos públicos.
“Estudantes ocuparam pacificamente cerca de mil escolas públicas no país para questionar a reforma da educação e os cortes de investimento propostos pelo governo. Em junho, na cidade do Rio de Janeiro, a polícia usou força excessiva e desnecessária para acabar com o protesto de estudantes no prédio da Secretaria de Educação”, diz o relatório, que aponta “políticas de ódio” como causadoras de um “revés histórico” nos direitos humanos em todo o continente americano.
“Estamos enfrentando um dos ataques mais estruturados contra os direitos humanos nas últimas décadas”, disse Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional. “A retórica de ódio e anti-direitos permeou o discurso e as ações da maioria dos líderes políticos da região, colocando a segurança e a vida de milhões de pessoas em perigo. Partindo dos índices alarmantes de violência por parte das forças de segurança, até a crescente onda de ataques contra defensores dos direitos humanos, e a falta de medidas para deter a crise de refugiados, as Américas enfrentam um dos seus piores momentos quando se trata de direitos humanos e justiça.”

Democracia?

Além do ataque ao livre direito de manifestação, o relatório da Anistia Internacional mostra um retrocesso nos Direitos Humanos generalizado após a chegada de Temer ao governo. “O que vimos em 2016 foi o desmantelamento de estruturas institucionais e programas que garantiam a proteção a direitos previamente conquistados, além da omissão do Estado em relação a temas críticos, como a segurança pública”, afirmou a diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck. “Nenhuma crise pode ser usada como justificativa para a perda de direitos.”
Em 2016, ataques, ameaças e assassinatos de defensores de direitos humanos aumentaram em comparação a 2015, quando Dilma Rousseff ocupava a presidência. De acordo com o relatório, pelo menos 47 defensores foram mortos entre janeiro e setembro no Brasil, incluindo pequenos agricultores, camponeses, trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas, pescadores e ribeirinhos, em sua luta pelo acesso à terras e recursos naturais.
A Anistia mostrou preocupação de que o retrocesso nos direitos humanos se aprofunde ainda mais, com o anúncio, pelo governo Temer, de diversas medidas e propostas que podem ter impacto sobre os direitos humanos, inclusive a PEC que limita os gastos governamentais durante os próximos vinte anos, e que pode ter efeitos negativos nos investimentos em educação, saúde e outras áreas.
“No Congresso, várias propostas que prejudicariam os direitos das mulheres, povos indígenas, crianças, e lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI) estavam em discussão. Em setembro, uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou mudanças no Estatuto da Família para definir família como a união entre um homem e uma mulher”, criticou o relatório.
Veja a seguir os principais alvos das críticas da Anistia Internacional ao Brasil:

SEGURANÇA PÚBLICA:

As taxas de homicídio e a violência armada continuaram altas no país todo. Segundo as estimativas, o número de vítimas de homicídios em 2015 era de 58 mil. 70% das vítimas morreram atingidas por arma de fogo. A maioria das vítimas é masculina, jovem e negra. As autoridades falharam em propor um plano para abordar a situação. Em setembro, o governo federal autorizou o envio das Forças Armadas para o Rio Grande do Norte para dar apoio à polícia, após vários dias de ataques de grupos criminosos a ônibus e prédios públicos. Pelo menos 85 pessoas foram detidas sob a alegação de terem participado dos ataques. Em 18 de novembro, sete homens foram mortos a tiros em Imperatriz no Maranhão, depois que um policial militar foi alvo de uma tentativa de roubo e agressão quando estava fora de serviço.

JOGOS OLÍMPICOS 2016:

As autoridades e organizadores dos Jogos Olímpicos 2016 não implantaram as medidas necessárias para evitar violações de direitos humanos pelas forças de segurança antes e durante o evento esportivo. Isso levou à repetição das violações já testemunhadas em outros grandes eventos esportivos realizados na cidade do Rio de Janeiro (os Jogos PanAmericanos em 2007 e a Copa do Mundo em 2014). Dezenas de milhares de militares e agentes de segurança foram deslocados para o Rio de Janeiro. O número de pessoas mortas pela polícia na cidade do Rio de Janeiro imediatamente antes dos Jogos, entre abril e junho, aumentou 103% em relação ao mesmo período de 2015. Os moradores relataram horas de tiroteios intensos e abusos contra os direitos humanos, como buscas domiciliares ilegais, ameaças e agressões físicas. A polícia admitiu ter matado pelo menos 12 pessoas durante os Jogos na cidade do Rio de Janeiro. Durante o trajeto da tocha olímpica por todo o país, protestos pacíficos em Angra dos Reis e Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, foram reprimidos com uso excessivo e desnecessário da força pela polícia. Balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo foram usados indiscriminadamente contra manifestantes pacíficos e pessoas que passavam pelo local, inclusive crianças.

