18 novembro, 2022

CEBs uma tenda sem fronteiras, capaz de superar distâncias!

Segue um texto que escrevi para reflexão em nossas Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs.

Isaías, 54,2

CEBs uma tenda sem fronteiras, capaz de superar distâncias!

Para reavivar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e a esperança de seu povo que se encontra necessitado de clarear seus rumos e superar o que fere, desanima, distância e exclui, o profeta Isaías apresenta um conselho “Alargar a tenda”.

O profeta construiu uma imagem poética para apresentar passos para o entendimento que coloca o acolher, o ouvir, o cuidar, a fraternidade como meta principal. A fraternidade precisa ser cultivada como amizade social.

Pela luz da esperança a chamada do profeta é inspiradora e indica uma saída, um caminho para as CEBs: “Alarga o espaço da tua tenda, estende sem medo as lonas que te abrigam, e estica as tuas cordas, fixa bem as tuas estacas”. O conselho do profeta é, pois, essencial para a construção de um novo tempo, superando a esterilidade que contamina as CEBs.

O profeta faz um convite profético que ressoa forte nas Comunidades Eclesiais de Base de ser povo de Deus “tenda bem alargada”, pela fraternidade e assim ser morada de Deus e a indicação é a de buscar condições para cultivar mais proximidade, reunir mais gente, vencendo o que gera a discriminação e a exclusão social.

O profeta faz uma provocação as CEBs, uma convocação para continuar sendo seguidoras de Jesus e o espaço profético da Igreja e a convocação vindo do profeta é caminho para iluminar um mundo de sombras e romper com as portas fechadas de uma humanidade que padece com a sua própria mesquinhez e indiferença.

Urgente é “alargar a tenda” do próprio coração e romper, com as dinâmicas do ódio. Assim, contribuir para iluminar a escuridão de um mundo fechado. O profeta Isaías apresenta o desafio de ser erguida uma tenda sem fronteiras, capaz de superar distâncias.

Uma tenda que leve a contemplar o mundo com o olhar compassivo de Deus. Isto significa distanciar-se do que alimentam disputas, enjaulam pessoas no egoísmo e no ressentimento, na ânsia de querer impor a própria lógica nos debates sobre a Igreja, a vida social, política e, particularmente, na seleção do que habita a tenda das CEBs, a tenda do próprio coração.

É preciso deixar-se iluminar pela presença de Jesus. Assim, “alargar a tenda” do coração para acolher a sabedoria que faz desaparecer sentimentos que adoecem, visões da realidade que levam somente à lamentação. Seja dado mais espaço à ação do amor, a partir do exercício da reconciliação e do perdão.

“Alarga o espaço da tua tenda (Is 54, 2)”

O que segue abaixo sobre o profeta Isaías retirei do documento de Trabalho para Etapa Continental, para a próxima etapa do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade “Alarga o espaço da tua tenda (Is 54, 2)”.


“Alarga o espaço da tua tenda, estende sem medo as lonas que te abrigam, e estica as tuas cordas, fixa bem as tuas estacas” (Is 54,2).

É a um povo que vive a experiência do exílio que o profeta dirige palavras que hoje nos ajudam a pôr em foco aquilo a que o Senhor nos está a chamar através da experiência de uma sinodalidade vivida: “Alarga o espaço da tua tenda, estende sem medo as lonas que te abrigam, e estica as tuas cordas, fixa bem as tuas estacas” (Is 42,2).

A palavra do profeta recorda ao povo no exílio a experiência do êxodo e da travessia do deserto, quando habitava nas tendas, e anuncia a promessa do regresso à terra, sinal de alegria e esperança. Para se preparar, é necessário alargar a tenda, agindo sobre três elementos da sua estrutura. O primeiro são as lonas, que protegem do sol, do vento e da chuva, delineando um espaço de vida e de convivência. É preciso estendê-las, de modo que possam proteger também aqueles que ainda se encontram fora deste espaço, mas que se sentem chamados a entrar. O segundo elemento estrutural da tenda são as cordas, que mantêm juntas as lonas. Devem equilibrar a tensão necessária para evitar que a tenda se debilite com a frouxidão que enfraquece com os movimentos provocados pelo vento. Por isso, se a tenda se alarga, devem aumentar-se para manter a justa tensão. Por fim, o terceiro elemento são as estacas que fixam a estrutura ao solo e asseguram a solidez, mas permanecem capazes de serem movidas quando se deve armar a tenda noutro lugar.

