28 maio, 2021

8º Intereclesial das CEBs do Paraná – “O meu desejo é a vida do meu povo!”




‘O meu desejo é a vida do meu povo!’

Seduzir e provocar podemos assim ver o 8º Intereclesial das CEBs do Paraná. Seduzir e provocar as Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs para uma ação profética pastoral sem medo de assumir que ‘O meu desejo é a vida do meu povo!”.

Comunidades Eclesiais de Base uma igreja missionária em saída em defesa da vida plena para mulheres e homens com um olhar e agir todo amoroso e dedicado de mãe, em defesa da vida das juventudes.

Em um tempo onde o contexto da pandemia Covid-19 agrava as dores, angustias, sofrimentos, medos e insegurança seduzir e provocar a ação profética pastoral das CEBs é o que quer o 8º Intereclesial das CEBs do Paraná.

Comunidades Eclesiais de Base mãe, que sabe que cada jovem é um pedacinho dela e quer envolver-se para escutar e esperançar as juventudes porque seu desejo é que as juventudes possam viver em abundância do sentido da alegria, dos sonhos, da cultura, da educação, do espaço, do lazer, do trabalho, da saúde e de tudo mais para que possam levá-los viver.

Comunidades Eclesiais de Base envolvendo e caminhando junto às juventudes, em defesa de suas vidas, com ação profética pastoral voltada a elas exigindo políticas públicas para que tenham vida e vida em abundancia.

Comunidades Eclesiais de Base em defesa das vidas das mulheres buscando caminhos para compreender, identificar as implicações e vencer a violência que entre as causas esta a raça, orientação sexual, realidades econômica, religião, entre outros.

Comunidades Eclesiais de Base em defesa da vida de seu povo, que sofrem e levarão consigo marca doloridas da pandemia, idosas e idosos, migrantes, moradoras e moradores de rua, de todas e todos, indistintamente.

Comunidades Eclesiais de Base, ousadas e destemidas, capazes de abrir-se a situações novas, assumir novos riscos, insistência com uma boa dose de carinho, ternura e paixão. Em vez de medo, saborear o risco, os desafios, o perigo e a ousadia.

Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)


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Aproxima-se o 8º Intereclesial das CEBs do Paraná
Tema - CEBs: Igreja em saída, na defesa da vida das juventudes
Lema - “O meu desejo é a vida do meu povo! (Ester 7,3).
Em julho de 2021

Os três conselhos do Espírito Santo!

“O Espírito Santo é o Dom de Deus que nos ajuda a ser pessoas livres, pessoas que querem e sabem amar, pessoas que compreenderam que a vida é uma missão para anunciar as maravilhas que o Senhor realiza em quem n'Ele confia.

O primeiro conselho do Espírito Santo é: «Vive o presente». Não há tempo melhor para nós: agora e aqui onde estamos é o único e irrepetível momento para fazer o bem, fazer da vida uma dádiva. Vivamos o presente!

Em segundo lugar, o Espírito Santo aconselha: «Procura o todo». O Paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades. Faz-nos sentir parte do mesmo Corpo, irmãos e irmãs entre nós. Procuremos o todo!

Por fim, o terceiro conselho: «Coloca Deus antes do teu eu». Só nos esvaziando de nós mesmos deixamos espaço ao Senhor; só nos entregando a Ele encontraremos a nós mesmos; só como pobres em espírito é que nos tornamos ricos de Espírito Santo. Coloquemos Deus em primeiro lugar!”

Papa Francisco

21 maio, 2021

Scholas Ocurrentes: projeto político pedagógico de Francisco que atualiza as CEBs

Desde 1990, Francisco, ainda cardeal de Buenos Aires, iniciou um projeto chamados ‘Scholas de Ciudadania’ onde desenvolveu uma experiência comunitária de engajamento popular nas causas comuns. Naquela época realizou encontros ecumênicos, oficinas para jovens, ações comunitárias, convivências compartilhadas.
Quando eleito Papa...continue lendo, clique aqui.

