29 dezembro, 2023

O Girassol desabrochou e nos encantou!

Instrumental: “Canção de Esperança” - Flávia Wenceslau


 

Feliz Ano Novo!

Que nesse Ano de Dois Mil e Vinte e Quatro, o Deus Libertador, o Deus da Paz, nos conceda a Paz Inquieta.



A Paz Inquieta – Dom Pedro Casaldaliga


Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta
Que denuncia a PAZ dos cemitérios
E a PAZ dos lucros fartos.

Dá-nos a PAZ que luta pela PAZ!
A PAZ que nos sacode
Com a urgência do Reino.

A PAZ que nos invade,
Com o vento do Espírito,
A rotina e o medo,
O sossego das praias
E a oração de refúgio.
A PAZ das armas rotas
Na derrota das armas.

A PAZ do pão da fome de justiça,
A PAZ da liberdade conquistada,
A PAZ que se faz “nossa”
Sem cercas nem fronteiras,
Que é tanto “Shalom” como “Salam”,
Perdão, retorno, abraço…

Dá-nos a tua PAZ,
Essa PAZ marginal que soletra em Belém
E agoniza na Cruz
E triunfa na Páscoa.

Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta,
Que não nos deixa em PAZ!

Senhor lhe conceda a paz!

“Senhor o abençoe e guarde! Senhor lhe mostre seu rosto brilhante e tenha piedade de você! Senhor lhe mostre seu rosto e lhe conceda a paz!’ (Número, 6,24-26)


27 dezembro, 2023

Os povos querem a paz!

"À intercessão do primeiro mártir confio a súplica pela paz dos povos devastados pela guerra: vimos a Síria, vemos Gaza. Recordamos da martirizada Ucrânia. Um deserto de morte. Os povos querem a paz. Rezemos pela paz. Lutemos pela paz." (Papa Francisco)


23 dezembro, 2023

Feliz Natal!

Feliz Natal!
Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo, o Senhor.


Natal!

“Trata-se de uma alegria mais autêntica, da qual somos chamados a redescobrir o sabor. É uma alegria que toca o íntimo de nosso ser, enquanto esperamos Aquele que já veio trazer a salvação ao mundo, o Messias prometido, nascido em Belém da Virgem Maria”. (Papa Francisco)

Maria, humilde jovem de Nazaré!

Maria, humilde jovem de Nazaré!

"Maria, humilde jovem de Nazaré, fervorosa crente judia, esperava a realização da promessa de Deus. Ela entra em diálogo com Deus, é a sua Anunciação. Deus, como sempre, toma a iniciativa: Ele vem, de improviso, ao encontro daquela que encheu de graças e com a qual Ele já está. Maria está perturbada porque Deus surpreende sempre. Deus tranquiliza-a, lembrando-lhe que é Ele que toma a iniciativa. Ele quer associar uma das suas criaturas ao seu projeto de salvação: o filho chamar-se-á “Jesus”, “Deus salva”. Maria interroga antes de dar a sua resposta: “Como será isso?” Ela procura esclarecer a sua fé. Deus responde-lhe, assegurando-lhe a sua presença pelo seu Espírito, e Ele dá-lhe um sinal, porque sabe que as suas criaturas precisam de sinais para crer: a sua prima conceberá na sua velhice. E Ele recorda-lhe que nada Lhe é impossível. Maria dá a sua resposta: a Palavra de Deus é segura, ela pode ter confiança. E esta Palavra torna-se carne na sua carne."

Fonte: Dehonianos

21 dezembro, 2023

Três verbos: Escutar, Discernir, Caminhar!

“Escutar 'de joelhos' é o melhor modo para escutar de verdade, pois significa que estamos diante do outro, não na posição de quem pensa que sabe tudo, mas ao contrário abrindo-nos ao mistério do outro”.

Discernimento é importante para todas e todos, para não cair na pretensão de já saber tudo, “repetindo simplesmente esquemas, sem considerar que o Mistério de Deus sempre nos supera e que a vida das pessoas e a realidade que nos rodeia são e sempre permanecerão superiores às ideias e teorias. A vida é superior às ideias, sempre”.

Caminhar, “É preciso coragem para caminhar, para ir mais longe. É uma questão de amor”


Vatican News

Hoje é dia de felicitações natalinas no Vaticano. A primeira audiência do Papa foi com os membros da Cúria Romana, reunidos na Sala das Bênçãos. Aos cardeais, dirigiu um discurso inspirado em alguns dos principais personagens do Natal para ressaltar três verbos: escutar, discernir, caminhar.

Num tempo ainda marcado tristemente pelas violências da guerra, pelas alterações climáticas, pela pobreza e pela fome, disse o Papa, sempre precisamos ouvir e receber o anúncio de que “Deus vem”.

Escutar "de joelhos"

Maria, portanto, inspira o escutar. A jovem de Nazaré deu ouvidos ao anúncio do Anjo e abriu o coração ao projeto de Deus. Escutar é um verbo bíblico que não diz respeito apenas ao ouvido, mas requer o envolvimento do coração e consequentemente da própria vida. E não só: Maria compreende que é destinatária de um dom inestimável e, “de joelhos”, isto é, com humildade e maravilha, coloca-se à escuta.

“Escutar 'de joelhos' é o melhor modo para escutar de verdade, pois significa que estamos diante do outro, não na posição de quem pensa que sabe tudo, mas ao contrário abrindo-nos ao mistério do outro.”

Às vezes, se corre o risco de ser como lobos vorazes: procura-se de imediato devorar as palavras do outro, sem verdadeiramente as escutar. Por isso, a exortação do Papa é para aprender a contemplação na oração, permanecendo de joelhos diante do Senhor, mas com o coração e não apenas com as pernas.

“Escutemo-nos mais, sem preconceitos, com abertura e sinceridade; com o coração de joelhos.”

A coragem do discernimento

A escuta mútua leva ao segundo verbo: discernir, que Francisco desenvolve a partir de João Batista. Jesus não era como ele O esperava e por isso o próprio Precursor deve converter-se à novidade do Reino, deve ter a humildade e a coragem de fazer discernimento.

De igual modo, disse o Papa, o discernimento é importante para todos, para não cair na pretensão de já saber tudo, “repetindo simplesmente esquemas, sem considerar que o Mistério de Deus sempre nos supera e que a vida das pessoas e a realidade que nos rodeia são e sempre permanecerão superiores às ideias e teorias. A vida é superior às ideias, sempre”.

O discernimento deve ajudar no trabalho da Cúria a ser dóceis ao Espírito Santo, para poder escolher as orientações e tomar as decisões, não com base em critérios mundanos nem simplesmente aplicando regulamentos, mas segundo o Evangelho.

