09 novembro, 2017

Mães são responsáveis pela criação dos filhos até 3 anos em 89% dos casos


Mães são responsáveis pela criação dos filhos até 3 anos em 89% dos casos


Pesquisa divulgada na terça-feira (7) comprova a desigualdade de gênero que marca as famílias brasileiras quando o assunto é a criação dos filhos. Em 89% dos casos analisados na pesquisa Primeiríssima Infância – Creche, as mães são responsáveis pela criação dos filhos na faixa até 3 anos. Na média geral, a responsabilidade cabe aos pais em cerca de 5% dos casos. Os cuidadores são avós, tios ou outras pessoas em 5% das situações.

A reportagem é de Helena Martins, publicada por Agência Brasil, 07-11-2017.

Segundo dados do censo de 2010, em todo o país, existem 9,5 milhões de domicílios com pelo menos uma criança de até 3 anos.

A criação pelas mulheres só não ultrapassa o índice de 90% em casos de agrupamentos familiares que recebem mais de cinco salários mínimos. Nesses grupos, as mães são responsáveis em 72% das situações, e os pais, em 14%. No total, 46% dessas mulheres responderam sobre o primeiro filho; 31% são donas de casa; 51% não têm atividade econômica formal ou informal; 75% moram com companheiro, quase sempre o pai da criança; e 10% estão estudando atualmente.

O estudo foi feito pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Ibope Inteligência, e foi lançado durante o 7º Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, em Fortaleza. Para sua elaboração, em julho do ano passado, foram entrevistadas 991 pessoas em ambientes urbanos e rurais.

O objetivo da pesquisa foi mapear as necessidades e os interesses das famílias para o atendimento em educação de crianças até 3 anos, faixa da chamada primeiríssima infância. O estudo confirmou dados já conhecidos, como o atendimento de 33% das crianças dessa faixa etária em creche, o que corresponde a cerca de 3,2 milhões de pessoas com acesso a tal serviço. A desigualdade regional também foi aferida na pesquisa. Analisadas quantas crianças por região geográfica frequentam um estabelecimento de educação infantil, averiguou-se que isso ocorre em 45% dos casos no Sudeste; 24% no Nordeste; 30% no Sul e 23% do Norte e no Centro-Oeste.

Para entender realidades tão diferentes que existem no território brasileiro e sua incidência no desenvolvimento infantil, além da disponibilidade de creches, foram investigados outros fatores, como ocupação laboral e faixa etária. Para tanto, foram definidos e analisados quatro grupos populacionais: famílias com renda até cinco salários mínimos que vivem em capitais ou em cidades de regiões metropolitanas; famílias com renda mensal igual que vivem em cidades de pequeno ou médio porte do interior, o chamado interior urbano; famílias com a mesma renda que vivem no ambiente rural e famílias com renda familiar acima de cinco salários, independentemente do local em que vivem.

As famílias do primeiro universo têm, em 53% dos casos, crianças com até 1 ano. Delas, 63% ficam em casa e 27% frequentam creches. Quanto aos responsáveis, 93% são mães e 6%, pais; 36% têm de 18 a 24 anos e 63% completaram o ensino médio. Do total, 40% dos responsáveis informaram que não têm rotina; 58% não trabalham; 26% estão desempregados. Nos lares dessas crianças, os pais estão presentes em 68% dos casos. Isso quer dizer que 700 mil crianças na faixa até 3 anos de famílias com até cinco salários mínimos que vivem nas capitais brasileiras e em municípios das regiões metropolitanas não moram com os pais. No universo total da pesquisa, essa presença alcança 75%.

No caso de agrupamentos do interior urbano, 51% têm criança de até 1 ano. 64% das crianças ficam em casa e 26% frequentam creche. As mães são responsáveis pelas crianças em 93% dos casos e os pais, em 2%. Entre os cuidadores, 34% têm de 18 a 24 anos, cerca de 40% cursaram até o ensino fundamental – esse grupo agrega o maior número de responsáveis que se dizem pardos (53%), bem como o de famílias inseridas em programas de complementação de renda (49%).

