04 dezembro, 2020

Covid-19: A Arquidiocese de Maringá sempre comprometida com o bem comum dos seus diocesanos


Covid-19: A Arquidiocese de Maringá sempre comprometida com o bem comum dos seus diocesanos

No início desta crise sanitária do coronavírus, ouvimos muitas vezes que, depois da pandemia, não seríamos mais os mesmos. Um novo normal provocaria nas pessoas um amadurecimento humano e, consequentemente, novas relações sociais se estabeleceriam no seio da sociedade, renovando pessoas e instituições.

Embora possa até ser que a humanidade saia desta pandemia com traços de uma espiritualidade mais profunda e comprometida, ao menos até agora – dez meses de restrições sociais – mais do que constatar mudanças, assistimos apenas a uma mera aposta ainda não realizada. É o que estamos vendo na cidade de Maringá.

A insensibilidade e irresponsabilidade de pessoas que, ao invés de pensar no próximo e na construção coletiva de instrumentos de combate à proliferação do coronavírus, fazem críticas arbitrárias às medidas preventivas propostas pela Arquidiocese de Maringá, e amplamente apoiadas pela sociedade civil, no assim chamado “Pacto pela Vida”. 

A Arquidiocese de Maringá sempre teve responsabilidade e comprometimento com as causas sociais dos municípios que a sua circunscrição eclesiástica abrange. Não seria agora diante da dramática situação sanitária de aumento exponencial dos casos de contágio da Covid-19 que a Igreja se furtaria a colaborar na resolução do problema. 

Desde o início da colonização de Maringá e cidades adjacentes, vê-se claramente a importante e imprescindível participação da Igreja na construção e solidificação de instituições políticas, sociais e culturais em nossa região, em vista do bem comum. 

A nossa Arquidiocese sempre foi chamada, respeitada e ouvida na sua sabedoria e comprometimento com o desenvolvimento de nossa cidade. Basta olharmos para tantas instituições locais que tiveram a participação e contaram com a credibilidade da Igreja para a consolidação da cidade em que vivemos. 

Bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas – de tempos passados e de hoje – sempre tiveram papel relevante no debate local de questões de interesse público. Não nos eximimos do nosso dever e responsabilidade de homens e mulheres, lideranças religiosas da Igreja em nossas comunidades paroquiais, de orientar nossos fiéis que acorrem piedosamente à Igreja para frequentar os sacramentos, e de exortá-los à corresponsabilidade diante de questões que vão além do âmbito estritamente espiritual. 

Nossa fé e comprometimento com a vida das pessoas superam o sectarismo religioso de grupos que querem transformar uma crise sanitária em reacionarismo religioso, travestido de piedade sacramental expressa em frases como: “Precisamos da Santa Missa! Ouçam nosso clamor”, “A Santa Missa é o verdadeiro serviço essencial”, “A celebração da Eucaristia é mais segura do que o comércio”, “A Eucaristia é fonte de vida verdadeira”, “A Eucaristia é o nosso alimento”, “Mais fácil viver sem o sol do que sem a Santa Missa”, “Se um filho pedir pão, qual é entre vós o pai que lhe dará uma pedra?”, “Devolvam-nos a Santa Missa”, entre tantas outras frases retóricas. 

A incapacidade de reflexão destas pessoas é tamanha que não são capazes de compreender que a suspensão das missas com a presença dos fiéis por duas semanas não significa desprezo pela Eucaristia, mas, muito ao contrário, obediência ao apelo do Evangelho que nos pede para defender a vida e vida em plenitude (cf. Jo 10,10). 

As palavras do teólogo Padre Antônio José de Almeida, residente em nossa arquidiocese, resume perfeitamente o sentimento que habita nosso coração de pastores: “A celebração comunitária da Eucaristia está sendo apenas adiada por uma situação que a justifica plenamente. 

A Igreja está propondo um Pacto pela Vida, para o qual convoca toda a população da região, num momento em que a elevação das taxas de contágio, de internação e de óbitos se mostra preocupante. A Igreja está renunciando temporariamente a celebrar comunitariamente o sacramento que é o ‘o coração e o cume da vida da Igreja’ (Catecismo da Igreja Católica, 1407), não só para não dar ocasião a uma possível disseminação da Covid-19, mas também para dar um exemplo eloquente do que todos e cada um somos chamados a fazer neste momento delicado: tomar todas as medidas ao nosso alcance para não nos contaminarmos e para que outros não se contaminem. 

A Eucaristia tem uma dimensão profundamente eclesial, comunitária e social. Não pode nunca ser dissociada da Igreja, da comunidade cristã e do contexto social, sobretudo dos mais vulneráveis”. 

Infelizmente o crescente clericalismo atropela a vida de muitos bons leigos, ainda que alguns, de modo ingênuo, paralisados por uma teologia centrada na manutenção dos “serviços sacramentais”, ignoram o ensinamento do Concílio Vaticano II que ressalta que “não há realidade humana alguma que não encontre eco” no coração da Igreja, porque “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e dos que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo.” (Gaudium et spes 1). 

Na contramão do Papa Francisco, que nos pede uma Igreja missionária em saída, capaz de se compadecer do outro, o clericalismo reina absoluto desnutrindo a fé do povo e diminuindo a força do Evangelho na valorização da vida das pessoas. Além disso, nosso Arcebispo, Dom Frei Severino Clasen, em diálogo com os padres da Arquidiocese, quer levar a Igreja de Maringá a dar sempre maior testemunho da fé, encorajando cada fiel batizado a proteger a vida, bem maior a ser defendido. 

Portanto, conclamamos todas as pessoas que, neste período de pandemia e superlotação de nossos hospitais, colaboremos na prevenção dos casos da Covid-19. Seja sua família uma Igreja doméstica, meditando a Palavra de Deus em família, rezando o terço, acompanhando a Santa Missa através de nossas mídias digitais. 

Aproveitemos esta lamentável pandemia para mudar nossos hábitos, amadurecer nosso senso de responsabilidade para com o próximo e criar relações sociais mais saudáveis, inteiramente preocupados com o bem comum. 

Nossa Igreja em Maringá, sempre atuante nos interesses coletivos e desejosa de ver o Reino de Deus acontecer na vida de cada pessoa, continuará, mesmo com as missas suspensas sem a presença dos fiéis, próxima e solidária a todos os seus filhos e filhas, alimentando-os com suas orações, com a Palavra de Deus e ansiosa para superarmos juntos este difícil momento pelo qual está passando a humanidade. 


Pe. Marcos Roberto Almeida dos Santos 
Do presbitério da Arquidiocese de Maringá 
Maringá-PR., 04 de dezembro de 2020.

Fonte do texto: Site da Arquidiocese de Maringá