23 junho, 2020

Prece


Rezemos juntos, para que o nosso Deus nos de a graça de não termos medo, de sermos fortes com voz profética diante dos desafios da via, mesmo se não formos compreendidos, mas o nosso Deus nos ama e nos protege sempre, e não tenhamos dúvidas que a profecia é dom de Deus, a palavra profética se revela a todas e a todos que tem coração humilde.


Restituição para Base

"Santidade, temos medo de sermos tentados pela inércia, mas pensamos que talvez V.S. espere de nós, pessoas de fé que tanto receberam dos carismas da Igreja pós-conciliar, uma disponibilidade de restituir com nosso testemunho o sinal do que recebemos ao longo dos anos, também da Comunidade de Bose. Pedimos para conhecer como demonstrá-lo, recebendo plena luz sobre os objetivos e propósitos de uma intervenção, não usual, por parte da Igreja", escrevem vários autores ao Papa Francisco, em carta publicada por Settimana News, 22-06-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis a carta.

Sua Santidade, Papa Francisco,

Conhecendo Vossa atenção pastoral e o carinho que O une ao seu rebanho, escrevemos porque recorremos a V.S. por um motivo que consideramos muito importante.

O motivo é a situação em que se encontram hoje muitas pessoas de fé que há décadas frequentam a Comunidade de Bose como local de reflexão, oração, formação, levando depois seu testemunho e seu empenho até as paróquias e os lugares onde vivem e trabalham. Um grande número de pessoas que, não apenas na Itália, estão passando por um grande sofrimento, desconforto e perplexidade nos últimos dias, devido às notícias vindas da Comunidade após o decreto singular da Santa Sé de 13 de maio. Muitos outros crentes, que só ouviram falar de Bose, estão neste momento expressando sua preocupação na mídia, temendo serem deixados "no meio do nevoeiro" com relação às suas perguntas, tendo que confiar em notícias contraditórias que também podem causar muito dano.

Também nós, que estamos escrevendo, um grupo pequeno, mas talvez representativo, acompanhamos com apreensão as notícias destes dias, oramos nos dias de Pentecostes ao Espírito, para que a Comunidade, com o apoio adequado, pudesse mostrar gestos exemplares de misericórdia; agora estamos desorientados porque não entendemos a prorrogação desse silêncio em relação ao que foi decidido. Não, não é curiosidade, Santo Padre, nem queremos cair na tentação de "eu sou de Paulo, eu de Apolo e eu de Cefas", pelo contrário: precisamos de transparência para dar testemunho de unidade, de participação plena no sofrimento de todas as pessoas envolvidas, para entender a perspectiva da Igreja, que hoje interveio com propósitos que não conhecemos e, não estando informados, não entendemos.

Estamos cientes das precauções necessárias de discrição sobre as vivências e as relações, mas não entendemos por que justamente as pessoas envolvidas não possam conhecer as razões das decisões, enquanto nós precisamos entender em que contexto vivemos a nossa fé, quais são os obstáculos que nós também teremos agora que enfrentar. De fato, não conseguimos intuir para que direção a Comunidade será acompanhada e de que formas diferentes ela poderá continuar a expressar, sem as pessoas que constituem suas históricas raízes, plena continuidade em relação ao esforço de radicalidade evangélica e de diálogo ecumênico.

De nossa parte, para sermos fiéis ao dever de testemunhar a Verdade como essencial vocação batismal, pensamos que não poderíamos nos permitir sermos meros espectadores. Depois de refletir, orar pela comunidade, pelas pessoas envolvidas, pelas hierarquias eclesiásticas, por nós mesmos, ora acreditamos que devemos pedir o dom da confiança de sermos considerados cristãos sempre em caminho, mas já adultos o suficiente para conseguir entender a complexidade da situação.

Santidade, temos medo de sermos tentados pela inércia, mas pensamos que talvez V.S. espere de nós, pessoas de fé que tanto receberam dos carismas da Igreja pós-conciliar, uma disponibilidade de restituir com nosso testemunho o sinal do que recebemos ao longo dos anos, também da Comunidade de Bose. Pedimos para conhecer como demonstrá-lo, recebendo plena luz sobre os objetivos e propósitos de uma intervenção, não usual, por parte da Igreja.

Estamos confiantes, Papa Francisco, de que Sua preocupação com todas as formas de sofrimento e sua incansável missão de parrésia farão com que compreenda plenamente nosso sofrido pedido. Oramos por V.S., como muitas vezes nos pede, para que possa sempre continuar nesse caminho, que abriu tantos corações e doado tantos momentos de autêntica Esperança.

Com respeitoso afeto.

Fonte: IHU