29 janeiro, 2021

O Reino aqui e agora Por Chico Machado

O Reino aqui e agora
(Chico Machado)

Mais uma sexta-feira (29) chega e nós vamos dando sequência às nossas vidas. O mês de janeiro caminha para o seu ocaso. O ano é novo, mas a conjuntura é velha. Vivemos agora um grande dilema. Cadê esta vacina que nunca chega? Criou-se uma expectativa que não está se cumprindo. Ao invés de organizar um calendário vacinal, tem pessoas que preferem mandar os repórteres para aquele lugar. Que situação! Jamais imaginaríamos que chegássemos a um momento como este, de estarmos diante de um enorme abismo de incertezas.

Estou aqui ainda repercutindo em mim a fala de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, afirmando que "Daqui a 60 dias, a gente pode ter uma mega epidemia". Segundo este médico, a transferência de pacientes de Manaus para outros estados vai ajudar a "plantar" uma nova cepa do coronavírus em todo o Brasil. Tal preocupação faz sentido, uma vez que uma grande maioria de infectados no Amazonas já apresentam a nova cepa brasileira do coronavírus. Mandetta ainda alerta que a nova mutação pode ser mais difícil de lidar, já que é mais infecciosa e possui características diferentes das que já foram estudadas pela comunidade cientifica internacional.

E agora, o que fazer? Já não bastava o que vínhamos passando ainda temos conviver com mais esta? Resta-nos rezar e pedir a Deus que tenha misericórdia, já que não dá para contar com um governo sério, responsável e comprometido com a vida das pessoas. Estamos a mercê da própria sorte. Enquanto isso, segue os pedidos de impeachment do mandrião. As igrejas, inclusive algumas evangélicas, engrossaram este pedido. Diferentemente do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, afirmando que os evangélicos que pediram o impeachment, não representam a maioria dos fiéis desse segmento no País. Alguém precisa dizer a este senhor que as igrejas de aluguel, dos mercadores da fé, de fato, não estão inclusos no documento em questão.

De saber que Jesus veio anunciar o Reino de Deus e não a religião. Neste sentido, ELE não amou a religião em si, mas as pessoas. Desta forma, a nossa opção não deve ser por esta ou aquela religião, mas antes, pelo Reino de Deus. Está sobrando religião na vida das pessoas e faltando Deus. E, como nos dizia Mahatma Gandhi: “As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos os mesmos objetivos”? Mesmo que fora das religiões?

Mas que Reino é este afinal que Jesus veio anunciar? Nunca é demais lembrar que as esperanças messiânicas equivocadas do povo de Israel estavam centradas na vinda de um Messias conquistador militar que iria resgatá-los de seus inimigos geopolíticos. Não é atoa que eles tentam fazer de Jesus um rei/messias (João 6, 15). Ou seja, a proposta de Jesus não é entendida nem mesmo pelos seus discípulos. Entretanto, o mestre os reorienta e afirma com todas as letras: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Diríamos que Jesus mostra-lhes que o reino anunciado por si, é algo holístico em sua natureza e em sua missão libertadora para os pobres.

“O Reino de Deus não consiste em palavras, mas em atos” (I Cor 4,20). Reino que não se confunde com a Igreja. A Igreja pode vir a ser a projeção do Reino, desde que ela abrace as causas de Jesus. Causas estas que no dizer de nosso bispo Pedro são muito claras: "Denunciar a iniquidade do mercado total, do consumismo desenfreado, do lucro excluidor das maiorias. Fazer da Fé cristã luz e força para combater esse sistema de iniquidade que mata de fome milhões de pessoas da grande família de Deus deve ser o papel da Igreja"

No texto do evangelho de hoje Jesus nos dá uma boa dica de como será este Reino, comparando-o como quando alguém espalha a semente na terra. (Mc 4,26). Jesus é o portador do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Sua missão de libertação não é para ser abafada ou ficar escondida, mas para se tornar conhecida e contagiar a todas as pessoas. Quem acolhe esta Boa Notícia, aprende a ver e agir de acordo com a visão e a ação de Jesus. E a compreensão vai aumentando à medida que vai agindo no mundo. Como seguidores e seguidoras d’ELE, temos que estar imbuídos naquilo que Pedro nos dizia: “A construção de uma nova sociedade, alternativa à que é imposta hoje ao mundo, é um processo complexo, uma caminhada histórica, não tem uma cartilha pronta em detalhes dentro da plural humanidade. De todo jeito eu só posso imaginar esse processo como socializador: socializar a terra de lavoura e de moradia, socializar a saúde, a educação, a comunicação, as oportunidades para viver ‘o bem viver’ que proclamam os nossos povos ‘primigênios’.” (Pedro Casaldáliga)

Para Refletir

“Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome de um sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção.” (Papa Francisco)

Mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2021


 Mensagem de Sua Santidade
O Papa Francisco
Para o Dia Mundial das Missões de 2021
[17 de outubro de 2021]

«Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20)

Queridos irmãos e irmãs!

Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: «Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes» (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão.

A experiência dos Apóstolos

A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41).

Com Jesus, vimos, ouvimos e constatamos que as coisas podem mudar. Ele inaugurou – já para os dias de hoje – os tempos futuros, recordando-nos uma caraterística essencial do nosso ser humano, tantas vezes esquecida: «fomos criados para a plenitude, que só se alcança no amor» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 68). Tempos novos, que suscitam uma fé capaz de estimular iniciativas e plasmar comunidades a partir de homens e mulheres que aprendem a ocupar-se da fragilidade própria e dos outros (cf. ibid., 67), promovendo a fraternidade e a amizade social. A comunidade eclesial mostra a sua beleza, sempre que se lembra, com gratidão, que o Senhor nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4, 19). Esta «predileção amorosa do Senhor surpreende-nos e gera maravilha; esta, por sua natureza, não pode ser possuída nem imposta por nós. (…) Só assim pode florir o milagre da gratuidade, do dom gratuito de si mesmo. O próprio ardor missionário nunca se pode obter em consequência dum raciocínio ou dum cálculo. Colocar-se “em estado de missão” é um reflexo da gratidão» (Francisco, Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2020).

E, no entanto, os tempos não eram fáceis; os primeiros cristãos começaram a sua vida de fé num ambiente hostil e árduo. Histórias de marginalização e prisão entrelaçavam-se com resistências internas e externas, que pareciam contradizer e até negar o que tinham visto e ouvido; mas isso, em vez de ser uma dificuldade ou um obstáculo que poderia levá-los a retrair-se ou fechar-se em si mesmos, impeliu-os a transformar cada incómodo, contrariedade e dificuldade em oportunidade para a missão. Os próprios limites e impedimentos tornaram-se um lugar privilegiado para ungir, tudo e todos, com o Espírito do Senhor. Nada e ninguém podia permanecer alheio ao anúncio libertador.

Possuímos o testemunho vivo de tudo isto nos Atos dos Apóstolos, livro que os discípulos missionários sempre têm à mão. É o livro que mostra como o perfume do Evangelho se difundiu à passagem deles, suscitando aquela alegria que só o Espírito nos pode dar. O livro dos Atos dos Apóstolos ensina-nos a viver as provações unindo-nos a Cristo, para maturar a «convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos», e a certeza de que «a pessoa que se oferece e entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda (cf. Jo 15, 5)» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 279).

