11 outubro, 2018

Nota Pública da CNBB sobre a visita do candidato à presidência Fernando Haddad


Na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, recebeu, na sede da entidade, em Brasília (DF), o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. Em Nota Pública, emitida após a reunião, o secretário-geral explicita os temas e assuntos abordados com o candidato. No documento, dom Leonardo reafirma que a CNBB é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira e que é comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos pela entidade.

Na reunião, o candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. O secretário-geral, por sua parte, abordou com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil, como por exemplo, a não legalização do aborto, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção, entre outros. Dom Leonardo também apresentou ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, a mobilização pela superação da violência.

Leia  a íntegra da Nota Pública.


NOTA PÚBLICA

Sobre a visita do candidato Fernando Haddad

Recebi, na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira. É comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos, sem a presença da imprensa.

O candidato não veio pedir apoio e a CNBB não tem partido e nem candidato.  O candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. Da minha parte, abordei com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil: a não legalização do aborto, a proteção do meio ambiente, atenção especial à questão indígena e quilombola, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção. Também lembrei ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, da mobilização pela superação da violência.

Brasília-DF, 11 de outubro de 2018

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB


Fonte: site da CNBB

Manifesto FENAJ sobre a eleição presidencial


Manifesto da Federação Nacional dos Jornalistas sobre a eleição presidencial

"Bolsonaro representa os que temem a democracia e a organização do povo; fala em nome daqueles que não se incomodam com privilégios nem com a corrupção e que não se constrangem com o uso da força onde e quando julgarem necessário." 

Leia na íntegra


Manifesto FENAJ sobre a eleição presidencial

É hora de escolher a democracia

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), representante máxima da categoria no Brasil, novamente se dirige aos/às jornalistas e à sociedade para defender a democracia e opor-se ao fascismo emergente. Em breve, o povo brasileiro vai voltar às urnas para eleger o novo presidente do país e não restam dúvidas de que a disputa não se dá entre dois projetos democráticos, mas entre uma candidatura que respeita a institucionalidade e o jogo democrático e outra que representa uma regressão política e até mesmo civilizatória.

O Código de Ética do Jornalista Brasileiro estabelece, em seu artigo 6º, como dever do profissional: “I – opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;(…) X – defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de direito; XI – defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos, negros e minorias;(…) XIV – combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.”

Portanto, além de um dever cívico, é também uma obrigação ética dos jornalistas posicionarem-se contra um candidato a presidente da República que faz apologia da violência, não reconhece a história do país, elogia torturadores, derrama ódio sobre negros, mulheres, LGBTIs, índios e pobres e ainda promete combater o ativismo da sociedade civil organizada. Esse candidato é Jair Bolsonaro, do PSL.

Propositadamente, ele faz uma campanha despolitizada, assentada em valores morais, família e religião; na disseminação de ideias como anticomunismo, racismo e intolerância à diversidade. Na verdade, representa os que, ainda hoje, não se conformaram com a redemocratização e com os avanços sociais ocorridos na última década. Bolsonaro representa os que temem a democracia e a organização do povo; fala em nome daqueles que não se incomodam com privilégios nem com a corrupção e que não se constrangem com o uso da força onde e quando julgarem necessário.

Como entidade representativa dos trabalhadores e trabalhadoras jornalistas, a FENAJ também chama atenção para o perigo da agenda de retrocessos nos direitos trabalhistas anunciada pelo candidato do PSL, que certamente aprofundaria ainda mais os retrocessos da contrarreforma trabalhista imposta à classe trabalhadora pelo governo Temer.

Do outro lado, temos a candidatura de Fernando Haddad. Sem cair na tentação de avaliar os governos do PT, podemos afirmar seguramente que o partido respeitou – e respeita – as instituições democráticas; apresenta-se para o debate público e submete-se à vontade soberana do povo, expressa nas urnas. Haddad não é, portanto, um extremista autoritário que apenas está no polo oposto, como querem fazer crer seus adversários políticos.

Assim, a Federação Nacional dos Jornalistas sente-se na obrigação de alertar a categoria e a sociedade em geral para a verdadeira disputa atual: ou democracia, com todas as suas imperfeições, ou o autoritarismo de base militar, com todos os seus males. A decisão, portanto, tem de ser no campo da política, com o debate público sobre o país e seu povo.

Em defesa da democracia!
Em defesa do Estado Democrático de Direito!
Em defesa dos direitos humanos!
Em defesa da soberania nacional e popular!

Brasília, 11 de outubro de 2018.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.