No contexto rural, 59% das famílias têm filhos com até 1 ano; 63% ficam em casa e 28% frequentam creche. Vivem com o pai 81% das crianças, e as mães são as principais responsáveis pela criação em 96% dos casos. Os pais, em 2%. Entre os responsáveis, 34% têm de 18 a 24 anos; 59% têm o ensino médio; 34% cursaram até o ensino fundamental e apenas 6% completaram o ensino superior. Do total, 57% não trabalham. Grande parte desse grupo, 79%, tem renda familiar de até dois salários, uma situação que, no universo geral analisado, chega a 47%; e 44% das famílias recebem ajuda de programa de complementação de renda.

O quadro é diferente no caso de famílias que recebem mais de cinco salários mínimos: a maior parte das crianças, 68%, tem entre 2 e 3 anos, percentual que é de 22% no geral. A presença na creche é bem maior: 28% das crianças ficam em casa e 59% frequentam creche; 86% dos responsáveis trabalham e 88% têm ensino superior ou pós-graduação. 37% estão na faixa de 25 a 49 anos, o que indica a ocorrência de gravidez tardia.

Percepções sobre desenvolvimento

As diferenças socioeconômicas impactam a percepção sobre a criança. Destacam-se dois itens analisados na pesquisa: a percepção sobre o início do aprendizado e dos elementos compreendidos como fundamentais para o desenvolvimento da criança. Questionados sobre quando a criança começa a aprender, mais da metade dos adultos entrevistados afirmaram que isso tem início já na fase intrauterina. Quanto maior a escolaridade das pessoas ouvidas, maior a percepção de que o desenvolvimento da criança começa mais cedo.

Sobre os itens considerados importantes para o desenvolvimento, estão em ordem de importância: levar ao pediatra regularmente (64%); amamentar (46%); ter cuidado com a alimentação (46%): receber atenção dos adultos (21%); ter bons exemplos dos pais (17%); receber carinho e afeto (17%); brincar ou passear (16%); viver em um ambiente adequado em termos de segurança, higiene etc (15%); ter uma rotina (12%); receber limites (12%); conversar com a criança (11%). O estrato mais rico dá mais importância a questões mais lúdicas, enquanto o grupo que recebe até cinco salários mínimos e vive no ambiente rural prende-se a questões básicas, como levar ao pediatra. A revela que essa centralidade deve levar os médicos que cuidam da criança a estimular outras ações de cuidado, como a oferta de carinho e o estabelecimento de uma rotina.

“O contexto urbano, territorial, em que cada família vive determina muito as opções que elas têm”, afirmou a economista Ana Lúcia D’Império Lima, que assessorou o desenvolvimento da pesquisa. Ela citou, por exemplo, as mulheres no contexto urbano, que têm mais opções de trabalho fora do lar e são, em maior número de situações, chefes das famílias.

Já no ambiente rural, as famílias são, em geral, maiores, o que pode gerar uma rede de apoio para as mulheres, ao passo que as grandes distâncias dificultam o acesso à creche. Nesse ambiente, muitas mulheres também não têm remuneração própria. O aprendizado que fica, na opinião de Ana Lúcia, é que a elaboração das políticas públicas não deve partir de um Brasil genérico, “mas dos vários Brasis que existem nesse território”.

Campanha Vidas Negras - A cada 23 minutos, um jovem negro é morto no Brasil


Campanha Vidas Negras - A cada 23 minutos, um jovem negro é morto no Brasil


A cada 23 minutos, um jovem negro é morto no Brasil. A cada dia, são 66 vidas perdidas, totalizando 4.290 óbitos por ano. Segundo o Mapa da Violência, um rapaz negro tem até 12 vezes mais chance de ser assassinado em relação a um branco. Em comum nesses homicídios, está a presença do racismo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Essa é a premissa da campanha Vidas Negras, lançada pela entidade ontem (7) em Brasília.

A reportagem é de Jonas Valente, publicado por Agência Brasil, 07-11-2017.

O objetivo da iniciativa é chamar a atenção de governos, parlamentos, tribunais, organizações e da sociedade para o problema da violência contra essa parcela que já representa 54% dos brasileiros. De acordo com dados da ONU, enquanto nesse grupo a taxa de homicídios cresceu 18% de 2005 a 2015, com relação aos demais brasileiros, ela caiu 12%.