O mesmo se passa connosco: o momento histórico atual também não é fácil. A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente. Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais a sua vulnerabilidade e fragilidade. Experimentamos o desânimo, a deceção, o cansaço; e até a amargura conformista, que tira a esperança, se apoderou do nosso olhar. Nós, porém, «não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos por amor de Jesus» (2 Cor 4, 5). Por isso ouvimos ressoar nas nossas comunidades e famílias a Palavra de vida que ecoa nos nossos corações dizendo: «Não está aqui; ressuscitou» (Lc 24, 6); uma Palavra de esperança, que desfaz qualquer determinismo e, a quantos se deixam tocar por ela, dá a liberdade e a audácia necessárias para se levantar e procurar, criativamente, todas as formas possíveis de viver a compaixão, «sacramental» da proximidade de Deus para connosco que não abandona ninguém na beira da estrada. Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome dum sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção. «O que vimos e ouvimos» (At 4, 20), a misericórdia com que fomos tratados, transforma-se no ponto de referimento e credibilidade que nos permite recuperar e partilhar a paixão por criar «uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos destinar tempo, esforço e bens» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 36). É a sua Palavra que diariamente nos redime e salva das desculpas que levam a fechar-nos no mais vil dos ceticismos: «Tanto faz; nada mudará!» Pois, à pergunta «para que hei de privar-me das minhas seguranças, comodidades e prazeres, se não vou ver qualquer resultado importante», a resposta é sempre a mesma: «Jesus Cristo triunfou sobre o pecado e a morte e possui todo o poder. Jesus Cristo vive verdadeiramente» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 275) e, também a nós, nos quer vivos, fraternos e capazes de acolher e partilhar esta esperança. No contexto atual, há urgente necessidade de missionários de esperança que, ungidos pelo Senhor, sejam capazes de lembrar profeticamente que ninguém se salva sozinho.

Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20). Tudo o que recebemos, tudo aquilo que o Senhor nos tem concedido, ofereceu-no-lo para o pormos a render doando-o gratuitamente aos outros. Como os apóstolos que viram, ouviram e tocaram a salvação de Jesus (cf. 1 Jo 1, 1-4), também nós, hoje, podemos tocar a carne sofredora e gloriosa de Cristo na história de cada dia e encontrar coragem para partilhar com todos um destino de esperança, esse traço indubitável que provém de saber que estamos acompanhados pelo Senhor. Como cristãos, não podemos reservar o Senhor para nós mesmos: a missão evangelizadora da Igreja exprime a sua valência integral e pública na transformação do mundo e na salvaguarda da criação.

Um convite a cada um de nós

O tema do Dia Mundial das Missões deste ano – «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20) – é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração. Esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar» (São Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 14). No isolamento pessoal ou fechando-se em pequenos grupos, a nossa vida de fé esmorece, perde profecia e capacidade de encanto e gratidão; por sua própria dinâmica, exige uma abertura crescente, capaz de alcançar e abraçar a todos. Atraídos pelo Senhor e a vida nova que oferecia, os primeiros cristãos, em vez de cederem à tentação de se fechar numa elite, foram ao encontro dos povos para testemunhar o que viram e ouviram: o Reino de Deus está próximo. Fizeram-no com a generosidade, gratidão e nobreza próprias das pessoas que semeiam, sabendo que outros comerão o fruto da sua dedicação e sacrifício. Por isso apraz-me pensar que «mesmo os mais frágeis, limitados e feridos podem [ser missionários] à sua maneira, porque sempre devemos permitir que o bem seja comunicado, embora coexista com muitas fragilidades» (Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 239).

No Dia Mundial das Missões que se celebra anualmente no terceiro domingo de outubro, recordamos com gratidão todas as pessoas, cujo testemunho de vida nos ajuda a renovar o nosso compromisso batismal de ser apóstolos generosos e jubilosos do Evangelho. Lembramos especialmente aqueles que foram capazes de partir, deixar terra e família para que o Evangelho pudesse atingir sem demora e sem medo aqueles ângulos de aldeias e cidades onde tantas vidas estão sedentas de bênção.

Contemplar o seu testemunho missionário impele-nos a ser corajosos e a pedir, com insistência, «ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2), cientes de que a vocação para a missão não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora. Hoje, Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão. E esta chamada, fá-la a todos nós, embora não da mesma forma. Lembremo-nos que existem periferias que estão perto de nós, no centro duma cidade ou na própria família. Há também um aspeto da abertura universal do amor que não é geográfico, mas existencial. Sempre, mas especialmente nestes tempos de pandemia, é importante aumentar a capacidade diária de alargar os nossos círculos, chegar àqueles que, espontaneamente, não sentiria como parte do «meu mundo de interesses», embora estejam perto de nós (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 97). Viver a missão é aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã. Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários.

Maria, a primeira discípula missionária, faça crescer em todos os batizados o desejo de ser sal e luz nas nossas terras (cf. Mt 5, 13-14).

Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2021.

Francisco

28 janeiro, 2021

Luto contra três gigantes - de Dom Quixote para Sancho:

Muito profundo! De Dom Quixote para Sancho:

“Luto contra três gigantes, querido Sancho; estes são: o medo, que tem forte raigambre e que toma conta dos seres e os sujeita para que não ultrapassem o muro do socialmente permitido ou admitido; o outro é a injustiça, que subjaz no mundo disfarçada de justiça geral, mas que é uma justiça instaurada por alguns para defender mesquinhos e egoístas interesses; e o outro é a ignorância, que anda também vestida ou disfarçada de conhecimento e que lamenta os seres para que acreditem Saber quando não sabem na verdade e que acreditem estar certos quando não estão. Essa ignorância, disfarçada de conhecimento, machuca muito, e impede os seres de ir além na linha de conhecer realmente e se conhecer ".
Miguel de Cervantes (1547-1616), o genial autor de "Dom Quixote". Muito atual quatro séculos depois...


CONVOCAÇÃO DE MUTIRÃO PELA VIDA da 6ª SSB

 CONVOCAÇÃO DE MUTIRÃO PELA VIDA da 6ª SSB 

Pelo impeachment 
Por vacina 
Pela renovação do auxílio emergencial 

A conjuntura social, política e econômica do mundo e do Brasil, assim como a pandemia do COVID 19, tem revelado uma série de negligencias que intensificam de maneira abrupta as desigualdades sociais. No Brasil, chegamos a triste realidade de mais de 218 mil mortos, além do colapso no sistema de saúde no norte do país, especialmente nos estados do Amazonas e Rondônia. No conjunto das reflexões e realidades em que somos chamados/as a atuar, o impeachment, a vacina para todos/as e o auxílio emergencial, são emergências para as lutas populares, missão da atuação junto às transformações sociais e políticas na garantia da justiça e dignidade da vida. 

Com o objetivo de refletir e organizar melhor as ações de mobilizações, de forma conjunta e fortalecendo a incidência política, a 6ª Semana Social Brasileira, através da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizará uma reunião emergencial e virtual. Pastora Romi Márcia Bencke, do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC); João Pedro Stedile: dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) Frente Brasil Popular e José Antônio Moroni: Instituto de Estudos Socioeconômicos irão colaborar nas reflexões e atualizações de informações sobre as pautas emergenciais deste cenário. 