Vale a pena ler este novo "textão" do meu amigo Celso Pinto Carias



LÁ VAI OUTRO TEXTÃO. Mas a conjuntura exige. Então, quem estiver disposto a refletir ofereço: CRISTIANISMO, HADDAD (PT/LULA) E BOLSONARO

Uma amiga de longe me pediu para escrever algo sobre o momento atual do Brasil, Helinha Luz de Barra do Garça, MT.

Cristã católica vive a angústia que muitos de nós estamos vivendo.

Que dificuldade para atender a amiga. Cada dia que abro a chamada “rede social”, que de social não tem nada, percebo o quanto é verdadeiro o mito da TORRE DE BABEL (Gn 11 – “Vinde! Desçamos! Confundamos a sua linguagem para que não mais se entendam uns aos outros”). O livro do Gênesis, desde as primeiras páginas, insiste que o maior pecado é querer ser Deus. Quando queremos ser Deus nos fechamos, não escutamos, não nos encontramos como seres humanos que falam uma só língua.

Então, respondo para minha amiga, para outros amigos/as, para parentes, na expectativa que no mínimo entendam que sou SER HUMANO e que procuro fazer uma escolha coerente com o CAMINHO que escolhi seguir desde a juventude: o de JESUS CRISTO. Serei entendido por todos/as? Aceito? Acolhido? Dificilmente. Bem como o contrário será verdade também, pois sou um pecador. Porém, darei as razões de minha esperança (1Pd 3,15).

Muito já se disse. Mesmo para pessoas que pesquisam com cautela, sem cair na pressa das noticias de internet e que verificam a fonte das informações está difícil, imagine no reino das chamadas fake News (notícias falsas)? Ontem mesmo (09/10), no bar do meu irmão, alguém ainda diz que Marielle era financiada por traficantes. Portanto, difícil, muito difícil.

Sai do PT em 2004. Voltei a me filiar, PSOL, em 2016. Então, qualquer coisa que eu diga logo vem a resposta: doutrinador, comunista, destruidor da família, abortista, defensor da escola partidária, defensor de ladrão, etc “Queria ver se estuprasse sua esposa e filha se continuaria a pensar assim”.

Espero, quando este período passar, escrever um artigo sobre a questão anterior. Quanta desinformação. Quanta falta de bom senso. Apenas um exemplo: o que destrói a família?

Não conheço, mas pode existir, mas não conheço nenhuma família destruída por questões homoafetivas. Agora, conheço muitas, muitas mesmo, destruída pela violência doméstica (física e psicológica), pelo machismo, pela “galinhagem” (desculpe o termo) de homens ou mulheres que se dizem heteros, mas não respeitam suas famílias.

A escolha na política é complexa e não pode ser feita com o fígado. A diferença na balança pode ser pequena. Mas neste momento, não tenho dúvida, que a balança pende com força para o lado da DEMOCRACIA. “Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que tem sido experimentada de tempos em tempos” (Winston Churchill)

O cristianismo, sentido da minha vida, leva-me a escolher Haddad. Por quê? Para mim ele não é o melhor. O melhor não foi eleito. O melhor também não passa somente por eleição. Ele não é santo. Não é salvador da pátria, não é messias, o messias já veio a dois mil anos. Este é um problema do lulismo: messianismo. E agora temos um candidato a Messias de extrema direita.

Porém, se Haddad ganhar, tenho segurança que no dia seguinte poderei ir à rua e dizer que sou contrário a sua política econômica, sem medo de receber uma pedra na cabeça. Sei que existe muita gente boa no PT, incluindo o Haddad, pessoas que pensam no pobre. E por favor, não me venha com o discurso que prefiro corrupto. Não tenho dúvida que existem corruptos no PT, mas tenho mais certeza que a corrupção no Brasil não foi inventada pelo PT e quem criou o mecanismo continua forte e a tal “lava a jato” não passou nem perto deles. O grande erro do PT foi não tentar mudar este mecanismo.

Aprendi com Jesus, e certamente não sou um bom aluno, a amar o caminho da não violência, o caminho do diálogo, o caminho do respeito às diferenças, o caminho da lógica da inclusão, o caminho do amor acima da lei, e o caminho da defesa irrevogável da vida: “vem para o meio” (Mc 3, 1-6). Se alguém crê que Jesus não é isso, assim mesmo vou respeitar e não vou atirar pedras.

O Deus que está no MEIO DE NÓS, e não acima de todos, possa ser a grande inspiração de nossas decisões. Então, minha amiga, é o que temos para hoje.

Celso Pinto Carias, Doutor em Teologia pela PUC-Rio, mendigo de Deus, morador da Baixada Fluminense, Duque de Caxias, RJ.