20 outubro, 2021

Comunicado: Dom Frei Severino publica transferências dos padres para 2022

O Arcebispo de Maringá, Dom Frei Severino Clasen, publicou nesta quarta-feira, 20 de outubro, decreto comunicando as transferências de padres a partir de janeiro de 2022. Esta é a maior transferência já ocorrida na Arquidiocese de Maringá. Ao todo, são 41 nomeações. Veja o decreto:


TRANSFERÊNCIAS DO CLERO DA ARQUIDIOCESE DE MARINGÁ

Caros padres, queridos diocesanos, saudações de Paz e Bem!

A transferência de padres é sempre uma missão exigente: requer oração, reflexão, ponderações, caridade pastoral e muita compreensão e disponibilidade dos padres e das comunidades. As transferências é tarefa do Conselho Presbiteral sob a presidência do Bispo e sempre são oportunidade de renovação para os sacerdotes e para as comunidades paroquiais, exigindo por vezes um espírito de sacrifício e obediência.

Desta forma, depois de um longo caminho, trilhado com paciência, certos de termos sido assistidos pelo Espírito Santo, concluímos serem necessárias as seguintes mudanças a partir de janeiro de 2022:


Pe. Alécio Carini, atual pároco da paróquia São Silvestre, em Maringá, será pároco da paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em Maringá.

Pe. Anderson Dias Gumieri, atual vigário da paróquia São Bonifácio, em Maringá, será vigário na paróquia Jesus Bom Pastor, em Paiçandu.

Pe. César Hipólito, atual pároco da paróquia Nossa Senhora de Lourdes e São Judas Tadeu, em Maringá, será pároco da paróquia São José Operário, em Maringá.

Pe. Claudinei Martins Romão, atual pároco da paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Nova Esperança, será pároco da paróquia Nossa Senhora de Lourdes e São Judas Tadeu, em Maringá.

Pe. Delvair Batista Lemonie, atual pároco da paróquia Cristo Ressuscitado, em Maringá, será vigário da paróquia Catedral Nossa Senhora da Glória.

Pe. Diego Wesley Norberto, atual pároco da paróquia São Benedito, em Kaloré, irá para missão na Diocese de Guajará-Mirim, em Rondônia.

Pe. Edinei José Rigolin, atual pároco da paróquia São Judas Tadeu, em Cruzeiro do Sul, e Imaculada Conceição, em Uniflor, será pároco da paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Maringá.

Pe. Geovani José da Silva, atual pároco da paróquia Nossa Senhora Divina Pastora, em Ourizona, será pároco da paróquia Santa Clara, em Maringá.

Pe. Gerson Bris Siqueira, atual vigário da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Marialva, será vigário da paróquia Nossa Senhora das Graças, em Sarandi.

Pe. Gustavo Constantin Florêncio, atual vigário da paróquia São José Operário, em Maringá, será pároco da paróquia Nossa Senhora Divina Pastora, em Ourizona.

Pe. Hiago Igor Santos Araujo da Silva, atual pároco da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Marialva, será pároco da paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Nova Esperança.

Pe. Ivaldir Camaroti dos Reis, atual pároco da paróquia Nossa Senhora das Graças, em Sarandi, será pároco da paróquia Jesus Bom Pastor, em Paiçandu.

Monsenhor Júlio Antônio da Silva, atual pároco da paróquia Divino Espírito Santo, em Maringá, será pároco da paróquia Santa Joaquina de Vedruna, em Maringá.

Pe. Janilson Canuto, atual pároco da paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em Maringá, será pároco da paróquia Santo Antônio de Pádua, em Maringá.

Pe. João Caruana, atual vigário da paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, em Sarandi, será vigário na paróquia São Silvestre, em Maringá.

Pe. José Antonio Nogueira Pontes, atual vigário da paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Nova Esperança, será administrador paroquial da paróquia São Judas Tadeu, em Cruzeiro do Sul, e Imaculada Conceição, em Uniflor.

