18 março, 2015

Arquidiocese de Maringá - 5º Encontrão Arquidiocesano das CEBs

O 5º Encontrão Arquidiocesano das Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs, já começa a ser preparado na Arquidiocese de Maringá.

Será um lindo momento!

Já foram escolhido o tema e o lema
Tema: "CEBs: o rosto humano de Deus" 
Lema: "sua ternura abraça toda criatura" (cf. Sl 144(145),9)

Com a metodologia dinâmica das CEBs, o encontrão vai envolver todas e todos que estiverem presentes, vai ser muito lindo.

Data: 23/08/2015
Início: pontualmente às 13h30m
Local: Pavilhão Azul do Parque de Exposições da cidade de Maringá-Pr

Movimentos sociais preparam semana de mobilização pela reforma política

Entidades criticam proposta que defende financiamento privado no Congresso Nacional e pedem que o ministro Gilmar Mendes devolva ao STF o processo
 que proíbe essa prática.

Diversas organizações saíram às ruas, na última sexta-feira, para se manifestar diante do atual cenário político brasileiro.
Os protestos levantaram bandeiras em defesa da Petrobras e criticaram as tentativas de retirada de direitos trabalhistas.
Outra pauta era o combate à corrupção. Na avaliação das organizações, esse combate pode se dar por meio de uma reforma política.
Entre os dias 20 e 29 de março, organizações que se articulam em torno de um projeto de lei de iniciativa popular para uma reforma política farão uma nova semana de mobilização para coleta de assinaturas.
São quatro elementos centrais do projeto de lei popular: fim do financiamento empresarial privado de campanhas eleitorais e de partidos políticos, fortalecimento da votação em programas partidários, paridade de sexo em eleições e fortalecimento da democracia direta.
Propostas de lei relativas ao tema sempre circularam pelo Congresso, mas nenhuma delas avançou.
A reforma política passou a ser debatida com mais força pela sociedade civil a partir das manifestações de junho de 2013. 
As organizações que propõem o projeto de lei popular se articularam em torno deste tema em agosto daquele ano.
Elas formaram a “Coalizão por uma Reforma Política Democrática e Eleições Limpas”.
Em paralelo, foi organizada uma campanha em prol da convocação de uma Constituinte exclusiva e soberana para a reforma do sistema político.
A proposta foi debatida intensamente nos meses seguintes, culminando em um plebiscito popular realizado de 1º a 7 de setembro de 2014.
Sete milhões e meio de pessoas votaram a favor da ideia da Constituinte.
Também em 2013, a Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, deu entrada no Supremo Tribunal Federal, o STF, a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade apontando a ilegalidade do financiamento de campanhas eleitorais por empresas.
Se aprovada, favoravelmente, isso implicaria na proibição desse tipo de financiamento.
Até agora, vários ministros já haviam votado no tema e o placar atual é de 6 a 1 em favor da inconstitucionalidade.
Como são onze os ministros, a questão já estaria definida.
Mas em abril do ano passado, o ministro Gilmar Mendes pediu vistas ao processo e ainda não o devolveu ao Supremo.
Com isso, até hoje a votação não terminou.
Movimentos sociais organizaram uma campanha com um abaixo assinado virtual, pedindo que o ministro devolva o processo.
Fonte: brasil de fato (da Radioagência Brasil de Fato, Simone Freire)

Como desmontar o ódio social - Leonardo Boff

Deve-se mudar não apenas a música mas também a letra. 
Em outras palavras, importa 
pensar mais no Brasil como nação e menos nos partidos. 
Estes devem dar centralidade
 ao bem geral e unir forças ao redor de alguns valores e princípios 
fundamentais, buscando convergências na diversidade, 
em função de um projeto-Brasil viável e que torne menos perversa a 
desigualdade, outro nome, para a injustiça social.