O material da campanha, incluindo os vídeos e pelas em redes sociais, está disponível no site da ONU e pode ser utilizado e compartilhado por qualquer pessoa: nacoesunidas.org/vidasnegras.

O aumento da desigualdade também tem recorte de gênero. Segundo o Atlas da Violência 2017, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os assassinatos de mulheres negras aumentaram 22% no mesmo período, enquanto, entre mulheres não negras, o índice foi reduzido em 11%.

“O último genocídio formalmente reconhecido na Europa foi na Bósnia, e matou 1.500 pessoas em 1995. Quando falamos de jovens negros mortos, estamos falando do triplo disso por ano”, ressaltou o advogado Daniel Teixeira, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, durante o lançamento da campanha.

Artistas foram convidados para estrelar vídeos sobre o assunto, que serão divulgados em emissoras e na Internet. “O racismo mata filhos, irmãos, vizinhos. Por trás de cada história há vidas negras interrompidas e que não são capas de jornal. Você não pode ficar indiferente”, enfatiza a atriz e escritora Elisa Lucinda em uma das peças.

Mais do que uma fatalidade ou coincidência, a campanha aponta o traço comum do racismo nesses números e da indignação seletiva construída historicamente na sociedade brasileira. Segundo pesquisa da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Governo Federal, 56% das pessoas entrevistadas afirmaram que a morte de negros choca menos do que a de brancos.

Políticas públicas

Para além de colocar o tema na opinião pública, a campanha pretende pautar, na agenda do Poder Público, a necessidade de combater o problema reconhecendo a necessidade de atacar a discriminação racial no país.

“O Brasil já é signatário de compromissos internacionais de eliminação do racismo, da xenofobia e da desigualdade racial. A gente espera que, a partir da campanha, haja uma maior sensibilização das autoridades e que as ações sejam potencializadas”, ressaltou Ana Cláudia Pereira, oficial de programas do Fundo de População da ONU (UNFPA) e uma das coordenadoras da campanha.

Para Jacira da Silva, do Movimento Negro Unificado, entre os desafios no campo das políticas públicas, estão a implementação do Estatuto da Igualdade Racial e a garantia de recursos para programas governamentais com foco no enfrentamento do problema. Esse conjunto de ações, acrescentou, passa por medidas voltadas a mitigar a violência contra negros, mas vai além, alcançando também a afirmação dos direitos dessas pessoas. “Precisamos exigir políticas públicas para o país.

Essa juventude é violentada também quando não tem acesso ao mercado de trabalho, não tem lugar na escola e não é representada na mídia”, defendeu a ativista.

O secretário de Juventude do governo federal, Assis Filho, relatou que o governo vem atuando na área e deu como exemplo o Plano Juventude Viva. Segundo Filho, há R$ 12 milhões disponíveis aos municípios para projetos de redução da violência contra esse segmento. “O objetivo do Plano Juventude Viva é reunir todas as ações que existem no governo federal para combater esses altos índices de violência e que os municípios, para serem contemplados, possam de fato implementar ações concretas contra o genocídio dos negros no Brasil”, disse. Perguntado sobre que tipo de ações podem ser financiadas, o secretário não detalhou.

Para Luana Ferreira, assessora da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Ministério dos Direitos Humanos, nos últimos anos houve avanços importantes na área, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos e universidades e a política de saúde voltada para esta população. Mas ainda é preciso avançar para enfrentar efetivamente o problema. “O desafio cotidiano da Seppir é dizer que vidas negras importam, que o racismo é estruturante nas relações, que o racismo institucional está presente em todos os espaços de poder e que é causa histórica da situação de letalidade a que esses jovens estão submetidos”, destacou na cerimônia.

Autos de resistência

Na avaliação da pesquisadora da Universidade de Brasília Kelly Quirino, a redução da violência contra jovens negros passa pela mudança da política de combate às drogas, pelo desarmamento da polícia e por medidas que coíbam o abuso das forças de segurança, como o fim dos chamados autos de resistência, um recurso que pode ser usado por agentes para justificar o assassinato de uma pessoa como um ato de legítima defesa e de força necessária frente a suposto enfrentamento a uma determinada ação.

