20 dezembro, 2019
É preciso socorrer e salvar
“É preciso socorrer e salvar
porque somos todos responsáveis pela vida no nosso próximo,
e o Senhor nos cobrará no momento do juízo final”.
(Papa Francisco)
Papa aos refugiados: "A nossa inércia é pecado!”
“É preciso socorrer e salvar porque somos todos responsáveis
pela vida no nosso próximo, e o Senhor nos cobrará no momento do juízo final”.
Palavras do Papa Francisco no encontro desta quinta-feira (19) com os
refugiados vindos por meio de corredores humanitários das regiões de guerra.
Na manhã desta quinta-feira (19) o Papa Francisco encontrou
um grupo de refugiados que chegou recentemente da Ilha de Lesbos, na Grécia por
meio dos corredores humanitários. Em Lesbos agrupam-se os migrantes vindos de
vários países em guerra, principalmente do Oriente Médio. Na ocasião o Papa
posicionou uma cruz no acesso do Palácio Apostólico do Pátio do Belvedere que
recorda os migrantes e refugiados.
Migrantes: implacável compromisso da Igreja
Francisco iniciou seu discurso mostrando um colete salva-vidas que lhe fora
entregue por uma equipe de resgate: “Este colete – disse – pertencia a uma
menina que morreu afogada no Mediterrâneo. Eu repassei aos dois subsecretários
da Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento
Humano Integral dizendo-lhes: ‘Esta é a missão de vocês!’. Isso representa o
implacável compromisso da Igreja em salvar as vidas dos migrantes, para poder acolhê-los,
protegê-los, promovê-los e integrá-los”.
Depois de recordar das muitas vidas humanas perdidas na
travessia do Mediterrâneo para tentar encontrar nova vida na Europa, Francisco
disse que as mortes foram causadas pela injustiça.
“Sim, porque é a injustiça que obriga muitos migrantes a
deixar suas terras. É a injustiça que os obriga a atravessar desertos e a
sofrerem abusos e torturas em campos de detenção. É a injustiça que os leva e
os faz morrer no mar”
A cruz com o colete
Ao apresentar a cruz, o Papa explicou que o colete está
“vestindo” a cruz de resina para exprimir a experiência espiritual que ele
percebeu nas equipes de resgate. E recordou que “na tradição cristã a cruz é
símbolo de sofrimento e de sacrifício, mas também de redenção e de salvação”.
Depois explicou:
“Decidi expor este colete salva-vidas 'crucificado' nesta
cruz para que nos recordemos que devemos ter os olhos abertos… o coração
aberto, para recordar a todos o compromisso imprescindível de salvar toda a
vida humana, um dever moral que une os que crêem e os que não crêem”
em seguida o Papa Francisco exorta:
“Como podemos ficar indiferente diante de tantos abusos e
violências à vítimas inocentes, deixando-as à mercê de traficantes sem
escrúpulos. Como podemos ‘seguir adiante, pelo outro lado’, como o sacerdote e
o levita da parábola do Bom Samaritano, tornando-nos assim cúmplices de suas
mortes. A nossa ignávia é pecado!”
Agradecimento aos não indiferentes
E o Papa fez um agradecimento: “Agradeço ao Senhor por todos
os que decidiram não ficar indiferentes e se empenham em socorrer um
desventurado no caminho para Jericó, sem fazer perguntas sobre como ou porque
tenha acabado nesta situação”.
Por fim afirmou que para buscar soluções é preciso
“denunciar e perseguir os traficantes que exploram e maltratam os migrantes,
sem temor de revelar conivências e cumplicidades com as instituições. É preciso
colocar de lado os interesses econômicos e pôr no centro a pessoa, cuja vida e
dignidade são preciosas aos olhos de Deus”.
Concluindo o Papa disse:
“É preciso socorrer e salvar porque somos todos responsáveis
pela vida no nosso próximo, e o Senhor nos cobrará no momento do juízo final”
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
Fonte: Vatican News
“Deixemos a mãe descansar”: conheça o presépio que comoveu o coração do Papa
Que pai ou mãe não se
identifica com a imagem?