Só caminha quem ama

Por fim, a terceira palavra: caminhar, inspirado pelo movimento dos Magos.

A alegria do Evangelho, explicou o Pontífice, desencadeia em nós o impulso do seguimento, provocando um verdadeiro êxodo de nós mesmos e encaminhando-nos para o encontro com o Senhor. A fé cristã, recordou, não pretende confirmar as nossas seguranças. Pelo contrário, coloca-nos em viagem.

“Também aqui, no serviço da Cúria é importante permanecer a caminho, não cessar de procurar e aprofundar a verdade, vencendo a tentação de ficar parado e «labirintar» dentro dos nossos recintos e dos nossos medos.”

Os medos, a rigidez, a repetição dos esquemas, prosseguiu o Papa, geram uma situação estática, que tem a vantagem aparente de não criar problemas – quieta non movere –, mas levam a girar sem resultado nos nossos labirintos, penalizando o serviço que são chamados a oferecer à Igreja e ao mundo inteiro.

“Permaneçamos vigilantes contra a fixidez da ideologia”, pediu Francisco. Quando o serviço que se realiza corre o risco de se tornar morno, rígido ou medíocre, preso nas redes da burocracia e da insignificância, é preciso olhar para o alto, recomeçar a partir de Deus.

Para Francisco, hoje a dificuldade é transmitir paixão a quem já há muito tempo a perdeu: “À distância de sessenta anos do Concílio, ainda se debate sobre a divisão entre 'progressistas' e 'conservadores', e esta não é a diferença. A verdadeira diferença central está entre 'apaixonados' e 'habituados'. Esta é a diferença. Só quem ama pode caminhar”.

"Não percamos o humorismo"

O Papa concluiu agradecendo aos cardeais pelo trabalho e dedicação, sobretudo aquele realizado no silêncio.

“Que o Senhor Jesus, Verbo Encarnado, nos dê a graça da alegria no serviço humilde e generoso. E, por favor, não percamos o humorismo. E, diante do presépio, façam uma oração por mim.”

Como é tradição, o Santo Padre presenteou os cardeais com três livros de sua autoria: "Santos, não mundanos. A graça de Deus nos salva da corrupção interior" e "Natal. Homilias e discursos selecionados" e "Papa Francisco. Dez anos juntos. As felicitações da Cúria Romana 2013-2023".

19 dezembro, 2023

Declaração doutrinária abre para bênçãos para casais "irregulares"

Dichiarazione “Fiducia supplicans” sul senso pastorale delle benedizioni del Dicastero per la Dottrina della Fede, 18.12.2023.



Declaração doutrinária abre para bênçãos para casais "irregulares"

Com a "Fiducia supplicans" do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovada pelo Papa, será possível abençoar casais formados por pessoas do mesmo sexo, mas fora de qualquer ritualização e imitação do matrimônio. A doutrina sobre o matrimônio não muda, a bênção não significa aprovação da união

Vatican News

Diante do pedido de duas pessoas para serem abençoadas, mesmo que sua condição de casal seja "irregular", será possível para o ministro ordenado consentir. Mas sem que esse gesto de proximidade pastoral contenha elementos minimamente semelhantes a um rito matrimonial. Isso é o que diz a declaração "Fiducia supplicans" sobre o significado pastoral das bênçãos, publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e aprovada pelo Papa. Um documento que aprofunda o tema das bênçãos, distinguindo entre as bênçãos rituais e litúrgicas e as bênçãos espontâneas, que se assemelham mais a gestos de devoção popular: é precisamente nessa segunda categoria que agora contemplamos a possibilidade de acolher também aqueles que não vivem de acordo com as normas da doutrina moral cristã, mas pedem humildemente para serem abençoados. Desde agosto, de 23 anos atrás, o antigo Santo Ofício não publicava uma declaração (a última foi em 2000, "Dominus Jesus"), um documento de alto valor doutrinário.

"Fiducia supplicans" começa com uma introdução do prefeito, cardeal Victor Fernandez, que explica que a declaração aprofunda o "significado pastoral das bênçãos", permitindo que "sua compreensão clássica seja ampliada e enriquecida" por meio de uma reflexão teológica "baseada na visão pastoral do Papa Francisco". Uma reflexão que "implica um verdadeiro desenvolvimento em relação ao que foi dito sobre as bênçãos" até agora, chegando a incluir a possibilidade "de abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo, sem validar oficialmente seu status ou modificar de qualquer forma o ensino perene da Igreja sobre o casamento".

Após os primeiros parágrafos (1-3), em que o pronunciamento anterior de 2021 é lembrado e agora ampliado, a declaração apresenta a bênção no sacramento do matrimônio (parágrafos 4-6), declarando "inadmissíveis ritos e orações que possam criar confusão entre o que é constitutivo do matrimônio" e "o que o contradiz", a fim de evitar reconhecer de alguma forma "como matrimônio algo que não é". Reitera-se que, de acordo com a "doutrina católica perene", somente as relações sexuais dentro do casamento entre um homem e uma mulher são consideradas lícitas.

Um segundo grande capítulo do documento (parágrafos 7-30) analisa o significado das várias bênçãos, que têm como destino pessoas, objetos de devoção, lugares de vida. O documento lembra que, "de um ponto de vista estritamente litúrgico", a bênção exige que o que é abençoado "esteja em conformidade com a vontade de Deus expressa nos ensinamentos da Igreja". Quando, com um rito litúrgico específico, "se invoca uma bênção sobre certas relações humanas", é necessário que "o que é abençoado possa corresponder aos desígnios de Deus inscritos na Criação" (11). Portanto, a Igreja não tem o poder de conferir uma bênção litúrgica a casais irregulares ou do mesmo sexo. Mas é preciso evitar o risco de reduzir o significado das bênçãos apenas a esse ponto de vista, exigindo para uma simples bênção "as mesmas condições morais que são exigidas para a recepção dos sacramentos" (12).

Depois de analisar as bênçãos nas Escrituras, a declaração oferece um entendimento teológico-pastoral. Quem pede uma bênção "se mostra necessitado da presença salvadora de Deus em sua história", porque expressa "um pedido de ajuda de Deus, uma súplica por uma vida melhor" (21). Esse pedido deve ser acolhido e valorizado "fora de uma estrutura litúrgica", quando se encontra "em uma esfera de maior espontaneidade e liberdade" (23). Olhando para elas da perspectiva da piedade popular, "as bênçãos devem ser valorizadas como atos de devoção". Para conferi-las, portanto, não há necessidade de exigir "perfeição moral prévia" como pré-condição.

