26 julho, 2019

Reflexão do Evangelho: Quem é o meu próximo?

O questionamento de Jesus é de extrema relevância para nossa interpretação hoje, pois, sem dúvida alguma, a narrativa bíblica desafia-nos mais uma vez para o dilema da alteridade. Como ser cristão e não viver em solidariedade? Como ser cristão e não defender a causa dos imigrantes? Como achar que é normal gays sangrarem até a morte? Como se conformar com o extermínio da juventude negra? Como ficar em silêncio diante de mulheres que são agredidas?
Em MT 23.27-39 há uma denúncia da espiritualidade superficial, fétida e aparente que mata os profetas e rejeita o colo amoroso de Deus. 

O questionamento de Jesus é de extrema relevância para nossa interpretação hoje, pois, sem dúvida alguma, a narrativa bíblica desafia-nos mais uma vez para o dilema da alteridade. Como ser cristão e não viver em solidariedade? Como ser cristão e não defender a causa dos imigrantes? Como achar que é normal gays sangrarem até a morte? Como se conformar com o extermínio da juventude negra? Como ficar em silêncio diante de mulheres que são agredidas?

Em MT 23.27-39 há uma denúncia da espiritualidade superficial, fétida e aparente que mata os profetas e rejeita o colo amoroso de Deus. 

Confira a reflexão do evangelho sobre Lc 10.25-37, partilhada pelo Reverendo Cláudio Márcio.
 
Quem é o meu próximo? Essa é uma questão central para nossa caminhada enquanto cristãos reformados e ecumênicos na América Latina, pois, durante muito tempo, fomos tratados como corpo objeto que podia ser vendido, escravizado, brutalizado, acorrentado, humilhado e massacrado sem piedade alguma. Ter ou não ter alma? Humano ou não humano?

O processo civilizador cristão, machista, branco, europeu (com a Bíblia na mão e a cruz que se transformou em espada) gerou muita violência e opressão para povos originários e africanos. Sabe-se que em nome de deus, da ciência, da economia, da modernidade e da tecnologia, grupos sociais subjugaram outros grupos e muito sangue foi derramado. Aqui não cabe saber quem é mais ou menos culpado, mas, faço apenas um convite para uma reflexão mais séria e complexa que precisa ser estabelecida. Há redes construídas dentro de processos históricos e sociais e a bíblia, por exemplo, fez parte da construção do ocidente com muitas ambivalências de vida e morte.

Numa abordagem sócio-antropológica, é possível afirmar que cada grupo social possuí suas regras e paradigmas de socialização, isto é, seus ritos de passagem, seus valores, suas múltiplas formas de viver e interpretar o cotidiano. Com efeito, há uma diversidade de expressões culturais que deve ser respeitada e garantida no processo histórico.

Entretanto, é importante ressaltar que segundo o sociólogo francês Émile Durkheim: “ao classificar algo você hierarquiza”, assim sendo, o modelo europeu foi imposto como superior e naturalizado ao longo dos anos. Todavia, há e sempre haverá, resistências e maneiras de (re)criar a vida e as relações sociais.

Uma das formas de resistir é a partir da releitura do texto sagrado dos cristãos, logo, o que está escrito na Lei? Como lês? Não basta pertencer a tradição e ou ler a bíblia. O questionamento de Jesus é de extrema relevância para nossa interpretação hoje, pois, sem dúvida alguma, a narrativa bíblica desafia-nos mais uma vez para o dilema da alteridade. Como ser cristão e não viver em solidariedade? Como ser cristão e não defender a causa dos imigrantes? Como achar que é normal gays sangrarem até a morte? Como se conformar com o extermínio da juventude negra? Como ficar em silêncio diante de mulheres que são agredidas?