Pe. José Aparecido de Miranda, atual pároco da paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, em Sarandi, será pároco da paróquia São Silvestre, em Maringá.

Pe. José Mello, atual pároco da paróquia Santa Paulina, em Maringá, será pároco da paróquia Nossa Senhora da Liberdade, em Maringá.

Pe. Joseir Sversutti, atual vigário da paróquia Bom Pastor, em Mandaguari, será vigário na paróquia São Pedro Apóstolo, em Inajá.

Pe. Leomar Antônio Montagna, atual vigário da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Marialva, será pároco da paróquia Nossa Senhora das Graças, em Sarandi.

Pe. Luiz Antônio Bento, atual pároco da paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Maringá, será vigário da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Maringá.

Pe. Luiz Carlos de Azevedo, atual pároco da paróquia São Francisco de Assis, em Maringá, será pároco da paróquia Nossa Senhora Rainha, em Atalaia.

Pe. Marcos Andeluci, atual pároco da paróquia Nossa Senhora da Liberdade, em Maringá, será pároco da paróquia Santo Expedito, em Maringá.

Pe. Marcos André Oliveira, atual vigário da paróquia São Sebastião, em Mandaguaçu, será vigário da paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Nova Esperança, e permanece Reitor do Seminário Santo Cura d’Ars, em Mandaguaçu.

Pe. Marcos Roberto Almeida Santos, atual vigário da paróquia São Bonifácio, em Maringá, será pároco da paróquia São Francisco de Assis, em Maringá.

Pe. Nailson Bacon, atual pároco da paróquia Jesus Bom Pastor, em Paiçandu, será pároco da paróquia Cristo Ressuscitado em Maringá.

Pe. Nelson Molina, atual vigário da paróquia Nossa Senhora das Graças, em Sarandi, será vigário da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Marialva.

Pe. Neri Dione Squisati, atual pároco da paróquia Santo Antônio de Pádua em Maringá, será pároco da paróquia Nossa Senhora de Fátima em Marialva.

Pe. Obelino Silva de Almeida, retorna da missão na Diocese de Guajará-Mirim, em Rondônia, e será pároco da paróquia Bom Pastor, em Mandaguari.

Pe. Paulo Felipe dos Santos, atual pároco da paróquia Santa Clara, em Maringá, será vigário da paróquia São Sebastião, em Mandaguaçu.

Pe. Pedro Jorge Delgado Bento, atual vigário da paróquia Jesus Bom Pastor, em Paiçandu, será vigário da paróquia São Bonifácio, em Maringá.

Pe. Renato Quezini, atual pároco da paróquia São José Operário, em Maringá, se dedicará aos estudos do Mestrado na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), em Belo Horizonte.

Pe. Rinaldo de Peder Rosa, atual pároco da paróquia Bom Pastor, em Mandaguari, será pároco da paróquia Santa Paulina, em Maringá.

Pe. Rodrigo Gutierrez Stabel, atual vigário da paróquia Santa Maria Goretti, em Maringá, será vigário da paróquia Santa Teresa de Jesus, em Marialva.

Pe. Sandro Ferreira, atual vigário da paróquia São João Batista, em Jandaia do Sul, será vigário da paróquia São José Operário, em Maringá.

Pe. Sidney Fabril, atual vigário da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Maringá, será pároco da paróquia São Benedito, em Kaloré, e permanece reitor do Seminário de Teologia, etapa da configuração, em Londrina.

Pe. Vanilson dos Santos Rigon, atual pároco da paróquia Santo Expedito, em Maringá, será pároco da paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, em Sarandi.

Pe. Virgílio Cabral dos Santos, atual vigário da paróquia Catedral Nossa Senhora da Glória, será pároco da paróquia Divino Espírito Santo, em Maringá.

Monsenhor Wilson Galiani, atual pároco da paróquia Santa Joaquina de Vedruna, em Maringá, irá residir no Seminário Maior Nossa Senhora da Glória e será colaborador da paróquia Catedral Nossa Senhora da Glória.


