03 maio, 2020

Juristas, políticos e entidades reagem a nova participação de Bolsonaro em ato antidemocracia


Presidente cumprimentou apoiadores aglomerados em ato pró-intervenção militar e contra Congresso e STF. Ele disse que 'chegamos no limite' e que 'não vai admitir mais interferência'.


Manifestantes se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto para pedir o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, além de defender uma "intervenção militar com Bolsonaro" e criticar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Sem máscara, Bolsonaro cumprimentou o grupo e ajudou a estender uma bandeira na rampa do Planalto.

Bolsonaro declarou, em fala transmitida nas redes sociais, que tem "as Forças Armadas ao lado do povo" e que "não vai aceitar mais interferência". Disse, ainda, que pede a "Deus que não tenhamos problemas nesta semana, porque chegamos no limite". Leia na íntegra AQUI.

Lento e sem testes, Brasil escolhe a roleta russa do coronavírus


Infelizmente, a polêmica em relação a postura do presidente tira o foco de um problema muito maior: a falta de estratégias e de decisões cruciais para enfrentar a crise.


Enquanto o fla-flu nas redes sociais corre solto, o país continua tendo na prática e não somente no discurso uma das mais fracas e lentas reações à pandemia de todo planeta. Se trata de uma política de Estado que freou e continua freando ações essenciais na fase inicial do combate ao contágio com o coronavírus e que poderá resultar no colapso simultâneo do SUS, da atividade econômica e da coesão social. Leia a Matéria na íntegra AGUI.

Diferença entre Prevenir e Preocupar


"eu sou a porta das ovelhas"


“eu sou a porta das ovelhas”

O Profeta Ezequil exilado e falando aos exilados da Babilónia profetiza que ao longo da história de Israel os líderes foram maus “pastores” que não cuida das ovelhas, mas de seus interesses próprios “Vocês bebem o leite, vestem a lã, matam as ovelhas gordas, mas não cuidam do rebanho. Vocês não procuram fortalecer as ovelhas fracas, não dão remédio para as que estão doentes, não curam as que se machucaram, não trazem de volta as que se desgarraram e não procuram aquelas que se extraviaram. Pelo contrário, vocês dominam com violência e opressão.” (Ezequiel 34, 3-4). Ezequiel diz o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo “... Eu mesmo vou procurar as minhas ovelhas.” (Ezequeil 34,11).

Em Jesus a promessa de Deus se cumpre. O evangelho de hoje 4º Domingo da Páscoa, João 10,1-10, consiste em denúncias dos falsos dirigentes (pastores) da igreja, da política, da economia, da sociedade em geral, porque são ladrões e bandidos (cf. Jo 10,1).

Ao contrário, Jesus é "o Pastor" que entra pela porta, a sua missão foi-Lhe confiada pelo Pai, "Pastor" descendente de Davi (cf. Ez 34,23). Jesus enviado por Deus para conduzir o seu Povo para onde há vida em plenitude. “Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz .... E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.” (João 10, 2-4). Jesus conhece cada ovelha e com cada uma quer ter uma relação pessoal de amor, de proximidade, de comunhão. Não obrigará ninguém a responder-Lhe; mas os que responderem ao seu chamamento farão parte do seu "rebanho".

Jesus se apresenta como sendo “a porta” – “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas.” (João 10,7). Ninguém pode ser “pastor”, ninguém pode ser um líder, um político, uma liderança se não tiver os mesmos sentimentos, a mesma atitude de Jesus. Ninguém deve deixar-se enganar, Jesus é a porta da vida em plenitude. Passar pela porta é entregar-se a Ele, as suas propostas. Jesus é a contraposição, enquanto os falsos “pastores” rouba, mata e destrói Ele da vida. “Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João, 10, 9-10)

Diante de tantas vozes enganadoras, que negam a vida, que rouba, mata e destrói, como distinguir a “voz” de Jesus? É preciso manter diariamente um relacionamento gostoso com ele, diálogo íntimo, abrir-se a Ele e pedir sempre discernimento e deixar nosso coração encher-se de ternura e amor, sensível as dores e angustias, alegrias e sonhos do nosso povo, não nos calando diante dos falsos líderes que não age como o Bom Pastor que cuida de suas ovelhas.

Eu, Lucimar Moreira Bueno

Petição para proteger indígenas da Covid-19 têm assinaturas de Paul McCartney, Madonna, Chico Buarque e Gisele Bündchen


Manifestado criado pelo fotógrafo Sebastião Salgado, que passou últimos anos fotografando a Amazônia, pede ação para evitar 'genocídio indígena'





Já em dificuldades em tempos normais face às crescentes invasões de suas terras, as comunidades indígenas da Amazônia se veem ameaçadas pela progressão do Covid-19 na região — alvo de alertas do Ministério Público Federal (MPF) e de diversas entidades indigenistas. Para endossar a urgência da causa, o fotógrafo Sebastião Salgado, que passou os últimos sete anos fotografando na Amazônia, tema de sua próxima exposição, organizou um manifesto para que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário brasileiros intervenham e evitem um extermínio indígena por conta da pandemia.