Quando 

03/02/2021 das 9h-12h (horário de Brasília). 

Devem participar 

Membros da coordenação ampliada da 6ªSSB; referenciais da 6ªSSB dos regionais da CNBB; bispos da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora; bispos do Grupo de Trabalho Pacto pela Vida e pelo Brasil; secretários/as ou coordenadores/as das pastorais sociais e organismos; Comissões Episcopais: Ecologia integral e mineração; Laicato; Enfrentamento ao Tráfico Humano, Juventude, Ação Missionária e Amazônia; Assessor Político da CNBB; organizações católicas de cooperação: Adveniat, Caritas Alemã e Misereor. 

Inscrição AQUI

27 janeiro, 2021

Pelo menos 10 milhões de pessoas passam fome no Brasil. Pandemia piorou quadro já desolador. Entrevista especial com Francisco Menezes

A conjuntura não era boa e o ano de 2019 encerrou com o fantasma da volta do Brasil para o Mapa da Fome. Em 2020, na eclosão da pandemia, a falta de comida na mesa virou uma realidade não somente para aqueles que estão em vulnerabilidade social, mas também para quem ‘se virava’ e tinha um trabalhado mesmo que informal. “As pessoas ficam desprovidas de renda, de início se endividam, depois já não tem mais condições de garantir compras de alimentos, mesmo os de mais baixo valor e pior qualidade”, aponta o economista Francisco Menezes, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.

Confira a entrevista AQUI

VACINAR-SE É AMAR A SI AMANDO O PRÓXIMO - MOMENTO ESPIRITUALIDADE - COM ...

Bispos do Brasil | Dom Geremias Steinmetz | 25/01/21 [CC]

Bispos do Brasil: Entrevista especial com o Arcebispo de Londrina 

Pela TV Evangelizar, o programa Bispos do Brasil entrevista o Arcebispo de Londrina e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, Dom Geremias Steinmetz. 

“Não houve instrumentalização política no evento.” Dom Geremias fala abertamente sobre os bastidores e todo o contexto dos acontecimentos do emblemático 14º Intereclesial das CEBs, realizado em 2018 em Londrina. 

Entre outros destaques, Dom Geremias fala sobre a evangelização na cultura urbana, a participação da Igreja na resolução dos conflitos agrários no Paraná e a relação do Arcebispo com a sociedade civil organizada. Sobre críticas recebidas por setores da sociedade civil de Londrina, Dom Geremias diz que aceita o diálogo, mas não aceita “amarrar” a Igreja. 

“Eu quero agradecer a possibilidade de falar da realidade da arquidiocese e da Igreja no Paraná. Penso que realmente faltava um trabalho como este, em que os bispos podem falar com mais tranquilidade e o povo brasileiro poder olhar um pouquinho mais nos olhos dos bispos.”

 

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
27 de janeiro

O "Dia da memória" foi instituído pelas Nações Unidas em 2005 e tem como objetivo rememorar a data histórica em que tropas soviéticas invadiram o campo de concentração em Auschwitz, libertando cerca de 7 mil sobreviventes do massacre nazista. Estima-se que 1 milhão de judeus e de outras minorias étnicas morreram nos campos de extermínio do regime nazista.

25 janeiro, 2021

O amor em toda a sua gratuidade

O amor em toda a sua gratuidade, 
que rompe proibições e regras, 
porque ele é mais forte e urgente que as proibições e regras, 
quando é para resgatar e salvar vidas.

Enfermeiro abraça paciente com Down para dar oxigênio no AM


O abraço de um enfermeiro a um paciente portador de Síndrome de Down com covid-19 comoveu pacientes e funcionários do hospital de campanha na cidade de Caapiranga, no interior do Amazonas.

Ao ver o desespero do paciente Émerson Júnior, 30, que temia o uso da máscara com oxigênio, o enfermeiro Raimundo Nogueira Matos, 38, chegou próximo para ganhar confiança e, abraçados, conseguiram fazer o procedimento....Continue lendo em noticias uol, clique AQUI.

22 janeiro, 2021

“Manaus está dizendo para o Brasil: ‘Cuidado, sou você amanhã’”, alerta Nicolelis

Somente um lockdown nacional imediato e ações coordenadas entre os governantes de todas as regiões do país impediriam o Brasil de chegar a um cenário ainda mais trágico do que o vivido na primeira onda de proliferação do coronavírus.

A defesa contundente é feita pelo neurocientista Miguel Nicolelis, um dos principais nomes da pesquisa científica do país e coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, criado para traçar estratégias de combate à covid-19.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Nicolelis afirma que prognósticos negativos feitos no fim do ano passado já se confirmaram logo nas primeiras semanas de 2021.

Clique aqui e confira a entrevista.

Crônica de um genocídio anunciado



"É preciso que todos saibam do genocídio promovido pelo governo Bolsonaro. Mais de 50 pedidos de impeachment do presidente estão parados nas gavetas do Congresso Nacional. Vivemos, hoje, num país que não tem governo, não tem política de saúde, não tem suficientes vacinas, cilindros de oxigênio e leitos nos hospitais, não tem leis favoráveis ao lockdown e contrárias às aglomerações. Precisamos todos nos mobilizar para salvar o Brasil e os brasileiros", escreve Frei Betto, frade dominicano, escritor, assessor da FAO e de movimentos sociais e autor de “O diabo na corte – leitura crítica do Brasil atual” (Cortez), entre outros livros.
Eis o artigo.

Tudo indica que o Brasil será o último país a ter a sua população imunizada contra a Covid-19 e, em breve, haverá de superar os EUA em número de mortos, devido ao descaso do governo Bolsonaro. Nesta terceira semana de janeiro, já temos mais de 112 mil vítimas fatais. A cada dia, mais de mil pessoas morrem contaminadas pelo coronavírus.

Bolsonaro sofre de tanatomania, tendência patológica de satisfação com a morte alheia. Agora a situação se agrava com a falta de oxigênio e leitos nos hospitais. Terrível paradoxo: falta oxigênio aos pacientes dos estados do Amazonas e do Pará, ambos na Amazônia, tida como pulmão do planeta. Muitos morrem por asfixia. E ironia do destino: Maduro, execrado pelo governo, reabastece o Amazonas de oxigênio.

Todo esse quadro necrófilo resulta da inoperância de um presidente e de um governo genocidas. O Brasil tem Ministério da Saúde, mas não tem ministro. Desde a posse de Bolsonaro, em janeiro de 2019, os dois médicos que ocuparam o cargo não permaneceram por não concordarem com a indiferença do presidente diante da pandemia e por ele recomendar recursos preventivos sem comprovação científica, como a cloroquina. O atual ministro, general Pazuello, não é médico, e pouco depois de ser empossado admitiu que, até então, desconhecia o SUS, Sistema Único de Saúde, que atende gratuitamente a população e é considerado exemplar. Agora, porém, o SUS está de mãos atadas por falta de vacinas e profissionais de saúde.

No início da pandemia, enquanto o mundo se alarmava, Bolsonaro declarava que se tratava de uma “gripezinha”. Recusou-se a coordenar a mobilização dos brasileiros para evitar a disseminação da doença. E incentivou, com seu exemplo, as aglomerações, criticou o uso de máscara (chegou a proibir a entrada no palácio de quem estivesse de máscara) e desaconselhou medidas preventivas, como o isolamento, a lavagem cuidadosa das mãos e sua higienização frequente com álcool em gel. Foi preciso a Suprema Corte facultar a governadores e prefeitos o direito de desempenhar essa coordenação.

