06 agosto, 2019

8º Turma do Curso Nacional de Fé e Política do CEFEP



Curso de Formação Política para cristãos   

Estão abertas as inscrições para a 8º Turma do Curso Nacional de Fé e Política do CEFEP

O curso tem duração de dois anos: 2020 e 2021, com duas etapas presenciais na segunda semana de janeiro em Brasília e aulas na modalidade EAD (à distância) durante o ano.

Destina-se à lideranças de Igreja que atuam em movimentos sociais, pastorais e organismos e pessoas com responsabilidades em organizações e movimentos sociais e pretendentes e ocupantes de cargos públicos.

Conheça melhor o curso 


Curso de Formação Política para cristãos  

Critérios de participação
- Identidade cristã de vivência e participação;
- Militância política: sindical, popular, partidária, conselhos municipais paritários e outras áreas;
- Compromisso de ser agente multiplicador para a entidade que o apresentou para o curso;
- Compromisso de participar das etapas previstas pelo curso e de realizar os trabalhos solicitados;
- Conclusão do ensino médio;
- Conhecimento de internet para o curso a distância;
- Carta de apresentação da entidade que envia.  

Destinatários
- Lideranças das comunidades eclesiais, pastorais sociais, movimentos e organismos;
- Pessoas com responsabilidades em organizações e movimentos sociais e pretendentes ou ocupantes de cargos em instâncias políticas.  

Inscrições para o Curso
Secretaria do CEFEP, ou pelo site
www.cefep.org.br      
Onde encontrará o link para a ficha de inscrição.  

Para as taxas de inscrição e do curso, e as possibilidades de conseguir bolsa de estudo, colher informações na secretaria e endereço eletrônico abaixo).

Centro Nacional de Fé e Política DOM HELDER CÂMARA - CEFEP Endereço: SGAN Quadra 905 Lote “C” 70.790-050 Fone: 61 3048 7910 / 61 98155 7198 E-mail: cefep@cnbb.org.br - Site: www.cefep.org.br
 
Programação

Primeira etapa 15 dias (90 horas)
Sempre na segunda quinzena de janeiro
- Leitura da relação Fé e Política na Bíblia e nos Padres da Igreja Primitiva;
- Ensino Social da Igreja: princípios básicos;
- História da Política e da Economia e as grandes etapas do capitalismo;
- História da formação social, econômica, política e cultural do Brasil;
- Comunicação e Política;
- A Legislação Eleitoral do Brasil;
- Noções de Bioética e sua atualização;
- Projetos para o Brasil: Os Projetos dos partidos políticos e dos movimentos sociais;
- Metodologia do trabalho científicado.

Segunda etapa 15 dias (90 horas)
Sempre na segunda quinzena de janeiro
- Cidadania e direitos humanos, nos últimos 50 anos, e a contribuição da Igreja neste processo;
- Leitura da relação Fé e Política: no Vaticano II, nos documentos da - - -  - Igreja na América Latina e no Brasil;
- Alternativas, protagonismo e experiências educativas:
- Orçamento participativo e controle social;
- Conselhos Municipais de Direitos ou paritários;
- O trabalho e a economia solidária;
- Agroecologia e a economia sustentável;
- Agricultura familiar;
- Cultura de paz contra a Violência.

Integra o Curso um Artigo Científico com orientações específicas

Parte presencial em Brasília-DF

• Duração:
360 horas em um ano e meio – 180h de curso presencial e 180h à distância, em parceria com a PUC-Rio.

Local da parte Presencial:
Centro Cultural Missionário (CCM) Brasília-DF

Vagas:
50 Participantes

Certificados
Especialização ou Extensão Universitária pela PUC-Rio

Educação a distância (180 horas) em parceria com a PUC-Rio
- Ética, Fé/Espiritualidade e Política;
- História das Instituições Políticas no Brasil;
- História da Formação Social, Econômica, Política e Cultural do Brasil;
- A Constituição de 1988 e os Direitos Humano;
- Bioética: implicações éticas, teológicas e políticas;
- Ensino Social da Igreja (as encíclicas sociais).