O Papa Francisco disse que, em seu aniversário, em 17 de
dezembro, ele viu uma imagem de um presépio diferente, chamada de “Deixemos a
mãe descansar”. Na representação, que está circulando nas mídias sociais, Maria
dorme enquanto José segura o Menino Jesus.
O Papa disse que a imagem mostra “a ternura de uma família,
de um casamento”:
“Quantos de vocês têm que dividir a noite entre marido e
mulher pelo menino ou menina que chora, chora e chora”, refletiu.
Esta é, precisamente, a mensagem do presépio, explicou o
Papa, acrescentando:
“E também podemos convidar a Sagrada Família para o nosso
lar, onde há alegrias e preocupações, onde todos os dias acordamos, comemos e
dormimos perto de nossos entes queridos. O presépio é um evangelho doméstico.”
Tradição dos
presépios
Este ano, Francisco enfatizou a importância de manter a
tradição dos presépios. Ele viajou para Greccio, onde São Francisco criou o
primeiro presépio vivo e lançou uma carta apostólica que fala sobre o
simbolismo e o propósito das representações do nascimento de Jesus.
O pontífice também visitou uma exibição de 100 presépios de
todo o mundo, que acontece no Vaticano.
Em uma Audiência Geral, ele lembrou que o presépio é uma
maneira “simples, mas eficaz” de preparar nossos corações para o nascimento de
Jesus.
“De fato, o presépio é como um evangelho vivo (Carta
Apostólica Admirabile signum, 1). Traz o Evangelho para os lugares onde se
vive: para as casas, escolas, os locais de trabalho e de reunião, hospitais,
asilos, prisões e praças.
E lá, onde moramos, isso nos lembra algo essencial: que Deus
não permaneceu invisível no céu, mas veio à Terra, tornou-se homem, criança.
Montar o presépio é celebrar a proximidade de Deus. Deus
sempre esteve perto de Seu povo, mas quando Ele encarnou e nasceu, Ele estava
muito próximo, muito próximo.
Montar o presépio é redescobrir que Deus é real, concreto,
vivo e respira. (…)
Algumas imagens retratam a Criança de braços abertos para
nos dizer que Deus veio abraçar nossa humanidade.
Por isso, é bom estar na frente da manjedoura e ali confiar
nossa vida ao Senhor, conversar com Ele sobre as pessoas e situações com as
quais nos preocupamos, fazer um balanço do ano que está chegando ao fim,
compartilhar com Ele as nossas expectativas e preocupações.”
As palavras do Papa nos lembram a importância de parar um
pouco para refletir. Somente se deixarmos o barulho do mundo fora de nossas
casas, nos abriremos para ouvir Deus, que fala em silêncio.
Espero, então, que, ao montarmos o presépio, encontremos uma
oportunidade de convidar Jesus para a nossa vida. É como abrir a porta e dizer:
“Jesus, entre!”. É preciso tornar tangível essa proximidade, este convite a
Jesus para entrar em nossas vidas. Porque se Ele habita em nossas vidas, a vida
renasce. E se a vida renasce, é realmente Natal.
Feliz Natal a todos!
Fonte: Portal Aleteia
José, o homem do Advento
“Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia
mandado e aceitou sua esposa”
"Como a Maria, Deus também diz a José: “Não
tenhas medo de receber Maria como tua esposa”. Há homens que são importantes
não pelo que fazem, mas pelo que são no coração. Há homens que são grandes não
por suas grandes ideias, mas por acolher a lógica de Deus, que quebra toda
lógica humana. José foi o homem humilde de um povoado como carpinteiro; mas
José foi grande por ser o “homem da fé”
Estamos já no centro do mistério da Encarnação. Os relatos
“da infância de Jesus” (Mt e Lc), não são crônicas de acontecimentos, não são
“história” no sentido que hoje damos à palavra. São “teologia narrativa”.