Aprofundando essa distinção, com base na resposta do Papa Francisco às dubia dos cardeais publicada em outubro passado, que pedia um discernimento sobre a possibilidade de "formas de bênção, solicitadas por uma ou mais pessoas, que não transmitam uma concepção errônea do matrimônio" (26), o documento afirma que esse tipo de bênção "é oferecido a todos, sem pedir nada, fazendo com que as pessoas sintam que continuam abençoadas apesar de seus erros e que "o Pai celeste continua a querer o seu bem e a esperar que elas finalmente se abram ao bem" (27).

Existem "várias ocasiões em que as pessoas vêm espontaneamente pedir uma bênção, seja em peregrinações, em santuários, ou mesmo na rua quando encontram um sacerdote", e tais bênçãos "são dirigidas a todos, ninguém pode ser excluído" (28). Portanto, permanecendo proibido de ativar "procedimentos ou ritos" para esses casos, o ministro ordenado pode unir-se à oração daquelas pessoas que "embora em uma união que de modo algum pode ser comparada ao matrimônio, desejam confiar-se ao Senhor e à sua misericórdia, invocar a sua ajuda, ser guiados a uma maior compreensão do seu plano de amor e de verdade" (30).

O terceiro capítulo da declaração (parágrafos 31-41), portanto, abre a possibilidade dessas bênçãos, que representam um gesto para aqueles que "reconhecendo-se indigentes e necessitados de sua ajuda, não reivindicam a legitimidade de seu próprio status, mas imploram que tudo o que é verdadeiro, bom e humanamente válido em suas vidas e relacionamentos seja investido, curado e elevado pela presença do Espírito Santo" (31). Essas bênçãos não devem ser normalizadas, mas confiadas ao "discernimento prático em uma situação particular" (37). Embora o casal seja abençoado, mas não a união, a declaração inclui entre o que é abençoado o relacionamento legítimo entre as duas pessoas: na "breve oração que pode preceder essa bênção espontânea, o ministro ordenado pode pedir paz, saúde, espírito de paciência, diálogo e ajuda mútua, bem como a luz e a força de Deus para poder cumprir plenamente a sua vontade" (38). Também é esclarecido que, para evitar "qualquer forma de confusão e escândalo", quando um casal irregular ou do mesmo sexo pede uma bênção, "ela nunca será realizada ao mesmo tempo que os ritos civis de união ou mesmo em conexão com eles. Nem mesmo com as roupas, os gestos ou as palavras próprias de um casamento" (39). Esse tipo de bênção "pode encontrar seu lugar em outros contextos, como uma visita a um santuário, um encontro com um sacerdote, uma oração recitada em um grupo ou durante uma peregrinação" (40).

Por fim, o quarto capítulo (parágrafos 42-45) nos lembra que "mesmo quando o relacionamento com Deus está obscurecido pelo pecado, sempre é possível pedir uma bênção, estendendo a mão a Ele" e desejá-la "pode ser o melhor possível em algumas situações" (43).

12 dezembro, 2023

Onde conservar as cinzas dos defuntos? Duas respostas do Dicastério para a Doutrina da Fé

O cardeal Zuppi havia perguntado se era possível mantê-las em locais comuns, semelhantes aos ossuários, e se uma pequena parte poderia ser mantida em um local significativo para o falecido. Sim, em ambos os casos. Deve-se evitar todo e qualquer equívoco panteísta, naturalista ou niilista.


Vatican News

Será possível predispor um lugar sagrado "para a acumulação e conservação comunitária das cinzas dos batizados falecidos", ou seja, um cinerário comunitário onde as cinzas individualmente consideradas são depositadas. É o que afirma o Dicastério para a Doutrina da Fé em resposta a duas perguntas do arcebispo de Bolonha, norte da Itália, Matteo Zuppi, sobre o tema da cremação dos fiéis defuntos. A segunda resposta afirma que a autoridade eclesiástica também pode considerar e avaliar o pedido dos membros da família para manter uma "parte mínima" das cinzas de uma pessoa falecida em um local significativo para a história da pessoa que morreu.

O cardeal Zuppi, diante do "aumento da escolha de cremar o falecido" e de dispersar as cinzas na natureza, também para "não deixar que prevaleçam as razões econômicas, sugeridas pelo menor custo da dispersão, e dar indicações para o destino das cinzas, uma vez expirado o prazo para a sua preservação", desejando "corresponder não só ao pedido dos familiares, mas sobretudo à proclamação cristã da ressurreição dos corpos e do respeito devido a eles", apresentou estas questões. A primeira: "Levando em conta a proibição canônica de espalhar as cinzas de uma pessoa falecida - semelhante ao que acontece nos ossuários - é possível predispor um local sagrado definido e permanente para a acumulação e preservação comunitária das cinzas de pessoas batizadas falecidas, indicando para cada uma delas os dedos pessoais?". E a segunda: "Pode-se permitir que uma família guarde parte das cinzas de um familiar em um lugar significativo para a história do falecido?"

O Dicastério, em um texto assinado pelo cardeal prefeito Victor Fernandez e aprovado pelo Papa em 9 de dezembro, responde afirmativamente. Em primeiro lugar, lembra que, de acordo com a Instrução Ad resurgendum cum Christo 2016 (nº 5), "as cinzas devem ser mantidas em um lugar sagrado (cemitério), e também em uma área especificamente dedicada a esse fim, desde que tenha sido designada para esse fim pela autoridade eclesiástica". As razões para essa escolha são citadas, a saber, a necessidade de "reduzir o risco de remover o falecido da memória e das orações dos parentes e da comunidade cristã" e evitar "o esquecimento e a falta de respeito", bem como "práticas inconvenientes ou supersticiosas".

Em seguida, é lembrado: "Nossa fé nos diz que seremos ressuscitados com a mesma identidade corporal que é material", embora "essa matéria será transfigurada, liberada das limitações deste mundo. Nesse sentido, a ressurreição será nesta carne em que vivemos agora". Mas essa transformação "não implica a recuperação das partículas idênticas de matéria que formavam o corpo". Portanto, o corpo ressuscitado "não consistirá necessariamente dos mesmos elementos que tinha antes de morrer. Não se tratando de uma simples revivificação do cadáver, a ressurreição pode ocorrer mesmo que o corpo tenha sido totalmente destruído ou disperso. Isso nos ajuda a entender por que em muitos cemitérios as cinzas dos falecidos são mantidas todas juntas, sem mantê-las em lugares separados".

