14 julho, 2017

Arquidiocese de Maringá envia representantes para o 14zinho das CEBs

Dessa vez não da para participar...
Minha mãe precisa de mim, sua saúde precisa de meus cuidados.

Um bom 14Zinho a todas e a todos.

Que o nosso Deus os abençoem, que bom , vocês vão representando as CEBs de nossa querida Arquidiocese de Maringá.

Francisco G Garcia
Celso Ninno
Diácono Hildo
Angelo Miguel Pagote

Violência no campo brasileiro em tempos de golpe


Por Marco Antonio Mitidiero Junior
INTRODUÇÃO

O golpe político/parlamentar/jurídico/midiático de 2016 violentou a jovem democracia brasileira. A opção eleitoral de milhões de brasileiros foi sumariamente descartada ao passo que setores da elite nacional e do capital internacional arquitetaram a tomada do poder pelo viés de um golpe parlamentar alicerçado nas duas casas legislativas:

Câmara e Senado. Deputados e senadores da legislatura 2014-2018, os quais formam o congresso mais conservador desde o golpe militar de 1964, sem temor e com retumbante tranquilidade, imputaram à presidente da República, Dilma Rousseff, um crime de responsabilidade que ela não cometeu, pelo menos na forma da acusação e de suas consequências. Como típico de um golpe, ele foi acompanhado da violência da mentira, da covardia, da difamação, do lobby, da corrupção, etc.; porém, a despeito das várias dimensões que o conceito de violência pode significar, o sentido mais concreto do conceito, que é a violência contra a vida, parece ter ganhado liberdade para acontecer, sobretudo no campo brasileiro diante da conjuntura de usurpação da democracia.

A violência nos conflitos do campo, materializadas em assassinatos, tentativas de assassinatos, ameaças, pistolagem, expulsões, despejos e destruição de bens de populações camponesas, índios e quilombolas, aumentaram no ano de 2016, segundo a publicação anual “Conflitos no Campo Brasil” a cargo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), sendo necessária a relação desses dados com a conjuntura política brasileira.

Durante a arquitetura do golpe político uma questão pairou para aqueles que estudam a chamada questão agrária brasileira: por que o agronegócio em geral, e em específico a Frente Parlamentar da Agropecuária (a famosa Bancada Ruralista), traiu o pacto com os governos do Partido dos Trabalhadores (PT)? O que levou um setor da economia e da política nacional que possuía nas mãos praticamente todo o poder institucional para gestão da agropecuária a trair o governo, o seu governo? Estes nunca tinham tido tanto recurso financeiro público à disposição [2] e, principalmente, há décadas não viviam um período de grandes vendas (exportações) e lucratividade do setor; o que os levaram a trair um governo que sustentou e permitiu tal realidade? Em poucas palavras, os ruralistas nunca tiveram conjugados em suas mãos tanto poder e dinheiro, então por que a traição? Traíram porque queriam mais! Não precisa ser um pesquisador astuto ou obstinadamente investigativo para descobrir que a velha oligarquia rural, travestida de moderno agronegócio, nunca aceitou as conquistas dos movimentos sociais organizados e muito menos “engoliu” uma série de pequenas concessões dos governos petistas aos homens e mulheres do campo. Atualmente, as terras das sociedades indígenas, as áreas quilombolas, os projetos de assentamento de reforma agrária e as áreas de proteção ambiental são o foco de ataques dos ruralistas nos âmbitos legislativo, executivo e diretamente nos espaços rurais, sendo que, por um lado, os ataques se dão no âmbito político-legislacional e, do outro, por meio de crimes contra a vida, geralmente por meio da execução de violência física contra os povos do campo.

A conjuntura política golpista, na qual a bancada ruralista foi partícipe importante, criou um sentimento de “tudo pode” a esse setor [4]. Esse sentimento vem se refletindo nos ataques e retrocessos aos direitos dos índios, quilombolas e camponeses sem terra, assentados, trabalhadores assalariados e aposentados rurais, bem como ampliou a possibilidade de impunidade diante de ações violentas contra esses sujeitos.

