23 junho, 2017

Arquidiocese de Maringá experimentou um tempo especial da graça de nosso Deus - ícones do 14° Intereclesial das CEBs Nacional



 Arquidiocese de Maringá experimentou um tempo especial da graça de nosso Deus!

A peregrinação dos ícones do 14° Intereclesial das CEBs Nacional levou a Arquidiocese de Maringá a viver um tempo especial da graça de nosso Deus, tendo oportunidade de aproximar-se e viver a mística das CEBs em cada uma de suas regiões pastorais, celebrando os desafios e os sonhos das cidades, do mundo urbanizado.

Nossa Senhora do Rocio veio até nós por meio de sua Imagem Peregrina como Mulher de Serviço, e sua presença de Mãe nos levou a sentir a Ternura de nosso Deus e de Seu Sinal de Amor simbolizado pela Cruz.

Em cada momento da peregrinação dos ícones, aproximar-se de Jesus experimentando a certeza que o nosso Deus faz presente na história de seu povo, na nossa história.

Ao trazer presente, os desafios do mundo urbano, os vimos como sendo dificuldades, más também na certeza que nosso Deus nos envia a cidade, para sermos sua presença amiga e fazermos a diferença, nos desafia, isso é lindo, é maravilhoso.

A peregrinação dos ícones motivou e reafirmou que estamos no momento de reestruturar e fortalecer dessa opção de CEBs, momento de esperança e de alegria em que nosso Deus esta apontando o caminho, e que quer nos confirmar no caminho que Ele nos deus e que cada uma e cada um de nós podemos acolher esse caminho.  

Amém, Awere, Axé, Aleluia.

“Vede, eu vos envio como ovelhas para o meio dos lobos; sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).


“Vede, eu vos envio como ovelhas para o meio dos lobos; sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).

A reflexão bíblica é elaborada por Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta, comentando o evangelho do 12º Domingo do Tempo Comum (17/06/2017) que corresponde a Mateus 10,16-33.

Os conflitos são constantes no caminho da fidelidade ao Evangelho: conflitos externos que surgem a partir da presença inspiradora e provocativa dos(as) seguidores(as) de Jesus; conflitos internos que afloram quando a mensagem evangélica ressoa na interioridade de cada um, des-velando seus contraditórios impulsos, tendências, dinamismos, forças...

O ser humano vive tencionado entre dois polos: entre luz e escuridão, céu e terra, fragmentação e unidade, espírito e instinto, solidão e vida comum, medo e desejo, amor e ódio, razão e sentimento, sagrado e profano..., enfim, entre animalidade e humanidade.

Não se trata de alimentar uma luta entre esses dois impulsos, como um combate entre o bem e o mal; tampouco se trata de uma leitura moralista diante da presença das chamadas “tentações”.

O combate dualístico desemboca no puritanismo, no farisaísmo, no legalismo, no perfeccionismo, no voluntarismo..., esvaziando a pessoa de toda densidade humana.

A questão de fundo é saber qual dos dois dinamismos nós alimentamos; é aqui que entra a liberdade (ordenada) para deixar-nos conduzir pelo Espírito. O centro é o Espírito.

Só quando dizemos sim a esta tensão básica de nossa vida é que conseguimos superar a divisão interna.

Viver uma “vida segundo o Espírito” significa, antes de tudo, chegar à compreensão e integração das polarizações internas, dos dinamismos opostos, dos movimentos contraditórios... que nos mantêm “despertos” e que dão calor e sabor à nossa existência.

É próprio do Espírito, reunir, integrar, conciliar, pacificar, conduzir-nos a um “lugar interior”, a um centro de calma, onde tudo tem seu lugar, onde tudo encontra seu espaço.

Sua discreta presença nos move a acolher em nós nosso potencial de ternura, de cuidado e de resistência diante de todas aquelas situações e forças que desintegram a vida.

A atitude fundamental é a de sermos dóceis para nos deixar conduzir pelos impulsos do Espírito, por onde muitas vezes não entendemos e não sabemos.

À luz do evangelho deste domingo, vamos considerar os “conflitos internos”. E a questão primeira que surge é esta: como integrar, pacificar, harmonizar... os “animais interiores”, para que o seguimento de Jesus Cristo não termine num combate espiritual que desgasta, tornando pesada a vivência cristã e levando ao sentimento de impotência e desânimo?

Sob o impulso do Espírito, somos chamados a conhecer, reconhecer, nomear e integrar os animais que nos habitam. E caminhar fraternalmente com eles.

Cada um deles representa os instintos, impulsos, paixões, fragilidades, sensualidade, sentimentos... que, quando não pacificados e integrados, criam uma desarmonia interior.