Como Bolsonaro saboreia o macabro cheiro da morte, jamais se preocupou com a vacinação do povo brasileiro. Deu a entender que a Covid-19 mata preferencialmente os pobres (o que economizaria recursos das políticas sociais), os portadores de comorbidades e os idosos (o que reduziria o déficit do SUS e os gastos com a Previdência Social). Contudo, devido à pressão popular, o governo se viu obrigado a correr atrás das vacinas.

As vacinas até agora disponíveis são produzidas em dois países, Índia e China, há meses destratados pela família Bolsonaro. O chanceler Ernesto Araújo, adepto do terraplanismo, declarou que a China havia produzido intencionalmente o “comunavírus”. Aliado aos países ricos, o Brasil se recusou a apoiar a proposta da Índia na OMC para quebrar a patente das vacinas. Em outubro de 2020, Bolsonaro assegurou: “Alerto que não compraremos vacina da China”. Seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, em novembro, acusou o governo chinês de utilizar a tecnologia 5G para espionar.

As poucas vacinas que chegaram ao nosso país, menos de 10 milhões de doses para a população de 212 milhões, vieram da China e foram compradas pelo Instituto Butantan, renomada instituição científica de São Paulo. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), do Rio, tenta comprar da China o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) sem que haja, até agora, confirmação de possibilidade de entrega.

É preciso que todos saibam do genocídio promovido pelo governo Bolsonaro. Mais de 50 pedidos de impeachment do presidente estão parados nas gavetas do Congresso Nacional. Vivemos, hoje, num país que não tem governo, não tem política de saúde, não tem suficientes vacinas, cilindros de oxigênio e leitos nos hospitais, não tem leis favoráveis ao lockdown e contrárias às aglomerações. Precisamos todos nos mobilizar para salvar o Brasil e os brasileiros.

Fonte: IHU

18 janeiro, 2021

A esperança de Mônica e o silêncio constrangido de Jair

Após onze meses funestos, início da vacinação acende luz no túnel da pandemia. Presidente cala-se. Paradoxo: SUS pode imunizar 5 milhões por dia, mas sabotagem do governo torna processo incerto e lento. E mais: caos total no Enem da Covid.

Após onze meses de um acúmulo de más notícias, ontem o Brasil pôde se permitir um suspiro de alívio ao ver a primeira pessoa sendo vacinada contra a covid-19 no país: a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, negra, obesa, diabética e hipertensa, que trabalha desde maio na UTI no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Ela foi voluntária nos testes de fase 3 com esse imunizante, mas havia ficado no grupo que recebeu o placebo em vez da vacina. 



A reportagem é de por Raquel Torres, publicado no site Outras Palavras em 18/01/2021.

FALTA MUITO, MAS COMEÇOU

Após onze meses de um acúmulo de más notícias, ontem o Brasil pôde se permitir um suspiro de alívio ao ver a primeira pessoa sendo vacinada contra a covid-19 no país: a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, negra, obesa, diabética e hipertensa, que trabalha desde maio na UTI no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Ela foi voluntária nos testes de fase 3 com esse imunizante, mas havia ficado no grupo que recebeu o placebo em vez da vacina.

A cena aconteceu no Hospital das Clínicas da USP às 15h30, apenas alguns minutos depois de a CoronaVac ser aprovada em caráter emergencial pela Anvisa. Como já era esperado, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), conseguiu mesmo se antecipar ao governo federal e garantir sua presença nas primeiras fotografias da imunização no país.

Da coluna de Thiago Amparo, na Folha: “A vacina, há de se frisar, não é produto do espetáculo político no qual Doria e Bolsonaro nos arremessaram; a vacina é produto do Brasil que deu certo e nos fez chorar hoje: é produto do maior sistema público universal de saúde do mundo. É resultado do suor de muitas e muitos: de cientistas em institutos públicos, de servidores públicos, de diretores de agência de saúde com mandato fixo por lei, de profissionais do SUS que trabalham em condições desumanas, de jornalistas que deram nome e rosto para os 200 mil brasileiros que perdemos. A foto de Mônica Calazans (…) encarna em seu punho em riste e choro emocionado a linha de frente da ciência e do serviço público a quem devemos o dia de hoje”.

Ainda ontem a primeira indígena recebeu a CoronaVac: Vanuzia Costa Santos, de 50 anos, moradora da aldeia multiétnica Filhos dessa Terra, em Guarulhos. Ao todo, cem pessoas foram vacinadas no Hospital das Clínicas.

TODOS OS OLHARES

A reunião de deliberação da Anvisa durou cerca de cinco horas e teve mais de 340 mil visualizações no canal da agência do Youtube – um verdadeiro hit, considerando que seus demais vídeos raramente chegaram a mil espectadores. No fim, a Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial tanto da CoronaVac como da vacina de Oxford/AstraZeneca. O evento acabou frustrando um pouco quem não estava acostumado a esse tipo de apresentação e esperava algo mais acessível ao ao público geral: como todas as outras reuniões do tipo, foi bastante técnica e cheia de detalhes sobre cada análise.

As autorizações foram concedidas com uma série de condicionantes. O Instituto Butantan não apresentou todos os dados previstos sobre a presença de anticorpos nos voluntários vacinados, o que havia sido exigido pela Anvisa ainda no dia 9. Segundo o gerente-geral de medicamentos do órgão, Gustavo Mendes, foi informado apenas se houve ou não a produção de anticorpos, mas não em que quantidade. Se o Butantan não enviar os dados faltantes até o dia 28 de fevereiro, pode perder a autorização emergencial. Esse é um dos pontos do termo de compromisso que a Agência estabeleceu como necessário para a aprovação. O documento foi assinado à noite e publicado em edição extra do Diário Oficial da União.

Além disso, os dados apresentados sobre a eficácia em idosos foram insuficientes para permitir “conclusões mais robustas”, porque só cinco idosos fizeram parte do ensaio com a CoronaVac.

A eficácia nesse grupo também não pôde ser atestada no caso da vacina de Oxford/Astrazeneca. Em relação a esse imunizante, Mendes mencionou ainda a confusão com os braços do estudo que acabou produzindo eficácias distintas, e disse ainda que restam dúvidas quanto à estabilidade do produto no longo prazo (o prazo de validade sugerido é de seis meses) e quanto à sua pureza. Também houve questões relativas a mudanças no processo de fabricação com o aumento da escala de produção.

Em tempo: uma das piores coisas da reunião foi o presidente da Anvisa, o contra-almirante Antônio Barra Torres, explicando que os diretores não usariam máscaras porque estavam respeitando as regras de distanciamento. Como a reunião foi em local fechado e o vírus se transmite pelo ar, a justificativa não tem sentido e ainda dá um péssimo exemplo. Por outro lado, uma das melhores foi ver tanto o corpo técnico da Anvisa como a diretoria reafiramando que não há tratamento precoce contra a covid-19.

