06 outubro, 2023

27º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Reflexão: Domingo, 8 de Outubro de 2023

27º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Leituras:
Is 5,1-7
Sl 79(80),9.12.13-14.15-16.19-20 (R. Is 5,7a)
Fl 4,6-9
Mt 21,33-43




A liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem da "vinha" para falar de quem se coloca a serviço de Deus por amor a Ele. Desse Povo, o Senhor exige frutos de amor, de paz, de bondade, de misericórdia e de justiça.

Profeta sempre fala de acontecimentos concretos e aponta a realidade da vida, dos problemas, das inquietações, das esperanças das mulheres e dos homens do seu tempo.

Deus chama o profeta Isaías a pronunciar-se. Na época da profecia de Isaías logo no início, em sua primeira fase, parecia tudo correr bem, na política e na religião, más o profeta Isaías vê uma realidade diferente, a sociedade está marcada por injustiças e arbitrariedade, exploração dos menos favorecidos pelos poderosos; a cobiça domina e inventam esquemas legais para apropriar dos bens dos mais pobres; uma vida de luxo num desrespeito pelas necessidades dos mais pobres. Em termos religiosos cultos com práticas de piedade e de abundantes manifestações religiosas não verdadeiras, incoerente, sem uma adesão a Deus. Jerusalém deixou de ser fiel, a “vinha” cuidada por Deus só produz frutos ruins e não bons.

Em tão poético, um canto, o profeta diz que, Deus não pode pactuar com este esquema e prepara-Se para abandonar essa "vinha" ingrata, essa amada infiel. “Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça — e eis injustiça; esperava obras de bondade — e eis iniquidade.”. O profeta desmascara a injustiça e a aplicação corrupta da lei que, ao invés de trazer justiça, resulta em clamor para o oprimido.

Importante o entendimento, que é uma história de amor a parábola da vinha. Um Deus, que por amor liberta o seu povo da escravidão, que o conduz para a liberdade, que protege nos caminhos da história indicando em direção a justiça, a paz, a felicidade. Essa história de amor não terminou, continua hoje, o mesmo Deus continua a dar seu amor, sua misericórdia e direção para realização da justiça, paz, fraternidade e amor.

Para compreendermos o texto do Evangelho, importante perceber as narrativas no capítulo 21 do Evangelho de Mateus. Logo no início do capítulo Mateus narra que Jesus entra em Jerusalém e acontece conflito com os chefes do povo, fato que se deu porque no templo Jesus expulsa os vendedores (Mt 21,12-13). Em seguida a figueira que não produziu frutos (Mt 21,18-22). Depois, a parábola dos dois filhos e o debate de Jesus com as autoridades sobre o batismo de João (Mt 21,23-27), e para o 27º Domingo do Tempo Comum, a parábola da vinha. Nesse capítulo 21 de Mateus, os conflitos vão aumentando e para as autoridades cada vez mais Jesus vai incomodando.

Jesus não acusa a vinha de não produzir uva, como o texto de Isaías, e sim os vinhateiros, os responsáveis pela produção. Para entender, o dono da vinha é Deus, os arrendatários os chefes do povo, a vinha é o povo que deve ser conduzido. Jesus não acusa a vinha, isto é, o povo, de não produzir frutos, mas acusa diretamente os que são responsáveis pela produção deste mesmo povo. Quem sonega e desviam o fruto são os arrendatários, que oprime, explora o povo, e são capazes de mentir, perseguir e matar. O próprio Jesus ao ir para a colheita foi jogado fora, como meio, de impedi-Lo de destruir um sistema corrupto, opressor e injusto, sistema que prendia a consciência do povo e garantia o lucro para os grandes, manipulava a religião e até o nome de Deus. Dos muros de Jerusalém Jesus foi jogado no monte do Calvário e crucificado, “Jesus sofreu sua paixão fora de Jerusalém, quando purificou o povo com o seu próprio sangue. ” (Hebreus 13,12). Devido a dureza do coração das pessoas, dos vinhateiros que a vinha lhes foi tirada e entregue aos que acolhem o anúncio do Reino e dá frutos, os pagãos, já que as autoridades do povo não foram capazes de acolher o Reino. “Então Jesus lhes disse: "Vós nunca lestes nas Escrituras: 'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”.

É preciso entender e acolher a mensagem, para o hoje, da parábola. Onde estão os frutos de justiça no Brasil e no mundo? Qual o interesse que movem os governantes? Olhemos também para dentro de nossas Igrejas. Precisa ficar bem claro que fazer parte da vinha de Deus é uma missão, que requer compromisso, para produzir frutos de amor e justiça.

Na segunda leitura Paulo fala a comunidade filipenses e a todas e todos que fazem parte da vinha de Deus a viver, a ocupar “com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude”. Com o salmista elevemos uma prece “Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, e sobre nós iluminai a vossa face!”.