31 maio, 2020

“Não consigo respirar”

"Não consigo respirar”

É preciso respeito, conhecimento e valorização da história, cultura e experiências das diversidades das populações: negra, quilombola, indígena, cigana, do campo, lésbica, gay, bissexual, travesti e transexual.

Não deixemos que roube o direito de respirar em um mundo racista, “não consigo respirar” isso dói em mim e precisa doer em você.

Celebramos hoje Pentecostes, é sopro, sopro da vida, sopro que tem nos levar a movimentar-se, a indignar-se, a gritar diante das injustiças, porque é sopro de Deus.

Não existe direitos iguais no mundo capitalista, não somos todos iguais em direitos e deveres, não existe oportunidade para tod@s, não vivemos numa sociedade livre de preconceito em relação diversidade de povos e culturas.

O negro asfixiado por policiais nos EUA ele clamou “Não me mate”, não foi ouvido, “não consigo respirar”, e são muitas as pessoas totalmente inocentes que tem suas vidas ceifadas. Triste.

Sequência - Solenidade de Pentecostes: Sete Dons do Espírito Santo

Sequência

Espírito de Deus,
enviai dos céus
um raio de luz!

Vinde, Pai dos pobres,
dai aos corações
vossos sete dons.

Consolo que acalma,
hóspede da alma,
doce alívio, vinde!

No labor descanso,
na aflição remanso,
no calor aragem.

Enchei, luz bendita,
chama que crepita,
o íntimo de nós!

Sem a luz que acode,
nada o homem pode,
nenhum bem há nele.

Ao sujo lavai,
ao seco regai,
curai o doente.

Dobrai o que é duro,
guiai no escuro,
o frio aquecei.

Dai à vossa Igreja,
que espera e deseja,
vossos sete dons.

Dai em prêmio ao forte
uma santa morte,
alegria eterna.
Amém.

30 maio, 2020

Prece

Rezemos juntos "Precisamos que o Espírito Santo nos dê olhos novos, abra a nossa mente e o nosso coração para enfrentar o momento presente e o futuro com a lição aprendida: somos uma só humanidade. Ninguém se salva sozinho. Ninguém." (Papa Francisco)

Produção de Mudas | Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis

29 maio, 2020

Formação para membros da articulação de CEBs da Diocese de Crato

Diocese de Crato – NE 1

Promove mais uma encontro de formação para membros da articulação de CEBs da Diocese de Crato. Objetivando esperançar a caminhada nesse tempo de isolamento social. Mas pondo a Igreja – casa doméstica em comunhão, celebração e participação.

Acontecerá nessa terça – 02 de junho 2020 / 19hs, tendo como assessora Solange Rodrigues – Iser / direto do Rio de Janeiro, via-online.


Ameaças e oportunidades da Igreja católica no Brasil nos próximos 5 anos...

28 maio, 2020

Carta aberta à Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil

"A fé cristã, com todos os problemas históricos que não se pode negar, sempre teve o carisma da unidade, do diálogo, da paz e da solidariedade. Então, uma humilde sugestão para a nossa realidade brasileira, que pode ser exemplo para o mundo: a CNBB, através de sua presidência, poderia ser a mediadora de um grande debate virtual para garantir a democracia", escreve Celso Pinto Carias, doutor em Teologia pela PUC-Rio, assessor das CEBs do Brasil e do Setor CEBs da Comissão Pastoral Episcopal para o Laicato da CNBB e, nas palavras do autor, "um mendigo de Deus".

Eis a carta.

“Como sou pouco e sei pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando por inteiro”
(Ariano Suassuna)

No dia seguinte a exibição da reunião ministerial liberada pelo ministro do Supremo Celso de Melo, um padre muito meu amigo fez um pedido inusitado: fazer uma nota pedindo que a CNBB se pronunciasse a respeito. Respondi dizendo que não estava muito inspirado, pois me sentia navegando em um barco à vela, sem vento, sem bússola e em uma noite sem estrelas. E certamente, a CNBB não faria tal nota. Mas este padre é um santo homem, e aí resolvi escrever esta carta aberta. Não sei se vai ao encontro do amigo. Mas vou tentar.

Mais algumas coisas, além da santidade do padre, motivaram-me. Lembrei-me de um filme que eu e família assistimos na semana passada: “A menina que roubava livros”. Em uma cena na qual um judeu está sendo levado pelos nazistas, conhecido dos moradores da localidade de longa data, e um personagem vai ao encontro da polícia dizer que o judeu era um bom homem. É empurrado e bate com a cabeça no chão. Em casa a menina pergunta: “Por que eles fizeram isto com o senhor?” Resposta: “Minha ação tentou mostrar a humanidade deles, e neste momento eles odeiam isso”. A outra foi o término da homilia de domingo passado (24/05) do padre que acompanha a Comunidade que participo (Batismo do Senhor) em Duque de Caxias, RJ (Estamos fazendo orações simultâneas duas vezes por dia pelo Whatsapp e domingo comungamos da Palavra, claro em nossas casas. O padre faz uma breve homilia). No final ele disse: “Jesus é a nossa humanidade junto de Deus”. E ainda encontrei a frase do Suassuna no facebook de um amigo.

Ora, em que uma cartinha “mixuruca” poderia alterar neste quadro um tanto quanto desolador? Não sei. Mas sei que não quero sentir minha humanidade se esvaindo, e como seguidor de Jesus Cristo gostaria, pela mediação Dele, sentir minha humanidade junto de Deus. E aí, resolvi dizer algumas palavras.

Na Conferência de Aparecida, em 2007, os bispos da América Latina e do Caribe já observaram que estamos diante de uma grave crise. Crise que vem se aprofundando, e em vários níveis: social, político, econômico e cultural. E agora, diante de tal crise, aparece a pandemia pelo coronavírus. E se a covid-19, doença provocada pelo vírus, parasse de matar agora, já teria causado uma das mais violentas tragédias dos últimos tempos. Muitos podem perguntar: “E daí? Vamos rezar pelo fim da crise e da pandemia e pronto”. Porém, não posso me conformar com isso. A oração é antes mais nada um ato de comunhão com Deus, e não um balcão de negócios.

Não posso me conformar que uma primeira iniciativa, logo no início do isolamento, de algumas dioceses, tenha sido organizar como o dízimo seria pago. Evidentemente sei da necessidade da manutenção. Sei também, principalmente, que graças a Deus, muitas iniciativas de solidariedade surgiram e continuam a acontecer. Mas a situação é muito grave. Grave porque há uma crise que ultrapassa uma doença virótica altamente perigosa. E por favor, quem diz não é um modesto teólogo da Baixada Fluminense, mas a grande maioria dos infectologistas e centros de pesquisa do mundo, das mais diversas concepções ideológicas.

Muita dificuldade para entender como setores que se afirma cristãos, com um legado cultural que fez surgir de Agostinho a Teilhard de Chardin, homens e mulheres inspirados pelo Caminho de Jesus, com enorme capacidade de diálogo com a realidade da vida, possa reduzir a análise do que está acontecendo pelo víeis moral e com concepções ideológicas de baixíssimo valor intelectual. Não é possível, repito, não é possível, que depois de tantas figuras emblemáticas na realidade cultural, ainda haja cristãos e cristãs que se colocam do lado da mais absurda ignorância.

