31 dezembro, 2020

Bem vindo 2021!

Lhe desejo esperança, saúde, coração puro, olhar de ternura, sabedoria, fé e que em cada dia renasça em você a certeza de não apagar a importância da aproximação para um toque humano, o olhar, sentir e comprometer-se, sendo assim a presença amiga de nosso Deus, principalmente para quem mais precisa. 

Feliz 2021. 

Que o nosso Deus o abençoe.

 

A BÊNÇÃO de Dom Frei Severino Clasen para 2021

Carta do cacique indígena Ts’ial-la-kum, de Seattle/EUA ao presidente norte-americano em 1854

Carta que o cacique indígena Ts’ial-la-kum, de Seattle/EUA, enviou ao presidente norte-americano em 1854, e distribuída pelo Programa para o Meio Ambiente da ONU.






Nascimento: 1786

Território de Washington

Morte: 7 de junho de 1866 (79–80 anos)

Ocupação: chefe tribal

Obras destacadas: Chief Seattle's speech

Religião: Igreja Católica








Discurso feito pelo Chefe Seattle ao Presidente Franklin Pierce em 1854

(depois do Governo Americano ter dado a entender que desejava adquirir o Território da Tribo)

O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.

Minha palavra é como as estrelas - elas não empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.

O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertecem à mesma família.

Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os riois são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.

Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.

Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou rescendendo a pinheiro.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensivel ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragância das flores campestres.

Assim, pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios ) matamos apenas para o sustento de nossa vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.

De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adoçicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.

Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Proteje-a como nós a protegíamos. "Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.


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Os índios Duwamish habitavam a região onde hoje se encontra o Estado americano Washington - no extremo Noroeste dos Estados Unidos, divisa com o Canadá, logo acima dos Estados de Montana, Idaho e Oregon. No passado era um "paraíso na Terra", região inspiradora de uma das mais lindas 'poesias' dedicadas á natureza - o discurso que o Chefe indígena Duwamish (Chefe Seattle) fez ao Governo Americano na época -, hoje, ainda sendo bela, mas não mais um 'paraíso', sua cidade mais famosa é Seattle (nome dado em homenagem ao Chefe), uma beleza de outro tipo que infelizmente vem gerando graves problemas ecológicos. Os índios migraram pelo Puget Sound para a Reserva Port Madison. O Chefe Seattle e sua filha estão enterrados lá.

Existem muitas controvérsias sobre o conteúdo original do discurso. O primeiro registro escrito que se conhece, foi feito no Jornal Seattle Sunday Star em 1887 pelo Dr.Henry Smith, que estava presente no pronunciamento - ele publicou suas próprias anotações com comentários sobre o Grande Chefe, que segundo ele, era uma pessoa profundamente impressionante e carismática. Nos anos 70 (1970) foram divulgadas várias versões deste discurso em conexão com movimentos ecológicos e a favor da preservação da natureza; o discurso ficou muito conhecido, quase mitificado, ficando de lado as discussões sobre sua originalidade.

Aqui, após a tradução portuguesa de uma das mais famosas versões da década de 70, transcrevemos a publicação americana original do Dr.Henry Smith-1887. A foto do Grande Chefe Seattle (1787-1866), abaixo, é de E.M.Sammis e o original encontra-se na: "University of Washington Special Collection #NA 1511".

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Fonte:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/Carta_do_Chefe_Seattle_1263221069.pdf

29 dezembro, 2020

Perdas!

Perdas!

Tem perdas que machuca e deixa feridas, perdas que não encontramos respostas, choramos e vivemos o luto. Más há perdas que podemos revertê-las. Papa Francisco em sua Carta Encíclica Fratelli Tutti nos alerta para algumas perdas que são de nossa responsabilidade. Ele fala de uma «perda do sentido social» (FT 11), mas também «uma perda do sentido da história» (FT 13), que contribui para uma maior desagregação da sociedade. Fala de uma «perda daquele sentido de responsabilidade fraterna, sobre o qual assenta toda a sociedade civil» (FT 40), mas também de uma «perda progressiva de contato com a realidade concreta» (FT 43), o que dificulta o desenvolvimento de relações autênticas entre as pessoas. Deixemo-nos envolver por essa alerta.