EXECUÇÕES EXTRAJUDICIAIS:

Os homicídios pela polícia continuaram numerosos e, em alguns estados, aumentaram. No estado do Rio de Janeiro, 811 pessoas foram mortas pela polícia entre janeiro e novembro. Houve relatos de diversas operações policiais que resultaram em mortes, a maioria delas em favelas. A maioria dos homicídios cometidos por policiais continuaram impunes.

CONDIÇÕES PRISIONAIS:

As prisões continuaram extremamente superlotadas, com relatos de tortura e outros maus-tratos. De acordo com o Ministério da Justiça, até o fim de 2015 o sistema prisional tinha uma população de mais de 620 mil pessoas, embora a capacidade total seja de aproximadamente 370 mil. Rebeliões de presos ocorreram pelo país. Em outubro, dez homens foram decapitados ou queimados vivos em Roraima, e oito morreram asfixiados numa cela durante um incêndio numa penitenciária em Rondônia. Em 8 de março, o Relator Especial da ONU para tortura relatou, entre outras coisas, as péssimas condições de vida e a ocorrência frequente de tortura e outros maus-tratos de presos por policiais e carcereiros no Brasil. Em setembro, um tribunal anulou o julgamento e as sentenças de 74 policiais pelo massacre no presídio de Carandiru em 1992, quando 111 homens foram mortos por policiais.

LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO:

O ano foi marcado por protestos majoritariamente pacíficos pelo país, sobre assuntos como o processo de impeachment, a reforma educacional, violência contra as mulheres, impactos negativos dos Jogos Olímpicos de 2016 e a redução de gastos públicos com saúde e educação. Com frequência, a resposta da polícia era violenta, com uso excessivo e desnecessário de força.

DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS:

Os processos de demarcação e titulação dos territórios de povos indígenas continuaram a progredir muito lentamente, apesar do prazo para isso ter terminado há 23 anos. Uma emenda constitucional (PEC 215) que permite aos legisladores bloquear as demarcações — vetando, assim, os direitos dos povos indígenas previstos pela Constituição e pelo direito internacional — 86 Anistia Internacional Informe 2016/17 está em discussão no Congresso. Houve tentativas de bloquer a demarcação de terras, em alguns casos, por grandes fazendeiros.

VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E MENINAS:

Em maio, com o afastamento de Dilma, o governo federal interino extinguiu o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e o reduziu a uma secretaria, parte do Ministério da Justiça, o que causou uma redução significativa dos recursos e programas dedicados a salvaguardar os direitos das mulheres e meninas. Uma série de estudos durante o ano mostrou que a violência letal contra mulheres aumentou 24% durante a década anterior e confirmou que o Brasil é um dos piores países da América Latina para se nascer menina.

Fonte: Cynara Menezes, www.socialistamorena.com.br.

“As mulheres são o motor da resistência”, diz diretora da Anistia Internacional Brasil


São principalmente as mães, irmãs e companheiras das vítimas de violência policial que se mobilizam para que os autores de homicídios e outras violações sejam responsabilizados
O protagonismo das mulheres na luta por Justiça em casos de homicídios praticados por policiais é destacado em relatório que a Anistia Internacional Brasil lançou nesta quarta-feira (22/02) no Rio de Janeiro. São principalmente as mães, irmãs e companheiras das vítimas de violência policial que se mobilizam para que os autores de homicídios e outras violações sejam responsabilizados criminalmente — no Brasil e em outras partes do mundo.
“As mulheres têm sido o motor da resistência, as mulheres têm sido o motor da mudança”, afirmou a diretora executiva da organização, Jurema Werneck. “Muitas vezes invisibilizadas, vistas como parte da paisagem, mas somos nós que estamos à frente de toda a resistência. Isso é bom e precisa ser celebrado”, disse.
Aludindo às familiares de vítimas que a ouviam, completou: “Tem dor ali, tem sofrimento ali, mas tem força, tem aquela afirmativa potente de dizer: ‘daqui não passa, estamos aqui para fazer a diferença’. E elas estão aqui para fazer a diferença”.
Ela se referia às mães brasileiras do Movimento Mães de Maio Débora Maria da Silva, Vera Lúcia dos Santos e Rute Fiuza, à norte-americana Marion Gray-Hopkins e à jamaicana Shakelia Jackson — mulheres que compartilham da mesma dor e da mesma luta desde que a violência policial atingiu suas famílias.
Entre elas, um homem: o pedreiro José Luiz Faria da Silva, que já se acostumou a conviver com muito mais mulheres do que homens, justamente por ser um dos poucos pais de vítimas que se tornaram ativistas. Seu filho, Maicon, foi morto em 1996 por um policial militar aos dois anos de idade, quando brincava na porta de casa, na favela de Acari, Zona Norte do Rio. Registrado como “auto de resistência”, o crime prescreveu em 2016 sem que o PM que matou a criança fosse responsabilizado.
Nesses 20 anos, ele perdeu a esposa, não conseguiu mais se relacionar, sofreu enorme desgaste físico, passou por problemas de saúde e sofreu ameaças de PMs. “A mãe do Maicon não quis isso por causa das ameaças que eu sofri. Foram cinco, ao longo dessa história. Ameaças que eu sofri com fuzis na cara pra morrer. Só que, com a permissão de Deus, estou vivo e lutando, e com isso acabou meu casamento, meu lado sentimental não funciona mais. Não consigo estabelecer uma relação. Então o Estado não só matou e marginalizou o Maicon como destruiu a minha saúde e a da mãe dele, destruiu toda a família. Uma bala não mata só uma pessoa, ela destrói a vida da família toda”, lamenta o pai.