Seminarista Daniel Fabrício Zampieri, após receber a ordenação diaconal será colaborador na paróquia São João Batista, em Jandaia do Sul.

Seminarista João Paulo da Silva Piller, após receber a ordenação diaconal será colaborador na paróquia Bom Pastor, em Mandaguari.


Aproveito a ocasião para recomendar a todos que exerçam o seu serviço com disponibilidade de “Bom Pastor” e que jamais lhes falte a intercessão de Maria nossa Mãe e Padroeira, a Senhora da Glória.

Determinamos o mês de janeiro em diante para que os clérigos transferidos tomem posse nas suas novas atribuições. As datas das referidas posses serão divulgadas oportunamente.

Dado e passado nesta episcopal cidade de Maringá, no dia 20 de outubro de 2021.

Dom Frei Severino Clasen, ofm

Arcebispo Metropolitano de Maringá.


O Sínodo e as mulheres



Na sociedade é garantido o direito de voto às mulheres. E na Igreja? As antigas exclusões prevalecerão? O Sínodo será capaz de superar esse atraso?

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237 LGBT+ morreram vítimas da homotransfobia no Brasil em 2020, revela relatório


Em 2020, 237 LGBT+ (1ésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) tiveram morte violenta no Brasil, vítimas da homotransfobia: 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%). É o que mostra o Relatório: Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil.

Diferentemente do que se repete desde que o Grupo Gay da Bahia iniciou tal pesquisa, em 1980, pela primeira vez, as travestis ultrapassaram os gays em número de mortes: 161 travestis e trans (70%), 51 gays (22%) 10 lésbicas (5%), 3 homens trans (1%), 3 bissexuais (1%) e finalmente 2 heterossexuais confundidos com gays (0,4%).

O relatório mostra ainda que, comparativamente aos anos anteriores, observou-se em 2020 surpreendente redução das mortes violentas de LGBT+: de 329 para 237, diminuição de 28%. O ano recorde foi 2017, com 445 mortes, seguido em 2018 com 420, baixando para 329 mortes em 2019.

Não é a primeira vez que nessa série histórica há redução do número de mortes de um ano para outro, sem previsão nem explicação sociológica indiscutíveis. Em 1991, por exemplo, registrou-se uma queda de 153 para 83 em relação ao ano anterior (45%), oscilação sem nenhuma causa detectável.

Essa tendência de redução de mortes violentas foi observada em 2019 na população brasileira em geral, assim como entre transexuais e homossexuais, porém, em 2020, segundo dados oficiais dos 26 estados e distrito federal, houve no Brasil um aumento de 5% nos assassinatos em comparação com 2019. Um índice confirmado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais que registrou um aumento de 41% de mortes entre travestis e mulheres trans.

Contexto político

Segundo o prof. Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, “a explicação mais plausível para a diminuição em 28% do número total de mortes violentas de LGBT em comparação com o ano anterior se deve ao persistente discurso homofóbico do Presidente da República e sobretudo às mensagens aterrorizantes de seus seguidores nas redes sociais no dia a dia, levando o segmento LGBT a se acautelar mais, evitando situações de risco de ser a próxima vítima, exatamente como ocorreu quando da epidemia da Aids e a adoção de sexo seguro por parte dessa mesma população.”

O comportamento preventivo também é observado devido à pandemia do Coronavirus, em que sobretudo os gays vem desenvolvendo novas e específicas estratégias de sobrevivência. A cada 36 horas um LGBT brasileiro é vítima de homicídio ou suicídio, o que confirma o Brasil como campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais, informação corroborada e ainda mais agravada pelos estudos do próprio Ministério dos Direitos Humanos, em relatório engavetado pelo atual Governo Federal, concluiu-se que em no país, entre 1963-2018, a cada 16 horas um LGBT foi assassinado.

