27 outubro, 2023

30º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Reflexão: - Domingo, 29 de outubro de 2023

30º Domingo do Tempo Comum, Ano A


Leituras:

Ex 22,20-26
Sl 17(18),2-3a.3bc-4.47.51ab (R. 2)
1Ts 1,5c-10
Mt 22,34-40



A liturgia apresenta o resumo de toda a lei do Antigo Testamento: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Que a luz da Palavra de Deus do 30º Domingo do Tempo Comum, ilumine as leis que regem o capitalismo, a economia de mercado do tempo atual.

A primeira leitura deixa claro que não se pode tolerar as situações que roubam a vida e a dignidade das pessoas. “Assim diz o Senhor” não oprimas, não maltrates, não faça mal e sejam misericordiosos. A leitura do Êxodo refere-se a algumas exigências sócias que resultam da Aliança, apresenta indicações concretas de como lidar com as realidades de carência; de necessidade e de debilidade das pessoas estrangeiras; órfãs; viúvas e pobres, essas pessoas não podem defender-se, devem ser protegidas pelo direito.

Os hebreus haviam saído do Egito, da casa da escravidão, e estavam acampados, após a Aliança com Deus no Sinai, leis, mandamentos foram elaborados numa tentativa de organização da vida e convivência de acordo com o projeto de Deus, são leis de liberdade que garantem a vida para todas e todos, especialmente para os mais desprotegidos.

O estrangeiro, o migrante obrigado a deixar sua terra, deixar as relações familiares, enfrentam um ambiente cultural e social adverso, e onde as leis locais nem sempre protegem os seus direitos e a sua dignidade, frequentemente a situação de debilidade dessas mulheres e homens é aproveitada por pessoas sem escrúpulos que os exploram, que os escravizam e que contra eles cometem injustiças. A viúva e o órfão, vítimas dos abusos dos poderosos, desprotegidos e ignorados, sem defesa diante das arbitrariedades dos mais fortes, vítimas de todos os tipos de injustiças, é no Senhor que encontram força e defesa. O pobre, na maioria, camponês carregados de impostos, passando dificuldades pelas más colheitas, que tem que pedir para pagar as dívidas e sustentar a família e são explorados sem escrúpulos. O Deus de Israel ouve o clamor do seu povo oprimido, não aceita a opressão, defende pobres e indefesos.

Deixar provocar pelo texto de Êxodo, necessário. As leis existentes hoje no mundo que regem o capitalismo, a economia de mercado ouve o clamor do povo oprimido ou está a serviço do capital e do lucro, que se alimenta com o sofrimento das trabalhadoras e trabalhadores, das desempregadas e desempregados, das viúvas, dos órfãos, dos pobres, dos migrantes, das marginalizadas e marginalizados?

Como as Dioceses, Paróquias, as Comunidades Eclesiais de Base ouvem, acolhem e cuidam dos que sofrem com toda essa situação?

Como cada mulher e cada homem ouve, acolhe e cuida dessas pessoas?

Conforme Êxodo, Deus ouve o clamor “Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo” (Ex 3:7).

O Evangelho, em Jerusalém, últimos dias de Jesus, a pouco de sua entrada na cidade, momento em que foi aclamado como filho de Davi, e como no Evangelho dos domingos anteriores, continua as controvérsias entre Jesus e os saduceus, os fariseus e os herodianos, grupos religiosos, sociais e políticos daquele tempo, que já fizeram as suas escolhas, rejeitam a proposta de Jesus, para eles a proposta de Jesus não vem de Deus e deve ser rejeitada e Jesus deve ser denunciado, julgado e condenado e para conseguir procuram argumentos de acusação contra Jesus e novamente arma uma cilada, a elite injusta da época forma um complô político-religioso para eliminá-lo. Uma elite corrupta que usa o nome de Deus para condenar e matar o próprio Filho de Deus. Ao perguntar a Jesus qual é o maior mandamento da Lei, os doutores da lei procuram demonstrar que Jesus não sabe interpretar as Leis do Pentateuco e que, portanto, não é digno de crédito. Diz a narrativa do Evangelho “Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Jesus respondeu: "'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: 'Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'”. Jesus simplifica e concentra toda a Lei no amor a Deus e ao próximo, resume a essência e o espírito da vida humana no ato de amar a Deus com entrega total de si mesmo, e amar ao próximo como a si mesmo. Jesus conclui, seguindo a narrativa “Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos", para Jesus, o Antigo Testamento só tem sentido se entendido à luz do amor a Deus e ao próximo.