Bem antes da pandemia, quando algumas revelações começaram a aparecer quanto ao governo atual, um bispo me disse: “Tudo bem, o importante é que tiramos a esquerda”. Depois da queda do Muro de Berlim, o que é esquerda e direita? Diria o meu mestre na arte de refletir teologia: “O dualismo antropológico platônico continua forte, gordo e corado”. O bem e o mal, anjos e demônios, fé e vida, e por aí vai. Um maniqueísmo que parece não cessar nunca. É difícil compreender que Deus criou a vida por inteiro? Que não há competição entre corpo e alma? Que é uma unidade?

Não se trata de defender governo “A” ou atacar governo “B”. Não se trata de “torcer” para dar certo ou errado, como se estivéssemos em um torneio de política. A realidade política, social e econômica é bem mais complexa que uma partida de futebol. “Ah, tá bom, a reunião foi ridícula, mas é melhor defender a família, Deus, etc. do que aqueles ladrões e aborteiros esquerdistas”. Custo a acreditar que pessoas com formação filosófica e teológica façam análises tão rasteiras.

Pergunto-me, apenas pergunto, se por trás de desculpas tão grosseiras não estaria uma perspectiva de manutenção de privilégios. Rotula-se determinados conceitos como demoníacos e aí nenhum debate prospera. Cultiva-se ódio, prega-se violência, apoiam-se em fundamentalismos bíblicos que estão superados faz décadas, para iludir um povo muito religioso e que sempre sofreu sob o impacto da injustiça. Recordam que havia teologia para justificar a escravidão? Alguém é capaz de negar?

Irmãos e irmãs. A situação é dramática. Sabe-se que já havia uma crise econômica que espreitava o planeta. A pandemia certamente será uma grande justificativa para aprofundar ainda mais dores e sofrimentos ao povo. E todos nós que trabalhamos com o simbólico não podemos ser instrumentalizados pelo poder da acumulação, mas devemos estar a serviço do outro e da outra. Devemos lavar os pés uns dos outros. Ou achamos que o serviço foi só um teatro de Jesus de Nazaré? “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus” (Fl 2,5).

Assim sendo, somos interpelados, em profunda comunhão com o Pai, por meio de Jesus Cristo, em unidade com o Espírito Santo, a agir como homens e mulheres que acreditam no Amor de Deus. Nestes dias o Evangelho de João tem nos alertado que poderemos sofrer tribulações. Mas vamos nos omitir?

Durante a pandemia devemos escutar a voz de quem estuda com profundidade tal situação. Podem errar? Naturalmente. Mas na dúvida não ultrapasse. Por que pressa em abrir as igrejas? Parecemos àqueles setores que acreditam ser a economia mais importante que a vida. E o Papa Francisco já alertou: “Esta economia mata” (EG). A pandemia nos alerta para reconstruir o caminho espiritual de nossa fé que pode estar centrada em prédios e não na Comunidade propriamente. Que pode estar centrada em vaidades pessoais na lógica do sucesso midiático. Voltemos a sinodalidade da origem de nossa fé. Mais do que nunca é preciso caminhar juntos.

A fé cristã, com todos os problemas históricos que não se pode negar, sempre teve o carisma da unidade, do diálogo, da paz e da solidariedade. Então, uma humilde sugestão para a nossa realidade brasileira, que pode ser exemplo para o mundo: a CNBB, através de sua presidência, poderia ser a mediadora de um grande debate virtual para garantir a democracia. A Igreja sozinha não consegue. Sozinho ninguém consegue. Mas podemos tentar unir todos os setores sociais que acreditam que os direitos humanos são valores fundamentais desenvolvidos pelo mundo moderno, e não uma ONG para defender bandidos.

Pelo amor de Deus. Não existe intervenção militar democrática. Sabemos que a democracia não é perfeita. Aliás, a democracia representativa já deu sinais claros de esgotamento. Precisamos caminhar para uma democracia participativa. Mas como diria Winston Churchil: “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras”. Não deixemos que a institucionalidade cristã, mas uma vez, precise no futuro explicar por que se deixou envolver com o que tem de pior na sociedade. Que um futuro papa não tenha que repetir o grandioso gesto de São João Paulo II em pedir perdão por erros que foram cometidos nos passado.

Sejamos capazes de nutrir aquela esperança apocalíptica dos primeiros tempos: “Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e ele, Deus-com-eles, será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21, 3-4).
Nota do autor

Pela Graça de Deus sou doutor em Teologia pela PUC-Rio. Consegui até publicar livros. Hoje, além de professor na PUC, sou assessor das CEBs do Brasil e do Setor CEBs da Comissão Pastoral Episcopal para o Laicato da CNBB. Mas gosto de me apresentar como “mendigo de Deus”, expressão que encontrei em livro de teologia para designar o trabalho teológico: um pedinte diante de Deus. Que Ele tenha misericórdia do nosso Brasil, sobretudo dos excluídos morrendo de covid-19 e familiares recebendo o atestado de óbito como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) sem ter o luto respeitado.

Fonte: IHU

Prece

Rezemos juntos “Durante este período de pandemia da Covid-19, os migrantes, os refugiados, as pessoas deslocadas e as vítimas do tráfico de seres humanos continuam sendo uma preocupação porque estão ainda mais vulneráveis com o surgimento do vírus. Segundo a Seção Migrantes e Refugiados, eles estão “sujeitos a vários tipos de injustiça e discriminação que ameaçam os seus direitos, a segurança e a saúde”. “As crianças “podem ser as mais expostas à exploração” através da comunicação digital, tão usada pelos traficantes.”

Tráfico de pessoas: crianças estão mais expostas durante a pandemia

“As crianças “podem ser as mais expostas à exploração” através da comunicação digital, tão usada pelos traficantes.” 

O alerta vem do último boletim semanal divulgado pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano. Com a emergência sanitária global, as crianças “podem ser as mais expostas à exploração” através da comunicação digital, tão usada pelos traficantes. É importante denunciar às autoridades competentes quem “sofre o mal da escravidão”, enfatiza o arcebispo de Westminster, cardeal Vincent Nichols.



O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, através da Seção Migrantes e Refugiados, está disponibilizando um boletim semanal sobre as pessoas vulneráveis em movimento neste período de emergência sanitária global. O serviço está sendo oferecido desde 18 de maio no portal da comissão e em 5 línguas: além do português, em italiano, espanhol, inglês e francês. 

Durante este período de pandemia da Covid-19, os migrantes, os refugiados, as pessoas deslocadas e as vítimas do tráfico de seres humanos continuam sendo uma preocupação porque estão ainda mais vulneráveis com o surgimento do vírus. Segundo a Seção Migrantes e Refugiados, eles estão “sujeitos a vários tipos de injustiça e discriminação que ameaçam os seus direitos, a segurança e a saúde”. 

Seguindo o direcionamento do Papa Francisco, ao afirmar que “só podemos sair desta situação juntos, enquanto humanidade inteira”, o boletim semanal procura informar sobre os problemas, mas, também, e principalmente, sobre as soluções e iniciativas implementadas por parte dos atores católicos que acompanham essas populações vulneráveis. É uma oportunidade para individualizar todo o contexto, podendo, assim, oferecer auxílio e impedir a propagação do coronavírus dentro e fora das comunidades. 