Segundo agências internacionais de direitos humanos, matam-se mais homossexuais e transexuais no Brasil do que nos 13 países do Oriente e África onde persiste a pena de morte contra tal segmento. Mais da metade dos LGBTs assassinados no mundo ocorrem no Brasil.

Apesar dessa redução da violência letal observada nos dois últimos anos, o Grupo Gay da Bahia pontua que tais mortes cresceram incontrolavelmente nas duas últimas décadas: de 130 homicídios em média em 2000, saltou para 260 em 2010, subindo para 357 nos últimos quatro anos.

Durante os governos de Fernando Henrique Cardoso mataram-se em média 127 LGBT por ano; na presidência de Lula 163 e no governo Dilma 296, sendo que nos dois anos e 4 meses de Temer, foram documentadas uma média de 407 mortes anuais, caindo para 283 a média nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro.

Enquanto nos Estados Unidos, com 331 milhões de habitantes, mataram-se no ano passado 38 transexuais, no Brasil, com 212 milhões, foram assassinadas 118 trans. Incrível a inexistência de estatísticas globais sobre os homicídios e suicídios de LGBT: esse nosso levantamento, além do mais antigo é único divulgado nacional e internacionalmente.

Perfil das vítimas de homofobia

Os relatórios sempre insistiram que as pessoas trans representam a categoria sexológica mais vulnerável a mortes violentas. Esse total de 161 mortes, se referidas a 1 milhão de travestis e transexuais que se estima existir em nosso país, sinalizam que o risco de uma pessoa trans ser assassinada é aproximadamente 17 vezes maior do que um gay.

Já que o IBGE não inclui no censo nacional, apesar da insistente demanda do movimento social, com base em indicadores diversos produzidos pela Academia, instâncias governamentais e pelo movimento LGBT, que existam no Brasil por volta de 21 milhões de gays (10% da população), 12 milhões de lésbicas (6%) e 1 milhão de trans (0,05%).

Quanto à idade das vítimas, cinco eram menores de idade, a mais jovem, uma travesti de 15 anos, moradora em Fortaleza, na Granja Lisboa, foi encontrada agonizante num terreno baldio após levar diversos tiros. 33% das vítimas estavam na flor da idade, entre 15-30 anos e 8% com mais de 46 anos. O mais idoso, com 80 anos, era um gay branco morador em Recife, cego e abandonado pela família, suicidou-se jogando-se do quarto andar de seu prédio. 8,2% dos LGBT+ mortos tinham mais de 46 anos.

O quesito cor é variável bastante descuidada nas matérias jornalísticas, sendo desconhecida para 43% das vítimas. Encontramos 74 pardos e pretos (54%) e 62 brancos (46%), refletindo aproximadamente a mesma tendência demográfica do conjunto da população nacional.

Confirma-se a mesma tendência notada ao longo dessas quatro décadas de pesquisa: os LGBT+ mortos pertenciam a praticamente todos os estratos sociais, predominando 44,6% de profissionais do sexo, 10,6% cabeleireiros/as, 8,7% de professores/as. Constam ainda entre os morto LGBT+: empresário, estudante, mãe de santo, maquiador, pizzaiolo, representante comercial, advogado, agente de trânsito, agente socioeducativo, aposentado, arquiteto, atriz, dançarino, designer, digital influencer, empregada doméstica, fisioterapeuta, guarda municipal, médico, modelo, auxiliar de serviços gerais, bancário, oficial de justiça, pai de santo, pedreiro, terapeuta holística, vigilante, voluntário.

No tocante à tipologia das mortes violentas de LGBT ocorridas em 2020, registramos 15 homicídios (90,7%), seguido de 13 suicídios (5,4%) e 9 latrocínios (3,7%).

Quanto à causa, repete-se a mesma tendência observada regularmente nessas quatro décadas de pesquisa: predomínio de mortes violentas com arma de fogo (42,3%), seguido de armas brancas (23%) e espancamento (9,1%).

