12 abril, 2016

As cinco urgências das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2015-2019)

Escrevi o texto abaixo para uma reflexão

As cinco urgências das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2015-2019)

É lindo ver que as “diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil” direciona a Igreja para ser samaritana a serviço da vida, casa para todas e todos, acolhedora, comunidade que partilha tristezas e angústias, necessidades, alegrias e esperanças. Acredita que a Igreja precisa ser solidária e servidora.

Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica, Evangelii Gaudium, fala que existe uma “globalização da indiferença” (54). O Papa insiste: “Não deixemos que nos roubem a comunidade” (92).

Dentro de um contexto de pobreza, miséria, desrespeito, discriminação, angústia, desesperança e morte as diretrizes apresenta cinco urgências, são elas:

1 – Em estado permanente de missão.
2 – Casa da iniciação à vida Cristã.
3 – Lugar de animação Bíblica da vida e da pastoral.
4 – Comunidade de Comunidades.
5 – A serviço da vida plena para todos.

Uma Igreja de ternura e afeto doce e delicada, vivida com participação viva, afetuosa e dinâmica, sair do eu para encontrar-se com o tu, uma relação real de dedicação, cuidado e reciprocidade.

As cinco urgências estão unidas, estão sempre presentes, pois se referem a Cristo, à Igreja, à vida comunitária, à Palavra de Deus como alimento para a fé, à Eucaristia como alimento para o serviço ao Reino de Deus, a caminho da vida eterna.

EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO

A Conferência de Aparecida e a exortação apostólica Evangelii gaudium (Alegria do Evangelho) convocam a Igreja a ser toda missionária e em estado permanente de missão.

A Igreja “em saída” é a comunidade de discípulos missionários que “primeireiam”, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. tomam a iniciativa! A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa! Como consequência, a Igreja sabe “envolver-se”. Jesus lavou os pés aos seus discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos diante dos outros para os lavar; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: “Sereis felizes se o puserdes em prática” (Jo 13, 17).  (Evangelii gaudium, 24)

CASA DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

Despertar o desejo de encontrar Jesus Cristo. Este encontro se dá através do mergulho gradativo no mistério do Redentor. Daí a importância do primeiro anúncio e da iniciação à vida cristã.

O estado permanente de missão implica uma efetiva iniciação à vida cristã que desperta uma resposta consciente e livre.  É preciso ajudar as pessoas a conhecer Jesus, fascinar-se por Ele e optar por segui-lo.  A iniciação à vida cristã não se esgota na preparação aos sacramentos, mas se refere principalmente à adesão a Jesus Cristo, numa catequese de inspiração catecumenal . Ela requer atitudes: acolhida, diálogo, partilha, escuta da Palavra e adesão à vida comunitária.  

Se hoje partilhamos a experiência cristã, é porque alguém nos transmitiu a beleza da fé, apresentou-nos Jesus Cristo, acolheu-nos na comunidade eclesial e nos fascinou pelo serviço ao Reino de Deus.

LUGAR DE ANIMAÇÃO BÍBLICA DA VIDA E DA PASTORAL

 “Toda escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça” (2tm 3,16).

Todos devem redescobrir o contato com a Palavra de Deus como lugar privilegiado de encontro com Cristo. É preciso introduzir as novas gerações na Palavra através do adulto, dos amigos e da comunidade eclesial. O desafio é escutar a voz de Cristo em meio a tantas outras vozes.

A Palavra de Deus dirige-se a todos, indistintamente: crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, e em todas as situações e contextos em que se encontrem. Ouvida e celebrada na comunhão com os irmãos, a Palavra de Deus gera solidariedade, justiça, reconciliação, paz e defesa de toda a criação.

COMUNIDADE DE COMUNIDADES

A fé se vive em comunidade, em união e comunhão das pessoas umas com as outras e delas com o nosso Deus Trindade. Sem vida em comunidade, não há como efetivamente viver a proposta cristã. Comunidade implica convívio, vínculos profundos, afetividade, interesses comuns, estabilidade e solidariedade nos sonhos, nas alegrias e nas dores. A comunidade eclesial acolhe, forma e transforma, envia em missão, restaura, celebra, adverte e sustenta.

Ao mesmo tempo em que hoje se constata uma forte tendência ao individualismo, percebe-se igualmente a busca por vida comunitária. Esta busca nos recorda como é importante a vida em fraternidade. Mostra também que o Espírito Santo acompanha a humanidade suscitando, em meio às transformações da história, a sede por união e solidariedade.

Dentre os desafios dois se destacam. O 1º diz respeito aos ambientes marcados por aguda urbanização, para os quais vizinhança geográfica não significa necessariamente convívio, afinidade e solidariedade. O 2º se refere aos ambientes virtuais, onde a rapidez da comunicação e a superação das distâncias geográficas tornam-se grandes atrativos, especialmente aos jovens. É necessária a consciência de que, na ação evangelizadora, estes desafios devem ser seriamente considerados e que nada substitui o contato pessoal. Papa Francisco insiste “Não deixemos que nos roubem a comunidade”.

A SERVIÇO DA VIDA PLENA PARA TODOS

 “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10)

A vida é dom de Deus!  A vida é o centro da mensagem de Jesus. As condições de vida que contradizem o projeto de Deus devem levar a angustia diante de todas as formas de vida ameaçada. Ao contemplar os diversos rostos de sofredores, vê o rosto de nosso Deus. Daí a opção preferencial pelos pobres. Precisamos contribuir para superar a miséria e a exclusão e não podemos restringir a solidariedade à doação.

Opção pelos pobres implica convívio, relacionamento fraterno, atenção, escuta, acompanhamento nas dificuldades, buscando a mudança de sua situação e a transformação social. Os pobres são sujeitos da evangelização e da promoção humana e estão no centro da vida da Igreja. 

As leigas e leigos devem participar na construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário. É preciso avançar na consciência ecológica. Daí, a urgência na formação e apoio para que atuem nos movimentos sociais, conselhos de políticas públicas, associações de moradores, sindicatos, partidos políticos e outras entidades, sempre iluminados pelo Ensino Social da Igreja. Para o Papa Francisco a participação na política “é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum”.

Fonte: Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2015-2019)