A Seção Migrantes e Refugiados também recebe notícias sobre outras iniciativas e boas práticas para serem publicadas no boletim, transformando-se em novas fontes de inspiração e orientação. 

Boletim de 25 de maio 

No último boletim divulgado, de 25 de maio, o problema do tráfico de seres humanos agravado com a pandemia foi tema de análise, porque “pode aumentar por causa da tensão econômica, particularmente no setor laboral”. A confirmação vem dos relatos do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios e das Religiosas Católicas dos Estados Unidos contra o Tráfico de Seres Humanos. 

As crianças “podem ser as mais expostas à exploração” através da comunicação digital, tão usada pelos traficantes. Por isso do alerta sobre “o risco de se cair nas mãos dos contrabandistas e sobre os métodos de contato que eles usam com as comunidades vulneráveis”. A importância, então de denunciar às autoridades competentes quem “sofre o mal da escravidão”, enfatiza o arcebispo de Westminster, cardeal Vincent Nichols, que fez um apelo oficial ao governo britânico. 

As ações sobre o impacto da crise da Covid-19 sobre o tráfico de seres humanos foram apresentadas no boletim por diversas frentes, como, por exemplo: pela rede católica Talitha Kum, pelo Projeto Esperança das Irmãs Adoradoras da Espanha, pelo Corpo de Proteção às Mulheres Refugiadas da Malásia, pelas Irmãs Ursulinas da Itália. 

Ação brasileira “Faça Bonito” 

O boletim também trouxe a experiência brasileira sobre a comemoração do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, do último dia 18 de maio. A Rede “Um Grito pela Vida” conduziu a campanha “Faça Bonito” nas redes sociais, uma iniciativa já realizada há 20 anos. Em 2020, com as restrições da pandemia, a mobilização de prevenção, proteção, denúncia e ação contra esse tipo de crime aconteceu com a publicação online de vídeo e imagens de conscientização. 


Andressa Collet – Vatican News 

27 maio, 2020

Mensagem ao Povo das CEBs por Dom José Valdeci Santos Mendes

Era uma vez...


Prece


Rezemos juntos para que “O Espírito nos transforma em Igreja-ventre de misericórdia, isto é, em uma “mãe de coração aberto” para todos.” (Papa Francisco)

Pandemias e outros riscos para a humanidade. Mas para nos extinguir levará pelo menos 500 milhões de anos

Entrevista com o filósofo Toby Ord, autor do ensaio "The precipice” (Hachette Books). "Somos como adolescentes que assumem alguns riscos, pensando apenas nas consequências imediatas e sem perceber que também estão jogando com seu próprio futuro". E o de outros.

A entrevista é de Giuliano Aluffi, publicada por La Repubblica, 26-05-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

A crise da pandemia do Coronavírus não nos tornou mais sábios, segundo Toby Ord - filósofo e professor do Future of Humanity Institute da Universidade de Oxford, e autor do recente ensaio "The precipice. Existential risk and the future of humanity" (Hachette Books) - porque ainda não somos capazes de pensar a longo prazo, sobre as gerações vindouras e garantir que nossas decisões de hoje e de amanhã não prejudiquem seu bem-estar e o de toda a humanidade futura. Tony Orb respondeu às nossas perguntas.
Eis a entrevista.

O risco de pandemia é apenas um dos riscos já sofridos pela humanidade, e não o pior. Ou pelo menos é o que você afirma em "The Precipice". Quais são os outros riscos?

Eu faço uma distinção dos riscos em três grandes categorias. O primeiro é o dos "riscos naturais", como o asteroide que 65 milhões de anos atrás exterminou os dinossauros, as erupções de supervulcões, as tempestades de raios gama no nosso planeta ou as pandemias naturais. Depois, há os "riscos antropogênicos", como o aquecimento global ou uma guerra com armas nucleares. E, por fim, os "riscos emergentes", como aqueles de armas biológicas, ou os danos que uma inteligência artificial que não esteja alinhada com os valores humanos poderia nos causar.

Por todos esses tipos de ameaças, você calculou uma probabilidade (sumária) que eles levem à extinção da humanidade...

Vamos considerar os riscos naturais: nesse caso, suponho que a probabilidade de extinção seja mínima: 1 em 10.000. Cheguei a essa estimativa pensando que estamos lidando com esse mesmo tipo de risco desde o aparecimento do Homo sapiens, que, a julgar pelos fósseis, muitos estimam tenha ocorrido há cerca de 200.000 anos atrás. Ou seja, 2000 séculos. Se, para cada um desses séculos, o risco de extinção tivesse superado o 1%, a participação contínua nessa eletrizante "loteria" não nos teria permitido sobreviver por 2000 séculos. Por esse motivo, é razoável supor um risco inferior de uma ou duas ordens, como, por exemplo, 1/10.000. Também porque, se considerarmos as espécies nossas ancestrais, como o Homo erectus, vemos que aproximadamente sua duração, tendo que lidar apenas com ameaças de tipo natural, pode atingir um milhão de anos. Em suma, não é das ameaças naturais - grandiosas e provavelmente impossíveis de serem contidas, mas raras - que devemos esperar o fim da humanidade.

Os "riscos antropogênicos" já são mais preocupantes.

Para avaliar esses riscos, não podemos aplicar o raciocínio anterior. Porque, se é verdade que vivemos - sem nos extinguir - com os riscos naturais por cerca de 200.000 anos, é apenas há dois séculos que lidamos com a Revolução Industrial e seus efeitos de poluição da atmosfera e estamos lidando com energia nuclear há apenas 75 anos. Usando outros tipos de raciocínio, podemos, por exemplo, considerar o quanto nos aproximamos do risco de extinção com esse tipo de ameaças - por exemplo, o de uma guerra com armas atômicas - para entender a probabilidade de que elas ocorram no futuro. Não há muita literatura científica a respeito, mas os estudos existentes permitem supor que mesmo que uma guerra nuclear ou um aumento no aquecimento global sejam enormes catástrofes, nem por isso poderiam facilmente levar à extinção da humanidade. Estimo o risco de extinção, nesses casos, entre 1/1000 e 1/300. Dito isso, identifico a explosão da primeira bomba atômica, no teste de 16 de julho de 1945 no Novo México, como uma mudança de ritmo, obviamente negativa, na relação do homem com a possibilidade de sua extinção.

Quanto a essa possibilidade: realmente existe? Porque - talvez compreensivelmente, afinal - a extinção certamente não está no topo de nossos pensamentos.

Estamos acostumados a pensar em escalas de tempo de algumas semanas ou meses. As escalas de tempo mais extensas nos escapam, e nisso mostramos um certo grau de irresponsabilidade: somos como adolescentes que correm alguns riscos pensando apenas nas consequências imediatas e sem perceber que também estão jogando com o seu próprio futuro.

Pois bem, se nos tornarmos mais sábios e conseguirmos evitar extinções acidentais, qual poderia ser o futuro de nossa espécie?