Em MT 23.27-39 há uma denúncia da espiritualidade superficial, fétida e aparente que mata os profetas e rejeita o colo amoroso de Deus. A experiência de Jesus de Nazaré é um grande convite para nossa conversão, ou seja, o amor precisa vencer o ódio. É preciso aprender a perdoar, a mudar, a recriar, a seguir. O outro é o espelho da nossa humanização mútua, isto é, o convite de Jesus é para uma espiritualidade da solidariedade, do cuidado, da compaixão e do serviço.

É necessário agir de maneira íntegra e com empatia, uma vez que: “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”(Gl 3.28).

Irmãos e irmãs, a responsabilidade que temos é muito grande, todavia, sabemos também que é uma alegria e um prazer servir ao Senhor. Lembrem-se: não é suficiente ser religioso! O que temos feito com aqueles e aquelas que encontramos no caminhar? Encerro com um fragmento do diálogo dos personagens Chicó e João Grilo no filme O Alto da Compadecida: “Jesus às vezes se disfarça de mendigo pra testar a bondade dos homens”.


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Cláudio Márcio é bacharel em Teologia pelo STBNe, bacharel e mestre em Ciências Sociais pela UFRB, e Reverendo da Igreja Presbiteriana Unida em Muritiba-BA. Publica no blog Teologando na Serra.

Mais uma tragédia de migrantes no Mediterrâneo: 150 mortos

Dois barcos com cerca de 300 pessoas a bordo, naufragaram nas águas do Mar Mediterrâneo nas proximidades de Khoms, cerca de 120 km de Trípoli na Líbia. Depois de serem ajudados somente por alguns pescadores, receberam cuidados médicos das ONGs locais


As equipes dos Médicos Sem Fronteiras na Líbia, socorreram no porto de Khoms os sobreviventes do naufrágio desta quinta-feira (25) que causou a morte de pelo menos 70 pessoas e 100 desaparecidos. “A terrível notícia deste novo trágico naufrágio, demonstra mais uma vez a altíssimo preço em vidas humanas da atual situação na Líbia. Mostra também a falta de uma adequada capacidade de busca e socorro no Mediterrâneo”, são palavras Julien Raickman chefe da missão dos Médicos Sem Fronteira na Líbia. “Há mais de 100 desaparecidos, dos quais muitos podem ter se afogado, segundo os primeiros testemunhos dos sobreviventes atendidos pelos MSF. A equipe atendeu os casos mais graves e prestaram os primeiros socorros. Os pacientes estavam em estado de choque com sintomas de pré-afogamento como hipoxia e hipotermia”.

ONU. A pior tragédia deste ano no Mediterrâneo

Segundo Filippo Grandi do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) trata-se da pior tragédia deste ano no Mediterrâneo. Filippo Grandi fez também o pedido para que “retomem o resgate das pessoas no mar, acabem com a detenção de refugiados e migrantes na Líbia, aumentem os itinerários seguros fora da Líbia, estas medidas, conclui, devem ser colocadas em ação agora, antes que seja tarde demais para muitas pessoas desesperadas”.

Save the Children: a Europa não pode ficar indiferente diante das tragédias

Para a ONG Save the Children é “absolutamente inaceitável que a Europa permaneça indiferente diante de todas essas tragédias às suas portas. Segundo os últimos dados, nos primeiros 5 meses deste ano 1 pessoa de cada 14 que tentaram atravessar o Mediterrâneo perderam a vida e nestes casos os menores são os mais vulneráveis. Enquanto a situação da segurança na Líbia piora a cada dia os refugiados e migrantes têm poucas opções: ou ficam encarcerados no país, tentam a travessia do Mediterrâneo ou do deserto do Sahaara. É preciso recordar que entre os migrantes há muitos menores, adolescentes e algumas vezes até crianças que viajam sozinhas. Para a ONG, “salvar vidas humanas deve ser a principal preocupação dos Estados membros da União Europeia. Também é indispensável que a comunidade internacional, em primeiro lugar a Europa, multiplique seus esforços para encontrar itinerários seguros longe das áreas de crise, evitando que milhares de pessoas tenham que confiar em traficantes que colocam suas vidas em perigo para atravessar o Mar Mediterrâneo, como demonstrou mais uma vez esta tragédia”.  