Em seguida, o Dicastério ressalta que "as cinzas do falecido procedem de restos materiais que fizeram parte do percurso histórico vivido pela pessoa, a ponto de a Igreja ter um cuidado e uma devoção especiais pelas relíquias dos Santos. Esse cuidado e essa memória também nos levam a uma atitude de respeito sagrado" em relação às cinzas, que "guardamos em um lugar sagrado e adequado para a oração".

ortanto, o Dicastério responde a Zuppi que "é possível predispor de um lugar sagrado, definido e permanente, para a acumulação e conservação comunitária das cinzas dos batizados falecidos, indicando para cada um os dados pessoais para não dispersar a memória nominal". A Igreja, por conseguinte, admite a possibilidade de depositar as cinzas em um lugar comum, como acontece com os ossuários, mas preservando a memória nominal de cada um dos falecidos individualmente. Por fim, afirma-se que, excluindo todo e "qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista", em conformidade com as normas civis, se as cinzas do falecido forem mantidas em um local sagrado, a autoridade eclesiástica "pode considerar e avaliar um pedido de uma família para preservar devidamente uma parte mínima das cinzas de seu parente em um local significativo" para sua história.

Em resposta a uma pergunta da mídia vaticana, o Dicastério explicou que a intervenção e a avaliação da autoridade eclesiástica não são apenas canônicas, mas também de natureza pastoral, para ajudar a família a discernir quais escolhas fazer, levando em conta todos os fatores.

Considerando que algumas legislações não permitem que as cinzas do falecido sejam divididas, o Dicastério acrescentou que a segunda pergunta surgiu de um diálogo entre bispos de diferentes países, aos quais o cardeal Zuppi deu voz, e considerou a possibilidade de um ponto de vista teológico e não civil, como foi posteriormente esclarecido na resposta.

11 dezembro, 2023

08 dezembro, 2023

O Papa à Imaculada: trazemos sob o vosso olhar tantas mães que estão sofrendo

(...) Em sua oração, feita aos pés do monumento dedicado a Nossa Senhora após ser depositado um cesto de rosas brancas, o Papa se dirigiu à Virgem dizendo: "Nós nos 
dirigimos a vós com nossos corações divididos entre a esperança e a angústia".



Pelos povos oprimidos pela guerra

Francisco pediu a Maria pelos povos oprimidos pela guerra, pela injustiça e pela pobreza:

Mãe, voltai vossos olhos de misericórdia para todos os povos oprimidos pela injustiça e pela pobreza, provados pela guerra; olhai para o atormentado povo ucraniano, para o povo palestino e para o povo israelense, mergulhados novamente na espiral da violência.


Pelas mães que sofrem por seus filhos

O Santo Padre pediu pelas mães que, por diferentes motivos, em tantas partes do mundo, sofrem por seus filhos:

Mãe Santíssima, trazemos aqui, sob vosso olhar tantas mães que, como vos ocorreu, estão sofrendo. Mães que choram seus filhos mortos pela guerra e pelo terrorismo. As mães que os veem partir para viagens de desesperada esperança. E também as mães que tentam libertá-los das amarras do vício, e aquelas que os assistem em uma doença longa e difícil.


Pelas mulheres vítimas da violência

O olhar do Santo Padre voltou-se também para a situação de violência de que muitas mulheres são vítimas, confiando-as a Maria, como mulher:

Hoje, Maria, precisamos de vós como mulher para confiar-vos todas as mulheres que sofreram violência e aquelas que ainda são vítimas dela, nesta cidade, na Itália e em todas as partes do mundo. Vós as conheceis uma a uma, conheceis seus rostos. Enxugai, vos pedimos, suas lágrimas e as de seus entes queridos. E ajudai-nos a trilhar um caminho de educação e purificação, reconhecendo e combatendo a violência que se esconde em nossos corações e em nossas mentes e pedindo a Deus que nos livre dela.


Conversão do coração

Francisco concluiu sua oração pedindo a nossa Mãe Santíssima que nos mostre o caminho da conversão do coração:

Mostrai-nos novamente, ó Mãe, o caminho da conversão, pois não há paz sem perdão e não há perdão sem arrependimento. O mundo muda se os corações mudarem; e cada um deve dizer: começando pelo meu. Mas somente Deus pode mudar o coração humano com sua graça: a graça na qual vós, Maria, estais imersa desde o primeiro momento.

Antes de deixar a Praça de Espanha, o Santo Padre deteve-se ainda por alguns instantes a saudar alguns fiéis, peregrinos e turistas presentes, agentes das forças da ordem, voltando em seguida para o Vaticano.

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Thulio Fonseca/Raimundo de Lima - Vatican News


01 dezembro, 2023

Arte ajudando as comunidades na recepção da nova edição do Missal Romano

Artes que vão ajudar nossas comunidades a compreender melhor as mudanças da nova edição do Missal Romano.

"Não se mudou o rito da Missa, mas apenas os textos contidos no Missal, a fim de atender a uma maior fidelidade ao original latino e à maior fidelidade ao original latino e à dimensão poética dos textos, garantindo uma sóbria elegância característica do rito romano." (Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Maringá)











29 novembro, 2023

ONU marca Dia de Solidariedade Palestina em meio à crise humanitária em Gaza

Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destaca situação, reforça apelo por cessar-fogo, apoio à Unrwa e solução de dois Estados para conflito; eventos incluem exposição na sede em Nova Iorque sobre história do povo palestino.


O Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino é marcado pela “catástrofe humanitária” em Gaza, segundo o secretário-geral da ONU. António Guterres lembra que a data assinalada neste 29 de novembro ocorre “durante um dos capítulos mais sombrios na história do povo palestino”.

O dia é celebrado desde 1977, lembrando a Resolução 181 sobre a Partilha da Palestina, adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1947.

Não há lugar seguro em Gaza

Este ano, o chefe da ONU lembra dos quase 1,7 milhão de pessoas que foram obrigadas a deixar suas casas, mas são incapazes de encontrar lugares seguros.

Guterres também cita a situação na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, que “corre o risco de explodir”.

Ele voltou a expressar suas condolências às milhares de famílias que estão de luto, incluindo os membros das Nações Unidas mortos em Gaza, representando a maior perda de pessoal na história da organização.

O secretário-geral condenou novamente os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro. Ele adiciona que também deixou claro que os atos não podem justificar o “castigo coletivo do povo palestino”.

Cessar-fogo de longo prazo

Guterres avalia que, em toda a região, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina é um recurso indispensável, fornecendo apoio vital a milhões de refugiados palestinos.

Por isso, ele afirma que é “mais importante do que nunca” que a comunidade internacional apoie a Unrwa como fonte de apoio para o povo palestino.

Para o chefe da ONU, a data deve reafirmar a solidariedade internacional com o povo palestino e seu direito de viver em paz e dignidade, exigindo o fim da ocupação e do bloqueio de Gaza.

Assim, ele afirma que isso deve começar com um cessar-fogo humanitário de longo prazo, acesso irrestrito à ajuda, libertação de todos os reféns, proteção de civis e o fim das violações do direito humanitário internacional.