A QUANTIDADE INICIAL

O Instituto Butantan começou a produzir a CoronaVac e já tem 11 milhões de doses – mas o pedido de autorização não foi referente a esse montante, e sim a outras seis milhões de doses que importadas da China no ano passado. Portanto, só estas estão liberadas. Já o aval para a vacina de Oxford/AstraZeneca se refere às duas milhões de doses que o governo tenta trazer da Índia – por enquanto, não conseguiu, de modo que elas ainda não estão em solo brasileiro e não há previsão para chegaram. A Fiocruz estima produzir 100 milhões de doses até julho a partir do ingrediente ativo que será importado da China, mas o pedido à Anvisa é mesmo restrito ao carregamento indiano.

Para novas doses, será preciso entrar com novos pedidos. Porém, segundo O Globo, espera-se que as próximas avaliações corram mais rápido.

GUERRA ACIRRADA

As reações de Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello ao início da vacinação em São Paulo foram bem sintomáticas. No caso do presidente, houve uma não-reação: até onde sabemos, ele não deu um pio sobre o dia de ontem. Já o ministro da Saúde ficou… irritado. João Doria mal tinha acabado de posar para as câmeras e o general Pazuello já estava diante de jornalistas, criticando o governador de São Paulo e até mesmo tentando atrair para o governo federal os esforços em torno da CoronaVac: “O Ministério da Saúde vem trabalhando junto com o Butantan no desenvolvimento da vacina desde o início. Você sabia que tudo o que foi comprado pelo Butantan foi com recursos do SUS? Não foi com um centavo de São Paulo“, disse ele, tentando – sem sucesso – soprar para longe todo o histórico de ódio do presidente Jair Bolsonaro contra a “vachina”.

O general também condenou a (mais do que previsível) “propaganda própria” do governador paulista. Disse que tem as vacinas de AstraZeneca e do Butantan em mãos e que poderia “em um ato simbólico ou em uma jogada de marketing, iniciar a primeira dose em uma pessoa”, mas não faria isso “em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros”. Na verdade, o Ministério da Saúde não tinha dose nenhuma “em mãos”. As da AstraZeneca continuam na Índia, e as da CoronaVac ainda estavam no Butantan.

Por fim, Pauzello afirmou que a aplicação das primeiras vacinas em SP foi ilegal, por conta do acordo de exclusividade entre o Butantan e o SUS. Na verdade, vários governadores parecem ter se incomodado com o gesto de Doria. A reportagem da Folha diz que as opiniões ficaram divididas no grupo de WhatsApp dos gestores, com muitas críticas ao fato de a vacinação não começar em todo o país ao mesmo tempo.

O RATEIO

A previsão otimista do ministro Eduardo Pazuello é a de que o país pode chegar a vacinar um milhão de pessoas por dia, o que seria um grande feito. Já a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo paga mais: para ela, o SUS tem condições de alcançar até cinco milhões por dia. Mas para isso é preciso ter profissionais, locais de vacinação, horários diferenciados, ordem para evitar aglomeração. E, o mais importante: as doses dos imunizantes.

Ontem à tarde, a Polícia Federal estacionou viaturas na porta do Butantan para estocar as doses da CoronaVac até o aeroporto de Guarulhos, de onde irão para um galpão do Ministério da Saúde. A ideia é que comecem a ser distribuídas a “pontos focais” dos estados hoje – aliás, às pressas, Pazuello convidou os governadores para um “ato simbólico de recebimento das vacinas” hoje de manhã. A campanha nacional deve começar na quarta-feira às 10h.

Mas tudo indica que São Paulo vai continuar seu calendário próprio. A previsão é recomeçar a aplicar vacinas hoje às 7h no Hospital das Clínicas da USP. Além disso, 30 caminhões devem para distribuir doses, seringas e agulhas a hospitais do interior.

E mais: apesar de o governo federal querer centralizar a partilha, Doria afirmou que “não confia” no Ministério da Saúde e vai enviar por sua conta 50 mil doses a Manaus…

PEDIDO NEGADO

O pedido do laboratório União Química para a aprovação emergencial da Sputnik V no Brasil, enviado no dia 15, foi negado de cara pela Anvisa já no dia seguinte. A notícia era esperada: esse imunizante não teve testes de fase 3 no Brasil, o que é uma condição da agência para aceitar as solicitações.

ENEM NOTA ZERO

Contra todas as melhores recomendações de especialistas, a vontade dos estudantes e as evidências de que tinha tudo para dar errado, o cronograma do Enem foi mantido e a primeira prova presencial foi realizada ontem. A abstenção foi recorde: nada menos que 51,5% dos estudantes faltaram. Cinco mil pessoas pediram para fazer a prova em outra data por estarem com sintomas de covid-19 ou outras doenças contagiosas. Imaginem quantos não deviam estar infectados e assintomáticos.

Mas o ministro da Educação, Milton Ribeiro, achou ótimo: “Qualificamos como sucesso porque, no meio de uma crise, numa pandemia, nós conseguirmos mobilizar milhões de pessoas de maneira segura, para mim, foi um sucesso. Estamos em situação de calamidade. Ainda por cima temos uma questão política de mídia contra, falando e criticando a realização do exame. Nesse ponto, acredito que foi um sucesso. Para os alunos que puderam fazer a prova, foi um sucesso”.

Além do medo dos alunos, outro fator parece estar por trás das faltas. Segundo o Estadão, aconteceu de candidatos serem barrados na entrada dos locais de prova porque suas salas estavam superlotadas. Pois é. Na semana passada, já tinha sido denunciado que vários locais tinham planos de ter salas com 80% de ocupação, muito mais do que os 50% preconizados pelo MEC. Ao que parece, na manhã da prova, chegou às portarias a informação de que a lotação deveria ser mesmo de no máximo 50%. Então, em vários casos, a “solução” foi essa: pedir que os alunos dessem meia volta e depois solicitassem a reaplicação em outra data. “Entrei em pânico, comecei a chorar. Quando saí na rua, tinha um monte de estudante chorando, apavorado. Eu também estava muito mal e ninguém estava entendendo nada do que estava acontecendo”, conta Anna Carolina Lau, na reportagem.

Mas não foi assim em todos os locais. Aconteceu também de os estudantes não serem barrados e fazerem a prova nas salas cheias, mesmo. “Foram chegando mais alunos até que a sala encheu e tiveram de colocar mais carteiras. Tinha gente do meu lado, à frente e atrás. Faltaram ainda 8 pessoas. Foi um absurdo. Eu queria sair o mais rápido possível, não estava aguentando ficar na sala com muita gente”, narra outra estudante, Ellen Rezende.

É CLARO QUE SABIA

Entre os dias 3 e 4 de janeiro, o Ministério da Saúde fez reuniões com autoridades do Amazonas e se detectou que o sistema de saúde do estado estava à beira do colapso. No dia 8, a pasta ficou sabendo que faltaria oxigênio por um e-mail da White Martins, empresa que fabrica o produto. Essas informações constam de um ofício enviado ao STF pela Advocacia-Geral da União. Nos dias 11, 12 e 13, portanto às vésperas de a crise estourar para valer, o ministro Eduardo Pazuello estava em Manaus…

Agora o procurador-geral Augusto Aras abriu um inquérito para investigar “eventual omissão” do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) e da prefeitura de Manaus. Mas, em relação às responsabilidades do governo federal, pegou mais leve: Aras apenas deu um prazo de 15 dias para que o general explique por que não fez nada.

