03 fevereiro, 2016

Seminário Nacional de Assessores das CEBs

 Veja AQUI, como foi o Seminário Nacional de Assessores das CEBs realizado nos dias 27 e 28 de janeiro de 2016 e a Ampliada Nacional de CEBs, realizado de 29 a 31 de janeiro de 2016.
O objetivo do Seminário e da Ampliada foi a construção conjunta do 14° Intereclesial Nacional das CEBs, que será realizado de 23 a 27 de janeiro de 2018, com o tema “CEBs e os desafios no mundo urbano” e o lema “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex. 3,7).

“O zika vírus se tornará endêmico, como a dengue”

O biólogo Luciano Pamplona diz que o 'Aedes aegypti' não poderá ser erradicado
O biólogo Luciano Pamplona Cavalcanti, especialista em epidemiologia, contraiu no ano passado a doença que é foco do seu estudo: o zika vírus. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Dengue e ArbovirosesCavalcanti observa que a doença que assombra o mundo veio para ficar e pode ser controlada, mas nunca erradicada, e a conscientização das pessoas é fundamental para isso. Na semana passada, o Governo anunciou que 220.000 militares irão às ruas em uma espécie de Dia D contra o mosquito, para mobilizar a população a combater os focos do Aedes aegypti.
A entrevista é de Talita Bedinelli, publicado por El País, em 01-02-2016.
Eis a entrevista.
Por que ainda temos epidemias recorrentes de dengue no país?
Aedes aegypti está no nosso ambiente há bastante tempo, desde o século passado, e vem nos últimos anos se adaptando de forma muito eficiente aos hábitos domiciliares. Quando a gente pega textos escritos sobre o mosquito há 50 anos, o Aedes aegypti é chamado de mosquito urbano. Hoje ele é considerado um mosquito doméstico. Ele está completamente adaptado a nossas condições urbanas. Isso torna o controle muito mais difícil, porque depende de medidas que sejam desenvolvidas diariamente. Isso, junto ao aumento das viagens e a uma maior circulação de pessoas, faz com que a gente tenha uma maior diversidade de vírus e tenha as epidemias.
Por que ele se transformou em um mosquito doméstico? Como se adaptou desta forma?
Ele é um mosquito que se reproduz em água parada. O fato de as pessoas terem que acumular água, que é um hábito no Brasil [por causa das épocas de seca], trouxe esse mosquito para próximo de casa. Para ele é muito mais seguro estar dentro de casa do que estar na rua, por causa do vento e da chuva. Se dentro da casa da gente ele tem depósito com água para colocar seus ovos e o sangue das pessoas para se alimentar, ele não sai de dentro de casa. Por isso hoje o controle é muito mais difícil. Porque é preciso visitar casa a casa. No século passado, os agentes passavam nas ruas com o fumacê [fumegando as ruas], focavam em terrenos baldios.
É possível ver essa adaptação claramente. O mosquito se alimenta de sangue e de néctar. Tem um exame que a gente faz no estômago dele e hoje, em qualquer lugar do mundo que você investiga, só acha sangue humano. Ou seja, ele não está nem mais se alimentando de néctar, só de sangue. Isso porque está dentro de casa.
Quais são os hábitos do mosquito?
Ele tem predomínio por atividades no início da manhã e no final da tarde, tem preferência de picar entre 4h e 6h da manhã e entre 16h e 19h da noite. São as horas em que há menos atividade de sol e menos calor. Mas isso é um predomínio. Você imagine que as famílias hoje costumam sair de manhã e voltar de noite. Então o mosquito fica trancado dentro da casa e vai ficar com fome. Quando a pessoa chega, ele não vai dizer: ‘não, eu prefiro de manhã, então não vou picar’.
O Brasil convive com epidemias há muito tempo. Não está falhando no combate ao mosquito?
Existem duas abordagens diferentes quanto a isso. A do Governo e a da população. O programa de controle de dengue do Brasil é um dos mais modernos do mundo. O protocolo do Ministério da Saúde é copiado por vários países. O problema é que entre o que se escreve e o que é possível fazer no sistema de saúde tem uma distância. Nenhum programa do mundo vai conseguir controlar o Aedes aegypti sozinho, sem um apoio forte da população. Além disso, os mosquitos ficaram mais resistentes aos larvicidas e já se esgotou a maior parte deles. Os que existem hoje duram menos tempo funcionando eficientemente.