Quinta Catequese: “Advento e Natal”

24 dezembro, 2020

Mensagem de Natal – Pe. Genivaldo Ubinge, assessor das CEBs

Feliz Natal!


Natal

O Deus presente que dá alegria e esperanças, força para vencer as tristezas e dificuldades.

Razão para vencermos as ilusões e os desejosos. Conduz para saborearmos a graça do perdão nos tirando os desejos de vinganças.

Guia-nos para o caminho da humildade nos afastando do orgulho, da autossuficiência.

O Emanuel, o Deus conosco, que se fez criança no Menino Jesus, que nos ensina a não fazer distinção de pessoas, ao contrário, é Aquele que sabe aproximar, amar, olhar e cuidar.

Feliz Natal!

22 dezembro, 2020

Quarta Catequese: “Advento e Natal”

Eu e o Padre Genivaldo Ubinge, estivemos presente no sepultamento da Elizete Santos, representando a presença amiga das companheiras e companheiros de nossas CEBs.

Eu e o Padre Genivaldo Ubinge, estivemos presente no sepultamento da Elizete Santos, representando a presença amiga das companheiras e companheiros de nossas CEBs.

“Presença muito positiva nas Comunidades Eclesiais de Base”

Sua presença alegre continuará em nossa caminhada.

“Não teve filhos, mais foi uma grande filha da Igreja e deixou muitos filhos”



Elizete Santos fez sua Páscoa!


 

21 dezembro, 2020

Uma pedagogia para as bases

Por Celso Pinto Carias

A palavra “pedagogia” é de origem grega. Significa conduzir uma criança. Mas um dado muito interessante na história da palavra é que o principal “pedagogo” era um escravo.

Temos conversado nesta coluna as implicações do trabalho de base em nossa realidade atual. Nestes dias Guilherme Boulos fez a seguinte afirmação: “A unidade da esquerda é importante, mas sozinha não garante a vitória. É preciso se reconectar com o povo”.

Porém, a grande pergunta é: COMO? Depois de Paulo Freire e tantos mestres do trabalho popular, não deveríamos ter tanta dúvida. Mas temos. Temos porque não fomos “pedagogos”. Temos porque, como diz Freire, comparando o método de Jesus com a nossa prática: “O ensino do Cristo não era nem poderia ser o de quem, como muitos de nós, julgando-se possuidor de uma verdade, buscava impô-la ou simplesmente transferi-la”.

Sim, a nossa cabeça ocidental e positivista não permite reconhecer sabedoria em quem narra a história com categorias pouco precisas para os nossos padrões. Queremos treinar seres humanos como treinamos cachorros, macacos, papagaios etc.. Temos interesse pelas histórias que acontecem ao redor das pessoas e não com a história das pessoas. Os mecanismos simbólicos de construção da subjetividade não são reconhecidos como uma força de resistência e de luta pela vida. Mal comparando, é como dizer a uma pessoa com depressão que ela só está deprimida porque quer.

Assim, vamos formulando “chavões” para justificar opções pedagógicas equivocadas como “pobre de direita”, “cada povo tem o governo que merece”, “o povo não sabe votar” e não nos perguntamos por que determinadas situações tomarem rumos que consideramos absurdos. E então colocamos na conta da ausência de formação quando acontece uma resposta popular que não vai em direção àquilo que acreditamos ser o melhor. A chamada conscientização nem sempre é pedagógica. Achamos que o cérebro é um computador que pode ser programado conforme a direção que queremos. Não se percebe os processos contínuos sob os quais a vida vai sendo vivida e tudo o que está em jogo para sobreviver.

O aprendizado é um processo que exige mente e coração. É preciso fazer a experiência de aprender, melhor ainda, apreender, isto é, trazer para dentro. Conhecer é um processo de emancipação, autonomia e liberdade.