Solução de dois Estados

O secretário-geral da ONU destaca que “já passou da hora de avançar de forma determinada e irreversível para uma solução de dois Estados”.

Guterres afirma que o acordo deve ter como base as resoluções das Nações Unidas e o direito internacional, tendo Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz e segurança, com Jerusalém como capital de ambos os Estados.

Ele concluiu sua mensagem para a data reafirmando o compromisso das Nações Unidas com o povo palestino “para alcançar seus direitos inalienáveis e construir um futuro de paz, justiça, segurança e dignidade para todos”.

Celebrações

Este ano, a comemoração do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino ocorre nos complexos da ONU em Nova Iorque, Genebra, Nairóbi e Viena.

O Comitê das Nações Unidas para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino será responsável pela cerimônia na sede da ONU em Nova Iorque com o apoio da Divisão de Direitos Palestinos no Departamento de Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz.

Além disso, uma exposição será lançada nesta quarta-feira. "Palestina: Uma Terra com um Povo" relata a sobre Nakba, epicentro da crise. Em 1948, mais da metade do povo palestino se tornou refugiado, dezenas de milhares foram mortos e 500 aldeias e comunidades foram destruídas.

Este ano marca o 75º ano do episódio. Pela primeira vez na história das Nações Unidas, a data foi comemorada com base em um mandato da Assembleia Geral.

Esta exposição conta a história palestina antes, durante e depois da Nakba. De acordo com a ONU, a mostra retrata experiências de deslocamento e desapropriação, esperança de alcançar justiça e aspirações de vida em liberdade, estabilidade, dignidade e paz em sua terra natal.

Fonte: ONU NEWS

22 novembro, 2023

O Papa garante que a invasão de Gaza “já não é uma guerra, é terrorismo”

Hoje, quarta-feira, após a Audiência Geral, o Papa Francisco disse:



"Esta manhã recebi duas delegações, uma de israelenses que têm familiares com reféns em Gaza e outra de palestinos que têm familiares mantidos em cativeiro em Israel. Eles sofrem muito. E senti como os dois sofrem. As guerras fazem isso, mas aqui fomos além das guerras. Isto não é guerra, é terrorismo. Por favor, vamos em frente pela paz, rezemos muito pela paz. Que o Senhor ponha aí a mão, que o Senhor nos ajude a resolver os problemas e a não continuar com as paixões que acabam por matar a todos. Rezemos pelo povo palestino e israelense, para que a paz chegue."

A informação é de Il Sismografo e Religión Digital, 22-11-2023.

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Fonte: IHU

20 novembro, 2023

Dia da Consciência negra

Consciência Negra não é somente as negras e negros, ela precisa ser acolhida e assumida por todo a humanidade, independentemente da cor e classe social.



18 novembro, 2023

33º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Reflexão: - Domingo,19 de novembro de 2023

33º Domingo do Tempo Comum, Ano A


Leituras:

Pr 31,10-13.19-20.30-31
Sl 127(128),1-2.3.4-5ab (R. cf. 1a)
1Ts 5,1-6 ou mais breve 25,14-15.19-21
Mt 25,14-30


Celebrando o 33º Domingo do Tempo Comum, a liturgia convida a trabalhar em favor do Reino do Céus, desenvolvendo os dons e talentos dado por Deus, para o bem, para o serviço do Reino dos Céus.

Penúltimo domingo do ano litúrgico, novamente o Evangelho apresenta-nos um trecho do “discurso escatológico”, as narrativas são das passagens que encerram a vida pública de Jesus, de revelação sobre o destino final, sobre o que é chamada a humanidade, a viver com a sua vida a plenitude da vida. O juízo pode ser pessoal individual, cada um vive esse juízo com a morte com o encontro com o Senhor, mas também o destino universal de toda a humanidade chamada a se realizar em Deus.

Os Evangelhos propostos, tem ensinado sobre o chamado que Deus faz a cada pessoa, fala-se da volta do Senhor e voltando Ele estabelece o julgamento, também a Carta de São Paulo aos Tessalonicenses traz essa mensagem.

Domingo passado a liturgia falava da vigilância, parábola das dez jovens que iam ao encontro do noivo, as previdentes que se preparam para essa espera, tendo conhecimento que poderia ser longa e demorada a caminhada ao encontro do noivo, e as imprevidentes, que não se prepararam, não assumiram a sua responsabilidade na caminhada ao encontro do noivo, a mensagem é a vigilância, se preparar e nessa preparação estar sempre alimentando o dom que o Senhor concede para essa espera.

A liturgia desse domingo, fala um pouco mais de como deve ser essa espera, Jesus conta a parábola onde o Senhor entrega talentos as suas trabalhadoras e aos seus trabalhadores, nessa parábola a espera não é uma espera passiva, onde a pessoa fica parada, é uma espera na qual cada mulher e cada homem deve trabalhar.

Jesus contou esta parábola “Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão”. O homem que ia viajar é o Senhor e seus empregados, é cada mulher e cada homem é a humanidade, os talentos são os dons que Deus dá a cada pessoa, e o Senhor dá a cada pessoa de acordo com a sua capacidade; com sua dinâmica; com seu ritmo. A narrativa do Evangelho continua “Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados”

O que havia recebido cinco talentos, entregou-lhe mais cinco e o que havia recebido dois talentos além dos dois recebido entregou mais dois e o patrão disse a cada um deles “Muito bem, servo bom e fiel! como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!”. O empregado que tinha recebido um talento disse - “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence” e o “patrão lhe respondeu: Servo mal e preguiçoso!”.

A vida cristã, o talento, os dons que Deus confia e dá a cada uma e a cada um, que Ele dá a humanidade, só cresce e só se desenvolve, trabalhando, sentindo-se trabalhadoras e trabalhadores da messe do senhor. É pelo trabalho que cada pessoa se desenvolve como pessoa, não é parada, e é tralhando pelo Reino de Deus que cada pessoa desenvolve a vida cristã, não apenas esperando.

Precisa deixar-se provocar por essa parábola, o que Deus espera receber de cada mulher e de cada homem, será apenas o que Ele deu a cada uma e a cada um? ou Ele espera receber de volta o que ele deu ao confiar a vida, a vida em Jesus Cristo. O Evangelho, diz que Deus quer os talentos, os dons, que deu a cada uma e a cada um, desenvolvido.

A primeira leitura tirada do Livro dos Provérbios, o elogio da mulher perfeita aos olhos de Deus, é a de ser uma trabalhadora “Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias. Seu marido confia nela plenamente, e não terá falta de recursos. (...) Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos. Estende a mão para a roca, e seus dedos seguram o fuso. Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre. O encanto é enganador e a beleza é passageira”.