Registrou-se também uma dezena de diferentes formas desses crimes homotransfóbicos, muitos dos quais sendo precedidos por tortura e mais crueldades frequentes nos crimes de ódio: estrangulamento, pauladas, atropelamento, queima do corpo, descarga elétrica.

Também quanto ao local dessas mortes, confirma-se a mesma tendência observada desde o início da pesquisa: gays e lésbicas são assassinados dentro de suas residências com objetos domésticos (fios elétricos, almofadas, facas de cozinha) enquanto travestis e transexuais, notadamente as profissionais do sexo, são atingidas por disparos de revólver na pista: 60,8% de tais sinistros ocorreram em espaços públicos (praças, ruas, vias, vielas, terrenos abandonados), seguido da residência da vítima com 23,5% e, por fim, 15,6% em espaços privados (motéis, casas e comércios de terceiros).

Três quartos destes homicídios homotransfóbicos ocorreram a noite – evidenciando práticas espaciotemporais típicas de minorias sexuais urbanas que, devido ao estigma, encontram na noite a melhor ocasião para encontros íntimos via de regra clandestinos ou para a prática do lazer na chamada “cena lgbt.” 17% das mortes ocorreram no período matutino e 10% a tarde.

A violência materializada contra corpos de LGBTI+ é, principalmente, uma violência de gênero, atingindo diferenciadamente e a partir de múltiplas intensidades alguns segmentos, sobretudo, travestis e mulheres trans vitimadas em diferentes contextos e realidades socioespaciais. Das 113 travestis assassinadas, 72 (63%) foram executadas em espaços públicos, sobretudo, em ruas e vias, evidenciando um contexto marcado pela “prostituição de pista”: 90% das “meninas da noite” ainda vivem desse metier.

Suicídios de LGBT+ são de dificílima localização nos registros policiais e nas mídias sociais, pois sua subnotificação é ainda superior aos homicídios, sendo agravada por três estigmas: homossexualidade+gênero diverso+morte intencional. Pesquisas internacionais apontam que o índice de suicídios entre jovens LGBT+ é cinco vezes superior ao de heterossexuais. (Suicídios jovens LGBT, 2019). Em 2020 localizamos 13 suicidas, sendo 7 travestis e mulheres trans, 3 homens trans, 2 gays 1 sem identificação de gênero.

Dados por região

Em termos absolutos, o Nordeste ocupa o primeiro lugar em número de morte com 113 casos, seguido do Sudeste com 66, Norte e Sul com 20 mortes cada e o Centro Oeste, 18 mortes.

Em termos relativos, isto é, número de mortes por um milhão de habitantes, a média nacional foi 1,28 mortes. O maior índice de violência foi registrado na Região Nordeste, 2,12; Centro Oeste, 1,28; Norte, 1,26; Sudeste, 0,82 e Sul, 0,78. Nos últimos anos, Nordeste e Norte se revezam nessa sangrenta precedência. O risco de um LGBT+ ser assassinado no Nordeste é quase três vezes maior do que no Sul.

Fortaleza, inexplicavelmente, foi a capital mais homotransfóbica no ano passado: 20 LGBT+ mortos, o dobro de São Paulo (10), que é cinco vezes mais populosa. Os índices de criminalidade em Natal são igualmente preocupantes, pois teve o mesmo número de mortes de Salvador (5) que possui dois milhões a mais de habitantes. Pior ainda é a situação de alguns municípios interioranos que tiveram a mesma incidência de crimes letais de outras sete capitais mais populosas: em Alagoas, Rio Largo e São José da Laje e em São Paulo, São Bernardo do Campo.

Alagoas desponta como o estado mais violento do Nordeste e do Brasil, acumulando 4,8 mortes para cada um milhão de habitantes, seguido por Roraima no Norte, com 4,4; no Centro Oeste, Mato Grosso, com 1,97; Minas Gerais no Sudeste, com 0,96 e no Sul, o líder dos assassinatos foi Santa Catarina com 0,8 mortes. O risco de uma LGBT+ ser assassinada em Alagoas é 6 vezes maior do que em Santa Catarina.

