07 outubro, 2019

O silêncio dos homens | Documentário completo




“O Silêncio dos Homens”

A obra provoca reflexão sobre o modelo de masculino que se impõe sobre meninos e homens e como isso acaba por silenciá-los

Muito bom. Vejam o vídeo

A fonte do texto que segue Carta Capital

A obra provoca reflexão sobre o modelo de masculino que se impõe sobre meninos e homens e como isso acaba por silenciá-los
A iniciativa Papo de Homem, plataforma que produz conteúdo crítico sobre masculinidade, lançou o documentário “O Silêncio dos Homens”. A obra tem o objetivo de provocar reflexão sobre o modelo de masculino que se impõe sobre meninos e homens e como isso acaba por silenciá-los ao longo da vida.


A obra provoca reflexão sobre o modelo de masculino que se impõe sobre meninos e homens e como isso acaba por silenciá-los
A iniciativa Papo de Homem, plataforma que produz conteúdo crítico sobre masculinidade, lançou o documentário “O Silêncio dos Homens”. A obra tem o objetivo de provocar reflexão sobre o modelo de masculino que se impõe sobre meninos e homens e como isso acaba por silenciá-los ao longo da vida.


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“Silêncio aqui tem sentido amplo. É emocional, verbal, social, tanto individual como coletivo. Estamos falando de uma rigidez psicológica, que se torna um vulcão quando associada aos “mandamentos da masculinidade”: ser bem-sucedido profissionalmente, não agir de modos que pareçam femininos, não levar desaforo pra casa, dar em cima das mulheres sempre que possível, não expressar emoções, dentre outros”, escreveu um dos idealizadores do projeto, Guilherme Nascimento Valadares.

O filme é fruto de uma pesquisa que envolveu mais de 40 mil pessoas e dá continuidade a pesquisas feitas pela Papo de Homem. “Em 2016 lançamos o nosso primeiro documentário com pesquisa, que escutou mais de 20.000 pessoas. Ele nos mostrou que 7 em cada 10 homens não falam sobre seus maiores medos e dúvidas com os amigos. Já notávamos o mesmo fenômeno em nossas rodas de conversa há mais de 10 anos. E, à medida em que nos aprofundamos no estudo sobre masculinidades, observamos como esse silêncio está na raiz de vários outros problemas: violência doméstica, ausência de mulheres em posições de poder na política e economia, assédio, altíssimas taxas de suicídio, homicídio, mortes no trabalho e encarceramento entre os próprios homens… a lista é longa”, explica Valadares.

Para Refletir


Homilia do Papa Francisco da Missa de abertura do Sínodo




Homilia do Papa Francisco da Missa de abertura do Sínodo

"O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos."
HOMILIA DO SANTO PADRE
Eucaristia do XXVII Domingo do Tempo Comum
concelebrada com os novos Cardeais na Abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Panamazônia

 (Basílica de São Pedro, 6 de outubro de 2019)

O apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja, ajuda-nos a «fazer Sínodo», a «caminhar juntos»; parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo.

Começa dizendo: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos» (2 Tm 1, 6). Somos bispos, porque recebemos um dom de Deus. Não assinamos um acordo; colocaram-nos, não um contrato de trabalho nas mãos, mas mãos sobre a cabeça, para sermos, por nossa vez, mãos levantadas que intercedem junto do Senhor e mãos estendidas para os irmãos. Recebemos um dom, para sermos dons. Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de prenda. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de Pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim acabamos por nos servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja. Ao passo que a nossa vida, dom recebido, é para servir. No-lo recorda o Evangelho, que fala de «servos inúteis» (Lc 17, 10); expressão esta, que pode querer dizer também «servos sem fins lucrativos». Por outras palavras, não trabalhamos para obter lucro, um ganho nosso, mas, sabendo que gratuitamente recebemos, gratuitamente damos (cf. Mt 10, 8). Colocamos toda a nossa alegria em servir, porque fomos servidos por Deus: fez-Se nosso servo. Queridos irmãos, sintamo-nos chamados aqui para servir, colocando no centro o dom de Deus.

Para sermos fiéis a esta chamada, à nossa missão, São Paulo lembra-nos que o dom deve ser reaceso. O verbo usado é fascinante: reacender, no original, significa literalmente «dar vida a uma fogueira» [anazopurein]. O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir. Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo «sempre se fez assim», então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo. Mas «a Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial» (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 95). Porque a Igreja está sempre em caminho, sempre em saída; nunca fechada em si mesma. Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo.

O fogo que reacende o dom é o Espírito Santo, dador dos dons. Por isso, São Paulo continua: «Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14). E antes escrevera: «Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de prudência» (1, 7). Não um espírito de timidez, mas de prudência. Alguém pode pensar que a prudência seja a virtude «alfândega», que, para não errar, faz parar tudo. Mas não! A prudência é virtude cristã, é virtude de vida; mais, é a virtude do governo. E Deus deu-nos este espírito de prudência. Em oposição à timidez, Paulo coloca a prudência. Que é, então, esta prudência do Espírito? Como ensina o Catecismo, a prudência «não se confunde com a timidez ou o medo», mas «é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir» (n. 1806). A prudência não é indecisão, não é um comportamento defensivo. É a virtude do Pastor que, para servir com sabedoria, sabe discernir, sensível à novidade do Espírito. Então, reacender o dom no fogo do Espírito é o oposto de deixar as coisas correr sem se fazer nada. E ser fiéis à novidade do Espírito é uma graça que devemos pedir na oração. Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa; inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazónia, para que não se apague o fogo da missão.

O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome (cf. Ex 3, 2). É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos.

Reacender o dom; receber a prudência audaciosa do Espírito, fiéis à sua novidade; São Paulo faz uma última exortação: «Não te envergonhes de dar testemunho (…), mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus» (2 Tm 1, 8). Pede para testemunhar o Evangelho, sofrer pelo Evangelho; numa palavra: viver para o Evangelho. O anúncio do Evangelho é o critério primeiro para a vida da Igreja: é a sua missão, a sua identidade. Mais adiante, Paulo escreve: «Estou pronto para oferecer-me como sacrifício» (4, 6). Anunciar o Evangelho é viver a oferta, é testemunhar radicalmente, é fazer-se tudo por todos (cf. 1 Cor 9, 22), é amar até ao martírio. Agradeço a Deus por haver no Colégio Cardinalício alguns irmãos Cardeais mártires, que provaram, na vida, a cruz do martírio. De facto, como assinala o Apóstolo, serve-se o Evangelho, não com a força do mundo, mas simplesmente com a força de Deus: permanecendo sempre no amor humilde, acreditando que a única maneira de possuir verdadeiramente a vida é perdê-la por amor.

Queridos irmãos, olhemos juntos para Jesus Crucificado, para o seu coração aberto por nós. Comecemos dali, porque dali brotou o dom que nos gerou; dali foi derramado o Espírito que renova (cf. Jo 19, 30). Dali, sentimo-nos chamados, todos e cada um, a dar a vida. Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho, pela carícia de amor da Igreja. Muitos irmãos e irmãs gastaram a sua vida na Amazônia. Permiti que repita as palavras do nosso amado Cardeal Hummes: quando fores àquelas pequenas cidades da Amazônia, vai aos cemitérios procurar o túmulo dos missionários. Um gesto da Igreja por aqueles que gastaram a vida na Amazônia. E depois, com um pouco de astúcia, disse ao Papa: «Não se esqueça deles. Merecem ser canonizados». Por eles, pelos que agora estão a dar a vida, pelos outros que lá gastaram a própria vida, com eles, caminhemos juntos.