21 dezembro, 2020

Uma pedagogia para as bases

Por Celso Pinto Carias

A palavra “pedagogia” é de origem grega. Significa conduzir uma criança. Mas um dado muito interessante na história da palavra é que o principal “pedagogo” era um escravo.

Temos conversado nesta coluna as implicações do trabalho de base em nossa realidade atual. Nestes dias Guilherme Boulos fez a seguinte afirmação: “A unidade da esquerda é importante, mas sozinha não garante a vitória. É preciso se reconectar com o povo”.

Porém, a grande pergunta é: COMO? Depois de Paulo Freire e tantos mestres do trabalho popular, não deveríamos ter tanta dúvida. Mas temos. Temos porque não fomos “pedagogos”. Temos porque, como diz Freire, comparando o método de Jesus com a nossa prática: “O ensino do Cristo não era nem poderia ser o de quem, como muitos de nós, julgando-se possuidor de uma verdade, buscava impô-la ou simplesmente transferi-la”.

Sim, a nossa cabeça ocidental e positivista não permite reconhecer sabedoria em quem narra a história com categorias pouco precisas para os nossos padrões. Queremos treinar seres humanos como treinamos cachorros, macacos, papagaios etc.. Temos interesse pelas histórias que acontecem ao redor das pessoas e não com a história das pessoas. Os mecanismos simbólicos de construção da subjetividade não são reconhecidos como uma força de resistência e de luta pela vida. Mal comparando, é como dizer a uma pessoa com depressão que ela só está deprimida porque quer.

Assim, vamos formulando “chavões” para justificar opções pedagógicas equivocadas como “pobre de direita”, “cada povo tem o governo que merece”, “o povo não sabe votar” e não nos perguntamos por que determinadas situações tomarem rumos que consideramos absurdos. E então colocamos na conta da ausência de formação quando acontece uma resposta popular que não vai em direção àquilo que acreditamos ser o melhor. A chamada conscientização nem sempre é pedagógica. Achamos que o cérebro é um computador que pode ser programado conforme a direção que queremos. Não se percebe os processos contínuos sob os quais a vida vai sendo vivida e tudo o que está em jogo para sobreviver.

O aprendizado é um processo que exige mente e coração. É preciso fazer a experiência de aprender, melhor ainda, apreender, isto é, trazer para dentro. Conhecer é um processo de emancipação, autonomia e liberdade.

Na década de noventa do século vinte, participei da coordenação de um programa de formação chamado TRAIRAPONGA. Pelo nome já se percebe a intenção. Este era o nome que indígenas davam a parte da região da Baixada Fluminense. Assim, o programa reunia pessoas durante um fim de semana por mês para rezar, refletir, conviver e aprender algo sobre a caminhada da fé. Até hoje encontro muitas pessoas que falam deste processo com grande entusiasmo. Fui até colocado em um grupo de Whatsapp chamado “amigos trairaponga”. Nunca mais participei de algo parecido.

Um processo pedagógico que envolva mentes e corações dá trabalho. Mas como diz um ditado árabe: “quem planta tâmaras não colhe tâmaras”, porque a tamareira leva de 80 a 100 anos para dar frutos. Aprender a aprender exige paciência. Recomendo uma animação no Youtube chamada justamente “aprender a aprender” (https://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI).

E falando especificamente das CEBs, comunidades cristãs, deveríamos nos espelhar Naquele que é a razão de nossa fé. Deus se fez história. Escolheu o caminho humano processual, isto é, gravidez, infância, juventude, até se tornar adulto. Fez parte de uma família, certamente com todas as tensões que isto representa. E fez isto como escravo: “Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo” (Fl 2, 1-11).

Que a nossa ligação com o Senhor da vida nos permita ter “os mesmos sentimentos de Cristo Jesus”. Que possamos redescobrir aquilo que os povos tradicionais sempre souberam e continuam sabendo, muitas vezes no meio do barulho e da confusão, o que significa caminhar em direção ao BEM VIVER.


Suposta negligência médica?

Suposta negligência médica?

Graças a Deus, meu irmão não tem nenhuma das doenças do grupo de risco. Más se tivesse, seria mais um no número de óbitos pelo Covid-19, que não recebeu atendimento correto assim que procurou atendimento médico.

Respeitar as medidas de segurança e o poder público tem que fiscalizar. 

Acredito que cada pessoa precisa comprometer-se com o autocuidado e, ao mesmo tempo, proteger outas pessoas de seu convívio ou não.

Mas os atendimentos das Unidade Básica de Saúde (UBS) precisam fazer sua parte, como fica a pessoa que está com a Covid-19, procura a UBS, o médico atende, até faz o exame da Covid, mas manda a pessoa para casa, dizendo que é uma gripe forte, mesmo tendo os sintomas da Covid.

Manda a pessoa para casa, não tem um monitoramento, nenhuma orientação para isolamento domiciliar.

Essa preocupação fundamentada numa experiência em minha família. Um dos meus irmãos, no dia 12 não estava bem, no dia 13 foi a uma UBs, o médico que o atendeu disse ser uma gripo forte, a pedido do meu irmão fez o exame da Covid-19, e foi mandado para casa após ouvir do médico que era uma gripe forte.

Quando o levava para casa, tomei o cuidado de estar de máscara, passei álcool 70 em minhas mãos e mantive as janelas do carro abertas e disse ao meu irmão, não é gripe, tu estás com a covid-19.

Meu irmão não bem, na terça-feira procurou novamente atendimento médico, e nada novamente, nenhuma medicação, ouviu de novo provavelmente uma gripe forte, ou uma infecção e a orientação, esperar o resultado do exame da covid-19.

O resultado saiu hoje, e deu positivo. O contato foi por telefone, meu irmão disse a pessoa que ainda com muito cansaço e fraqueza e ouviu do atendente que é assim mesmo, e que na quarta feira já pode sair do isolamento e não há necessidade de medicação. 

Isolamento esse que em nenhum momento foi orientado, porque era uma gripe forte.

E que Deus conceda a graça de não agravar, porque ainda está no período de cuidados. E como ainda não bem, a minha opinião, e dei a ele, é que vá no hospital municipal ou UBs e exige um exame do pulmão e outros exames necessários. 

Graças a Deus, meu irmão não tem nenhuma das doenças do grupo de risco. Más se tivesse, seria mais um no número de óbitos pelo Covid-19, que não recebeu atendimento correto assim que procurou atendimento médico.

Fiquemos atentos.