Poesia, mentiras e covardia na CPI

Em um poema do fim dos anos 1930, “Dificuldade de governar”, Brecht parece se antecipar ao patético espetáculo da CPI da Covid, descrevendo de forma premonitória a ação do ministro da propaganda e das relações exteriores, entre outras autoridades da República. Sob Bolsonaro, Wajngarten, Araújo e Pazuello parecem executar hoje o que seus colegas do duro ofício de governar tramavam às vésperas da Segunda Guerra, em plena ascensão do nazismo. Não deve ser fácil ser tão equivocado décadas depois, a ponto de merecer comparação tão deslustrosa. Para que se tornem aos olhos de todos os piores ministros de suas áreas em todos os tempos, os servidores brasileiros precisaram se esforçar...Continue lendo, clique aqui.

17 maio, 2021

Rezemos com o Papa Francisco

 “Acompanho com grande preocupação o que está acontecendo na Terra Santa. Nestes dias, violentos confrontos armados entre a Faixa de Gaza e Israel se impuseram, e correm o risco de degenerar em uma espiral de morte e destruição. Numerosas pessoas foram feridas e muitos inocentes morreram. Entre eles estão as crianças, e isto é terrível e inaceitável. A morte delas é sinal de que não se quer construir o futuro, mas se quer destruí-lo.

Além disso, o aumento de ódio e violência que está envolvendo várias cidades em Israel é uma ferida grave para a fraternidade e a convivência pacífica entre os cidadãos, que será difícil de curar se não houver uma abertura imediata para o diálogo. Eu me pergunto: aonde o ódio e a vingança vão levar? Pensamos realmente que podemos construir a paz destruindo o outro? ‘Em nome de Deus que criou todos os seres humanos iguais em direitos, deveres e dignidade, e os chamou a viverem juntos como irmãos e irmãs entre si" .

Rezemos incessantemente para que israelenses e palestinos possam encontrar o caminho do diálogo e do perdão, para serem pacientes construtores de paz e justiça, abrindo-se, passo a passo, a uma esperança comum, a uma coexistência entre irmãos. Oremos pelas vítimas, especialmente pelas crianças; oremos pela paz à Rainha da Paz. Ave Maria...”. (Papa Francisco)


12 maio, 2021

A jovem pobre que rainha tornou-se!

O caminhar da vida entrelaça gingado, ousadia, poesia; sabedoria, desafios; coragem, resistência e profetismo. Fé.

No entrelaçar uns se perdem, outros desistem, muitos se encontram, tantos se encantam e numerosos resistem.

O encanto com esse entrelaçar esta no mistério que envolve o Deus da vida, mãe da ternura, o Cristo da entrega total.

Deixar-se envolver nesse mistério é desafiador e a certeza “Seduziste-me Senhor, e deixei-me seduzir...”

Na história de todos os tempos, encontram-se os Sim do Deus que me enviou para agir em defesa do povo.

Sacerdotisas e sacerdotes, profetizas e profetas, discípulas e discípulos, mulheres e homens.

Diante de tantas testemunhas de ontem e de hoje deixemo-nos envolver por quem não nasceu em um palácio, nasceu pobre e tornou-se rainha.

Embora o tempo passe, e passa rápido essa que rainha se tornou continua sendo exemplo e inspiração.

Sua maior riqueza um coração justo e bondoso. Uma jovem corajosa sofria com a injusta perseguição que ameaçava sua vida e a vida de seu povo.

E a jovem pobre, que rainha Ester se tornou, deixou-nos a mais bela história de sua vida ao arriscar-se em favor de seu povo.

Ao ouvir do Rei “Peça-me o que você quiser, rainha Ester, e eu o concederei a você. Qual é o seu pedido? Darei a você até a metade do meu reino”.

A jovem e bela rainha Ester, ousada e corajosa responde: “O meu desejo é a vida do meu povo!” (Ester 7,3).


Aproxima-se o 8º Intereclesial das CEBs do Paraná

Tema - CEBs: Igreja em saída, na defesa da vida das juventudes
Lema - “O meu desejo é a vida do meu povo! (Ester 7,3).
Em julho de 2021.

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O texto acima escrito por mim.

07 maio, 2021

Aproxima-se o dia dedicado as MÃES!

Para você que tem sua mãe, não a deixe. Não distancie dela.
Vale à pena a experiência de cuidar de uma mãe.
Cuidar da mãe não significa deixar projetos e deixar de sonhar, talvez sim, prolongar o tempo da realização.
Não distancie dela, corrige-se caso a queira longe.
Cuide de sua mãe, será um tempo abençoado, tempo esse até para rever projetos e sonhos.
A experiência mais profunda que até hoje a experimentei foi os quase três anos que fui mãe de minha mãe.