Em algum momento o mosquito poderá ser totalmente exterminado?
Ele é um mosquito que está adaptado às condições domésticas. E, considerando que a gente não tem uma forma de mudar os hábitos das pessoas do dia para a noite, é muito pouco provável que a gente consiga isso. Tanto é que o objetivo do Ministério da Saúde é controlar a infestação a um nível menor de 1%. Porque os estudos mostram que se eu tenho um mosquito para cada cem casas, eu não tenho epidemia das doenças. Os casos continuarão, mas não haverá epidemia. O objetivo é controlar a infestação. Em erradicar não se fala.
O zika vírus se tornará endêmico, ou seja, se tornará uma realidade permanentemente do país?
Eu acredito que sim, apesar de a gente saber muito pouco em relação ao vírus, de ter muito pouca informação. O vírus se tornará endêmico, como a dengue, porque tem o mesmo transmissor.
E ele poderá se alastrar por todo o mundo? Qual o risco, por exemplo, de a Espanha ter uma epidemia?
Não se tem no mundo uma barreira para vírus, para mosquito. As pessoas vão e vem de um país para o outro. Estamos numa fase em que as doenças vão atravessar os continentes em qualquer período. Eu amanheço em Fortaleza e anoiteço no Japão. As pessoas se deslocam de forma muito mais rápida, o que faz com que se leve a doença de um continente para outro numa velocidade maior.
Mas em outros países, especialmente do hemisfério norte, não há menos condições de o mosquito se desenvolver?
Sim, principalmente em algumas regiões da Europa por conta do frio. O controle mais eficiente para o Aedes aegypti é a temperatura. Nessas regiões onde a temperatura é muito baixa o mosquito não tem condições de sobrevivência. Baixou de 18 °C já fica muito ruim para ele. Não é à toa que São Paulo não tem muitos casos de dengue o ano inteiro porque na época fria diminui. Nas regiões frias do país, como o Rio Grande do Sul, há muito menos dengue do que noNordeste.
Mas o consolo que a gente tem que ter é que o zika é uma doença que não vai trazer grandes problemas, que é muito menos perigoso do que a dengue. E 80% das pessoas não têm nenhum sintoma. A doença em si, em um adulto ou em uma criança, não causa grandes problemas. Eu tive zika no ano passado. Você sente uma dor articular grande, febre baixa e pronto.
Neste momento, o zika vírus parece ser mais arriscado para gestantes. Mas existem quantos mil partos no país [pouco mais de 600.000 entre outubro e dezembro] e houve pouco mais de 3.000 casos de crianças com suspeita de microcefalia. A prevalência ainda é muito pequena. Eu não indicaria, por exemplo, deixar de viajar.
Mesmo as grávidas?
Temos mecanismos de proteção individual que resolvem. É possível usar repelente, roupas compridas no final do dia. Vários hotéis têm telas nos dormitórios. É perfeitamente possível vir ao Brasil. Agora, claro, se ela não precisar vir, pode repensar a necessidade. Dizer a uma pessoa que não viaje a um país por medo de pegar uma doença é muito sério. Neste momento, há muito receio, mas, de fato, não é nada que seja tão apavorante que se recomende não viajar. Existem doenças transmissíveis aqui, como existem no mundo todo.
A gente vai conseguir evitar que esse boom de microcefalia se repita no Brasil no final de 2016?
Eu acho que neste momento as grávidas estão muito mais atentas no sentido de proteção individual, há a recomendação de usar repelente e roupas longas no início da manhã e no final da tarde. E, naturalmente, a mobilização do ministério para o verão de 2016 vai ser muito mais forte e isso vai ajudar [a reduzir os casos de zika]. Agora, tudo indica que vamos ter um novo ciclo porque agora vamos começar a ter novos casos de zika. Temos que torcer para termos logo um diagnóstico eficiente e um tratamento adequado para a gestante para que se consiga minimizar o impacto da microcefalia. E o fato de a situação se tornar um alerta mundial também pode ajudar. Tem o CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos) que tem um know-how muito grande em produção de kits de diagnóstico. Esse apoio laboratorial será muito rico para o Brasil.