Segundo o mestrando Alexandre Bogas, coordenador do Acontece LGBTI+, “2020 foi marcado pela maior e pior pandemia da história recente. No início de maio de 2021, há um ano do primeiro caso registrado no país, o Brasil se aproxima de meio milhão de óbitos, com perspectivas desanimadoras, potencializadas pela incapacidade, ineficiência e indisposição governamental. O negacismo do governo federal na condução da pandemia no Brasil chocou o mundo, resultado inclusive em denúncias aos órgãos internacionais.”

“Quantos LGBTI+ morreram nesta pandemia? Quantas dessas mortes seriam evitáveis, se medidas corretas tivessem sido adotadas pelas autoridades? Quatro vips da tribo LGBT+ morreram de Covid 19: o cantor Agnaldo Timóteo, a esteticista Rudy, o bailarino Ismael Ivo e o ator Paulo Gustavo. Quantos ainda morrerão? Quantos LGBT+ tiveram graves conflitos familiares devido ao confinamento social, sendo desalojados, agredidos física e moralmente, passando dificuldades, impedidos de encontrar seus parceiros? Quantas travestis de pista estão passando enormes privações materiais e stress devido às restrições de circulação urbana?”

Talvez uma das explicações para o aumento em 41% do número de trans e travestis assassinadas durante esse primeiro ano de pandemia se deve ao fato de que gays e rapazes de programa receosos da Covid 19 deixaram de frequentar os locais de “pegação” e seus clientes e parceiros procuraram mais então, alternativamente, às trans profissionais do sexo, surgindo desentendimentos e atritos de relacionamento, que redundaram no crescimento da violência letal contra o segmento mais vulnerável. A redução do policiamento ostensivo nas ruas, sobretudo à noite, como protocolo preventivo da epidemia, certamente facilitou as agressões e mortes contra as “damas da noite”.

Medidas a serem tomadas

O Grupo Gay enfaztiza a urgência de ações governamentais com vistas a reverter o quadro atual de violência e discriminação contra homossexuais, bissexuais e transexuais no Brasil.

• Educação sexual e de gênero em todos os níveis escolares para ensinar jovens e população em geral o respeito aos direitos humanos e cidadania da população LGBT;

• Cumprimento rigoroso das leis aprovadas garantindo a cidadania plena da população LGBT, sobretudo no reconhecimento do casamento homoafetivo e a equiparação da homofobia e transfobia ao crime de racismo;

• Políticas públicas na área da saúde, direitos humanos, educação, que contribuam para erradicar as mortes violentas e proporcionem igualdade cidadã à comunidade LGBT;

• Exigir que a Polícia investigue diligentemente e a Justiça puna com toda severidade os crimes homotransfóbicos.

• E um apelo aos LGBT+ para que evitem situações de risco de sua própria segurança vital e quando vítimas de qualquer ameaça ou violência, reajam e denunciem.

“Monitorar as mortes violentas de LGBT+ no Brasil é parte de um esforço de quatro décadas do Grupo Gay da Bahia e da persistência e luta do professor, antropólogo e decano do movimento homossexual brasileiro Luiz Mott. O resultado desse esforço é apresentado nos relatórios anuais, enquanto estratégia de mobilização da sociedade e do Estado em prol da cidadania de um dos segmentos mais vulneráveis a violência, pelo simples fato de amar alguém do mesmo sexo. O século XXI precisa também chegar para os homossexuais com mais políticas públicas, não apenas na área da segurança, mas na relação direta com a possibilidade de assegurar a todos nós oportunidades de inserção social, pois as vulnerabilidades sociais somadas à homofobia têm levado a morte, muito de nossos irmãos e irmãs LGBT+.”

Para acessar o relatório completo:

https://observatoriomortesviolentaslgbtibrasil.org/