Encontros regionais dos participantes do curso nos meses de junho e julho


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  Centro Nacional de Fé e Política “Dom Helder Câmara”

 O Centro Nacional de Fé e Política "Dom Helder Câmara" (CEFEP) é uma iniciativa da CNBB - um serviço à Formação  Política dos cristãos leigos e leigas, sob a presidência da Comissão Episcopal para o Laicato.

Possui três eixos:
- Curso Nacional de Formação Política,
- Rede de assessores,
- Articulação das Escolas Locais de Fé e Política.  

Objetivos

- Fomentar em nosso país um pensamento social cristão à luz do Ensino Social da Igreja e dos valores evangélicos.
 -  Contribuir com a formação de lideran-ças inseridas na política, em suas diferentes formas e níveis, a partir de uma reexão bíblica, teológica, das ciências sociais e da losoa – para a construção de uma sociedade justa, solidária, democrática, pluricultural e pluriétnica.
             

O sociólogo, o padre e ex-seminarista

O artigo que segue, uma contribuição do meu amigo Teólogo Celso Pinto Carias sobre a formação dos futuros presbíteros da Igreja Católica.


"Sabemos bem que houve um processo de renovação na formação seminarística no pós-concílio. Mas experiências interessantes foram interrompidas sem maiores reflexões. “Visitadores Apostólicos” impediram que pudéssemos vislumbrar um caminho mais condizente com a realidade atual. Nos últimos trinta anos, mesmo tentando manter uma eclesiologia a partir da Lumen Gentium, foram continuados processos em perspectiva centralizadora e autoritária na formação".
O comentário é de Celso Pinto Carias, doutor em Teologia pela PUC- Rio e assessor do setor CEBs da CNBB.

Eis o artigo. 