06 maio, 2021

Alerta aos Pais – Pornografia Infantil

Sem a supervisão dos pais ou responsáveis, as crianças podem ser vítimas de pornografia infantil.
O alerta sobre os danos gerados por abusos sexuais digitais vem do agente da Polícia Federal, Paulo Bandolin, que destaca, no vídeo, as orientações e cuidados na hora de usar a internet.
O vídeo foi produzido pelo Conselho Comunitário de Segurança de Maringá.

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 107º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 107º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO

[26 de septembro de 20201

«Rumo a um nós cada vez maior»

Queridos irmãos e irmãs!

Na carta encíclica Fratelli tutti, deixei expressa uma preocupação e um desejo, que continuo a considerar importantes: «Passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta. No fim, oxalá já não existam “os outros”, mas apenas um “nós”» (n. 35).

Por isso pensei dedicar a mensagem para o 107º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado ao tema «Rumo a um nós cada vez maior», pretendendo assim indicar claramente um horizonte para o nosso caminho comum neste mundo.

A história do «nós»

Este horizonte encontra-se no próprio projeto criador de Deus: «Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei, multiplicai-vos”» (Gn 1, 27-28). Deus criou-nos homem e mulher, seres diferentes e complementares para formarem, juntos, um nós destinado a tornar-se cada vez maior com a multiplicação das gerações. Deus criou-nos à sua imagem, à imagem do seu Ser Uno e Trino, comunhão na diversidade.

E quando o ser humano, por causa da sua desobediência, se afastou d’Ele, Deus, na sua misericórdia, quis oferecer um caminho de reconciliação, não a indivíduos isoladamente, mas a um povo, um nós destinado a incluir toda a família humana, todos os povos: «Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus» (Ap 21, 3).

Assim, a história da salvação vê um nós no princípio e um nós no fim e, no centro, o mistério de Cristo, morto e ressuscitado «para que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Mas o tempo presente mostra-nos que o nós querido por Deus está dilacerado e dividido, ferido e desfigurado. E isto verifica-se sobretudo nos momentos de maior crise, como agora com a pandemia. Os nacionalismos fechados e agressivos (cf. Fratelli tutti, 11) e o individualismo radical (cf. ibid., 105) desagregam ou dividem o nós, tanto no mundo como dentro da Igreja. E o preço mais alto é pago por aqueles que mais facilmente se podem tornar os outros: os estrangeiros, os migrantes, os marginalizados, que habitam as periferias existenciais.

Na realidade, estamos todos no mesmo barco e somos chamados a empenhar-nos para que não existam mais muros que nos separam, nem existam mais os outros, mas só um nós, do tamanho da humanidade inteira. Por isso aproveito a ocasião deste Dia Mundial para lançar um duplo apelo a caminharmos juntos rumo a um nós cada vez maior, dirigindo-me em primeiro lugar aos fiéis católicos e depois a todos os homens e mulheres da terra.

Uma Igreja cada vez mais católica

Para os membros da Igreja Católica, este apelo traduz-se num esforço por se configurarem cada vez mais fielmente ao seu ser de católicos, tornando realidade aquilo que São Paulo recomendava à comunidade de Éfeso: «Um só corpo e um só espírito, assim como a vossa vocação vos chama a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo» (Ef 4, 4-5).

De facto, a catolicidade da Igreja, a sua universalidade é uma realidade que requer ser acolhida e vivida em cada época, conforme a vontade e a graça do Senhor que prometeu estar sempre connosco até ao fim dos tempos (cf. Mt 28, 20). O seu Espírito torna-nos capazes de abraçar a todos para se fazer comunhão na diversidade, harmonizando as diferenças sem nunca impor uma uniformidade que despersonaliza. No encontro com a diversidade dos estrangeiros, dos migrantes, dos refugiados e no diálogo intercultural que daí pode brotar, é-nos dada a oportunidade de crescer como Igreja, enriquecer-nos mutuamente. Com efeito, todo o batizado, onde quer que se encontre, é membro de pleno direito da comunidade eclesial local e membro da única Igreja, habitante na única casa, componente da única família.