Na década de noventa do século vinte, participei da coordenação de um programa de formação chamado TRAIRAPONGA. Pelo nome já se percebe a intenção. Este era o nome que indígenas davam a parte da região da Baixada Fluminense. Assim, o programa reunia pessoas durante um fim de semana por mês para rezar, refletir, conviver e aprender algo sobre a caminhada da fé. Até hoje encontro muitas pessoas que falam deste processo com grande entusiasmo. Fui até colocado em um grupo de Whatsapp chamado “amigos trairaponga”. Nunca mais participei de algo parecido.

Um processo pedagógico que envolva mentes e corações dá trabalho. Mas como diz um ditado árabe: “quem planta tâmaras não colhe tâmaras”, porque a tamareira leva de 80 a 100 anos para dar frutos. Aprender a aprender exige paciência. Recomendo uma animação no Youtube chamada justamente “aprender a aprender” (https://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI).

E falando especificamente das CEBs, comunidades cristãs, deveríamos nos espelhar Naquele que é a razão de nossa fé. Deus se fez história. Escolheu o caminho humano processual, isto é, gravidez, infância, juventude, até se tornar adulto. Fez parte de uma família, certamente com todas as tensões que isto representa. E fez isto como escravo: “Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo” (Fl 2, 1-11).

Que a nossa ligação com o Senhor da vida nos permita ter “os mesmos sentimentos de Cristo Jesus”. Que possamos redescobrir aquilo que os povos tradicionais sempre souberam e continuam sabendo, muitas vezes no meio do barulho e da confusão, o que significa caminhar em direção ao BEM VIVER.


Suposta negligência médica?

Suposta negligência médica?

Graças a Deus, meu irmão não tem nenhuma das doenças do grupo de risco. Más se tivesse, seria mais um no número de óbitos pelo Covid-19, que não recebeu atendimento correto assim que procurou atendimento médico.

Respeitar as medidas de segurança e o poder público tem que fiscalizar. 

Acredito que cada pessoa precisa comprometer-se com o autocuidado e, ao mesmo tempo, proteger outas pessoas de seu convívio ou não.

Mas os atendimentos das Unidade Básica de Saúde (UBS) precisam fazer sua parte, como fica a pessoa que está com a Covid-19, procura a UBS, o médico atende, até faz o exame da Covid, mas manda a pessoa para casa, dizendo que é uma gripe forte, mesmo tendo os sintomas da Covid.

Manda a pessoa para casa, não tem um monitoramento, nenhuma orientação para isolamento domiciliar.

Essa preocupação fundamentada numa experiência em minha família. Um dos meus irmãos, no dia 12 não estava bem, no dia 13 foi a uma UBs, o médico que o atendeu disse ser uma gripo forte, a pedido do meu irmão fez o exame da Covid-19, e foi mandado para casa após ouvir do médico que era uma gripe forte.

Quando o levava para casa, tomei o cuidado de estar de máscara, passei álcool 70 em minhas mãos e mantive as janelas do carro abertas e disse ao meu irmão, não é gripe, tu estás com a covid-19.

Meu irmão não bem, na terça-feira procurou novamente atendimento médico, e nada novamente, nenhuma medicação, ouviu de novo provavelmente uma gripe forte, ou uma infecção e a orientação, esperar o resultado do exame da covid-19.

O resultado saiu hoje, e deu positivo. O contato foi por telefone, meu irmão disse a pessoa que ainda com muito cansaço e fraqueza e ouviu do atendente que é assim mesmo, e que na quarta feira já pode sair do isolamento e não há necessidade de medicação. 

Isolamento esse que em nenhum momento foi orientado, porque era uma gripe forte.

E que Deus conceda a graça de não agravar, porque ainda está no período de cuidados. E como ainda não bem, a minha opinião, e dei a ele, é que vá no hospital municipal ou UBs e exige um exame do pulmão e outros exames necessários. 