Seminaristas de várias dioceses e congregações religiosas se reuniram no mês de julho de 2019 para um encontro específico entre eles. Alguns dias depois o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, um católico que reconhecidamente vem prestando um grande serviço a Igreja no Brasil, fez uma breve reflexão a partir da carta que os mesmos seminaristas publicitaram após o encontro. O titulo dado por Pedro foi: “Seminaristas: batalha perdida?” No dia 31 de julho o padre Kauê Antonioli, de Porto Alegre, RS, publica uma resposta na qual procura contextualizar os seminaristas na perspectiva de uma juventude que, segundo ele, não está mais entre os extremos.
Ora, entro na conversa não para polemizar, mas para oferecer um olhar que considero fundamental se queremos, de fato, levar a sério o processo de formação dos presbíteros na Igreja Católica. É muito comum, em processos como este, “jogar a poeira para o fundo do tapete”, e não enfrentar os desafios de frente. Como a Igreja Católica é hegemônica e tem condições econômicas para manter formação de seminaristas, podem-se negligenciar questões chaves que irão repercutir negativamente no futuro, e futuro próximo.
Sou católico. Teólogo, casado, dois filhos, 57. Sou da diocese de Duque de Caxias, RJ. Fui seminarista por cinco anos. Fui colega de muitos seminaristas na graduação feita na PUC-Rio. Dei aula em seminário por doze anos e em um instituto teológico religioso por dez. Ainda hoje, de alguma forma, pela inserção pastoral, tenho contato com este universo.
Mas sem delongas, vamos ao ponto chave. Sabemos bem que houve um processo de renovação na formação seminarística no pós-concílio. Mas experiências interessantes foram interrompidas sem maiores reflexões. “Visitadores Apostólicos” impediram que pudéssemos vislumbrar um caminho mais condizente com a realidade atual. Nos últimos trinta anos, mesmo tentando manter uma eclesiologia a partir da Lumen Gentium, foram continuados processos em perspectiva centralizadora e autoritária na formação. Seminários fechados, seminaristas tratados com bajulação, critérios fracos na recepção de candidatos, pois a “necessidade” falava mais alto que a qualidade. Evidentemente com exceções. Porém, tal caminho acabou por reforçar, como o Papa Francisco tem insistido veementemente, o clericalismo.
Muitas vezes, seis ou sete anos de seminários não altera em nada, ou pouco, aquilo que está nas pretensões do candidato a presbítero. Os grandes formadores são os padres midiáticos. Encontrei formadores com excelente qualificação, mas se a Igreja como um todo não vive uma realidade de maior participação laical, se não aprofunda a eclesiologia de uma Igreja como Povo de Deus, se privilegia quase que exclusivamente o Código de Direito Canônico, o trabalho dos bons formadores vai pelo ralo. Sem falar no fato que hoje entram muitos seminaristas sem uma boa ou nenhuma iniciação cristã, que é uma questão fundamental. Naturalmente o seminário não dará conta disso.
Torna-se presbítero e na primeira reunião com o Conselho Pastoral, coloca o Código de Direito Canônico na mesa e diz: “eu mando aqui, este conselho é meramente consultivo”. Ou seja, tudo gira em torno de uma ESTRUTURA DE PODER. Assim, a batina, que não considero uma veste necessária para o nosso tempo, torna-se não um instrumento de desprendimento, serviço ao sagrado, mas sim um símbolo de vaidade e poder. Pelo poder sagrado pode se esconder uma série de situações.
Portanto, não se trata de generalizar ou culpar a juventude, mas de colocar, honestamente, as questões que estão em jogo no processo formativo. Questões de ordem psíquica, econômica, pastoral, enfim tudo que pode contribuir para ajudar no processo. E pelo amor de Deus, certas comparações são completamente fora de propósito. Comparar a qualidade teológica de Leonardo Boff com a do Pe. Paulo Ricardo, por exemplo. Os chavões de que não existe espiritualidade naqueles e naquelas que procuram refletir a teologia a partir da libertação, de que não existe santidade entre tais escolhas é um absurdo. Poderíamos listar aqui muitos exemplos de dedicação, desprendimento, pobreza a serviço do Reino de Deus, mas basta falar em martírio. Muitos deram a vida por causa do Evangelho.
Podemos dizer que existe até certo clericalismo na chamada “Igreja da Libertação”, pois quantos leigos e leigas estão em processo de canonização? Agora, já existem muitos, começando por Dom Oscar Romero, que entraram para a Ladainha. Nada contra Dom RomeroDom HelderIrmã Dulce, muito pelo contrário. Porém, por aí se pode perceber que existe uma crítica completamente superficial em torno da espiritualidade e santidade do caminho da libertação. Pode-se falar também do estilo de vida, como por exemplo, Dom Pedro Casaldáliga, doente e idoso vive na simplicidade da Prelazia de São Feliz do Araguaia/MT.
Assim sendo, o caminho é ter “cheiro de ovelha”, coragem de entrar na lama e correr risco de ficar enfermo com os que precisam (EG 49). É extremamente preocupante que a Evangelli Gaudim se torne um texto esquecido quando Francisco passar, como ficou esquecida a Evangelli Nuntiandi de São Paulo VI.
Não dá, não dá para depositar nas costas de candidatos jovens um poder sagrado que ele mal consegue elaborar na própria vida. Escrevi um artigo ainda em 2003, publicado na REB, no qual afirmo ser muito arriscado “impor as mãos” (gesto do rito de ordenação) na cabeça de alguém com menos de 30 anos. Hoje mudo para 35. Há exceções, sim há. Mas elas não fazem a regra, muito pelo contrário. Precisamos listar aqui os escândalos?
Enfim, nossa colocação se dá em vista de um novo contexto, de uma mudança de época, como afirma Aparecida, e que setores consideráveis não querem reconhecer. É preciso enfrentar com serenidade tudo que está em jogo. Celibato, participação das mulheres, uma igreja toda ela ministerial, maior transparência econômica, para citar outras situações. Se, como tanto deseja o Papa Francisco, estas questões não forem enfrentadas, aí sim será uma batalha perdida. É preciso uma profunda reformulação estrutural. Se nada for feito nesta direção, se estará “enxugando gelo”.
Fonte: IHU

Benefício menor e mais tempo de contribuição, as armadilhas da reforma

Só a idade mínima para a aposentadoria foi mantida pela reforma da Previdência. Saíram itens como a definição do tempo de contribuição e cálculo do valor do benefício tanto do RPPS quanto do RGPS.


A reportagem é de Rosley Rocha, publicada por Central Unica dos Trabalhadores - CUT, 05-08-2019.



A insegurança bate a porta dos trabalhadores e das trabalhadoras da iniciativa privada e do serviço público da União, mesmo depois da aprovação da reforma da Previdência, oficialmente chamada de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº006/2019.