Nosso planeta permanecerá habitável por pelo menos 500 milhões de anos - aliás, provavelmente um bilhão - antes que fique quente demais devido ao efeito do Sol. Existe a possibilidade de que as gerações futuras, milhões de gerações futuras, resolvam todos os problemas que hoje ainda nos angustiam, como a fome e as injustiças sociais. Ainda não atingimos, no sentido mais absoluto, o auge da humanidade. Acredito que ainda nem chegamos a um quinto de nosso caminho total: podemos fazer coisas muito mais ambiciosas e maravilhosas do que aquelas feitas até agora. É por isso que é importante saber avaliar o risco de extinção e agir para minimizá-lo. Não apenas para todas as gerações futuras, mas também para não tornar inúteis os esforços dos 100 bilhões de seres humanos que, até hoje, se sucederam no planeta, acumulando cultura e tecnologia para nos deixar em legado e melhorar nossas vidas.

Portanto, é preciso começar a considerar a extinção: não para nos angustiarmos inutilmente, mas apenas para evitá-la.

Também porque assim fazendo podemos encontrar soluções para mais problemas juntos. Um exemplo: no futuro, poderíamos usar a matéria recuperável na faixa dos asteroides para construir painéis solares orbitantes, que coletem a energia do Sol. Aumentando até um bilhão de vezes a nossa disponibilidade de energia limpa e zerando a necessidade de fontes fósseis. Quando formos capazes disso, também poderíamos ter sucesso com essas mesmas tecnologias na mitigação dos efeitos da luminosidade solar, multiplicando em dez vezes a duração da vida na Terra.

Fonte: IHU

26 maio, 2020

Canal do Youtube das CEBs da Arquidiocese de Maringá

Ajude-nos a chegarmos a 1000 inscritos para iniciar transmissões.
https://www.youtube.com/channel/UCIizyzlCOtOIdNke-YSiv3Q?view_as=subscriber
“As redes sociais são um espaço de encontro e solidariedade” (Papa Francisco)
Precisamos da ajuda de vocês.
Canal do Youtube das CEBs da Arquidiocese de Maringá


25 maio, 2020

Vendo alguém passando frio ligar para o telefone: 44 99103-5661.


Vendo alguém passando frio ligar para o telefone:

 44 99103-5661.

Ajude a aquecer pessoas em situação de rua nesses dias mais frios.

A equipe de Assistência Social da cidade de Maringá intensificou o serviço de acolhimento e reforçou os protocolos de encaminhamento aos abrigos para melhor abordagem.

Aquelas e Aqueles que não querem sair das ruas recebem cobertores e agasalhos.
Vamos ajudar.

Saiba mais:

Prece


Rezemos juntos "Deus de amor, mostrai-nos o nosso lugar neste mundo como instrumentos do vosso carinho por todos os seres desta terra, porque nem um deles sequer é esquecido por Vós. (Papa Francisco)


“Eu fui um ‘bot”: as confissões de um agente dedicado a mentir no Twitter

Ex-funcionário de uma agência explica como funciona a sofisticada máquina das armadilhas na rede social



“Coordenei uma equipe de trolls formada por 10 pessoas. Mas há equipes maiores no setor”, diz um community manager que durante boa parte da última década atuou em uma agência internacional que vendia serviços de amplificação artificial de mensagens no Twitter. “Trabalhei em projetos em cinco países, entre eles a Espanha. Existe uma demanda para contratos desse tipo que não é anunciada nas Páginas Amarelas”, diz.

Com esta experiência, ele agora quer revelar como funciona esse negócio obscuro capaz de influenciar a opinião pública. Há algumas semanas, começou a contar detalhes em uma conta do Twitter chamada ironicamente @thebotruso (“o robô russo”). O EL PAÍS, que comprovou seu papel na agência em questão, trocou dúzias de mensagens com @thebotruso sobre como são preparadas a executadas atualmente as célebres campanhas de bots e trolls a serviço de empresas, partidos políticos ou clubes esportivos. O ex-funcionário mantém o anonimato porque um contrato de confidencialidade o impede de revelar o conteúdo específico e os clientes de seu antigo trabalho.

Leia a íntegra da matéria publicado por EL PÍS AQUI

Crise da pandemia no Brasil está mais profunda por causa de Bolsonaro, diz Jeffrey Sachs


Gerardo LissardyDa BBC News Mundo em Nova York

quando Jeffrey Sachs publicou em 2005 seu livro O Fim da Pobreza, alguns o consideraram muito otimista por crer ser possível erradicar a indigência da face da Terra.

Mas agora, no meio de uma das piores pandemias e crises econômicas globais em várias décadas, o otimismo desse renomado especialista em desenvolvimento sustentável da Universidade de Columbia (EUA) e da ONU é difícil de perceber.

"Esta pandemia é extraordinariamente grave", disse Sachs em uma entrevista exclusiva à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

"Ela vai empurrar centenas de milhões de pessoas para a pobreza."



Para ele, agora provavelmente "está perdido" o objetivo de eliminar a pobreza extrema global até 2030, estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que ele próprio estimulou.

Sachs, que tem sido apontado por diferentes publicações como um dos líderes ou economistas mais influentes do mundo, critica a resposta do presidente dos EUA, Donald Trump, à crise da covid-19 e o que vê como uma tentativa de criar uma Guerra Fria com a China.

Mas também critica as políticas de presidentes latino-americanos, como o mexicano Andrés Manuel López Obrador ou o brasileiro Jair Bolsonaro, considera provável que a Argentina descumpra o pagamento de sua dívida e descreve "o pior cenário que veremos na região em muito tempo".

Leia AQUI a íntegra da entrevista da BBC News

Transmidiatizar as narrativas da vida e do Evangelho

“Transmidiatizar” a Boa Nova envolve uma ação de partilha ativa, criativa e expansiva dessa mensagem com outras pessoas, “em todas as épocas, com todas as linguagens, por todos os meios”, como diz Francisco. Com isso, realiza-se também uma reconstrução colaborativa e participativa do universo narrativo-existencial do Evangelho, a partir da realidade de vida dessas pessoas, em seus tempos e lugares específicos.

A opinião é de Moisés Sbardelotto, jornalista e professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Seu livro mais recente é "Comunicar a fé: por quê? Para quê? Com quem?" (Ed. Vozes, 2020).




Eis o artigo.

“O ser humano é um ser narrador.” Esse fato embasa a reflexão proposta pelo Papa Francisco em sua mensagem para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado neste domingo, 24 de maio, intitulada “‘Para que possas contar e fixar na memória’ (Ex 10, 2). A vida faz-se história”.

No texto, Francisco convida principalmente a contar “boas histórias”, um convite desafiador “no meio da confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam”. E é um desafio ainda maior para a Igreja hoje, chamada a comunicar a Boa Nova por excelência “pelo mundo inteiro” e “a toda a criatura” (cf. Mc 16,15). Mas o ambiente comunicacional contemporâneo também apresenta algumas potencialidades que podem contribuir nesse sentido.
O húmus da narração

A “narratividade original” do ser humano, resgatada por Francisco, reforça a ideia de que, assim como somos seres que pensam (Homo sapiens) e seres que fazem (Homo faber), somos mais ainda seres que contam, relatam, narram aos outros aquilo que pensam e aquilo que fazem (Homo fabulator). Essa humana narratividade se expressa desde os primórdios da espécie, passando por toda a história oral, escrita, audiovisual e digital, “em forma de conto, de romances, de filmes, de canções, de notícias”, como exemplifica o papa.

