18 janeiro, 2022

Camponeses se formam em Direito da Terra no estado do Pará

Turma teve 48 estudantes de quatro estados brasileiros

Cerimônia de colação de grau aconteceu no estacionamento do Campus I da Unifesspa em Marabá. Foto: Reprodução

Por Reynaldo Costa
Da Página do MST - 14 de janeiro de 2022


Sábado, 08 de janeiro de 2022, foi um dia histórico no Pará. Um dos estados com mais elevados índices de violações aos direitos humanos e de violência contra camponeses realizou a formatura da primeira turma de Direito da Terra, uma graduação especial em direito para os povos do campo e de territórios tradicionais.

A turma que teve início em 2016 formou 42 alunos, filhos e filhas de assentados da reforma agrária, além de quilombolas, ribeirinhos, e de comunidades tradicionais de quatro estados (Pará, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso). O Curso foi o primeiro desta área de formação oferecido pela Unifesspa – Universidade Federal do Sul e do Sudeste do Pará, instituição que já tem tradição em cursos especiais para educação do campo.

A cerimônia de colação de grau aconteceu no estacionamento do Campus I da Unifesspa em Marabá, unidade onde o curso se realizou. Respeitando todas as normas sanitárias, familiares e apoiadores acompanharam o evento que contou com uma mesa de formatura onde estiveram presentes membros da reitoria da Unifesspa e do Instituto de Estudos em Direito e Sociedade (IEDS).

Participaram da cerimônia também representantes dos movimentos sociais como a Comissão da Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Atingidos por Barragens (Mab), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Fetag), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) e Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Jorge Ribeiro, Coordenador do Curso de Direito da Universidade, afirma que o Curso de Direito da Terra da Unifesspa traz a concepção do direito crítico, direito emancipatório da justiça social, dos direitos humanos e todas as implicações que possam materializar no trabalho do jurista. Ele fala sobre a expectativa com os formados: “Nós esperamos que estes formados venham atuar no campo dos Direitos Humanos, dos direitos sócio ambientais, no direito agrário, na perspectiva que o projeto do Curso teoricamente já traz”.

Ayala Ferreira, do Setor de Direitos Humanos do MST, destaca que a turma faz parte de um sonho e de uma luta constante dos povos do campo, das águas e das florestas pelo acesso ao ensino superior. “O Direito à educação no Brasil ainda é um privilégio, e ter setores populares ingressando na universidade ainda é um sonho. A turma do Direito da Terra se soma a essa luta de universalizar o acesso à educação superior para qualquer área do conhecimento”.

Ayala ainda acrescenta sobre as metas e objetivos desta turma. “Objetivo é qualificar a atuação técnica destes sujeitos nas suas comunidades, onde aparecem demandas diversas em todos os setores e atuar como defensores do direitos das comunidades camponesas e também com demais setores pobres da sociedade”.

O Curso de Direito da Terra da Unifesspa formou pessoas como Thaiane Araujo, do município de Tucumã-PA, hoje do Movimento dos Atingidos por Barragens. Ela atuou vários anos na Pastoral da Terra na região do Auto Xingú no Pará, e passou pelas mesmas dificuldades que todos os povos da região tem de acessar o ensino superior.

Primeira da família, tanto da linhagem do pai quanto da mãe a cursar uma graduação, Thaiane fala que o Curso fortaleceu suas convicções junto as lutas dos trabalhadores. “O curso aprimorou minhas convicções e me ajudou a conhecer outras demandas, passei a defender os atingidos por barragens, a universidade pública, o Sistema Único de Saúde- SUS, as estatais, coisas que até então eram superficiais para mim”. E conclui reafirmando a luta: “O curso fortalece minha vida militante e da minha família que também luta, e é uma conquista do povo de onde venho”.