No primeiro turno da votação, os deputados mantiveram na Constituição apenas a obrigatoriedade de idade mínima para concessão da aposentadoria. Como eles tiraram da Carta Magna os critérios que definem o cálculo do valor do benefício e o tempo mínimo de contribuição, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) e os que vierem podem reduzir ainda mais os valores dos benefícios e aumentar o tempo de contribuição.

Se a reforma for aprovada no segundo turno na Câmara dos Deputados e em dois turnos no Senado, esses critérios serão definidos por leis complementares, mais fáceis de serem aprovadas rapidamente porque precisam apenas de maioria simples - 257 votos dos deputados federais, em dois turnos de votação; e 41 dos senadores em apenas um turno. Já uma PEC necessita de 308 votos - 3/5 do total dos 513 deputados, e de 41 votos dos 81 senadores, em dois turnos – para ser aprovada.

Assalto ao bolso do trabalhador

As leis complementares podem alterar os valores dos benefícios previdenciários e o tempo de contribuição dos trabalhadores do Regime Geral da Previdência Social(RGPS) e dos servidores da União, segurados pelo Regime Próprio da Previdência Social (RPPS).

Com isso, apesar da idade mínima ter sido mantida como regra Constitucional, o trabalhador poderá se aposentar com muito mais idade porque vai ter de contribuir por mais tempo, e para conseguir o valor integral, poderá ter de trabalhar por mais de 40 anos.

E mais, apesar dos deputados já terem definido nova regra de cálculo que reduz o valor da aposentadoria, uma lei complementar pode reduzir ainda mais. Hoje, o trabalhador se aposenta com 15 anos de contribuição e 85% dos seus maiores salários. Com a reforma, a média será de 60% sobre todos os salários e 2% a mais por cada ano trabalhado a partir do 16º ano para as mulheres e 21º para os homens. A lei complementar pode baixar a média para 50%, por exemplo.

Além disso, os governos poderão alterar regras de carência e até os valores da pensão por morte, sempre prejudicando os trabalhadores e as trabalhadoras pelo que estamos vendo até agora.

Para a técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção CUT), Adriana Marcolino, o que está ruim no texto da reforma até agora aprovada, pode ficar ainda pior.

Pelo texto da reforma, explica Adriana, uma mulher poderá se aposentar com idade mínima de 62 anos e 15 anos de contribuição, mas, se quiser, o governo poderá aumentar para 20 anos o tempo mínimo de contribuição. No caso dos homens, a reforma prevê que eles podem se aposentar com 65 anos de idade e 20 de contribuição. Isso também pode ser mudado e o tempo mínimo de pagamento à Previdência pode ser aumentado para 22 anos, 23 anos ou mais, alerta.

Desconstitucionalização

Essa desconstitucionalização dos parâmetros previdenciários cria incertezas para os segurados em relação aos benefícios que obterão futuramente.

“Você muda as regras dependendo do ‘humor’ do mercado financeiro, do governo e do Congresso. A decisão será política, de acordo com as correlações de forças”, avalia Marcolino.

Os pontos que foram retirados da Constituição que poderão ser alterados por lei complementar, de acordo com o Dieese são:

a) uma lei complementar definirá a maioria dos parâmetros de concessão de benefícios do RGPS, com destaque para o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria (inclusive de aposentadorias especiais), a regra de cálculo do valor das aposentadorias e o conjunto de regras para a concessão da pensão por morte;

b) definição do tempo de contribuição e demais critérios de concessão da aposentadoria dos servidores da União, bem como das idades e outras condições especiais para as aposentadorias de servidores com deficiência, de policiais e de quem trabalha exposto a agentes nocivos;

c) idades mínimas, tempo de contribuição e demais critérios para a aposentadoria de servidores estaduais e municipais passam a ser definidos nas respectivas constituições, leis orgânicas, leis complementares e ordinárias

d) futura lei complementar federal estabelecerá normas gerais de organização e funcionamento dos RPPSs;

No caso dos servidores da União regidos pelo RPPSs, além dessa incerteza, cria-se a possibilidade de que as leis estaduais e municipais estabeleçam parâmetros diferenciados entre si, criando disparidades de condições entre servidores de mesmas carreiras, já que estados e municípios ficaram de fora da reforma da Previdência.

Oração