Graças a Deus, meu irmão não tem nenhuma das doenças do grupo de risco. Más se tivesse, seria mais um no número de óbitos pelo Covid-19, que não recebeu atendimento correto assim que procurou atendimento médico.

Fiquemos atentos.

18 dezembro, 2020

ORAÇÃO DA MANHÃ - QUINTA-FEIRA

Dá-me, Senhor, irmãos para viver o Evangelho: que me amparam quando eu fraquejar; irmãos a quem eu possa amparar! Que cuidem de mim quando eu adoecer; irmãos a quem eu possa cuidar! Que me incentivem, quando eu precisar: irmãos a quem eu possa incentivar! Que me corrijam, com caridade e verdade: irmãos a quem eu assim possa corrigir, para sorrir, brincar, olhar no olho e ser quem sou: irmãos para amar como eles são! Irmãos com quem eu possa partir o pão, passar o vinho: na vossa mesa de irmãos!

17 dezembro, 2020

O presépio «é como um Evangelho vivo»

Daqui a uma semana será Natal. Nestes dias, enquanto se corre para preparar a festa, podemos perguntar-nos: “Como me preparo para a natividade do Aniversariante?”. Uma maneira simples mas eficaz de se preparar é fazer o presépio.



O que significa o presépio no tempo do Natal.

Com efeito, o presépio «é como um Evangelho vivo» (Carta ap. Admirabile signum, 1). Leva o Evangelho aos lugares onde se vive: aos lares, às escolas, aos locais de trabalho e de encontro, aos hospitais e às casas de repouso, às prisões e às praças. E o lugar onde vivemos recorda-nos algo essencial: que Deus não permaneceu invisível no Céu, mas veio à Terra, tornando-se homem, uma criança. Fazer o presépio significa celebrar a proximidade de Deus. Deus esteve sempre perto do seu povo, mas quando se encarnou e nasceu, estava muito perto, deveras próximo. Fazer o presépio significa celebrar a proximidade de Deus, é redescobrir que Deus é real, concreto, vivo e palpitante. Deus não é um senhor distante, nem um juiz afastado, mas é Amor humilde, que desceu até nós. O Menino no presépio transmite-nos a sua ternura. Algumas imagens representam a “Criancinha” de braços abertos, para nos dizer que Deus veio para abraçar a nossa humanidade. Então, é bom permanecer diante do presépio e ali confiar ao Senhor a vida, falar com Ele sobre as pessoas e as situações que nos estão a peito, fazer com Ele um balanço do ano que chega ao fim, compartilhar as expectativas e preocupações. 

Ao lado de Jesus vemos Nossa Senhora e São José. Podemos imaginar os pensamentos e sentimentos que eles tinham quando o Menino nasceu na pobreza: alegria, mas também consternação. E podemos convidar a Sagrada Família para a nossa casa, onde há alegrias e preocupações, onde todos os dias acordamos, comemos e dormimos ao lado dos nossos entes queridos. O presépio é um Evangelho doméstico. A palavra presépio significa literalmente “manjedoura”, enquanto que a cidade do presépio, Belém, significa “casa do pão”. Manjedoura e casa do pão: o presépio que fazemos em casa, onde compartilhamos alimento e afetos, recorda-nos que Jesus é a nutrição, o pão da vida (cf. Jo 6, 34). É Ele que alimenta o nosso amor, é Ele que dá às nossas famílias a força para ir em frente e para nos perdoarmos. 

O presépio oferece-nos outro ensinamento de vida. Nos ritmos por vezes frenéticos de hoje, é um convite à contemplação. Recorda-nos a importância de parar, pois só quando sabemos recolher-nos podemos acolher o que conta na vida. Somente quando deixamos fora de casa a confusão do mundo, nos abrimos à escuta de Deus, que fala no silêncio. O presépio é atual, é a atualidade de cada família. 

O presépio é atual como nunca, enquanto todos os dias se fabricam no mundo tantas armas, com imagens violentas, que entram nos olhos e no coração. O presépio é, ao contrário, uma imagem artesanal da paz. Por este motivo é um Evangelho vivo. 