O apelo de Salgado, em forma de petição, será lançado neste domingo com a assinatura de mais de 60 personalidades nacionais e internacionais. O manifesto alerta para a precária assistência em comunidades indígenas e para a preocupação com as consequências de um contágio em massa. O MPF já havia ressaltado, ao solicitar medidas imediatas de órgãos públicos, que “viroses respiratórias foram vetores do genocídio indígena em diversos momentos da história do país”.

— A situação é muito grave. Se o coronavírus chegar às comunidades indígenas, será um genocídio, porque elas não têm os mesmos anticorpos que possuímos para as doenças europeias, de brancos. A responsabilidade do Brasil será muito grande se isso ocorrer, e o país será levado às cortes internacionais por não ter tomado posição em relação a populações em perigo, julgado e condenado — afirma Salgado, que está de quarentena em sua casa, em Paris.

Entre os signatários da petição, que será disponibilizada online na plataforma Avaaz para novas adesões, figuram nomes ligados à música, como Paul McCartney, Madonna e Chico Buarque; e ao cinema, como os atores Brad Pitt e Richard Gere, as atrizes Meryl Streep e Glenn Close, e os cineastas Oliver Stone, Pedro Almodóvar, Alfonso Cuarón e Fernando Meirelles. A lista inclui também o escritor Mario Vargas Llosa, a modelo brasileira Gisele Bündchen, o príncipe Albert de Mônaco e o cientista brasileiro Carlos Nobre.


— Fernando Meirelles produziu um curto vídeo, com cerca de 20 fotografias de índios, para ser usado nas redes sociais. Gisele Bündchen vai ajudar também a divulgar entre seus seguidores. Vamos lançar em vários países. Tenho grande esperança de que isso possa viralizar e que leve a uma real e séria preocupação nacional — diz Salgado.

Pressão internacional

Salgado, que se tornou em 2017 membro da Academia de Belas Artes da França, passou naquele ano 20 dias em uma aldeia da etnia korubo no Vale do Javari, a segunda maior terra indígena do país. O fotógrafo brasileiro acusa o governo federal de promover um desmonte na Fundação Nacional do Índio (Funai), retirando apoio financeiro, material e humano da entidade, além de boicotar ações destinadas a proteger comunidades indígenas de invasões de grileiros. Em abril, o Ministério do Meio Ambiente exonerou diretores do Ibamaresponsáveis por operações contra madeireiros e garimpeiros. As exonerações ocorreram duas semanas após o Ibama realizar uma série de operações no Pará contra invasores de terras indígenas.

De acordo com Salgado, o Vale do Javari conta com a maior concentração de população isolada do mundo, mas tem sido alvo de invasões, denunciadas por entidades indigenistas, tanto do garimpo e da extração ilegal de madeira quanto de grupos religiosos. Para o fotógrafo, uma pressão internacional a exemplo da que se formou durante as queimadas da Amazônia, no ano passado, pode incentivar uma tomada de posição por parte do governo federal.

— Nesta pandemia, o governo federal está preocupado com um resultado econômico, possivelmente, para ter um resultado eleitoral, e com uma posição muito incoerente em relação à proteção dos indígenas. Todas as ações do governo brasileiro após a chegada do presidente Bolsonaro ao poder são de desestabilização dos territórios e das comunidades indígenas — lamentou.

Fonte: O Globo

José Saramago - in "As palavras"


"  As palavras
As palavras são boas.
As palavras são más.
As palavras ofendem.
As palavras pedem desculpa.
As palavras queimam.
As palavras acariciam.
As palavras são dadas, trocadas,
oferecidas, vendidas e inventadas.
As palavras estão ausentes.
Algumas palavras sugam-nos, não nos largam:
são como carraças: vêm nos livros, nos jornais,
nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes,
nas cartas e nos cartazes.
As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam,
impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas.
O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo
de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras
que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas.
Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam,
julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. (...)
(...)

Daí que seja urgente moldar
as palavras para que a sementeira se mude em
seara. Daí que as palavras sejam instrumento
de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha
o que valer o silêncio do ato.

Há também o silêncio. O silêncio, por definição,
é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina,
observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo.
O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser,
a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele
as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as
más. O trigo e o joio. Mas só o trigo dá pão. "

(José Saramago - in "As palavras")