O relato do evangelho deste domingo nos revela que Deus
dirige a história. Para isso se serve de pessoas eleitas. Cada vez que há um
acontecimento importante na história da salvação, ali aparece um homem ou uma
mulher como mediadores da obra de Deus ou transmissores de sua vontade.
O acontecimento mais importante da história da salvação é o
Nascimento do Filho de Deus. Para “fazer-se homem”, Deus precisava de uma
família. O nome de José está profundamente ligado ao mistério de Jesus. E se o
anjo é um sinal de que Deus se faz presente na vida de uma pessoa para
comunicar-lhe algum de seus desígnios, Deus mesmo se fez presente a José, por
meio de seu anjo. Segundo o evangelho de Mateus, José é a pessoa a quem
primeiro lhe é revelado o mistério que sua esposa guardava em seu ventre.
Quantas coisas acontecem envolvidas pela noite e pelo
mistério! Enquanto o agricultor dorme, na noite rompe-se a casca e cresce a
semente lançada na escura terra, acompanhada de renovadas expectativas e
esperança. Tudo começa na noite: na noite dos pensamentos, dos corações, das
intenções, das esperas, dos encontros. Eis o mistério, eis a noite! A noite, a
nossa noite, é habitada por Aquele que vem. Até na noite da desolação, na
solidão, no deserto, é possível encontrá-Lo.
Contemplando a noite de José, nosso coração se alarga até o
assombro, nossos braços se abrem para a acolhida, nossos olhos se aquecem ao
reconhecer Àquele que vem e na brisa pronuncia o nosso nome. Nas sombras da
vida Ele se faz encontrar, na solidão revela sua presença, na fragilidade
mostra seu rosto.
O mistério da Encarnação de Jesus, sem dúvida, significou
também “a paixão vivida por José, esposo de Maria”. Momentos de angústia, de
dúvida; momentos de obscuridade em seu coração; momentos de pura fé na palavra
de Deus.
José, assim como Maria, vai além da lógica e das condições
humanas; também ele termina se apresentando como “o servo do Senhor”, dizendo
em seu coração: “faça-se em mim segundo tua palavra”.
Como a Maria, Deus também diz a José: “Não tenhas medo de
receber Maria como tua esposa”. Há homens que são importantes não pelo que
fazem, mas pelo que são no coração. Há homens que são grandes não por suas
grandes ideias, mas por acolher a lógica de Deus, que quebra toda lógica
humana. José foi o homem humilde de um povoado como carpinteiro; mas José foi
grande por ser o “homem da fé”.
É preciso recuperar o sentido da surpresa, que é a atmosfera
própria do tempo do Advento; é preciso recordar que a visão bíblica da
história, dirige-se para uma meta surpreendente. Para isso, faz-se necessário
despertar novamente a capacidade de maravilhar-se.
José era um pobre noivo, pertencente a uma nação oprimida e
a uma categoria social esquecida, mas conservava límpidos os olhos do espírito,
prontos para perceber a maravilha que estava acontecendo na sua vida e na vida
de Maria. Nele, devemos recobrar o sentido da expectativa, da novidade, da
coragem.
Deus é encontrado, não na estrada suntuosa do domínio e do
triunfo, mas na estrada do desapego, da doação, do despojamento e da
fragilidade. Para entrar em sintonia com sua Vontade e deixar-se conduzir pelo
seu Anjo, não é preciso estar coberto de títulos honoríficos, nem envolto pelo
manto de obras realizadas; é preciso, isto sim, ser como José, sem títulos e
sem riquezas, mas justo e humano, como o seu Filho que “não veio para ser
servido, mas para servir, e para dar a sua vida”.
Como costuma acontecer com todas aquelas pessoas às quais
lhes são confiadas missões importantes, José é um homem discreto. Sua presença
é silenciosa. Na relação de José com Jesus, poderíamos aplicar a ele estas
palavras: “é preciso que ele (Jesus) cresça e que eu diminua” (Jo 3,30).