Ouvi hoje estas palavras de Isaías que nos convidam a imaginar a Igreja como uma tenda, ou melhor, como a tenda da reunião, que acompanhava o povo durante o caminho no deserto: é, portanto, chamada a alargar-se, mas também a deslocar-se. No seu centro está o tabernáculo, ou seja, a presença do Senhor. A resistência da tenda é assegurada pela robustez das suas estacas, ou seja, os fundamentos da fé que não mudam, mas podem ser deslocados e colocados em terrenos sempre novos, de modo que a tenda possa acompanhar o povo que caminha na história. Por fim, para não afrouxar, a estrutura da tenda deve manter em equilíbrio as diversas pressões e tensões a que é submetida: uma metáfora que exprime a necessidade do discernimento. É assim que muitas sínteses imaginam a Igreja: uma morada ampla, mas não homogénea, capaz de dar abrigo a todos, mas aberta, que deixa entrar e sair (cf. Jo 10,9), e em movimento para o abraço com o Pai e com todos os outros membros da humanidade.

Alargar a tenda exige acolher outros no seu interior, dando espaço à sua diversidade. Requer, portanto, a disponibilidade para morrer a si mesmos por amor, reencontrando-se na e pela relação com Cristo e com o próximo: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12,24). A fecundidade da Igreja depende da aceitação desta morte, que não é uma aniquilação, mas uma experiência de esvaziamento de si para deixar-se encher de Cristo pelo Espírito Santo e, portanto, um processo através do qual recebemos o dom de relações mais ricas e laços mais profundos com Deus e com os outros. É esta a experiência da graça e da transfiguração. Por esta razão o apóstolo Paulo recomenda: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus. Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo” (Fl 2,5-7). É nesta condição que os membros da Igreja, individualmente e todos em conjunto, se tornarão capazes de cooperar com o Espírito Santo para cumprir a missão dada por Jesus Cristo à sua Igreja: é um ato litúrgico, eucarístico.

Invasões de terras indígenas tiveram novo aumento em 2021, em contexto de violência e ofensiva contra direitos!

Relatório anual do Cimi retrata agravamento das violências contra os povos indígenas no Brasil, com ataques a direitos e desmonte dos órgãos de fiscalização e assistência. 


Conforme publicado no site do CIMI, o ano de 2021 foi marcado pelo aprofundamento e pela dramática intensificação das violências e das violações contra os povos indígenas no Brasil. 

O aumento de invasões e ataques contra comunidades e lideranças indígenas e o acirramento de conflitos refletiram, nos territórios, o ambiente institucional de ofensiva contra os direitos constitucionais dos povos originários. É o que aponta o relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – dados de 2021, publicação anual do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). 

Em seu terceiro ano, o governo de Jair Bolsonaro manteve a diretriz de paralisação das demarcações de terras indígenas e omissão completa em relação à proteção das terras já demarcadas. Se, do ponto de vista da política indigenista oficial, essa postura representou continuidade em relação aos dois anos anteriores, do ponto de vista dos povos ela representou o agravamento de um cenário que já era violento e estarrecedor. 

Leia na integra clicando AQUI

Para ler e baixar o relatório clique AQUI

Deixemo-nos provocar pelo evangelho de hoje Lc 19,45-48

Oração:

"Senhor Jesus,
tua ação no Templo de Jerusalém, expulsando os vendedores e denunciando os ladrões, valeu como uma purificação da religião de Israel e de toda religião. Temos que tomar cuidado para que a religião não se torne uma fonte de exploração, de enriquecimento e de controle das pessoas por gente poderosa e interesseira. Contigo aprendemos que a religião que praticamos em nossos Templos deve nos ajudar a viver em fraternidade, na comunhão com o Senhor nosso Deus e Pai. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém."

(Fonte: Blog da Meditação da Palavra)