Os grupos religiosos, sociais e políticos daquele tempo, rejeitam a proposta de Jesus, e na segunda leitura, Paulo manifesta sua alegria pela comunidade que, ainda jovem, segue o caminho de Jesus, mesmo com a hostilidade provocada pela oposição dos judeus e pela tensão entre as e os cristãos e as autoridades da cidade. Faz parte da dinâmica do Evangelho a alegria e o sofrimento. Essa comunidade que vive na alegria e na dor, percorre o caminho do amor e do dom da vida e o exemplo da vivência comunitária geraram frutos em outras comunidades do mundo. O Evangelho quando acolhido na alegria, apesar do sofrimento e da perseguição tona-se um dinamismo concreto de vida e de salvação. Paulo, dá exemplo, ele reconhece que a evangelização da comunidade é graça do Espirito Santo, não mérito dele e assim proclama que Deus é o Senhor da história e quem evangeliza é um instrumento da ação de Deus. Deixar provocar por esta comunidade, por São Paulo pelo Evangelho, é preciso.

Em Jesus Cristo o amor a Deus e o amor ao povo se tornam seu modo de viver; Jesus ouve e ensina a vontade do Pai cumprindo-a com fidelidade e amor filial. “Amar a Deus” é, na perspectiva de Jesus, estar atento, ouvir e concretizar na vida, o projeto de Deus, que é misericórdia com as pessoas que sofrem. Jesus faz da vida uma entrega de amor a todas irmãs e irmãos, até ao dom total de si mesmo. Trata-se de um amor sem limites, sem medidas e que não faz distinção entre bons e maus, amiga/os e inimiga/os.

Deixar provocar, é preciso. Conforme o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total aos seus projetos: para cada pessoa, para a Igreja, para as Comunidades Eclesiais de Base e demais comunidades e para o mundo. Jesus era peregrino e deixou o testemunho que o amor as irmãs e aos irmãos passa por prestar atenção a cada mulher, a cada homem com quem cruza pelos caminhos no dia a dia da vida, seja pobre ou rico, branco ou negro, do mesmos pais ou estrangeiro. O amor as irmãs e aos irmãos, como ensina o Papa Francisco é partilhar das “alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Gaudium et Spes,01). Nos dias atuais, o mundo está a gritar: que precisa de redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida.

Dia de Oração pela Paz!

O Papa Francisco convocou o mundo todo a um Dia de Oração pela Paz. O dia 27 de outubro foi escolhido pelo Pontífice para unir os povos, católicos, cristãos de todas as denominações e todas as mulheres e homens de boa vontade, em oração implorando que cessem as guerras e a violência.

Senhor Deus,
Pedimos para que cessem as guerras e a violência que gera sofrimento; medo; morte e destruição. Que as crianças; idosos; jovens; mulheres e homens feridos pela guerra e pela violência sintam sua presença, e a elas e em seus países chegue ajuda humanitária. Que todos os povos e nações estendam a mão em solidariedade e oração a irmãs e irmãos que sofrem. Que os líderes mundiais promovam a paz e a justiça e o fim da guerra e da violência e que toda a humanidade anda em Teus caminhos, e acolhe Senhor os que morreram. Amém.

O Papa: com que paciência o povo de Deus suporta os maus-tratos do clericalismo

A lista de preços dos sacramentos

"quando os ministros "excedem em seu serviço e maltratam o povo de Deus, desfiguram o rosto da Igreja, arruínam-na com atitudes machistas e ditatoriais"

"É doloroso encontrar em alguns escritórios paroquiais a 'lista de preços' dos serviços sacramentais como em um supermercado. Ou a Igreja é o povo fiel de Deus em caminho, santo e pecador, ou acaba sendo uma empresa de vários serviços, e quando os agentes pastorais tomam esse segundo caminho, a Igreja se torna o supermercado da salvação e os sacerdotes simples funcionários de uma multinacional".


Clericalismo "chicote" e "flagelo

Esse é o "grande fracasso" ao qual o clericalismo leva. Igual amargura, ou melhor, “dor”, o Papa expressa por aqueles "jovens sacerdotes" que se veem nas lojas de alfaiataria eclesiástica "experimentando batinas e chapéus ou vestidos com rendas". "Chega", diz ele, "isso é realmente um escândalo.

O clericalismo é um chicote, é um flagelo, uma forma de mundanismo que suja e danifica a face da esposa do Senhor, escraviza o santo povo fiel de Deus".

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