Os fiéis católicos são chamados, cada qual a partir da comunidade onde vive, a comprometer-se para que a Igreja se torne cada vez mais inclusiva, dando continuidade à missão que Jesus Cristo confiou aos Apóstolos: «Pelo caminho, proclamai que o Reino do Céu está perto. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça» (Mt 10, 7-8).

Hoje, a Igreja é chamada a sair pelas estradas das periferias existenciais para cuidar de quem está ferido e procurar quem anda extraviado, sem preconceitos nem medo, sem proselitismo, mas pronta a ampliar a sua tenda para acolher a todos. Entre os habitantes das periferias existenciais, encontraremos muitos migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano, aos quais o Senhor deseja que seja manifestado o seu amor e anunciada a sua salvação. «Os fluxos migratórios contemporâneos constituem uma nova “fronteira” missionária, uma ocasião privilegiada para anunciar Jesus Cristo e o seu Evangelho sem se mover do próprio ambiente, para testemunhar concretamente a fé cristã na caridade e no respeito profundo pelas outras expressões religiosas. O encontro com migrantes e refugiados de outras confissões e religiões é um terreno fecundo para o desenvolvimento de um diálogo ecuménico e inter-religioso sincero e enriquecedor» (Papa Francisco, Discurso aos Diretores Nacionais da Pastoral dos Migrantes, 22/IX/2017).

Um mundo cada vez mais inclusivo

A todos os homens e mulheres da terra, apelo a caminharem juntos rumo a um nós cada vez maior, a recomporem a família humana, a fim de construirmos em conjunto o nosso futuro de justiça e paz, tendo o cuidado de ninguém ficar excluído.

O futuro das nossas sociedades é um futuro «a cores», enriquecido pela diversidade e as relações interculturais. Por isso, hoje, devemos aprender a viver, juntos, em harmonia e paz. Encanta-me duma forma particular aquele quadro que descreve, no dia do «batismo» da Igreja no Pentecostes, as pessoas de Jerusalém que escutam o anúncio da salvação logo após a descida do Espírito Santo: «Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia cirenaica, colonos de Roma, judeus e prosélitos, cretenses e árabes ouvimo-los anunciar, nas nossas línguas, as maravilhas de Deus» (At 2, 9-11).

É o ideal da nova Jerusalém (cf. Is 60; Ap 21, 3), onde todos os povos se encontram unidos, em paz e concórdia, celebrando a bondade de Deus e as maravilhas da criação. Mas, para alcançar este ideal, devemos todos empenhar-nos por derrubar os muros que nos separam e construir pontes que favoreçam a cultura do encontro, cientes da profunda interconexão que existe entre nós. Nesta perspetiva, as migrações contemporâneas oferecem-nos a oportunidade de superar os nossos medos para nos deixarmos enriquecer pela diversidade do dom de cada um. Então, se quisermos, poderemos transformar as fronteiras em lugares privilegiados de encontro, onde possa florescer o milagre de um nós cada vez maior.

A todos os homens e mulheres da terra, peço que empreguem bem os dons que o Senhor nos confiou para conservar e tornar ainda mais bela a sua criação. «Um homem nobre partiu para uma região longínqua, a fim de tomar posse de um reino e em seguida voltar. Chamando dez dos seus servos, entregou-lhes dez minas e disse-lhes: “Fazei render a mina até que eu volte”» (Lc 19, 12-13). O Senhor pedir-nos-á contas das nossas obras! Mas, para assegurar o justo cuidado à nossa Casa comum, devemos constituir-nos num nós cada vez maior, cada vez mais corresponsável, na forte convicção de que todo o bem feito ao mundo é feito às gerações presentes e futuras. Trata-se dum compromisso pessoal e coletivo, que se ocupa de todos os irmãos e irmãs que continuarão a sofrer enquanto procuramos realizar um desenvolvimento mais sustentável, equilibrado e inclusivo. Um compromisso que não faz distinção entre autóctones e estrangeiros, entre residentes e hóspedes, porque se trata dum tesouro comum, de cujo cuidado e de cujos benefícios ninguém deve ficar excluído.