Turma Frei Henri

A turma de Direito da Terra que se formou no Pará tem o nome de “Frei Henri Burin des Roziers” uma homenagem à história permanente de luta do religioso na defesa e promoção dos direitos humanos, na defesa dos trabalhadores e de trabalhadoras rurais. Frei Henri atuou como advogado na Comissão Pastoral da Terra, na região do Bico do Papagaio no Tocantins e nas regiões sul e sudeste do Pará, desde a década 1980.

O Curso de Direito da Terra da Unifesspa foi o primeiro da Região Norte e o sexto já realizado no país. Duas turmas foram formadas em Goiás, outras duas no estado da Bahia e uma no Paraná. Segundo o professor Jorge Ribeiro, a Unifesspa vai manter o desafio de continuidade desse modelo de Curso de Direto e já está em andamento um projeto em parceria com o Governo do Pará para a segunda turma do Direito da Terra através do programa “Forma Pará”, que tem o objetivo de estender a formação superior para o interior do estado em municípios onde não há polos universitários.

*Editado por Fernanda Alcântara

A ajuda do Papa às Filipinas e aos migrantes na fronteira com a Belarus

Francisco enviou uma contribuição inicial de 100 mil euros à Igreja no país asiático para aliviar as consequências do tufão Rai e uma quantia semelhante à da Cáritas Polônia para o socorro a pessoas bloqueadas na fronteira com a Belarus

Por um lado, a catástrofe ambiental que atingiu o coração das Filipinas - pelo menos 400 mortos, dezenas de desaparecidos e 8 milhões de pessoas afetadas em 11 regiões, de acordo com os números da ONU. Por outro lado, o que tem sido chamado de "a fronteira da vergonha", entre a Belarus e a Polônia onde se encontram bloqueados há meses migrantes que continuam morrendo sem que nem mesmo a mídia informe sobre sua tragédia. Em solidariedade o Papa decidiu enviar como ajuda humanitária 100 mil euros a cada uma das situações de emergência.

Situação nas Filipinas depois da passagem do Tufão Rai (AFP or licensors)


Alessandro De Carolis – Vatican News


Por um lado, a catástrofe ambiental que atingiu o coração das Filipinas - pelo menos 400 mortos, dezenas de desaparecidos e 8 milhões de pessoas afetadas em 11 regiões, de acordo com os números da ONU. Por outro lado, o que tem sido chamado de "a fronteira da vergonha", entre a Belarus e a Polônia onde se encontram bloqueados há meses migrantes que continuam morrendo sem que nem mesmo a mídia informe sobre sua tragédia. Em solidariedade o Papa decidiu enviar como ajuda humanitária 100 mil euros a cada uma das situações de emergência.

Filipinas, ajuda imediata

Francisco confiou ao Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral a tarefa de mandar entregar o valor nas Filipinas, com a colaboração da nunciatura apostólica local. Os destinatários serão – segundo um comunicado do dicastério do Vaticano - as "dioceses mais afetadas pela calamidade" e a contribuição, destinada a "obras de assistência" nesta fase de emergência, pretende ser "uma expressão imediata do sentimento de proximidade espiritual e de encorajamento paterno do Santo Padre em relação às pessoas e territórios afetados", já expressa no Angelus de 19 de dezembro passado. A contribuição, deve-se notar, é "parte da ajuda que está sendo ativada em toda a Igreja Católica e que envolve, além de várias Conferências Episcopais, numerosas organizações de caridade".

Na “terra de ninguém"

A mesma decisão, por parte do Papa, diz respeito à longa emergência de migrantes na “terra de ninguém”, o trecho de terra que separa a Belarus da Polônia, onde se encontram pessoas sobretudo sem direitos e, portanto, um "paraíso" para todos os tipos de tráfico, a começar pelo tráfico humano. No local estão há cinco meses milhares de migrantes tentando entrar na Europa. Para aliviar a situação, Francisco destinou 100 mil euros apoiando assim a Cáritas Polonesa em seu trabalho de assistência em um cenário, diz a nota, no qual persiste uma "situação de conflito que se prolonga há mais de 10 anos".