O que faz com que ela cresça e desenvolva não é sua aparência física, sua beleza, mas sim a sua dedicação ao trabalho. O trabalho realizado pela mulher conforme descreve o texto do livro dos Provérbios, na época, era trabalho próprio do homem e não da mulher e o texto deixa claro, ela era responsável pelo sustento da casa, da família e é pelo trabalho que a mulher vai aperfeiçoando sua família diante de Deus. Na cultura dessa época a mulher só tinha cidadania se recebida do homem e o homem que era responsável de prover e proteger a família, e o texto cheio de ousadia, diz que é a mulher, honesta, dedicada e trabalhadora que garante o sustento, crescimento e a ordem na família e ela torna-se generosa - “Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre”.

Ler esse texto, é convite, a um ver, agir e julgar pessoal, como orientação dada pelos provérbios, é pelo trabalho realizado de forma digna e dedicado, que a pessoa, não só tira o sustento para sua vida, sua família, mas ela se desenvolve a si mesma, chegando à perfeição que Deus quer que cada mulher e cada homem alcance.

O salmo, na pessoa do homem nos leva a mesma reflexão “Feliz és tu, se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem! A tua esposa é uma videira bem fecunda no coração da tua casa; os teus filhos são rebentos de oliveira ao redor de tua mesa. Será assim abençoado todo homem que teme o Senhor”.

A mulher e o homem, dedicando ao trabalho com honestidade, supera as dificuldades, cresce e se desenvolve diante das pessoas e cresce e se desenvolve diante de Deus, e chega a perfeição da vida, da própria vida que Deus lhe confiou, porque desenvolveu os talentos, os dons recebidos do Senhor e é o que o Evangelho fala, quando o Senhor volta, não se sabe o tempo, más Ele, conforme a capacidade, conforme o tempo de cada pessoa confia talentos e dons, confia a vida cristã, e quando o Senhor voltar, ele vai reconhecer o que cada uma e cada um fez com o que recebeu.

Com a parábola, diz Jesus que ao receber os talentos saíram logo e foi trabalhar, os que receberam cinco e dois multiplicou os talentos porque dedicaram ao trabalho, esses recebem a recompensa, que não foi dinheiro, e sim participar da alegria do senhor. Mas teve um que foi tomado pelo medo que o levou ao desanimo, medo de Deus “Senhor, sei que és um homem severo”, para ele o Senhor é severo e injusto “pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste”.

A imagem do Senhor não é de uma pessoa justa, que distribui talentos, dons conforme a capacidade e o tempo de cada pessoa, mas imagem de um Senhor severo e injusto que gera medo e o medo paralisa as pessoas de tal forma que não há mais alternativa para a vida, e enterra o talento, apenas conserva o que de Deus recebeu, importa-se apenas em não perder o que recebe. O que leva a não trabalhar para o próprio crescimento, a não trabalhar pelo Reino dos Céus, incapaz de viver a comunhão é o medo, porque a pessoa se sente amarrado, possuído pelo ressentimento e pelo ódio.

Muitos são, hoje, os que tem medo porque para essas pessoas Deus é severo e injusto, e são muitos hoje os que levam a outras pessoas uma imagem desfigurada do Senhor. Essa imagem de um Deus que mete medo é tirada da sociedade, da forma como a sociedade está organizada, onde se tem desigualdades; tem descartados; tem poderosos injustos e cruéis que exploram para apropriar do que não as pertencem e usam de violência e de guerra e isso leva ao medo que paralisa, impede as pessoas de desenvolver os talentos e os dons recebido de Deus e não conseguem desenvolver e conquistar aquilo que Deus deseja que desenvolvam e conquistem, e tem medo de Deus, porque da imagem dessa sociedade injusta, desses poderosos que projeta a imagem em Deus.

Ficar vigilante enquanto espera pela vinda do Senhor, mas é preciso ficar atento, a espera, conforme a parábola desse domingo, não é uma espera passiva, onde a pessoa fica parada, é uma espera na qual cada mulher e cada homem, a humanidade deve trabalhar os talentos, os dons recebidos do Senhor, trabalhar para o Reino do Céus e no Reino não existe: inveja; falar e querer mal a ninguém; auto suficiência; perseguições; hipocrisia; corrupção; crueldade; injustiça, e, portanto, não há medo. Trabalhar os talentos, os dons recebidos de Deus é não se deixar vencer pelo comodismo, deixar na gaveta os talentos, os dons de Deus, aceitar passivamente que o mundo se construa de acordo com valores que não são os de Jesus. A mulher e o homem não podem esperar o Senhor indiferente com os problemas do mundo, é preciso esperar o Senhor envolvido e empenhado no mundo, cooperando para que as pessoas trabalhem os talentos, os dons recebidos do Senhor, trabalhando em favor do Reino de Deus para que o Reino aconteça na vida da humanidade.

O testemunho, a pregação de cada cristã e cada cristão, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), das paroquias, das igrejas, motiva as pessoas a trabalharem os talentos, os dons que Deus lhe deu, em favor do Reino ou está ajudando as pessoas a ficar e ou continuar com medo de Deus, paralisadas, sem criatividade, sem ousadia para trabalhar em favor do Reino de Deus?

Qual imagem de Deus Jesus apresenta, qual o rosto de Deus revelado em cada gesto e palavra de Jesus? E qual é a imagem de Deus, qual rosto de Deus que cada cristã e cada cristão, que as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), as paroquias, e as igrejas, revelam?

Deixar-se provocar pelo Evangelho é necessário.

10 novembro, 2023

32º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Reflexão: Domingo, 12 de Novembro de 2023

32º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Leituras:

Sb 6,12-16
Sl 62(63),2.3-4.5-6.7-8 (R. 2b) ou mais breve 4,13-14
1Ts 4,13-18
Mt 25,1-13




Celebrando o 32º Domingo do Tempo Comum, caminha-se para o final do ano litúrgico, as leituras dizem vigiai. Através de parábolas, Jesus continua a falar do Reino de Deus e a liturgia orienta para preparar-se para a segunda vinda do Senhor. Como preparar-se?

A primeira leitura, tirada do livro da Sabedoria.
O caminho que assegura um lugar junto a Deus é o da sabedoria. O livro da sabedoria é o ponto mais alto de toda a sabedoria em Israel, é livro da justiça, do bem comum, da teologia política. A sabedoria é a atitude que faz a pessoa justa para fazer a justiça; para fazer acontecer o bem comum; para lutar; para tirar as causas da pobreza; para tirar as causas das periferias existenciais e geográficas, a partir da realidade presente. A verdadeira sabedoria não se conquista pelo esforço humano, mas vem de Deus e produz a justiça. A sabedoria é “justiça é imortal” (Sb 1,15). A sabedoria é um dom que Deus concede gratuitamente aos que se abrem ao seu amor. É graça de Deus, que acontece quando a pessoa se abre para Ele, pois é dele que vem a graça da vida plena. Quem busca a Deus recebe a sabedoria que capacita para buscar, discernir e praticar o que é justo. A maior expressão da justiça é a sabedoria de Deus, porque o seu projeto visa à realização da vida para todas e todos.