O sonho tem início

O profeta Joel preanunciava o futuro messiânico como um tempo de sonhos e visões inspirados pelo Espírito: «Derramarei o meu espírito sobre toda a humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões» (3, 1). Somos chamados a sonhar juntos. Não devemos ter medo de sonhar e de o fazermos juntos como uma única humanidade, como companheiros da mesma viagem, como filhos e filhas desta mesma terra que é a nossa Casa comum, todos irmãs e irmãos (cf. Fratelli tutti, 8).

Oração

Pai santo e amado,
o vosso Filho Jesus ensinou-nos
que nos Céus se esparge uma grande alegria
quando alguém que estava perdido
é reencontrado,
quando alguém que estava excluído, rejeitado ou descartado
é reinserido no nosso nós,
que assim se torna cada vez maior.

Pedimo-Vos que concedais a todos os discípulos de Jesus
e a todas as pessoas de boa vontade
a graça de cumprirem a vossa vontade no mundo.
Abençoai todo o gesto de acolhimento e assistência
que repõe a pessoa que estiver em exílio
no nós da comunidade e da Igreja,
para que a nossa terra possa tornar-se,
tal como Vós a criastes,
a Casa comum de todos os irmãos e irmãs. Amen.

Roma, em São João de Latrão, na Festa dos Apóstolos São Filipe e São Tiago, 3 de maio de 2021.

Francisco

03 maio, 2021

O desafio contínuo de trabalhar a humanização uns dos outros - Prof. Edward Guimarães




“Sabemos que a mudança de mentalidade e a passagem do pessimismo ao otimismo esperançado e mobilizador é tarefa exigente e com processos lentos, mais ainda quando estamos cientes de que muitos se encontram profundamente desalentados, desanimados e decepcionados com os rumos da nação; a capacidade de empatia e de compaixão com os que sofrem, com os mais vulneráveis, e de indignação ética diante das injustiças, encontra-se enfraquecida e alquebrada; a sociedade está dividida por pensamentos ideologicamente extremistas que inviabilizam o diálogo e a busca coletiva de soluções para os desafios e urgências. A mudança de mentes e o afloramento da chama da esperança mobilizadora dependem em grande medida do investimento em um contínuo e infindo processo de formação da consciência crítica e autocrítica, mas isso também não basta. Importa discernir, descobrir e apostar em vias que dão acesso a interioridade humana, que permitem aí trabalhar o turbilhão dos sentimentos quase sempre confusos e que, sobretudo, se avivem a chama interior da bondade e da generosidade humanas, a que nos referimos no início desta reflexão.“

Confira a reflexão do prof. Edward Guimarães.

01 maio, 2021

Ser voz profética nos 'desertos' que ameaçam a dignidade da vida: eis um desafio decisivo para o ser cristão.

Profetas são como uma voz incômoda de Deus ou uma voz eloquente dos sem-voz
Cuidemos de escutar o grito dos oprimidos! (Unsplash/Shail Sharma)

Edward Guimarães*

Em 1971, em contexto de violenta ditadura militar, dom Helder Câmara expressou em um poema, de forma profética e paradigmática, o imperativo ético da liberdade e da dignidade humana, no qual declarou a beleza de ser um "acendedor de esperanças":

"Deixa-me acender cem vezes, mil vezes,
um milhão de vezes a esperança
que ventos perversos e fortes teimam em apagar.
Que grande e bela profissão: acendedor de esperança"

Nada mais profético do que acender, ainda que frágeis, chamas de esperança para iluminar quem encontra-se mergulhado na escuridão. Não é tarefa simples, mas necessária, em determinados contextos sombrios – como o que atravessamos na atual conjuntura sociopolítica, econômica e religiosa da cultura brasileira – acender as esperanças de quem se encontra abatido pelo peso das cruzes que carrega e, totalmente, ébrio por misturar tantos e contínuos copos de diferentes doses de pessimismo. Em tempos assim, com tanto medo da violência dos poderosos, os profetas gritam: "deixemos o pessimismo para os dias melhores"! Esta frase foi pichada por anônimos e proféticos trabalhadores nos muros de Bogotá, na Colombia, em contexto de intensa violência contra qualquer protesto, grito ou sinal de rebelião popular contra o status quo.