As histórias e as narrativas são também alimento e vestuário do ser humano. “Desde a infância, temos fome de histórias, assim como temos fome de alimento”, diz Francisco. E, assim como o ser humano precisa de vestes “para cobrir a própria vulnerabilidade”, ele também precisa se “revestir” de histórias.

E não é por acaso que a própria palavra “texto” vem do latim “textum”, ou seja, teia, tecido. “Tecendo” os fios das nossas relações, vamos compondo o tecido da nossa própria vida. Por isso, o ser humano “é um ser em realização”, afirma o papa, porque “descobre-se e enriquece-se nas tramas dos seus dias”. 

A narratividade, portanto, é constitutiva do nosso húmus, da nossa humanidade, e revela “o entrelaçamento dos fios pelos quais estamos unidos uns aos outros”. Fazemos parte de um “tecido vivo”, diz Francisco, em que “as histórias influenciam a nossa vida, mesmo sem termos consciência disso”, e os relatos “moldam as nossas convicções e os nossos comportamentos, podem ajudar-nos a entender e a dizer quem somos”.
Narrativas conectadas e narradores autonomizados

Nos últimos anos, com o processo de digitalização, a narração de fatos e histórias vem ganhando desdobramentos significativos. Em culturas cada vez mais digitais, essas práticas se complexificam ainda mais. Os meios tecnológicos de acesso, produção, distribuição e consumo de sentido hoje (às vezes em um único aparelho físico, como o smartphone) estão ao alcance da imensa maioria da população. A “tecelagem dos fios” relacionais e simbólicos ocorre, cada vez mais, na trama das “redes de redes” sociais e tecnológicas, em um processo crescente de conectivização. Pessoas, textos, imagens, sons, vídeos tornam-se potencialmente “conectáveis” à distância de um clique (ou de um toque na tela).

A internet, pela sua facilidade de acesso e de uso, e pela expansão do alcance e da abrangência das interações sociais, possibilita, assim, que as pessoas “comuns” comuniquem uma “palavra pública” – especialmente aquelas que historicamente não tinham acesso aos artefatos tecnológicos industriais ou empresariais de comunicação. O ambiente digital torna-se um espaço de autonomia, para além do controle das instituições sociais, políticas ou econômicas que, ao longo da história, monopolizaram o processo de produção da informação.

Trata-se de uma autonomização que aponta, justamente, para a “mutação nas condições de acesso dos atores individuais à discursividade midiática, produzindo transformações inéditas nas condições de circulação”, como já afirmava Eliseo Verón (1935-2014), professor da Universidade de Buenos Aires. Autonomamente, qualquer pessoa hoje pode decidir os conteúdos que quer comunicar e os interagentes com os quais quer se comunicar, com um simples toque de dedo na tela de seu celular. Com a comunicação digital, “é o homem comum, sem qualquer visibilidade corporativa, que dá à ambiência da comunicação e da informação generalizadas o estatuto de nova esfera existencial”, segundo Muniz Sodré, professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.

Contudo, em meio a essa facilidade da comunicação atual, em que qualquer pessoa pode se comunicar potencialmente com o mundo, vai se constituindo nos últimos anos uma verdadeira “desordem informacional”, como já apontava um relatório do Conselho da Europa em 2017, um fenômeno em que a falsidade e a nocividade se alimentam reciprocamente. Ou, nas recentes palavras da Organização Mundial da Saúde, trata-se de uma verdadeira “infodemia”, diante das inúmeras falsidades, boatos e mentiras compartilhadas, por exemplo, durante a pandemia do coronavírus, produzindo uma grande desinformação médica e sanitária. Como se não bastassem as fake news, já analisadas e denunciadas por Francisco em sua mensagem de 2018, tudo isso alcança hoje “níveis exponenciais”, como no caso das deepfakes, mencionadas pelo papa na mensagem deste ano.

Nesses processos, quase não nos damos conta da quantidade de “fofocas e intrigas”, “violência e falsidade”, “histórias destrutivas e provocatórias, que corroem e rompem os fios frágeis da convivência”, “informações não verificadas”, discursos banais e falsamente persuasivos”, “proclamações de ódio”, como aponta Francisco, que consumimos a todo instante na nossa dieta midiática cotidiana.

Junto a isso soma-se a “guerra de narrativas” que marca o jogo político-midiático contemporâneo. A verdade dos fatos – ou mesmo apenas a sua veracidade – não tem mais valor algum: interessa apenas a “minha” versão, a “minha” opinião. “Minha versão é melhor do que a sua! Minha mentira é maior do que a sua!” Fenômeno que, por exemplo no Brasil, produziu a situação cada vez mais bizarra e surreal, infelizmente, em que o país se encontra do ponto de vista político, desfiando e rasgando crescentemente o tecido social.

Diante de todo esse fenômeno de “falsificação cada vez mais sofisticada”, Francisco destaca quatro antídotos principais: sabedoria, coragem, paciência e discernimento. São eles que permitem “receber e criar relatos belos, verdadeiros e bons” e rejeitar os falsos e malvados. Com eles, é possível redescobrir “histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos” e, por sua vez, contar “histórias que edifiquem, e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para avançar juntos”.
A conectividade digital e as narrativas transmídia

Em meio a tais luzes e sombras do cenário atual, surgem também novas experiências narrativas. Hoje, fala-se de “narrativas transmídia”, ou seja, narrativas que são construídas utilizando-se os recursos e as potencialidades das várias mídias. Estas se articulam para contar uma mesma história, que, ao mesmo tempo, se desdobra em diversas histórias paralelas, seja por meio de livros, filmes, jogos, histórias em quadrinhos, vídeos, sites, blogs, redes sociais digitais, aplicativos etc. 

Trata-se de um processo em que “cada meio [mídia] dá uma contribuição à construção do mundo narrativo; evidentemente, as contribuições de cada meio ou plataforma de comunicação diferem entre si (...) As narrativas transmídia não são simplesmente uma adaptação de uma linguagem a outra”, como afirma Carlos Scolari, professor de Comunicação da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, em seu livro “Narrativas transmedia: Cuando todos los medios cuentan” (p. 24, trad. livre). Cada meio acionado é chamado a fazer aquilo que pode fazer de melhor para ajudar a contar uma “boa história”, que é aquela “capaz de transcender os limites do espaço e do tempo” e que, mesmo à distância de séculos, “continua sendo atual, porque alimenta a vida”, como afirma Francisco na mensagem.

Sinal disso são, por exemplo, fenômenos do entretenimento como as sagas Star Wars, Matrix, Harry Potter, Walking Dead, entre outras, cujas narrativas não se restringem a uma única linguagem nem a uma única mídia, mas, justamente, “transpassam” as fronteiras midiáticas, “transmidiatizam-se”, desdobrando-se de formas inovadoras em cada mídia. Assim, a própria ideia de narrativa se desvincula cada vez mais de uma certa “matriz escritural”, reinventando-se nas diversas linguagens e potencialidades abertas pela digitalização e pela conectivização. 