Ainda na esteira de tentar responder porque o agronegócio traiu o pacto com o .... continue lendo  AQUI



O golpe final!


O GOLPE FINAL

_Vladimir Safatle_

_É professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo). Escreve às sextas._

Aqueles que, nas últimas décadas, acreditaram que o caminho do Brasil em direção a transformações sociais passava necessariamente pelo gradualismo deveriam meditar profundamente nesta semana de julho.
Não foram poucos os que louvaram as virtudes de um reformismo fraco porém seguro que vimos desde o início deste século, capaz de paulatinamente avançar em conquistas sociais e melhoria das condições de vida dos mais vulneráveis, enquanto evitava maiores conflitos políticos graças a estratégias conciliatórias.
"Há de se respeitar a correlação de forças", era o que se dizia. Para alguns, isso parecia sabedoria de quem lia "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, antes de reuniões com José Sarney e a lama do PMDB. Eu pediria, então, que meditássemos a respeito do resultado final de tal sabedoria.
Pois o verdadeiro resultado dessa estratégia está evidente hoje. Nunca o Brasil viu tamanha regressão social e convite à espoliação do mundo do trabalho.
O salto de modernização que nos propõem hoje tem requintes de sadismo. Ou, que nome daríamos para a permissão de mulheres gestantes trabalharem em ambientes insalubres e de que trabalhadores "tenham o direito" de negociar seu horário de almoço?
Tudo isso foi feito ignorando solenemente o desejo explícito da ampla maioria da população. Ignorância impulsionada pelo papel nefasto que tiveram setores majoritários da imprensa ao dar visões completamente monolíticas e unilaterais das discussões envolvendo tal debate.
Mas isso podia ser feito porque não há mais atores políticos capazes de encarnar a insatisfação e a revolta. Hoje, o governo pode atirar contra a população nas ruas em dias de manifestação e sair impune porque não há ator político para incorporar rupturas efetivas. Eles se esgotaram nos escaninhos de tal modelo de gestão social brasileiro.
A reforma trabalhista apenas demonstra que o gradualismo pariu um monstro. Os mesmos que votaram para mandar a classe trabalhadora aos porões de fábricas inglesas do século 19 estavam lá nas últimas coalizões dos governos brasileiros, sendo ministros e negociadores parlamentares.
Ou seja, a política conciliatória os alimentou e os preservou, até que eles se sentissem fortes o suficiente para assumirem a cena principal do poder. "Mas era necessário preservar a governabilidade", era o que diziam. Sim, este é o verdadeiro resultado da "governabilidade" do ingovernável, da adaptação ao pior.
Como se fosse apenas um acaso, no dia seguinte à aprovação da reforma trabalhista o Brasil viu o artífice deste reformismo conciliatório, Luiz Inácio Lula da Silva, ser condenado a nove anos de prisão por corrupção. Esse era um roteiro já escrito de véspera.
De toda forma, há de se admirar mais um resultado desta política conciliatória –a adaptação ao modelo de corrupção funcional do sistema brasileiro e, consequentemente, a fragilização completa de figuras um dia associadas, por setores majoritários da população, a alguma forma de esperança de modernização social.
O Brasil agora se digladia entre os que se indignam com tal sentença e os que a aplaudem com lágrimas de emoção. Engraçado é ver outros políticos que também mereciam condenação pregarem agora moralidade.
No entanto, o problema é que só existirá essa sentença, nada mais. Este é o capítulo final. Da mesma forma que o capítulo final do julgamento do mensalão foi a prisão de José Dirceu. Perguntem o que aconteceu com o idealizador do mensalão, o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo.
Ou perguntem sobre o que acontecerá a outro presidente do mesmo partido, aquele senhor que foi pego em gravação telefônica dizendo que deveria procurar um interceptador para propina que pudesse ser assassinado.
Ou o ex-presidente FHC, citado nos mesmos escândalos que agora condenam Lula. Muitos reclamam da parcialidade da Justiça brasileira: há algo de comédia nessa reclamação.
Que esta semana seja um sinal claro de que uma forma de fazer política no Brasil se esgotou, seus fracassos são evidentes, suas fraquezas também. Continuar no mesmo lugar é apenas uma forma autoinduzida de suicídio.