Lições para viver o Ano da Misericórdia em família

Como ajudar os filhos a serem misericordiosos?

A pergunta acima pode passar pela cabeça de vários pais que querem aproveitar ao máximo esse tempo de graças proclamado pelo Papa Francisco, afinal, o Ano Santo da Misericórdia é um convite para todos os cristãos, de todas as idades. À procura de algumas respostas para essa questão, conversamos com um casal experiente, que tem muita riqueza para compartilhar sobre o tema.
Edson e Rosângela Pieralise são de Londrina/PR, são do Instituto de Famílias de Schoenstatt e pais do Gabriel (19), do Rafael (17) e da Beatriz (14). Por meio de exemplos bem práticos do seu dia a dia, eles dão várias ideias que ajudam a inserir os filhos na corrente de misericórdia que inspira e inquieta a Igreja.
Para viver bem, em família, este Ano Santo, o casal indica três pontos chave para reflexão, repletos de exemplos simples que podem ser adotados por muitos lares. Acompanhe:
1º Peregrinar, em família, às Portas Santas
Peregrinar, cruzar a Porta Santa da Misericórdia nada mais é do que o colocar-se no coração de Jesus, do Bom Deus. Podemos dizer que é encontrar-se com o olhar misericordioso de Deus que nos espera. É muito forte isso. Eu me deixo abraçar por Deus, deixo-me olhar por ele.
Certa vez eu (Edson) estava no Santuário rezando. Chegaram então várias crianças e a Irmã (de Maria) que as acompanhava começou a falar: “Aqui dentro chove, chove muito”. As crianças olharam para todos os lados, procurando onde estavam os buracos. “Mas, como Irmã?”. Ela respondeu: “Aqui chovem muitas graças e muitas bênçãos. Cada vez que vocês vêm ao Santuário, saem empapados, encharcados de graças”. Com essa história podemos dizer que cada vez que cruzamos a Porta Santa, ficamos empapados, encharcados com a misericórdia de Deus.
Algo que devemos notar é que há uma diferença muito grande entre um peregrino e um turista. A gente PEREGRINA à Porta Santa. Isso é muito bonito para mostrar aos nossos filhos que somos todos peregrinos, pois viver é peregrinar e peregrinar é viver. Para o peregrino, o percurso é importante, ele se deixa tocar, se deixa transformar, ele vivencia a jornada e não somente exteriormente, mas permite que ela lhe toque o coração.
É também importante perceber que ao atravessar a Porta Santa vamos aprendendo a sair de nós mesmos, pois rezamos pelo Papa, pelas intenções da Santa Igreja. Há ainda um incentivo para os sacramentos da Confissão e da Eucaristia, já que para receber a indulgência plenária é necessário passar por eles. Precisamos vivenciar tudo isso em família, não ele ou ela mais que o outro, mas todos juntos, incluindo os filhos.
2º O meu Santuário Lar e o meu Santuário Coração se tornem um oásis de misericórdia
Isso envolve se deixar tocar e transformar por Deus. Para ser misericordioso é preciso ter uma experiência de misericórdia.
Uma vez nós fizemos uma vivência de lava-pés em casa, algo que aprendemos com nossos irmãos de Curso. Foi celebrada uma Missa de Perdão entre nós, pai e filhos, no nosso Santuário Lar. Um sentava na cadeira e os outros lavavam seus pés, pedindo perdão por tudo que tinha feito, pelas coisas que o magoaram, muitas vezes sem perceber. Era bonito porque quem lavava os pés pedia perdão e quem sentava na cadeira perdoava, depois trocávamos de lugar. Outra coisa que fazemos juntos é perdoar um ao outro em toda Missa que participamos. No ato penitencial a gente pede perdão a Deus, mas também entre nós, seja pelo olhar ou por um toque de mão, sempre sabemos que ali vivenciamos o perdão.