Do ponto de vista religioso, podemos dizer que a própria Bíblia é um dos maiores exemplos de “narrativa transmídia” em toda a história. Primeiro, a Escritura é multimídia: trata-se de um “livro de livros”, com diversos gêneros literários. Como diz Francisco, “a Sagrada Escritura é uma História de histórias. Quantas vivências, povos, pessoas nos apresenta!”. Mas é também transmídia, ao ser uma mesma “história da salvação” desdobrada em incontáveis leituras, releituras, lugares, tempos, contextos etc. ao longo da história.

Portanto, a Bíblia não é apenas uma “coleção de textos”, mas sim um grande e complexo “tecido de textos”, um magistral intertexto, que, ao longo da história, se “transmidiatizou” em novos textos, códices, livros, panfletos, mosaicos, afrescos, pinturas, esculturas, vitrais, construções arquitetônicas, teatros, cantos, músicas, fotografias, filmes, programas de TV e de rádio, sites, aplicativos... em uma circulação incomensurável de sentidos construídos a incontáveis mãos de inúmeros homens e mulheres de diversas épocas e regiões.
Participação e colaboração

Além disso, o principal diferencial das narrativas transmídia é que elas dão “espaço e voz” ao leitor/espectador para que possa participar criativa e colaborativamente do desdobramento e expansão de sentidos em torno da história. Esse processo envolve uma “estratégia narrativa que, além de expandir os mundos de ficção em diferentes meios e plataformas, também dá importância à participação dos fãs nessa expansão”, como afirma Scolari.

Se a sociedade é formada por diferentes “públicos”, cada um com seus gostos e interesses, as narrativas transmídia podem favorecer com que uma mesma história seja “desfrutada” pelos mais diversos públicos, nas suas linguagens e nos meios que mais favoreçam a sua experiência comunicacional. Isso é potencializado pela circulação comunicacional em rede, por meio de uma grande complexidade de interações igualmente transmidiáticas. Mas, mais importante em tudo isso é que os leitores e espectadores também colaboram para a expansão e o desdobramento criativo dos enredos, das histórias e dos universos narrativos, a partir de suas próprias reconstruções de sentido publicizadas em rede.

O mesmo ocorre com o texto bíblico. A rede inter e multitextual da Bíblia só ganha sentido a partir da leitura, meditação, oração e contemplação pessoal e comunitária. A experiência interpretativa dessas pessoas concretas, ao ser compartilhada com outros, “reescreve” o texto bíblico e seu universo de sentido em novos tempos e lugares, ampliando-o e complexificando-o

O problema da comunicação contemporânea, muitas vezes, é justamente uma forma de narração que se crê autônoma e independente, autocentrada e autossuficiente, “narcísica”. A outra pessoa – o leitor/espectador – não é sequer levada em consideração, é mero objeto apassivado e meio coisificado para alcançar determinados fins (econômicos, principalmente). Ou, no pior dos casos, é narrativamente assassinada, simbolicamente aniquilada em nome de tais fins, como no caso dos discursos de ódio.
Jesus, narrador transmídia avant la lettre

Para superar isso, Francisco apresenta como exemplo o “Narrador por excelência”, Jesus. Nele, “o Deus da vida comunica-se contando a vida”, diz o papa, seja por meio das conversas pessoais em torno da mesa ou a caminho para outra localidade, seja por meio dos discursos na montanha, à margem do lago ou no meio da multidão. Nas parábolas de Jesus, narrações breves, tiradas da vida cotidiana, afirma o papa, “a vida faz-se história, e depois, para o ouvinte, a história faz-se vida: essa narração entra na vida de quem a escuta e a transforma”.

Em Jesus, portanto, temos um narrador transmídia primordial, pois, como afirma Francisco, o Evangelho “pede ao leitor que participe da mesma fé para partilhar a mesma vida. (...) Deus se entreteceu pessoalmente na nossa humanidade, dando-nos assim uma nova forma de tecer as nossas histórias”. Estabelece-se um tecido relacional entre Jesus, a sua narrativa e o leitor/ouvinte, que não para por aí, mas pede para se entrelaçar com outros fios relacionais. “Por obra do Espírito Santo – diz o papa –, cada história, até mesmo a mais esquecida, até mesmo aquela que parece escrita nas linhas mais tortas pode tornar-se inspirada, pode renascer como uma obra-prima, tornando-se um apêndice do Evangelho.”

Nesse sentido, “transmidiatizar” o Evangelho, por um lado, significa dar origem a “uma particular forma narrativa que se expande através de diferentes sistemas de significação (verbal, icônico, audiovisual, interativo etc.) e meios (cinema, histórias em quadrinhos, televisão, videogames, teatro etc.)”, como afirma Scolari. Ao longo da história, a Igreja soube fazer isso com grande originalidade, mas hoje é preciso ser ainda mais “ousados e criativos” (Evangelii gaudium, n. 33). Para isso, é preciso seguir um duplo “fio da meada”: primeiro, a pessoa de Jesus, eixo em torno do qual gira não apenas o Evangelho; e, em segundo lugar, o “universo narrativo-existencial” onde Jesus se encarna: “A sua história leva à perfeição o amor de Deus pelo ser humano e, ao mesmo tempo, a história de amor do ser humano por Deus”, afirma Francisco. A partir desses dois fios narrativo-existenciais entrelaçados, é possível se entregar à “liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e quebrando os nossos esquemas” (EG, n. 22).

Por outro lado, e principalmente, “transmidiatizar” a Boa Nova envolve uma ação de partilha ativa, criativa e expansiva dessa mensagem com outras pessoas, “em todas as épocas, com todas as linguagens, por todos os meios”, como afirma o papa na mensagem. Com isso, realiza-se também uma reconstrução colaborativa e participativa do universo narrativo-existencial do Evangelho, a partir da realidade de vida dessas pessoas, em seus tempos e lugares específicos. 

Toda pessoa que ouve, vê, lê, recebe o Evangelho, portanto, é chamada a “transmidiatizar” essa Boa Nova em sua vida e em sua comunicação, prolongando-a e expandindo-a no aqui-agora da história. Afinal, a verdadeira narrativa cristã – transmídia ou não – é aquela que, segundo Francisco, “cheira a Evangelho e dá testemunho do Amor que transforma a vida”.

Fonte: IHU

Mensagem para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais

“Celebra-se (...) o Dia Mundial das Comunicações Sociais, dedicado este ano ao tema da narração. Que este evento nos estimule a contar e compartilhar histórias construtivas que nos ajudem a entender que somos todos parte de uma história maior do que nós mesmos e que podemos olhar para o futuro com esperança se realmente nos preocuparmos uns com os outros, como irmãos”


« “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2).

A vida faz-se história »

Desejo dedicar a Mensagem deste ano ao tema da narração, pois, para não nos perdermos, penso que precisamos de respirar a verdade das histórias boas: histórias que edifiquem, e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos. Na confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade duma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação num tecido vivo, revele o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros.

