07 agosto, 2017

Frei Betto: “Precisamos restaurar o protagonismo dos movimentos de base”



“Nós falhamos porque abandonamos o trabalho de formação política e de organização de base a longo prazo”, disse o escritor. / Agência de Notícias do Acre

A análise foi feita nesta sexta-feira (4), durante o 14º encontro Nacional de Moradia Popular, promovido pela União Nacional por Moradia Popular e a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, no centro da capital paulista. 

A reportagem é de Rute Pina e publicada por Brasil de Fato, 04-08-2017.

Durante o debate sobre democracia e o golpe no Brasil, o escritor ressaltou a importância das eleições diretas para a ruptura com o processo de golpe político, cujo ápice se deu com a saída da ex-presidenta Dilma Rousseff, mas pontuou que o problema da crise política e econômica do país não se resolve com o pleito: “É preciso um programa histórico de emancipação e libertação do país.”

“Temos que ter clareza que nossa luta é de longa duração. Anteontem [quarta-feira, dia 2 de agosto], todo mundo ficou esperando que o Congresso e os deputados fossem permitir que o [Michel] Temer fosse responsabilizado pelos graves crimes que cometeu. Mas sair Temer para entrar o Rodrigo Maia é trocar seis por meia-dúzia. Precisamos pensar o processo político popular a longo prazo”, ressaltou.

Na ocasião, Frei Betto também defendeu o fim do corporativismo e a unificação dos movimentos populares: “Ou unificamos e articulamos as lutas sociais brasileiras, ou cada um de nós vai permanecer no seu trilho, sendo atropelado pelo trem do capital e dos interesses internacionais.”

Também presente no evento, Elvio Aparecido Motta, coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), afirmou que os retrocessos nos direitos trabalhistas e a paralisação dos programas de habitação popular evidenciam diariamente o processo de golpe no país. Para ele, o governo golpista de Michel Temer(PMDB) representou a ruptura com as políticas públicas para a classe trabalhadora e pobre do Brasil.

“É preciso construir, através do trabalho de base, a unidade da classe trabalhadora e um pacto de resistência entre o campo e a cidade, para além da pauta da habitação, mas de diálogo e concretude do país que queremos construir”, disse.

A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), a senadora Gleisi Hoffmann, reconheceu limitações na atuação dos governos petistas: “Foi a construção lenta de um mínimo de bem-estar social no Brasil, um pequeno. O que nos conquistamos nesse período foi muito pouco frente às necessidades da população brasileira.”

Hoffmann defendeu três temas fundamentais, desafios para a campanha de um possível terceiro mandato do ex-presidente Lula: a reforma da mídia, a tributação do capital financeiro e a democratização do aparelho de Estado.

“Vamos encarar o desafio”, se comprometeu a presidenta do PT com a plateia de militantes de pessoas, que vieram para o encontro de diversos estados do país.

Com o lema “Nenhum direito a menos: em defesa do direito à moradia popular e da função social da propriedade”, o encontro nacional de movimentos de moradia teve início nesta quinta-feira (3) e se encerra no próximo sábado (5).

Normativa da Caixa indica fim de concursos e contratação de 'bancários temporários'



Banco estatal publica documento interno que estabelece regras para a admissão de terceirizados em todas as suas atividades. Trabalhadores alertam para precarização e exploração

A reportagem é publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 05-08-2017.

A Caixa Econômica Federal (Caixa) publicou, na quinta-feira (3), uma nova versão de uma normativa interna – conhecida por RH 037 – que, na avaliação das representações dos trabalhadores do setor financeiro, abre caminho para que o banco, estatal, passe a contratar bancários terceirizados e, com isso, deixar de realizar concursos públicos para a contratação de novos empregados.

O documento define regras para contratação do que chamou de "bancário temporário", e deixa claro que, em tal condição, o trabalhador "poderá executar tanto as atividades-meio como as atividades-fim da Caixa".

"O serviço prestado pelo Bancário Temporário consiste no desenvolvimento de atribuições inerentes ao cargo de técnico bancário, previstas no contrato firmado com empresa especializada na prestação de serviços temporários", diz trecho do documento.

O Sindicato dos Bancários de São Paulo e a Contraf-CUT (a confederação das entidades sindicais da categoria) manifestaram imediato repúdio à normativa. Para o sindicato, a flexibilização dos vínculos de emprego apontadas pela direção da Caixa se alinha com "o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) imposta pela reforma trabalhista e pela Lei 13.429/2017, que liberou a terceirização irrestrita", conforme nota publicada em seu site.

"Esta nova versão do normativo RH 037 é consequência direta do desmonte trabalhista promovido por Temer com a terceirização irrestrita e a reforma trabalhista. Com esta medida, a direção da Caixa deixa claro que não tem qualquer pudor em precarizar as relações de trabalho na instituição, criando o subemprego, com menores salários e sem qualquer direito", avalia o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Dionísio Reis, diretor dos Bancários de São Paulo.

O RH 037 está em sua 21ª versão e sempre foi combatida pelas representações de bancários e de empregados da Caixa. "Nos anos 90 e início dos anos 2000, a Caixa trabalhou com muitos temporários, chegando a uma ter uma relação meio a meio com os concursados. Com a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), com o Ministério Público, conquistada após diversas ações judiciais contra a terceirização da atividade-fim, o banco teve de encerrar este tipo de contratação, que foi extinta em 2006, mas manteve o normativo. Sempre cobramos a revogação do RH 037 em mesas de negociação e, no ano passado, a Caixa alegou que aguardava a regulamentação do trabalho terceirizado em lei,", afirma Dionísio.

Para a Contraf-CUT, a normativa da Caixa indica o fim dos concursos públicos para a contratação de empregados. Em comunicado, Roberto von der Osten, presidente da confederação afirma também que o banco nem mesmo "vai convocar os concursados para assumir o lugar dos que se desligaram nos planos de aposentadorias".

No começo do ano, a Caixa lançou um programa de demissão voluntária, que teve adesão de cerca de 4,6 mil funcionários, enquanto o banco esperava adesão de até 10 mil empregados. No mês passado, a instituição abriu nova fase do programa, esperando participação de até 5,5 mil colaboradores. O prazo para aderir vai até 14 de agosto.

O RH 037 não estipula a quantidade de temporários que serão contratados e prevê que o número de contratações dependerá da disponibilidade orçamentária e dos resultados esperados pelo gestor, com base nas determinações da Gerência Nacional do Quadro de Pessoas e Remuneração (Geper ).

Oração:

Senhor Jesus, como me sinto semelhante ao teu povo, outrora peregrino no deserto. Todos os dias, me mandas o maná salvador da Palavra e da Eucaristia. Mas também, todos os dias, me deixo levar por saudades de outros alimentos e bebidas. A leveza do pão do céu, muitas vezes, não me satisfaz. Já experimentei a liberdade e a libertação com o êxodo do pecado. Mas, com frequência, olho para trás, sonho com o passado, e esqueço os teus dons. A minha vida assemelha-se, por vezes, ao deserto árido, e o meu caminho torna-se pesado e cheio de miragens enganadoras. Perdoa-me, Senhor! Tem paciência comigo. Renova as tuas maravilhas, para que não me esqueça de Ti e da tua Aliança. Sacia-me cada dia com o pão do céu, para que avance no deserto rumo à pátria que me preparaste. Amém.
Fonte: dehonianos