NÃO MENOS IMPORTANTE

No ano passado o Brasil teve 8,4 mil casos de sarampo, registrando surtos em 21 estados (não custa lembrar que há menos de cinco anos toda a região das Américas tinha sido declarada livre dessa doença). O maior surto foi no Pará, que concentrou mais de cinco mil casos. O vírus ainda circula nesse estado, além do Rio de Janeiro, São Paulo e Amapá. Nos outros, segundo o Ministério da Saúde, a circulação viral foi interrompida.

16 janeiro, 2021

Apelo do arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner

“Todos nós possamos dar a nossa contribuição e nos engajar solidariamente no cuidado da vida de todas as pessoas”. 

Dom Leonardo Steiner arcebispo de Manaus Vídeo divulgado nas redes sociais

‘Nos estamos no momento difícil, nós estamos no momento de pandemia quase sem saída Todos nós possamos dar a nossa contribuição e nos engajar solidariamente no cuidado da vida de todas as pessoas. “Na primeira onda, as pessoas morriam por falta de informação, por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTI do Amazonas e de Roraima.Hoje, na segunda onda, às pessoas vem a óbito por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTIs e, por incrível que pareça, por falta de oxigênio. As pessoas, mesmo internadas, falta a elas oxigênio. Nós bispos do Amazonas e de Roraima fazemos um apelo: pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio, providenciem oxigênio. As pessoas não podem continuar a morrer por falta de oxigênio por falta de leitos nas UTIS. Cuidemos do distanciamento, usemos máscara, não descuidemos da saúde. Estamos num momento difícil, num momento de pandemia, quase sem saída”. 

O arcebispo convidou a todas e todos a deixar de lado as agressões, os negacionismos, a política que divide e que corrompe, os lucros em cima da pandemia. Indicou ainda que “nos coloquemos a serviço de todos a nossa humanidade melhor e que coloquemos a serviço de todos as nossas forças espirituais”.

Ironia?

Ironia? 

Da Venezuela Oxigênio. 

Da China a Vacina. 

De Cuba os Médicos Cubanos.

Celebração pela Paz no mundo - 5 meses da Páscoa de Pedro Casaldáliga

A Celebração daqui a pouco, às 18 horas.

Dia D: Rumo ao 15º Intereclesial das CEBs


Dia D: Rumo ao 15º Intereclesial das CEBs

É missão profética das CEBs não calar diante desse genocídio.

“Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. ” Mc 2,1-3

O dia 15 de cada mês tem sido marcado pela oração em preparação ao 15º Intereclesial das CEBs. Nesse mês a comunidade Santa Luzia, Paróquia Nossa Senhora Aparecida/ Diocese de Rondonópolis/ Guiratinga organizou a celebração e, em unidade com as CEBs do Brasil fez-se memória das incontáveis vítimas da COVID 19, rogando a Deus por seus familiares e pelos que se encontram doentes, para que não desanimem e mantenham a esperança, como uma vela acesa em meio a escuridão.

As comunidades eclesiais de base, reunidas pelas redes sociais, louvaram a Deus pela vida dos profissionais da linha de frente no cuidado aos enfermos, que não se cansam de lutar e como a passagem do Evangelho nos apresenta, “carregam os doentes, abrem caminhos em meio à multidão, arranjam um modo de proporcionar o cuidado e buscar a cura”, mesmo que isso lhes custe a vida. 

Por outro lado a missão profética das CEBs não nos permite calar diante do descaso do governo federal, que descaradamente zomba das vítimas da Covid 19 e age em nome da morte, impedindo o acesso aos meios para o enfrentamento da pandemia, transformando questões humanitárias em um jogo de poder e busca de lucro, como alerta o profeta Miquéias: “As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente...” (Mq 7.3), enquanto pessoas morrem asfixiadas, sem ao menos despedir-se de seus entes queridos

Nesse dia de Oração pelo 15º Intereclesial , estejamos atentos ao clamor do povo e ao apelo de Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus: "pelo amor de Deus, nos enviem oxigênio, providenciem oxigênio! Hoje, as pessoas vão a óbito por falta de leitos nos hospitais, por falta de leitos nas UTIs, e por incrível que pareça, por falta de oxigênio...” A Igreja, fiel ao Evangelho, não tem se calado. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou; “é urgente cobrarmos celeridade para o início da vacinação, e ainda mais importante, não nos deixar enganar por notícias falsas, a pandemia se tornará ainda mais perigosa se a desinformação prevalecer,” ressaltando que a pandemia do novo coronavírus “é um deserto que todos nós família humana estamos atravessando e para vencer essa travessia precisamos caminhar juntos. Insistam junto às autoridades públicas para que fortaleçam o Sistema Único de Saúde (SUS) para que cada pessoa, rica ou pobre, tenha o direito de ser vacinada. A vacina nos ajuda a superar a covid-19″. É urgente exigir a solução para a pandemia. Que façamos ecoar esse grito! Anunciar e denunciar!

Rezemos com o Papa Francisco “Deus onipotente e misericordioso, olhe a nossa dolorosa situação: conforta teus filhos e abre nossos corações à esperança porque sentimos a sua presença de Pai em nosso meio” 

Gratidão a todos e todas que conosco constroem o 15º Intereclesial! Somos povo da Esperança!!

Leoni Alves Garcia. Comunica15

14 janeiro, 2021

Uma canção para padre Júlio Lancellotti

Uma canção para padre Júlio Lancellotti 

O cantor, compositor e evangelizador, Antônio Cardoso homenageia o padre Júlio Lancellotti com a canção “Só um coração”. 

Padre Modino – REPAM 

“Só um coração”, a música de Antônio Cardoso para homenagear o padre Júlio Lancellotti 

Só um coração, um coração que ajuda a restaurar, a colocar de pé a tantos homens e mulheres que perderam tudo, e tudo é tudo mesmo! Essas palavras nos falam do padre Júlio Lancellotti, alguém a quem Antônio Cardoso quis homenagear com uma canção, uma música que “foi uma das poucas canções que eu escrevi na minha vida sem mudar uma frase, ela saiu, simplesmente fluiu”. 

Ele afirma que “as canções, elas são como uma inspiração divina, quando a gente se entrega, quando a gente abre o coração, tudo isso flui na vida do poeta”. Junto com isso, Antônio Cardoso, que se define como “missionário, a pesar de muitos me chamarem de artista”, destaca que “a gente também tem que se deixar tocar, se sensibilizar pelos acontecimentos”. Segundo ele, “uma das coisas que tem aflorado muito na pandemia são as desigualdades”, algo lembrado constantemente pelo Papa Francisco. 

No Brasil, “tem extravasado ainda mais essa desigualdade”, segundo Cardoso, o que “faz com que algumas pessoas se transformem quase em heróis”. Mesmo que “nós não estamos precisando de heróis, porque há uma grande diferença entre vocação e profissão”, o padre Júlio Lancellotti, com 72 anos de idade, é alguém que todos os dias, “vem falando dessa tragédia humana que São Paulo vem atravessando há muitos anos, há muitos governos, mas que tem sido mais difícil ainda neste tempo de pandemia, e isso tornou este homem um símbolo de um vocacionado”, afirma Antônio Cardoso. Para ele “todos nós somos chamados a viver nossa vocação, mas alguns com um pouco mais de coragem, se lançam mais na linha de frente”. 