1. Tecer histórias

O homem é um ente narrador. Desde pequenos, temos fome de histórias, como a temos de alimento. Sejam elas em forma de fábula, romance, filme, canção, ou simples notícia, influenciam a nossa vida, mesmo sem termos consciência disso. Muitas vezes, decidimos aquilo que é justo ou errado com base nos personagens e histórias assimiladas. As narrativas marcam-nos, plasmam as nossas convicções e comportamentos, podem ajudar-nos a compreender e dizer quem somos.

O homem não só é o único ser que precisa de vestuário para cobrir a própria vulnerabilidade (cf. Gn 3, 21), mas também o único que tem necessidade de narrar-se a si mesmo, «revestir-se» de histórias para guardar a própria vida. Não tecemos apenas roupa, mas também histórias: de facto, servimo-nos da capacidade humana de «tecer» quer para os tecidos, quer para os textos. As histórias de todos os tempos têm um «tear» comum: a estrutura prevê «heróis» – mesmo do dia-a-dia – que, para encalçar um sonho, enfrentam situações difíceis, combatem o mal movidos por uma força que os torna corajosos, a força do amor. Mergulhando dentro das histórias, podemos voltar a encontrar razões heroicas para enfrentar os desafios da vida.

O homem é um ente narrador, porque em devir: descobre-se e enriquece-se com as tramas dos seus dias. Mas, desde o início, a nossa narração está ameaçada: na história, serpeja o mal.

2. Nem todas as histórias são boas

«Se comeres, tornar-te-ás como Deus» (cf. Gn 3, 4): esta tentação da serpente introduz, na trama da história, um nó difícil de desfazer. «Se possuíres…, tornar-te-ás…, conseguirás…»: sussurra ainda hoje a quem se utiliza do chamado storytelling para fins instrumentais. Quantas histórias nos narcotizam, convencendo-nos de que, para ser felizes, precisamos continuamente de ter, possuir, consumir. Quase não nos damos conta de quão ávidos nos tornamos de bisbilhotices e intrigas, de quanta violência e falsidade consumimos. Frequentemente, nos «teares» da comunicação, em vez de narrações construtivas, que solidificam os laços sociais e o tecido cultural, produzem-se histórias devastadoras e provocatórias, que corroem e rompem os fios frágeis da convivência. Quando se misturam informações não verificadas, repetem discursos banais e falsamentepersuasivos, percutem com proclamações de ódio, está-se, não a tecer a história humana, mas a despojar o homem da sua dignidade.

Mas, enquanto as histórias utilizadas para proveito próprio ou ao serviço do poder têm vida curta, uma história boa é capaz de transpor os confins do espaço e do tempo: à distância de séculos, permanece atual, porque nutre a vida.

Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, atingindo níveis exponenciais (o deepfake), precisamos de sapiência para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas. Necessitamos de coragem para rejeitar as falsas e depravadas. Precisamos de paciência e discernimento para descobrirmos histórias que nos ajudem a não perder o fio, no meio das inúmeras lacerações de hoje; histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos, mesmo na heroicidade oculta do dia a dia.

3. A História das histórias

A Sagrada Escritura é uma História de histórias. Quantas vicissitudes, povos, pessoas nos apresenta! Desde o início, mostra-nos um Deus que é simultaneamente criador e narrador: de facto, pronuncia a sua Palavra e as coisas existem (cf. Gn 1). Deus, através deste seu narrar, chama à vida as coisas e, no apogeu, cria o homem e a mulher como seus livres interlocutores, geradores de história juntamente com Ele. Temos um Salmo onde a criatura se conta ao Criador: «Tu modelaste as entranhas do meu ser e teceste-me no seio de minha mãe. Dou-Te graças por me teres feito uma maravilha estupenda (…). Quando os meus ossos estavam a ser formados, e eu, em segredo, me desenvolvia, recamado nas profundezas da terra, nada disso Te era oculto» (Sal 139/138, 13-15). Não nascemos perfeitos, mas necessitamos de ser constantemente «tecidos» e «recamados». A vida foi-nos dada como convite a continuar a tecer a «maravilha estupenda» que somos.

Neste sentido, a Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade. No centro, está Jesus: a sua história leva à perfeição o amor de Deus pelo homem e, ao mesmo tempo, a história de amor do homem por Deus. Assim, o homem será chamado, de geração em geração, a contar e fixar na memória os episódios mais significativos desta História de histórias: os episódios capazes de comunicar o sentido daquilo que aconteceu.

O título desta Mensagem é tirado do livro do Êxodo, narrativa bíblica fundamental que nos faz ver Deus a intervir na história do seu povo. Com efeito, quando os filhos de Israel, escravizados, clamam por Ele, Deus ouve e recorda-Se: «Deus recordou-Se da sua aliança com Abraão, Isaac e Jacob. Deus viu os filhos de Israel e reconheceu-os» (Ex 2, 24-25). Da memória de Deus brota a libertação da opressão, que se verifica através de sinais e prodígios. E aqui o Senhor dá a Moisés o sentido de todos estes sinais: «Para que possas contar e fixar na memória do teu filho e do filho do teu filho (…) os meus sinais que Eu realizei no meio deles. E vós conhecereis que Eu sou o Senhor» (Ex 10, 2). A experiência do Êxodo ensina-nos que o conhecimento de Deus se transmite sobretudo contando, de geração em geração, como Ele continua a tornar-Se presente. O Deus da vida comunica-Se, narrando a vida.

O próprio Jesus falava de Deus, não com discursos abstratos, mas com as parábolas, breves narrativas tiradas da vida de todos os dias. Aqui a vida faz-se história e depois, para o ouvinte, a história faz-se vida: tal narração entra na vida de quem a escuta e transforma-a.

Também os Evangelhos – não por acaso – são narrações. Enquanto nos informam acerca de Jesus, «performam-nos»[1] à imagem de Jesus, configuram-nos a Ele: o Evangelho pede ao leitor que participe da mesma fé para partilhar da mesma vida. O Evangelho de João diz-nos que o Narrador por excelência – o Verbo, a Palavra – fez-Se narração: «O Filho unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem O contou» (1, 18). Usei o termo «contou», porque o original exeghésato tanto se pode traduzir «revelou» como «contou». Deus teceu-Se pessoalmente com a nossa humanidade, dando-nos assim uma nova maneira de tecer as nossas histórias.

4. Uma história que se renova

A história de Cristo não é um património do passado; é a nossa história, sempre atual. Mostra-nos que Deus tomou a peito o homem, a nossa carne, a nossa história, a ponto de Se fazer homem, carne e história. E diz-nos também que não existem histórias humanas insignificantes ou pequenas. Depois que Deus Se fez história, toda a história humana é, de certo modo, história divina. Na história de cada homem, o Pai revê a história do seu Filho descido à terra. Cada história humana tem uma dignidade incancelável. Por isso, a humanidade merece narrações que estejam à sua altura, àquela altura vertiginosa e fascinante a que Jesus a elevou.