Estamos constatando que vigora atualmente muito ódio e raiva na sociedade, seja pela situação geral de insatisfação que perpassa a humanidade, mergulhada numa profunda crise civilizacional, sem que ninguém nos possa dizer como seria a sua superação e para onde este voo cego nos poderia conduzir. O inconsciente coletivo detecta este mal-estar como já antes Freud o descrevera em seu famoso texto O mal estar na cultura (1929-1930) e que, de alguma forma, previa os sinais de uma nova guerra mundial.
O nosso mal-estar é singular e se deriva das várias vitórias do PT com suas políticas de inclusão social que beneficiaram 36 milhões de pessoas e elevaram 44 milhões à classe média. Os privilegiados históricos, a classe alta e também a classe média se assustaram com um pouco de igualdade conseguida pelos do andar de baixo.  O fato é que, por um lado vigora uma concentração espantosa de renda e, por outro, uma desigualdade social que se conta entre as maiores do mundo. Essa desigualdade, segundo Marcio Pochmann no segundo volume de seu Atlas da Exclusão social no Brasil (Cortez 2014) diminuiu significativamente nos últimos dez anos mas é ainda muito profunda, fator permanente de desestabilização social.
Como notou bem o economista e bom analista social, do partido do PSDB, Luiz Carlos Bresser Pereira, o que foi assumido em sua coluna dominical (8/3) por Verissimo, tal fato fez surgir um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos a um partido e a um presidente; não é preocupação ou medo; é ódio; a luta de classes voltou com força; não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita.
Estimo correta esta interpretação que corrobora o que escrevi neste espaço com dois artigos "O que se esconde atrás do ódio ao PT". É a emergência de milhões que eram os zeros econômicos e que começaram ganhar dignidade e espaços de participação social, ocupando os lugares antes exclusivos das classes beneficiadas. Isso provocou raiva e ódio aos pobres, aos nordestinos, aos negros e aos membros da nova classe média.
O problema agora é: como desmontar este ódio? Uma sociedade que deixa esse espírito se alastrar, destrói os laços mínimos de convivência sem os quais ela não se sustenta. Corre o risco de romper o ritmo democrático e instaurar a violência social. Depois das amargas experiências que tivemos de autoritarismo e da penosa conquista da democracia, devemos, por todos os modos, evitar as condições que tornem o caminho da violência, incontrolável ou até irreversível.
Em primeiro lugar, na linha sábia de Bresser Pereira, faz-se urgente um novo pacto social que vá além daquele criado pela constituição de 1988, pacto que reuna empresários, trabalhadores, movimentos sociais, meios de comunicação, partidos e intelectuais  que distribua melhor os ônus da superação da atual crise nacional (que é global) e que, claramente convoque os rentistas e os grandes ricos, geralmente articulados com os capitais transnacionais a darem a sua contribuição.
Deve-se mudar não apenas a música mas também a letra. Em outras palavras, importa pensar mais no Brasil como nação e menos nos partidos. Estes devem dar centralidade ao bem geral e unir forças ao redor de alguns valores e princípios fundamentais, buscando convergências na diversidade, em função de um projeto-Brasil viável e que torne menos perversa a desigualdade, outro nome, para a injustiça social.
Estimo que amadurecemos para esta estratégia do ganha-ganha coletivo e que seremos capazes de evitar o pior e assim não gastar tempo histórico que nos faria ainda mais retardatários face ao processo global de desenvolvimento social e humano na fase planetária da humanidade.
Em segundo lugar, creio na força transformadora do amor como vem expresso na Oração de São Francisco: onde houver ódio que eu leve o amor. O amor aqui é mais que um afeto entre duas pessoas; ele ganha uma feição coletiva e social: o amor a uma causa comum, amor ao povo como um todo, especialmente, àqueles mais penalizados pela vida, amor à nação (precisamos de um sadio nacionalismo), amor como capacidade de escutar as razões do outro, como abertura ao diálogo e à troca.
Se não encontrarmos nem escutarmos o outro, como vamos saber o que pensa e pretende fazer? Ai começamos a imaginar e a projetar visões distorcidas, alimentar preconceitos e destruímos as pontes possíveis que ligam as margens diferentes.
Precisamos dar mais espaço à nossa cordialidade positiva (pois há também a negativa) que nos permite sermos mais generosos, capazes de olhar para frente e para cima e deixar para trás o que ficou para trás e não deixar que o ressentimento alimente a raiva, a raiva o ódio e o ódio, a violência que destrói a convivência e sacrifica vidas.
As igrejas, os caminhos espirituais, os grupos de reflexão e ação, especialmente a mídia e todas as pessoas de boa-vontade podem colaborar no desmonte desta carga negativa. E contamos para isso com a força integradora dos contrários que é o Espírito Criador que perpassa a história e a vida pessoal de cada um.
Texto: Leonardo Boff ( Teólogo, filósofo e autor de: "A oração de São Francisco: uma mensagem de paz para o mundo atual" entre diversos outras publicações)
Fonte: Carta Maior