“Você tem as duas problemáticas: a polícia se utilizando de um ato administrativo para justificar as mortes e o próprio Judiciário, que não investiga homicídios comuns e não apura crimes cometidos pelo policial porque os autos de resistência são arquivados mesmo dentro da polícia”, argumenta a pesquisadora.

O tema motivou um projeto de lei (PL 4.471/2012), de autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que dificulta o uso desse recurso e deixa mais rígida a investigação de casos de mortes envolvendo policiais. A proposta é uma das matérias incluídas na pauta do plenário da Câmara nesta semana no chamado pacote da segurança pública.

Papa: O Evangelho é também colocado em prática na busca da justiça social


O Papa Francisco recebeu, nesta quinta-feira (09/11), na Sala Clementina, no Vaticano, cento e trinta membros da comunidade do Pontifício Colégio Ucraniano de São Josafá, em Roma.

Após dar as boas-vindas aos presentes, o Pontífice recordou que este encontro se realiza há 85 anos da construção do colégio na colina do Gianicolo, a pedido do Papa Pio XI. 

“Ele foi o promotor de uma iniciativa que mostrava a atenção especial e concreta dos Sucessores de Pedro pelos fiéis da Igreja provenientes daquela área de sofrimento e perseguição, que desta forma podiam sentir-se aqui, em Roma, como filhos amados que moram e crescem numa casa, preparando-se para a missão apostólica como diáconos e sacerdotes.”
 
O Papa Francisco recordou que Pio XI, durante os anos de seu pontificado, enfrentou vários desafios da época, mas sempre levantou a sua voz firme na defesa da fé, da liberdade da Igreja e da dignidade de cada pessoa humana. 

“Condenou claramente, através de discursos e cartas, as ideologias ateias e desumanas que ensanguentaram o século XX. Evidenciou suas contradições, indicando à Igreja o caminho mestre do Evangelho, também colocado em prática na busca da justiça social, dimensão imprescindível do resgate humano de povos e nações. Como futuros sacerdotes, os convido a estudar a Doutrina Social da Igreja a fim de amadurecerem no discernimento e julgamento das realidades sociais em que vocês serão chamados a trabalhar.”

Francisco sublinhou que o mundo atual está ferido por guerras e violência, e que a Ucrânia vive o drama da guerra que cria sofrimentos enormes, sobretudo nas áreas atingidas que se tornaram ainda mais vulneráveis devido ao inverno rigoroso que se aproxima.
 
“A inspiração pela justiça e pela paz é forte, e proíbe toda forma de abuso, corrupção social e política, realidade em que são sempre os pobres a pagarem as consequências. Que Deus ajude e encoraje aqueles que trabalham por uma sociedade cada vez mais justa e solidária. Que eles sejam apoiados pelo compromisso concreto das Igrejas, dos fiéis e de todas as pessoas de boa vontade.” 

O Pontífice recordou em seu discurso o Santuário Nacional de Zarvanytsyae disse que Maria deseja que os sacerdotes de seu Filho sejam como as velas acesas nas noites de vigília neste santuário, para recordar a todos, especialmente aos pobres, aos sofredores, e aos que fazem o mal e semeiam violência e destruição, que «o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e uma luz brilhou para os que habitavam um país tenebroso».

O Papa disse aos seminaristas e sacerdotes da Igreja greco-católica ucraniana que conserva e venera um pequeno ícone ucraniano de Nossa Senhora da Ternura, presente que lhe foi dado quanto estava em Buenos Aires. Francisco os abençoou, invocando a paz e a harmonia ecumênica para a Ucrânia. 

(MJ)

Fonte: Rádio Vaticano

Oração

"Senhor, faz-me compreender profundamente aquela atitude de espírito, que me impede de ser orgulhoso, de me apoiar em mim mesmo, e me faz abandonar nas tuas mãos, com tudo o que sou e faço, sabendo que tudo me vem de Ti e que, na partilha com os outros, multiplico os bens que me deste. Ajuda-me a não julgar os outros. Ajuda-me a repartir com todos o bem precioso da misericórdia, que usas para comigo, certo de que nada perderei, mas muito mais hei-de receber, porque é dando que se recebe. Amém."

Fonte: Dehonianos