Por que contamos tudo isso? Qual a importância do perdão no contexto da misericórdia? É que o perdão garante a manutenção da vida familiar, faz a nossa casa ficar sempre nova. Então para que o meu Santuário Lar e o meu Santuário Coração sejam um oásis de misericórdia é preciso passar pela experiência do perdão.
É importante ainda se atentar para as obras de misericórdia que o Papa nos fala. Por exemplo, o dar de comer. Nós moramos num prédio, então algumas vezes que fazemos nossas refeições, levamos um prato de comida para o porteiro. São os nossos filhos que levam e eles já sabem, não estão levando a comida somente para o porteiro, mas para Jesus. Sempre que eles ganham roupa nova, doam as mais velhas, eles mesmos doam. Os três também vão visitar a avó doente, cantam e rezam com ela; as obras de misericórdia estão muito perto, não é preciso buscar atitudes distantes. Uma vez nós estávamos passeando e passou uma ambulância perto de nós, aí meu filho, pequeno, falou: “Vamos rezar por essa pessoa”. Agora, toda vez que vemos uma ambulância, um motoqueiro caído ou um acidente, nós rezamos por essa pessoa. Isso foi se incorporando e nem nos demos conta de que são obras de misericórdia. Em casa nós temos uma caderneta de oração para as pessoas que pedem para rezarmos, ela fica no Santuário Lar e nós anotamos o nome do todos. É interessante que muitos atos de misericórdia são coisas que todos já fazemos, o que muda é que agora tomamos mais consciência e damos um sentido maior a isso.
Uma dica é aproveitar as coisas que temos no dia-a-dia para transformar nosso Santuário Lar e nosso Santuário Coração num oásis de misericórdia. Por exemplo, a música. Tem uma canção lindíssima que fala: “Todo o teu pecado, em toda a tua vida, é uma pequena gota que se derramou no mar da misericórdia infinita de Deus” (Misericórdia Infinita, Walmir Alencar). O filme e o musical ‘Os Miseráveis’ são muito bonitos também, porque mostram como a misericórdia é decisiva para o personagem principal, como transforma a vida dele. A gente pode também descobrir a misericórdia por meio de leituras, várias vezes partilhamos trechos da Bula do Ano Santo, Misericordiae Vultus, do Papa Francisco, e como ela há vários outros livros. É um incentivo para ler com os filhos, em família.
3º Ser imagem do Pai de Misericórdia para os filhos
Os pais são o primeiro rosto de Deus para os filhos. Este é um ano para nós nos questionarmos, como pais, se nossos filhos estão levando uma imagem boa de Deus Pai misericordioso. Nesse ano especial é tempo de pedir graças para curar as feridas do nosso coração para que eu possa ser um pai melhor, pois quanto mais filho eu for diante de Deus, melhor pai eu serei para os meus filhos.
Podemos dizer que é um ano de cura, para que o meu coração seja mais parecido com o Sagrado Coração de Jesus, um ano especial de graças para que a gente possa ver esse Deus da vida presente em nossa história, nos mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos da nossa vida. Que nesse ano nossos filhos possam ver em nós o rosto de Deus e que também levemos o desafio de olhar para trás, para nossa história e encontrar Deus nela, para assim curar nossas feridas e tentarmos ser pais e mães melhores.
(Texto enviado à ZENIT por Karen Bueno)