Graças às narrativas dos quatro evangelhos, basta ler os capítulos iniciais de Mateus, Marcos, Lucas e João, João Batista, filho de Zacarias e Isabel, entrou para a Tradição cristã como o precursor, como o que preparou os caminhos para o advento da práxis libertadora de Jesus. Não é aleatório que os Evangelhos, inspirados pelos escritos do profeta Isaias, apresentem João, o batista, como uma "voz de quem clama no deserto". Uma voz que simultaneamente anunciava a presença atuante de Deus no meio de nós como interpelação ética e denunciava, corajosamente, o que se apresentava como a mais grave entre as ameaças à dignidade da vida humana: a ação injusta dos poderosos que procuram submeter, abafar e definitivamente silenciar a voz dos marginalizados, o grito dos oprimidos. Por isso João teve, assim como Jesus e quase todos os profetas e profetisas da história, um fim trágico: foi cruentamente silenciado. Não obstante a isso, os profetas são acolhidos e lembrados como uma voz incômoda de Deus ou, o que é o mesmo, uma voz eloquente dos sem-voz.

Toda religião – como também cada sociedade, no nível macro, e cada família, no nível micro – se concretiza por meio de relações sociais entre as pessoas envolvidas. E onde há relações humanas, há o exercício do poder. Nesse sentido, pode-se afirmar que não há religião autêntica, o cristianismo não é exceção, sem uma boa política (exercício do poder coletivo como busca e garantia do bem comum), sem acolher e bem cuidar do direito à voz de cada membro, garantindo, desse modo, o espaço de manifestação, e oxalá de escuta, de sua incômoda dimensão profética. Incômoda para os poderosos, pois, o profetismo entende e legitima o poder enquanto serviço aos necessitados e garantia do bem comum, e não como forma de domínio do mais forte e do mais esperto sobre os demais. O profeta será sempre, em certa medida, uma voz dos oprimidos e, por isso, inevitavelmente, baterá de frente, e não sem consequências, com os que oprimem o povo.

O primeiro chamado que continuamente emana do desafio diário de ser cristão é o de assumir e cuidar da busca infinda de ser cada vez mais humano. Talvez porque somente quem assumiu como projeto de vida o processo contínuo de se humanizar, tendo desse modo a sensibilidade aguçada e à flor da pele, consegue discernir-perceber-acolher-responder como necessidade vital o cultivo cotidiano da centralidade do amar. Amar, o verbo da vida verdadeiramente humana, é decisão ética – no contexto atual infelizmente amar, apesar de realidade crucial, apresenta-se frequentemente como vivência banal sem grandes implicações no modo como se concretizam as relações entre as pessoas – que exige de quem ama, no contexto em que vive, assumir o desafio responder às urgências vivais ao seu redor: como garantir que a dignidade de cada pessoa e, hoje percebemos cada vez mais, a vitalidade de cada ecossistema, sejam bem cuidadas e reverenciadas como realidade preciosas na busca do bem viver? Como dizer que amamos uns aos outros, com tamanha desigualdade social e esta cultura da indiferença social, sem um compromisso coletivo de busca contínua do bem-viver e conviver?

Temos que afirmar que só ama verdadeiramente quem é livre e quem acolhe e legitima a igual liberdade e dignidade da/o amada/o. Acontece que só pode ser livre quem, de fato, tem o direito a ter voz reconhecido e garantido. Não há autêntico amor pessoal, familiar e social sem que se concretize a acolhida da liberdade e dignidade do outro, sem diálogo e respeito mútuo.

Que em nossos discernimentos, procuremos dar ouvidos à voz dos profetas e profetisas de nosso tempo, e dar voz aos silenciados? Cuidemos de escutar o grito dos oprimidos! Cuidemos, como bons "acendedores de esperança", da educação de nossos filhos para o diálogo e a defesa da justiça social: não há outro caminho para a paz, para a construção de um tempo novo!

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*Edward Guimarães é teólogo leigo. Doutor em Ciências da Religião pela PUC Minas e mestre em Teologia pela FAJE. Professor de Teologia do Centro Loyola de Espiritualidade, Fé e Cultura e do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas, onde atua como secretário executivo do Observatório da Evangelização. Assessor das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), movimentos populares, pastorais sociais e membro do Conselho Pastoral Arquidiocesano (CPA) e da atual diretoria da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (Soter).

Fonte: dom total