Vós «sois uma carta de Cristo – escrevia São Paulo aos Coríntios –, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações» (2 Cor 3, 3). O Espírito Santo, o amor de Deus, escreve em nós. E, escrevendo dentro de nós, fixa em nós o bem, recorda-no-lo. De facto, re-cordar significa levar ao coração, «escrever» no coração. Por obra do Espírito Santo, cada história, mesmo a mais esquecida, mesmo aquela que parece escrita em linhas mais tortas, pode tornar-se inspirada, pode renascer como obra-prima, tornando-se um apêndice de Evangelho. Assim as Confissões de Agostinho, o Relato do Peregrino de Inácio, a História de uma alma de Teresinha do Menino Jesus, os Noivos prometidos (Promessi sposi) de Alexandre Manzoni, os Irmãos Karamazov de Fiódor Dostoevskij… e inumeráveis outras histórias, que têm representado admiravelmente o encontro entre a liberdade de Deus e a do homem. Cada um de nós conhece várias histórias que perfumam de Evangelho: testemunham o Amor que transforma a vida. Estas histórias pedem para ser partilhadas, contadas, feitas viver em todos os tempos, com todas as linguagens, por todos os meios.

5. Uma história que nos renova

Em cada grande história, entra em jogo a nossa história. Ao mesmo tempo que lemos a Escritura, as histórias dos Santos e outros textos que souberam ler a alma do homem e trazer à luz a sua beleza, o Espírito Santo fica livre para escrever no nosso coração, renovando em nós a memória daquilo que somos aos olhos de Deus. Quando fazemos memória do amor que nos criou e salvou, quando metemos amor nas nossas histórias diárias, quando tecemos de misericórdia as tramas dos nossos dias, nesse momento estamos a mudar de página. Já não ficamos atados a lamentos e tristezas, ligados a uma memória doente que nos aprisiona o coração, mas, abrindo-nos aos outros, abrimo-nos à própria visão do Narrador. Nunca é inútil narrar a Deus a nossa história: ainda que permaneça inalterada a crónica dos factos, mudam o sentido e a perspetiva. Narrarmo-nos ao Senhor é entrar no seu olhar de amor compassivo por nós e pelos outros. A Ele podemos narrar as histórias que vivemos, levar as pessoas, confiar situações. Com Ele, podemos recompor o tecido da vida, cosendo as ruturas e os rasgões. Quanto nós, todos, precisamos disso!

Com o olhar do Narrador – o único que tem o ponto de vista final –, aproximamo-nos depois dos protagonistas, dos nossos irmãos e irmãs, atores juntamente connosco da história de hoje. Sim, porque ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança. Mesmo quando narramos o mal, podemos aprender a deixar o espaço à redenção; podemos reconhecer, no meio do mal, também o dinamismo do bem e dar-lhe espaço.

Por isso, não se trata de seguir as lógicas do storytelling, nem de fazer ou fazer-se publicidade, mas de fazer memória daquilo que somos aos olhos de Deus, testemunhar aquilo que o Espírito escreve nos corações, revelar a cada um que a sua história contém maravilhas estupendas. Para o conseguirmos fazer, confiemo-nos a uma Mulher que teceu a humanidade de Deus no seio e – diz o Evangelho – teceu conjuntamente tudo o que Lhe acontecia. De facto, a Virgem Maria tudo guardou, meditando-o no seu coração (cf. Lc 2, 19). Peçamos-Lhe ajuda a Ela, que soube desatar os nós da vida com a força suave do amor:

Ó Maria, mulher e mãe, Vós tecestes no seio a Palavra divina, Vós narrastes com a vossa vida as magníficas obras de Deus. Ouvi as nossas histórias, guardai-as no vosso coração e fazei vossas também as histórias que ninguém quer escutar. Ensinai-nos a reconhecer o fio bom que guia a história. Olhai o cúmulo de nós em que se emaranhou a nossa vida, paralisando a nossa memória. Pelas vossas mãos delicadas, todos os nós podem ser desatados. Mulher do Espírito, Mãe da confiança, inspirai-nos também a nós. Ajudai-nos a construir histórias de paz, histórias de futuro. E indicai-nos o caminho para as percorrermos juntos.

Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2020. 

[Franciscus]

[1] Cf. Bento XVI, Carta enc. Spe salvi (30/XI/2007), 2: «A mensagem cristã não era só "informativa", mas "performativa". Significa isto que o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera factos e muda a vida».

23 maio, 2020

Estimular qualidade do sono na quarentena é eficaz contra doenças


O sono é uma função importante para a saúde, pois ele permite não só a restauração e recuperação energética do corpo, mas também, melhora o humor e o aprendizado. O sono é uma função importante para a saúde, pois ele permite não só a restauração e recuperação energética do corpo, mas também, melhora o humor e o aprendizado. Diante da situação atual, dormir bem é uma estratégia importante para evitar o adoecimento mental e físico.

Veja dicas listadas pela Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul, Ksdy Maiara Moura Sousa, que podem ser eficazes na melhora da qualidade do sono.

- Estabeleça horários para dormir e acordar: a rotina do sono é fundamental para estabelecer e manter o nosso ritmo biológico. O nosso cérebro adora previsibilidade e essa rotina beneficia o nosso sistema.

- Evite ficar o dia todo no quarto ou de pijama: levante, abra a janela do quarto, coloque uma roupa para passar o dia. Isso mostra ao seu cérebro que o dia começou e faz com que ele se prepare para as atividades programadas.

- Exponha-se à luz solar e seja ativo durante o dia: o nosso corpo precisa produzir hormônios que induzam ou que levem ao sono. “Uma maneira adequada é se expor à luz solar, pois, assim, o corpo entende que o dia foi feito para estarmos ativos e a noite para descansar”.

- Evite dormir muitas horas durante o dia: visto que nosso cérebro precisa associar dia com atividade e noite com descanso, se dormirmos muito durante o dia, a tendência é dormir muito mais tarde à noite. “Isso pode alterar seu ritmo biológico e levá-lo a desenvolver um quadro de insônia”.

- Use seu quarto e sua cama apenas para dormir: não trabalhe, leia, se alimente ou estude na cama. Seu cérebro precisa entender que ali é um local de descanso.

- Diminua o uso de aparelhos eletrônicos duas horas antes de dormir: a luz dos celulares e das TVs é extremamente estimulante, impedindo que o cérebro relaxe.

- Evite consumir bebidas estimulantes e alcoólicas perto do horário de dormir: o consumo de café, chás estimulantes e energéticos podem prejudicar o início do sono, aumentando as chances de insônia. “O álcool, apesar de causar sonolência, leva a um sono de pouca qualidade”.

- Faça atividade física durante o dia: praticar exercícios físicos ajuda na qualidade e consolidação do sono, porém, se possível, evite fazer atividades intensas à noite.

- Planeje o dia: tenha uma rotina de trabalho e estudo com local, horários e tarefas a serem realizadas no dia, dessa forma, você não se sobrecarrega ou passa a noite trabalhando.

- Anote os pensamentos e ideias antes de ir para a cama: fazer isso evita os pensamentos incontroláveis antes de dormir, diminuindo o estresse e a ansiedade.

- Medite, respire e relaxe antes de ir para cama: ter um momento para respirar e meditar auxilia muito a desacelerar a mente, favorecendo uma boa noite de sono.

- Não espere o sono chegar na cama. “Ir para a cama sem sono pode aumentar a ansiedade e condicionar a associar o quarto e a hora de dormir como algo ruim, por isso, é importante praticar atividades relaxantes antes de dormir”.

Fonte: Agência Brasil