03 fevereiro, 2022

Entrevista com Pe. Lourenço Gauci - grande articulador das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)


Lourenço 'um dos grandes articuladores das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da antiga Pastoral Rural.'


"Padre Lourenço Gauci relembra trabalho pastoral na Arquidiocese de Maringá. 

Ao comemorar 50 anos de ordenação presbiteral em 2022, padre Lourenço Gauci veio ao Brasil visitar cidades em que trabalhou nas décadas de 1970 e 1980. 

Nascido em Malta, país localizado no sul da Europa, padre Lourenço realizou importante atividade pastoral nas paróquias da Arquidiocese de Maringá, sendo um dos grandes articuladores das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da antiga Pastoral Rural.

Nesta entrevista, o presbítero relembra fatos marcantes em sua passagem pela Arquidiocese de Maringá.

Brasil, que matas o Povo Negro e oprimis sua gente, que vergonha!

Brasil, Brasil, ainda não reparaste o crime de lesa humanidade, os três séculos de escravidão.


Brasil, que matas o povo negro e oprimis sua gente, que vergonha!


Desde o dia 24/01/2022, temos recebido notícias sobre a morte do jovem negro congolês Moise Mugenyi. O fato não pode ser visto isolado do contexto que vivem e passam milhares de jovens negros e negras mortos nos últimos tempos. Das 34 .918 mortes violentas de jovens divulgadas no final do ano de 2021, 80% são de jovens negros. O cenário é desolador para nossas famílias e comunidades negras. Queremos manifestar nossa solidariedade à família de Moise Mugenyi e às demais famílias, pela dor, sofrimentos e o luto.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, a ninguém é lícito tirar a vida de um inocente, pois é um ato contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador. “Não mates o inocente e o justo” (Ex 23,7). Entendemos que a missão da Igreja é evangelizar seguindo os passos e atitudes de Jesus, acolhendo seus ensinamentos e proclamando o Evangelho. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo dá” (Jo 14,27). Entendemos que a violência é contraria à verdade da nossa fé, à verdade da nossa humanidade. Portanto, a verdadeira paz é vida em plenitude.

Queremos externar nossa indignação com o genocídio de nossa juventude negra. Vidas negras importam. Somos 56% do total da população brasileira e por isso, conclamamos as autoridades civis e jurídicas competentes a tomar uma atitude em favor da vida, a favor das vidas negras. Pedimos que os autores destas mortes sejam punidos na forma da Lei.

Como Pastor, chamado a cuidar e consolar as pessoas, compartilho com todos, sobretudo que mais sofrem neste momento, minhas orações e bençãos.


Dom Zanoni Demetino Castro
Arcebispo de Feira de Santana (BA)

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Fonte: CNBB