Quem se deixa guiar pelo saber da injustiça, gera pobreza; gera as periferias existenciais e geográficas; gera violência; gera armas; gera guerra; gera desigualdade, gera exclusões, gera a injustiça.

Quem se deixa guiar pela sabedoria de Deus que é justiça, torna-se coerente com Seu projeto, é capaz de analisar a realidade atual e de colocar-se contra as causas que geram as injustiças, e faz justiça para que o projeto de Deus, de vida para todas e todos aconteçam. “A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por (aquelas e) aqueles que a amam, e é encontrada por (aquelas e) aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta. Meditar sobre ela é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela em breve há de viver despreocupado. Pois ela mesma sai à procura dos que a merecem, cheia de bondade, aparece-lhes nas estradas e vai ao seu encontro em todos os seus projetos.”.

O Evangelho, Jesus continua apresentando o que é o Reino dos Céus, conta a parábola das cinco jovens prudentes e da cinco imprudentes, “O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo”. O noivo, Jesus que virá no fim da história. No contexto em que foi escrito o Evangelho, quando começava a escurecer eram acesas lâmpadas e as mulheres que faziam essa tarefa, tinham com elas as lamparinas a óleo, e era também costume entre os judeus, quando a chegada do noivo era anunciada, as jovens que estava cuidando da noiva, saíam com lâmpadas para iluminar o caminho até a casa para a festa.

As jovens prudentes levaram as lâmpadas e o óleo, as jovens imprudentes não levaram o óleo, e no “meio da noite, ouviu-se um grito: 'O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!' Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas”. As jovens que não levaram o óleo, como estava acabando, foram comprar, enquanto isso, o noivo chegou e as jovens que havia levado o óleo, estavam preparadas mediante a prática da justiça, com o noivo entrou para a festa de casamento e diz o texto “E a porta se fechou. Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: 'Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!' Ele, porém, respondeu: 'Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!' Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora".

Ficar vigilante para viver melhor o tempo presente, tempo esse oferecido por Deus, para se abrir ao seu amor, indo ao seu encontro, deixando-se envolver com Ele e fazer com Ele uma linda experiência pessoal e comunitária que transforma a vida, que leva a receber a graça da sabedoria que torna a pessoa justa para fazer a justiça, capaz de amar ao próximo como a si mesmo; capaz de reconhecer Deus na pessoa do pobre, dos pequenos, marginalizado e excluído; nas pessoas que sofrem pelos atos injustos de quem se julga justo e mais conhecedor da verdade e com poder para humilhar, afastar, descartar. E assim, quando o Senhor chegar, poderá com Ele entrar no Reino dos Céus, a vida eterna. São Paulo em sua primeira carta aos Tessalonicenses garante que Jesus virá para concluir a história humana e levar para o encontro com o Senhor para permanecer com Ele para sempre, aquelas e aqueles que a Ele aderiram e com Ele se identificaram.

É preciso ficar vigilante e acolher os conselhos da primeira leitura que indica que a sabedoria, que é o próprio Deus, se deixa encontrar porque quem a ama, por quem a procura e aos que a desejam.

Com o salmista rezemos “a minh'alma tem sede de vós, e vos deseja, ó Senhor”.

07 novembro, 2023

Aberta inscrições para curso de Teologia

A Escola de Teologia para Cristãos Leigas e Leigos, com mais de 20 anos atuando na Arquidiocese de Maringá, está com as inscrições abertas para o ano letivo de 2024.

O curso de Teologia tem duração de três anos, aulas semanais – todas as quintas-feiras –, totalizando 480 h/a, e conta com um excelente quadro de professores formado por padres, diáconos, leitas e leigos.

As inscrições podem ser feitas no site www.teologiamaringa.ong.br


06 novembro, 2023

Pelas crianças que sofrem - O Vídeo do Papa 11 - Novembro de 2022

Pelas crianças que sofrem
Papa Francisco, em seu vídeo de novembro, nos convida a rezar pelas crianças.

"Há ainda milhões de crianças que sofrem e vivem em condições muito semelhantes à escravidão. Não são números: são seres humanos com um nome, com um rosto, com uma identidade dada por Deus. Muitas vezes esquecemos a nossa responsabilidade e fechamos os olhos à exploração destas crianças que não têm direito de brincar, nem de estudar, nem de sonhar. Elas nem sequer têm o calor de uma família. Cada criança marginalizada, abandonada por sua família, sem escolaridade, sem cuidados médicos, é um grito! Um grito que se eleva a Deus e acusa o sistema que nós, adultos, construímos. Uma criança abandonada é culpa nossa. Não podemos continuar a permitir que se sintam sozinhas e abandonadas; elas precisam receber uma educação e sentir o amor de uma família para saberem que Deus não as esquece. Rezemos para que as crianças que sofrem, as crianças que vivem nas ruas, as vítimas da guerra e os órfãos, possam ter acesso à educação e possam redescobrir o afeto de uma família".


03 novembro, 2023

31º Domingo do Tempo Comum, Ano A – Solenidade de todos os Santos

Reflexão: - Domingo, 05 de novembro de 2023

31º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Leituras:

Ap 7,2-4.9-14
Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)
1Jo 3,1-3
Mt 5,1-12a (Bem-aventuranças)


Festa de todas as Santas e de todos os Santos!

“À luz desta festa, detenhamo-nos um pouco a pensar sobre a santidade, em particular nas características da verdadeira santidade: é um dom - é um presente, não se pode comprar e, ao mesmo tempo, é um caminho. ” (Papa Francisco)

A festa de todas as Santas e de todos os Santos é convite a alegrar com a multidão de mulheres e homens acolhidos por Deus, o Livro do Apocalipse insiste em números simbólicos para nos fazer compreender que “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar”. A Primeira Carta de São “vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhas e filhos de Deus! E nós o somos! ”. O salmista “É assim a geração dos que procuram o Senhor! ”.

O Evangelho, as bem-aventuranças, “vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los”.

Bem-aventurados são as e os: - pobres em espírito; aflitos; mansos; quem tem fome e sede de justiça; misericordiosos; puros de coração; quem promovem a paz; quem são perseguidos por causa da justiça e quem recebe perseguição e maldade por causa do senhor.