Somos como a “arca de Noé”, no grande Oceano da vida, carregando em nosso interior todos os ani-mais, com seus instintos selvagens e primitivos; e o maior desafio é, justamente, a harmonia e a convivência, onde cada um deles tem sua importância, seu papel sagrado e revelador da nossa identidade humana. São eles que nos facilitarão o acesso às nossas riquezas interiores.

Algumas vezes agimos como uma cobra, ficamos ariscos e escondidos como uma onça, rugimos como um leão ou atacamos como um cão feroz. Outras vezes, até agimos igual a animais ruminantes que mastigam continuamente os rancores e mágoas do passado.

Eles não cessam de ladrar enquanto não lhes damos atenção.

É preciso, antes de tudo, pacificar nossos animais interiores. Trata-se de conhecê-los, aprender a língua-gem deles, fazer amizade com eles para que eles não nos destruam por dentro.

Faz parte da maturidade e crescimento pessoal encontrar e entender, em cada um de nós, a mensagem e o desafio de animais interiores como a pomba, o cachorro, o corvo, a serpente, a raposa, a perdiz, o lagarto, o falcão, o lobo, o leão... Cada animal deve ser verbalizado, integrado harmoniosamente no tempo certo e no lugar adequado. Ao fazer isso, descobriremos as diferentes dimensões da ecologia espiritual, paradisíaca e harmônica, para bem viver a maravilha da vida plena e em abundância.

Quando todas as energias animais são ordenadas, elas colaboram para o conhecimento pessoal, o refinamento da identidade e a busca da autenticidade, elas são fonte interior de sabedoria e de desfrute espiritual. Então, os animais pacificados irão nos conduzir ao mais profundo e nos mostrar onde o tesouro está escondido, e ajudam-nos a desenterrá-lo. Aqui está o lado “humanizante” da vida.

Fomos forçados, durante nossa formação cristã, a viver uma espiritualidade que nos ensinou a reprimir e a manter presos todos os animais na gruta interior e a levantar junto dela um edifício de “grandes ideais”. Lutar contra os animais interiores é permanecer na superfície de si mesmo e não ter acesso às reservas de riqueza do próprio coração.

Tal vigilância e suspeita nos levaram a viver constantemente com medo de que os animais pudessem fugir e nos devorar. Fomos obrigados a fugir de nós mesmos, ficamos com medo de olhar para dentro de nós, pois poderíamos correr o risco de nos deparar com os eles. Quanto mais os amarramos, tanto mais perigosos eles se tornam; eles nos atacam por dentro, tirando a disposição, o ânimo de viver.

Com isso nos excluímos do prazer de viver, porque tudo é reprimido e nossa animalidade é violentada.

E onde está o nosso medo pode estar também o nosso tesouro enterrado.

“Não tenhais medo deles. Não há nada de oculto que não venha a ser revelado, e nada de escondido que não venha a ser conhecido” (Mt 10,26).

Sem a superação cotidiana desse medo, nossa missão estará comprometida; perderá sua força inovadora, garantida pela novidade do Projeto de Deus.

Sabemos que tudo quanto nós reprimimos nos faz falta à nossa vida. Os “animais selvagens” tem muita força. Quando os prendemos, gera um desgaste muito grande e fica nos faltando a sua força de que temos necessidade para o nosso caminho para Deus, para nós mesmos e para os outros.

Nosso compromisso deveria ser a de travar um diálogo amoroso com os animais dentro de nós. Então tornar-se-á realidade o que o profeta Isaías prometeu: “O cordeiro e o leão andarão juntos, e a pantera se deitará com o cabrito...” (Is. 11,6ss).

O compromisso com o Reino requer de todos uma forte dose de coragem e uma alma ágil, animada e vivificada pelo sabor da aventura e da novidade.

Vencido o medo, nós nos tornaremos autênticos, criativos e audazes seguidores de Jesus.

Para meditar na oração

Na vivência cristã, o que importa é ter a coragem de entrar na “arca interior” e dialogar amigavelmente com todos os animais. Então eles indicarão o caminho do tesouro escondido. Este tesouro pode ser “uma nova vitalidade e autenticidade, um sonho ousado, uma intuição, um dom especial, o encontro com o verdadeiro eu, a imagem que Deus faz de cada um de nós...”

“Entrar na arca” significa “buscar e encontrar a Deus” exatamente em nossas paixões, em nossos traumas, em nossas feridas, em nossos instintos, em nossa impotência e fragilidade...

Viver uma nova espiritualidade significa, então, não buscar “ideais de perfeição”, mas dialogar com nossas paixões, nossas fragilidades, nossas carências...

Poderíamos nos interrogar o que é que Deus deseja nos revelar por meio delas, e como justamente através delas Ele deseja nos conduzir ao tesouro escondido no interior de nossa vida.


Fonte: IHU