Diante da música, o padre Júlio, igual muitas outras pessoas, ficou emocionado, segundo o compositor. Junto com a música tem sido elaborado um vídeo que mostra o dia a dia do padre Lancellotti. Para Antônio Cardoso, que já tem uma caminhada de 40 anos no mundo artístico, “Só um coração” é “uma dessa canções que brota e que se transforma numa oração, que nos impele a viver com fidelidade o chamado da construção do Reino”. 

Ele repara nas palavras que dizem “quando a gente perde tudo, e tudo é tudo mesmo, aí a gente fica sem chão”. Aí é mostrado que “muita gente já viveu isso, no mundo da saúde, no mundo econômico, muitos pais de família que ficaram desempregados e foram para a rua, o mundo das drogas, pais e mães que lutam para restaurar seus filhos e não consegue”, afirma o compositor baiano afincado em São Paulo. Ele também lembra “daqueles que estão trabalhando com os indígenas, que vê aquela tragédia humana acontecendo, especialmente com as invasões de reservas indígenas”. 

Antônio Cardoso reconhece o valor “dessa gente simples, que dialoga de outra maneira, o vocabulário é outro”. Diante disso, ele afirma que “eu sinto que a cada momento a nossa humanidade vem sendo transformada, e a gente precisa ter esse espírito ungido, pelo Espírito da Verdade, para que a gente possa verdadeiramente se lançar a essa linha de frente”. Ainda mais, ele diz que “sou muito grato ao Papai do Céu, que está sempre me instigando para que eu possa dar a minha contribuição àqueles que estão muito mais na linha de frente do que eu. Eu só faço traduzir em palavras e em canções o que a maioria já está trabalhando”. 

Para o compositor, os últimos meses, esse tempo de pandemia, está sendo um tempo difícil. Descobrir como poder satisfazer as necessidades familiares, como “pai de família, eu tenho que arrumar um jeito de sustentar, colocar minha filha na escola, e não é fácil isso, em tempos normais, imagine numa pandemia”. Junto com a carga emocional que surge diante da intolerância, das pessoas que não aceitam a vacina, das pessoas negacionistas, mesmo com o povo morrendo, já são mais de 200 mil pessoas, o mundo do trabalho vivendo uma tragédia incrível, reflete alguém que afirma e canta que diante dessa realidade: “Só um coração pode entender o que se passa com você. Pois, não há palavras para explicar a solidão de alguém que perdeu tudo”. 


SÓ UM CORAÇÃO 
(Antonio Cardoso) 

Só um coração pode entender 
O que se passa com você 
Pois, não há palavras para explicar 
A solidão de alguém que perdeu tudo 
E tudo é tudo mesmo! 
O vazio não tem explicação 

Só um coração 
Só um coração e uma porta aberta 
Podem restaurar você 
E nisso você pode acreditar 
A cruz não é nenhuma derrota! 
A cruz que você vive 
É a porta da vitória 

Só um coração 
Aprendi do Mestre que amar 
Tem suas dores, tem suas oblações e a fé 
Creia no Espírito de Deus 
Que te coloca de pé 
Deus te coloca de pé! 

--------------------------- 

SÓ UM CORAÇÃO (Aos povos de rua) - Antonio Cardoso

13 janeiro, 2021

CF 2021 - COMPROMISSO DE AMOR

Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor

Quinta Campanha da Fraternidade Ecumênica

Neste ano de 2021, as Igrejas que compõem o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC – celebram a quinta Campanha da Fraternidade Ecumênica – CFE – e mais uma vez, nos falam de paz. O lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, além de uma verdade bíblica buscada em (Ef 2, 14a), nos impulsiona a enfrentarmos as milícias da intolerância, do preconceito e da violência. Vivemos um tempo propício para se viver o cristianismo profético e para sermos cristãos e cristãs. Talvez o ano de 2020 seja lembrado por este clamor permanentemente presente pela paz, pelo diálogo e pela unidade das Igrejas Cristãs, como compromisso de amor e de fidelidade ao Evangelho. O maior e primeiro desafio que nos espreita, no entanto, é reconhecermos e enfrentarmos profeticamente uma patologia que cresce como erva daninha: o cristianismo sem Cristo. Usado como braço político ideológico, sobretudo da extrema direita, mas também da direita e da centro-direita, essa patologia revela-se ante evangelho, anticristã e, além de negar a ciência, tem uma índole proselitista e corrupta. Apresenta-se ainda como forte berço e alimento poderoso da cultura de morte. A partir de atitudes machistas, homofóbicas, racistas e xenófobas, combate os Direitos Humanos Fundamentais e banaliza a morte para desta forma, justificar uma maldição, consentida, é verdade, através do voto, em forma de um governo corrupto iníquo e necrófilo, por fim. O “cristianismo” sem Cristo está em todas as Igrejas e em alguns casos se destaca e até é predominante. 

O tema da CFE-2021, “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, é um convite para buscarmos em cada uma destas palavras, o seu significado mais profundo. O que nos tornamos sem a Fraternidade? Seres egoístas, indiferentes e autossuficientes, incapazes de chorar e de reconhecer o outro e a outra como irmãos. De sentir as suas dores. O que somos capazes de fazer quando não reconhecemos o Diálogo como um ato de amor, como nos lembra o pedagogo e humanista cristão Paulo Freire? Opressores frios, capazes de reduzir as pessoas á coisas sem valor. Para que serve um ‘cristianismo” que não tem Compromisso com a vida e com a defesa da dignidade da vida? Para transformar Igrejas em “empresas”, talvez em ONGs ou em alfândegas, cujo fim são elas mesmas. Tiram, até as carnes dos ossos dos pobres (ver Mq 3, 1-4), para construir impérios sem escrúpulos e sem qualquer sentido que não o enriquecimento do malvado que se fantasia de pregador. Em tempos de tirania já aumentam o nível de exigências e os riscos necessários. Em tempos de naturalização da tirania como este nosso tempo, ou somos profetas e profetizas ou seremos apenas idiotas. A paz que Jesus nos ensinou, nos deixou e nos deu, não é como a paz dos túmulos, mas, antes, é como a paz do Profeta Isaías, fruto da justiça (Is 32, 15-17). E a justiça, por sua vez, exige-nos luta, coragem e ousadia.

A paz e sua precursora, a justiça, perpassam como Tema Gerador de todas Campanhas da Fraternidade Ecumênicas. A começar pela primeira, no ano 2000, com a mudança de milênio, o tema abordou as questões da falta de justiça, ao falar de “Novo Milênio sem Exclusões”. Enquanto que o lema: “Dignidade Humana e Paz”,nos confirma que os laços entre a justiça e a paz, são duradouros e mesmo inquebrantáveis. Gostaria de ressaltar o significado profético e a audácia oportuna do Objetivo Geral: “Unir as Igrejas Cristãs no testemunho comum da promoção de uma vida digna para todos, na denúncia das ameaças à dignidade humana e no anúncio do Evangelho da paz”. A sintonia entre o tema e o lema e o objetivo geral, é algo semelhante à atualidade do tema. Tanto no ano 2000, quanto agora.