E Jesus diz porque são bem-aventurados: - porque delas e deles é o Reino dos Céus; porque serão consolados; porque possuirão a terra; porque serão saciados; porque alcançarão misericórdia; porque verão a Deus; porque serão chamados filhas e filhos de Deus; porque delas e deles é o Reino dos Céus; porque será grande a vossa recompensa nos céus.

As bem-aventuranças é o ressoar de Jesus que resgata para aquele tempo e para todos os tempos, o Deus amoroso e misericordioso que houve o clamor do povo oprimido e intervém para libertá-lo, inaugurando no aqui e agora o Reino de Deus. Em Jesus a revelação do amor imenso de Deus para com os pobres. As bem-aventuranças convoca, mulheres e homens, as paróquias, as Comunidades Eclesiais e Base (CEBs) e demais comunidades, a cultivar o seguimento de Jesus no que refere ao amor solidário, misericordioso e compassivo para com as e os empobrecidos e no compromisso de restabelecer a justiça, porque sem justiça não acontece o Reino.

Em face do Reino de Deus, são chamados de felizes justamente os que, segundo os critérios desse mundo, são chamados de infelizes, podemos compreender as bem-aventuranças como um protesto contra todo tipo de atitudes e meios de exclusão deste mundo.

Os pobres, os que tem fome e sede de justiça e os demais a quem Jesus menciona e os que Jesus continua a mencionar hoje, são as pessoas que não possuem o necessário para viver; tem fome e sede de pão e justiça; não tem moradia; não tem esperança; e incluí entre esses, viúvas e órfãos, e também, doentes crônicos e portadores de deficiência, como cegos, paralíticos, leprosos e muitas outras e outros que podemos incluir, enfim, que se encontram em situação vital marcada pela fome e lágrima.

Também o pobre de espírito, que sofre tanto quanto o pobre de material, a pobreza do espírito leva a uma profunda crise existencial que pode ter várias causas, como insucessos, frustações e fracasso na vida, tanto na sociedade, na Igreja e na família, entre os pobres de espírito encontram também as pessoas que em sua busca de Deus sentem distante de Deus e as pessoas que não percebe Deus e nem que necessita de Deus.

As bem-aventuranças convoca a enfrentar esse problema, como diz Papa Francisco, em meio à “globalização da indiferença”, enfrentar principalmente pelas pessoas que professam a fé cristã, pelas CEBs, pelas Igrejas. Como enfrentar é no seguimento de Jesus.

Por que são bem-aventurados?

- São bem-aventurados, porque acolhem com alegria a boa notícia do Reino dos Céus que se instaura neste mundo, trazida por Jesus.

- São bem-aventurados porque acreditam no Reino dos Céus, por meio de Jesus.

- São bem-aventurados, porque veem a coerência entre o que Jesus ensina e o que Jesus faz.

Deixar provocar pelas bem-aventuranças, é assumir o batismo. Deixar provocar pelas bem-aventuranças, é comprometer no seguimento de Jesus.

O caminho a Santidade é o seguimento de Jesus “A santidade é um dom de Deus que recebemos no Batismo, «se o deixarmos crescer, pode mudar completamente nossa vida» (cf. Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, 15) a ponto alcançar a plenitude da vida cristã. O santos não são heróis inalcançáveis ou distantes, mas são pessoas como nós". (Papa Francisco).

02 novembro, 2023

Uma bem-aventurança muito atual: «Bem-aventurados os pacificadores»



Uma bem-aventurança muito atual: «Bem-aventurados os pacificadores»

Vejamos, por exemplo, uma bem-aventurança muito atual: «Bem-aventurados os pacificadores». A paz de Jesus é muito diferente do que imaginamos. Todos desejamos paz, mas muitas vezes o que queremos não é precisamente a paz, é estar em paz, ser deixados em paz, não ter problemas, mas tranquilidade. Por outro lado, Jesus não chama bem-aventurados os tranquilos, aqueles que estão em paz, mas aqueles que fazem a paz e lutam para fazer a paz, os construtores, os pacificadores. De facto, a paz tem de ser construída, e como qualquer construção requer empenho, colaboração, paciência.

Gostaríamos que a paz chovesse do alto, mas a Bíblia fala da «semente da paz» (Zc 8, 12), porque germina do terreno da vida, da semente do nosso coração; cresce no silêncio, dia após dia, através de obras de justiça e misericórdia(...). Somos levados a acreditar que a paz vem pela força e pelo poder: para Jesus é o oposto. A sua vida e a dos santos dizem-nos que a semente da paz, para crescer e dar fruto, deve primeiro morrer. A paz não é alcançada conquistando ou derrotando alguém, nunca é violenta, nunca está armada.

Como nos tornamos então pacificadores? Antes de mais, é necessário desarmar o coração. Sim, porque estamos todos equipados com pensamentos agressivos, uns contra os outros, com palavras afiadas, e pensamos estar a defender-nos com o arame farpado da queixa e os muros de cimento da indiferença; e entre queixa e indiferença defendemo-nos, mas isto não é paz, isto é guerra. A semente da paz pede-nos que desmilitarizemos o campo do coração. Como está o teu coração? Está desmilitarizado ou cheio destes sentimentos, com queixas e indiferença, com agressão? E como se desmilitariza o coração? Abrindo-nos a Jesus, que é «a nossa paz» (Ef 2, 14); permanecendo diante da sua Cruz, que é a cátedra da paz; recebendo d’Ele, na Confissão, «o perdão e a paz». Por aqui se começa, pois ser pacificadores, ser santos, não é capacidade nossa, é dom seu, é graça.

Irmãos e irmãs, olhemos para dentro de nós e perguntemo-nos: somos pacificadores? Onde vivemos, estudamos e trabalhamos, levamos tensão, palavras que magoam, tagarelices que envenenam, polémicas que dividem? Ou será que abrimos o caminho para a paz: perdoamos aqueles que nos ofendem, cuidamos dos que estão à margem, curamos alguma injustiça ajudando aqueles que têm menos? A isto chama-se construir a paz.

No entanto, pode surgir uma última questão, que se aplica a qualquer bem-aventurança: vale a pena viver desta forma? Não é de perdedor? É Jesus que nos dá a resposta: os pacificadores «serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9): no mundo parecem fora de lugar, porque não cedem à lógica do poder e do prevalecer, no Céu serão os mais próximos de Deus, os mais semelhantes a Ele. Mas, na realidade, também aqui aqueles que prevaricam permanecem de mãos vazias, enquanto aqueles que amam todos e não magoam ninguém vencem: como diz o Salmo, «o homem de paz terá uma descendência» (cf. Sl 37, 37).

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Papa Francesco
Angelus
1° novembro de 2022