Não podemos entender a presença de José em função de si
mesmo, mas a serviço de Jesus e de seu mistério. Saber estar em função de outro
não é fácil, mas é um dos modos mais belos de amar. O silêncio de José não tem
nada de ingênuo. É o silêncio daquele que escuta atentamente para assim poder
servir melhor.
José, “homem justo”: para alguns o têrmo é sinônimo de “delicadeza
ou piedade”, para outros significa “respeito, reverência” em relação ao
mistério de Maria; para outros ainda, é um título jurídico, ou seja, “obediente
à lei”. Sabemos que o “Justo” por
excelência é Deus, fiel à Aliança e que, com constância, continua seu projeto
salvífico, apesar das rupturas provocadas pela infidelidade humana.
O “homem justo” é aquele que, como Abraão, na fé acolhe o
plano de Deus e com Ele colabora. José é “justo” porque adere ao misterioso
desígnio de Deus, é justo porque confia em Deus, arrisca com Deus, ainda que os
contornos do Seu Plano permaneçam obscuros e, em certos aspectos,
incompreensíveis.
José e “justo” porque se ajusta ao modo de agir
surpreendente de Deus. É “justo” porque se abre para o infinito, inspirando-se
em Deus mesmo, o Justo; à justiça exterior, farisaica, ele opõe a justiça da fé
e do coração. Portanto, o termo justo quer indicar a abertura e a adesão à ação
suprema de Deus.
Nesse sentido, José se coloca na linha das grandes figuras
da história da salvação. Sua vida é um exemplo de silenciosa dedicação ao
Reino.
Este José é hoje o homem do Advento, e nos alegramos que ele
tenha se mantido firme e mudado seus critérios para estar a serviço da Vida.
Também nós somos “josés”, neste domingo final de Advento. Também nós, algumas
vezes, nos encontramos em momentos de obscuridade, marcados por dúvidas e
crises, pensando em fugir, abandonar a missão. É normal que, ao adentrar-nos em
nosso próprio mistério, nos encontremos com nossos medos e preocupações, nossas
feridas e tristezas, nossa mediocridade e incoerência.
Mas Deus quer atuar em nós e através de nós; Ele sempre
conta conosco para uma nobre missão.
Não devemos nos inquietar, mas permanecer no silêncio. A
presença amistosa, que está no mais íntimo de nós, irá nos pacificando,
libertando e sanando. “Esta experiência do coração é a única com a qual se pode
compreender a mensagem de fé do Natal: Deus se fez homem” (Karl Rahner).
Este mistério último da vida é um mistério de bondade, de
perdão e salvação, que está em nós: dentro de todos e cada um de nós. Se o
acolhemos em silêncio, conheceremos a alegria do Natal.
Na vida, há muitos momentos nos quais só cabe o silêncio, em
vez do alvoroço, só cabe a serenidade, em vez da precipitação; cabe a nós
renunciar aos nossos próprios critérios e esperar que Deus fale.
Isso pede de nós confiança total, muitas vezes sem
compreender nem conhecer o “por quê e o como”; o decisivo é “deixar-nos fa-zer”
por Deus, deixar-nos conduzir por Aquele que, a partir do mais profundo de nós
mesmos, abre um horizonte de sentido e de surpresas. Aprendamos de José a abrir
nosso interior e deixar-nos surpreender por Deus.
Texto bíblico: Mt 1,18-24
Na oração: Durante a
oração devemos nos deter particularmente na figura de José. Ele teve seus
pensamentos próprios, suas preocupações e suas provações, suas perguntas
dilacerantes e suas dúvidas angustiantes.
Mas Deus nunca deixa de atuar no meio das nossas noites,
dúvidas, provações. Ele conhece nossos pensamentos e temores. E, no momento
certo, nos liberta dos nossos medos e
nos dá a conhecer sua Vontade.
- Recordar momentos de dúvidas, incertezas, desolações...,
mas que lhe ajudaram a amadurecer na fé e na adesão ao projeto de Deus.
Pe. Adroaldo Palaoro sj
Fonte: Centro Loyola
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