A segunda Campanha da Fraternidade Ecumênica aconteceu no ano 2005, e manteve o tom e a forma. Com o tema: “Fraternidade e Paz” sabiamente complementado pelo lema: “Felizes os que promovem a paz”, embora seja buscado nas Bem-Aventuranças, não nos permite tergiversar. Vivemos um sério problema com relação à paz. O Objetivo Geral, traz a utopia profética: “Unir Igrejas Cristãs e pessoas de boa vontade na superação da violência, promovendo a solidariedade e a construção de uma cultura de paz”. O grito por justiça, paz, solidariedade e compromisso com a dignidade da vida, vai se tornando um clamor. Sem ele o cristianismo se desfigura. A terceira CFE, aconteceu no ano de 2010, com o tema: “Economia e Vida”, vem para dá os nomes de quem exclui, comete injustiça e nos tira a paz. Economia é distribuir a riqueza gerando desenvolvimento, e não acumulá-la, gerando miséria. O lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24), nos convida a revisitar o Livro mais citado do Primeiro Testamento pelos Evangelhos. (Dt 30, 19-20). Para agradar a Deus é preciso saber escolher. É preciso ter discernimento. É preciso saber escolher a vida. Por vezes, para agradar a Deus, é preciso desagradar à Igreja, diríamos hoje.

A quarta CFE, aconteceu no ano de 2016 e teve grande importância naquilo que talvez seja a maior identidade das Campanhas da Fraternidade: o protagonismo de leigos e leigas. O tema: “Casa Comum, nossa responsabilidade”, denuncia, sobretudo, os crimes cometidos por uma economia de morte, que exclui, gera miséria e mata, inclusive a natureza. Já o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24), une a justiça e o direito, a poesia e profecia. A sintonia com a situação política de nosso país, vivendo o auge de um golpe que teve a cumplicidade dos três poderes constituídos; da mídia como quarto poder, sob a ganância das elites e avareza da classe média; e a disseminação do ódio, alucinógeno para uma população alienada e com medo. Aqui temos a democracia exilada pelo Congresso Nacional, o Estado de Direito sequestrado pela Operação Lava Jato e os Direitos Humanos criminalizados. Enquanto isso, e para que isso seja possível, a Constituição se torna refém das conveniências e dos interesses de quem deveria dela cuidar e por ela velar. Os direitos, sobretudo os trabalhistas, conquistados com luta, sangue e suor, são tratados como privilégios. Precisamos olhar novamente para o lema da CFE-2016, para entendermos a sua dimensão profética.

A CFE-2021, em seu Objetivo Geral, “Convida as comunidades de fé e as pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade”. Para entendermos bem este objetivo no tocante à Unidade na Diversidade, é importante meditarmos sobre o texto (At 2, 1-13). A prática do ecumenismo também nos exigirá uma sintonia fina com o Pentecostes. A unidade, assim como o diálogo, o compromisso, a paz e a justiça, são frutos do Espírito Santo. Precisamos escutá-lo e deixá-lo agir. Duas propostas didáticas se destacam no Texto Base da CFE-2021 e precisamos ter sabedoria para entendê-las e as pôr em prática: a primeira é uma bela metáfora em que somos convidados e convidadas a sermos pontes. A encurtar as distâncias entre nós, entre nós e os/as irmãos e irmãs que sofrem. Pontes que aproximam nossos ombros da cabeça de quem chora, sente fome, sofre preconceito, é discriminado e é oprimido, sobretudo por questões de raça, de orientação sexual e situação social; a segunda é muito no âmbito metodológico da proposta didática do Texto Base.

Nos são propostas quatro paradas: a primeira parada, é para aprendermos a dialogar com Jesus e os Discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). Assim, aprenderemos a interpretar as Escrituras e a partir delas, interpretar a realidade atual; a segunda parada, é, de corações ardendo e de olhos bem abertos, reconhecermos Jesus como o exegeta do Pai, como Deus misericordioso e que, “A Igreja nasce da graça misericordiosa de Deus revelada em Cristo (Ef 2, 4-5). Entre nós não pode haver uns que oprimem e outros que são oprimidos. Não podemos viver como cristãos, como se Cristo não existisse (ver Ef 2, 11-21). Quem estar com Deus não desrespeita, não discrimina, não exclui. Não temos mais como negociar com a graça e vivermos como se não fôssemos batizados (Ef 2, 1-10); a terceira parada, é para tomarmos consciência de que, Cristo é nossa paz: do que era dividido fez uma unidade. O ecumenismo, significando, portanto, a unidade das Igrejas Cristãs, é uma exigência, uma necessidade e uma urgência. Já não é mais possível ser cristão sem ser ecumênico. E isso exige de nós que superemos as diversas formas de intolerâncias e tomemos consciência de que somos filhos e filhas do mesmo Pai e moramos na mesma Casa Comum; a quarta parada, é um convite a celebrarmos a vitória da vida em comunidade, da diversidade da liturgia da vida. Celebrarmos, por fim, uma espiritualidade libertadora e ecumênica o que exige de nós um novo vocabulário, uma nova linguagem e uma nova hermenêutica. Assim sendo, como nos diz o hino da CFE-2021, “Venham todos, vocês, meus amigos, caminhar com o Mestre Jesus. Ele vem revelar a Escritura como fez no caminho de Emaús”. Sugestão de leitura, meditação e reflexão da Carta aos Efésios, sobretudo o capítulo 2 e o texto sobre os Discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). Responder a estas perguntas: o que as CEBs não fazem ainda e que deveriam começar a fazer? Quais são as implicações da CFE-2021 para os leigos e as leigas?

Curitiba, 25 de dezembro de 2020.


João Ferreira Santiago
Professor de Teologia e Coordenador do
Curso de Teologia da Faculdade UNINA.
É autor do livro: Teologia Pastoral a Arte do
Seguimento e do Discipulado de Leigos e Leigas.
(à venda com o autor)
joão.ferreira@unina.edu.br (41) 99865-7349 

Esperanza un poema de Alexis Valdés en su propia voz.


Esperança


Quando a tempestade passar 
E as estradas são aplainadas 
e sejamos sobreviventes 
de um naufrágio coletivo. 

Com o coração choroso 
e o abençoado destino 
vamos nos sentir felizes 
apenas para estar vivo. 

E nós vamos te dar um abraço 
para o primeiro estranho 
e vamos elogiar a sorte 
para manter um amigo. 

E então vamos lembrar 
tudo que perdemos 
e de uma vez vamos aprender 
tudo que não aprendemos. 

Não teremos mais inveja 
pois todos terão sofrido. 
Não teremos mais preguiça 
Seremos mais compassivos. 

O que é de todos vai valer mais 
Que você nunca alcançou 
Seremos mais generosos 
E muito mais comprometido 

Vamos entender o frágil 
o que significa estar vivo 
Vamos suar empatia 
para quem é e quem se foi. 

Vamos sentir falta do velho 
que pedia um peso no mercado, 
que não sabíamos o nome dele 
e sempre esteve ao seu lado. 

E talvez o pobre velho 
Era o seu deus disfarçado 
Você nunca perguntou o nome 
porque você estava com pressa. 

E tudo será um milagre 
E tudo será um legado 
E a vida será respeitada, 
a vida que ganhamos. 

Quando a tempestade passar 
Peço a Deus, desculpe, 
que você nos dá o melhor, 
como você sonhou conosco.


Autor Alexis Valdés, comediante cubano