Fonte: Vatican News

Hoje, 26 de julho memória dos santos Joaquim e Ana. Dia dos avós e idosos


Hoje memória dos santos Joaquim e Ana. Dia dos avós e idosos

Pais de Nossa Senhora e avós de Jesus, como educadores são ponto de referência para jovens e idosos para um renovado olhar sobre a vocação da velhice.

A memória de Joaquim e Ana que a Igreja celebra neste dia, 26 de julho, representa forte testemunho e um chamado a refletir sobre a importância dos pais – eram os pais da Virgem Maria – e de ser avós nos dias de hoje, neste século incerto e carente de pontos de referências. Bento XVI já recordava em 2012: “A qualidade de uma sociedade, gostaria de dizer de uma civilização, julga-se também pelo modo como se tratam os idosos e pelo lugar que lhes reservam na vida comum”.

“ Uma civilização onde não se reza mais é uma civilização onde a velhice não tem mais sentido. E isso é assustador, nós precisamos de idosos que rezem, porque a velhice nos é dada para isso – Olivier Clément ”

Como as árvores que continuam a dar fruto

Papa Francisco dirigiu também várias vezes sua atenção aos idosos, com respeito e afeto para os que vivem esta idade não fácil, mas ainda rica de recursos. No discurso aos idosos durante o encontro de 15 de outubro de 2016 assim os definia:

“ São como as árvores que continuam a dar fruto: mesmo carregados com o peso dos anos, podem dar a sua contribuição original para uma sociedade rica de valores e para a afirmação da cultura da vida. ”

Combater a cultura do descarte

Se por um lado os ritmos e as necessidades da sociedade de hoje parecem não ter freios quanto a “cultura do descarte” – onde são desprezados os que não são produtivos – por outro lado, como um contraponto ou mesmo provocação, Papa Francisco se manifesta em favor dos mais fracos, das crianças e dos “abuelos”, como por ocasião da sua visita apostólica a Pietrelcina no centenário das aparições dos estigmas de Padre Pio e 50º aniversário da morte do Santo:

“ Não falte uma atenção solícita e cheia de ternura aos idosos, que são um patrimônio incomparável das nossas comunidades. Gostaria que um dia se atribuísse o prêmio Nobel aos idosos, que são a memória da humanidade. ”

Lições de uma avó

Continuando em uma dimensão concreta, típica do Papa, como não lembrar da história contada por ele mesmo durante sua meditação matutina na Capela da Casa Santa Marta. Era o ano de 1992 e o então bispo auxiliar de Buenos Aires, Bergoglio, estava para celebrar uma crisma quando se aproximou “uma senhora idosa, de oitenta anos, com os olhos que viam além, com olhos cheios de esperança. E eu disse-lhe: ‘Avó, a senhora vem para se confessar? Mas não tem pecados!’. À resposta da senhora — ‘Padre, todos temos!’ — Bergoglio retorquiu: ‘Mas talvez o Senhor não os perdoe?’. E a senhora, forte na sua esperança: ‘Deus perdoa tudo, porque se Deus não perdoasse tudo, o mundo não existiria!’”.

Oração dos idosos, uma dádiva para a Igreja

Aos distraídos, e aos muito ocupados que não têm tempo, Papa Francisco recordou muitas vezes que há os que cantam os sinais de Deus para eles também:

“ A oração dos anciãos e dos avós é uma dádiva para a Igreja uma riqueza! Uma grande dose de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo para aquela que vive demasiado ocupada, absorvida, distraída. Contudo, também por eles alguém deve cantar os sinais de Deus, proclamar os sinais de Deus, rezar por eles! ”

Fonte: Vatican News

Hoje celebramos o dia dos "Avós"