Mulheres de luta

As histórias das mulheres são muito semelhantes. As vítimas da violência policial — seus filhos, irmãos ou companheiros — são quase sempre jovens negros, os policiais quase nunca são responsabilizados pelos crimes e a luta pela responsabilização dos policiais que matam é mais do que uma luta contra a impunidade: é também uma luta pela preservação da memória das vítimas, que muitas vezes acabam sendo criminalizados como uma maneira de justificar seu assassinato.
“É uma história que se repete, o modus operandi [dos policiais] é o mesmo, a Justiça é a mesma, quando se trata de um jovem negro e pobre. É uma coisa impressionante”, diz Debora Maria da Silva, que teve o filho, Edson Rogério, executado por PMs nos Crimes de Maio de 2006, em São Paulo. “A força das mulheres é um clamor pra nós. A gente tem o dom de transformar. E só com a união a gente consegue alavancar a luta”, enfatiza.
Para Vera Lúcia dos Santos, a união das mulheres brasileiras com as de outros países em uma mesma causa é fundamental para fortalecer a luta contra a violência policial. “Quando estamos juntas, nos fortalecemos mais. A gente vê que isso não acontece só no Brasil, que acontece em vários pontos do mundo. Nós somos soldados pequenos, mas de mãos dadas a gente vira um exército muito grande”, afirma ela, que teve a filha Ana Paula, grávida, e o genro, também executados por policiais nos Crimes de Maio.
Desde que seu filho, Davi Fiuza, foi torturado por 23 policiais na Bahia e desapareceu em 2014, Rute Fiuza vem lutando pela responsabilização dos agentes, que embora identificados, até hoje não responderam pelo crime. Segundo ela, a união com as outras mães é o que a fortalece. “É o que nos fortalece, ver que você não está sozinha. Porque chega um momento em que ninguém mais quer ouvir sua história. Seus amigos e familiares se afastam, começam a achar chato você falar tanto sobre seu filho. A gente só sente na verdade quando é na nossa pele”, afirma.
A jamaicana Shakelia Jackson contou que, assim como as brasileiras, ela não teve tempo de ter luto quando seu irmão Nackiea Jackson, de 29 anos, foi morto por um policial dentro de seu restaurante, em 2014. “Quando se tem que lidar com a polícia, não se tem tempo de ter luto”, disse ela. “Me sinto como muitas outras famílias. Nós fomos sentenciados. Perdi meu irmão e provavelmente perdi um pedaço de mim”, completou Shakelia, que continua lutando na justiça pela condenação do policial.
Mãe de Gary Hopkins, assassinado aos 19 anos por um policial em Maryland, nos Estados Unidos, a norte-americana Marion Gray-Hopkins falou sobre o racismo no país. “A história de Gary é a história dos Estados Unidos”, disse. O crime ocorreu em 1999 e o policial que matou o jovem negro foi absolvido. Na época, tentaram criminalizar Gary, afirmando que havia drogas e álcool no carro onde ele se encontrava. “O relatório policial torna a vítima um vilão. É aí que entra o papel de vocês [jornalistas]: vocês precisam conhecer de verdade as histórias das vítimas”, encerrou a ativista.

Fonte:  Luiza Sansão, ponte.cartacapital.com.br.