A Importância da Comunicação para a Igreja e as CEBs

"O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa".



A Importância da Comunicação para a Igreja e as CEBs

"O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa".

Refletir sobre comunicação pode parecer fácil, mas não é. É bastante complexo. Para alguém que não é especialista no assunto, com o autor deste artigo, fica difícil. E se embutirmos na reflexão religiões, igrejas, e as nossas CEBs, complica um pouco mais. Mas por quê? Porque como a própria etimologia da palavra nos remete: tornar comum, repartir, dividir, fazer com que algo seja compartilhado por vários, só pode ser feito  de tal modo que chegue honestamente a quem pretendemos comunicar.

Assim, a dificuldade torna ainda mais importante pensarmos e agirmos no que diz respeito à comunicação. A Igreja, e no seu interior, as Comunidades Eclesiais de Base, estão diante de um grande desafio. Trata-se de levar à frente uma tarefa por demais importante, dentro do contexto de uma sociedade do espetáculo, como disse o francês Guy Debord. Em uma sociedade onde o objetivo da comunicação passa, predominantemente, por esconder informação, e não revelar, aqueles e aquelas que acreditam na transparência da verdade tem uma tarefa hercúlea.

Por isso, vamos pedir emprestadas três ideias que o Papa Francisco no deixou em três discursos para o dia mundial da comunicação, em 2017, 2016 e 2014 respectivamente.

A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar (2017). Tudo que apresentamos aos outros precisa, de algum modo, espelhar o Projeto de Jesus de Nazaré. Nossa inteligência e criatividade são desafiadas, pois na maioria das vezes, por conta de uma possível técnica de comunicação pode espelhar outra coisa.

Gosto de definir este poder da comunicação como «proximidade». O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa (2016). Assim sendo, precisamos de uma profunda sensibilidade para com o/a outro/a. Comunicar é uma arte. Somente uma pessoa que cultiva sensibilidade com a diversidade humana e responsabilidade por saber que tantas pessoas poderão não acolher o que transmito como algo que respeita a sua humanidade, pode ser mediadora de uma mensagem.

Quando a comunicação tem como fim predominante induzir ao consumo ou à manipulação das pessoas, encontramo-nos perante uma agressão violenta como a que sofreu o homem espancado pelos assaltantes e abandonado na estrada, como lemos na parábola (2014). Trata-se da parábola do bom samaritano. Certamente nas CEBs não existe indução ao consumo, pelo menos assim esperamos, mas corremos o risco de cair nas garras da manipulação de pessoas. Hoje diante de um sistema de comunicação extremamente perverso, nosso cuidado deve ser redobrado.

Portanto, se comunicar qualquer mensagem é um ato sempre importante, para a Igreja e as CEBs representa uma grande responsabilidade. Precisamos nos tornar visível. Precisamos apresentar nossa mensagem para ser confrontada com tantas outras. Precisamos utilizar todos os instrumentos disponíveis para comunicar. Mas acima de tudo, precisamos fazer com que nossa mensagem chegue ao destinatário como aquela carta que, em outros tempos, era aguardada com profunda expectativa, pois poderia representar o contato com quem não podíamos abraçar a muito tempo. Que as CEBs possam sempre transmitir um abraço caloroso a todos e todas seja por whatsApp, seja por um sinal de fumaça.

Conta-se por aí que o costume de acender fogueira na véspera de São João vem de uma comunicação. Isabel, sentido as dores do parto, manda avisar a prima Maria que chegou a hora. Como? Na escuridão da palestina, uma fogueira em cada monte foi acessa, como sinal de que o priminho João estava a caminho. Assim seja.

Celso Pinto Carias
Assessor das CEBs do Brasil