Amados irmãos e irmãs, do presépio podemos extrair, em última análise, um ensinamento sobre o próprio sentido da vida. Vemos cenas quotidianas: pastores com ovelhas, ferreiros que trabalham o ferro, moleiros que fazem o pão; às vezes inserem-se paisagens e situações dos nossos territórios. É correto, porque o presépio nos recorda que Jesus entra na nossa vida concreta. E isto é importante! Fazer um pequeno presépio em casa, sempre, porque é a recordação de que Deus veio até nós, nasceu de nós, nos acompanha na vida, é homem como nós, tornou-se homem como nós. Na vida de todos os dias já não estamos sozinhos, Ele vive connosco. Não muda magicamente as coisas, mas se o aceitarmos, tudo pode mudar. Então, desejo-vos que fazer o presépio seja uma ocasião para convidar Jesus para a vida. Quando fazemos o presépio em casa, é como abrir a porta e dizer: “Entra, Jesus!”, é como tornar concreta esta proximidade, este convite a Jesus para que entre na nossa vida. Porque se Ele habitar a nossa vida, a vida renascerá. E se a vida renascer, será realmente Natal. Feliz Natal a todos! 

(Papa Francisco)

Para refletir


 

14 dezembro, 2020

Eclipse solar na América do Sul poderá ser observado no Sul e Sudeste do Brasil

O fenômeno será testemunhado na tarde desta segunda; No Sul e Sudeste do país, o eclipse será parcial.

Getty Images

A América do Sul vai testemunhar um eclipse solar na tarde desta segunda (14). O alinhamento entre a Terra, o Sol e a Lua começa às 11h33 (horário de Brasília) e acaba às 15h53.

No Brasil, o eclipse ocorrerá parcialmente nas regiões Sudeste e Sul. Ou seja, o dia ficará mais escuro, mas não será como a noite, diferentemente do Chile, que verá o eclipse em seu potencial máximo. São Paulo e Rio de Janeiro verão o disco do Sol 40% encoberto; Já no Rio Grande do Sul, o Sol estará 60% encoberto, afirmou Roberto Costa, professor do departamento de astronomia do IAG, da USP, à BBC News.

Mais informação AQUI

Fonte: UOL

10 dezembro, 2020

Reinfecção por coronavírus

Reinfecção por coronavírus 
Rio Grande do Norte 

Paciente de 37 anos 

- A primeira infecção aconteceu em junho, fez o teste e deu positivo, apresentou um quadro de gripe - dor de cabeça, dor abdominal e coriza. 

- A segunda infecção aconteceu em outubro, fez o teste e deu positivo, apresentou um quadro de fraqueza, dor muscular, dor de cabeça frontal e distúrbios gustativos e olfativos. 

Em nota, o Ministério da Saúde alertou que o caso reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constante das mãos e o uso de álcool em gel. 


Fonte da informação Uol Notícias

Fase 2, o cansaço do isolamento nos leva a comportamentos errados

 "Nestes dias de restrições, de isolamento, de indicações rigorosas mas não muito, de controles e multas pesadas mas nem sempre, quantos de nós, mesmo sabendo perfeitamente o que é certo ou errado fazer, sucumbimos à tentação e saímos dar um passeio cada um para onde quer?", indaga Vittorio Pelligra, professor de economia política na Universidade de Cagliari, Itália, em artigo publicado por Sole 24 Ore, 10-05-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

O cansaço do isolamento em quarentena tem colocado a dura prova o nosso autocontrole: quantos de nós nos últimos dias sucumbiram à tentação e foram dar uma volta onde queriam?

É possível seguir voluntariamente um curso de ação que consideramos errado? De acordo com Sócrates não. Platão lhe faz dizer no “Protágoras”, de fato, que “Ninguém tende voluntariamente para o mal ou para o que acredita ser mal, e não é da natureza humana, me parece, ir voluntariamente para o que se considera mal, em vez de bem. De fato, quando se é obrigado a escolher entre dois males, será que alguém escolherá o maior, embora seja possível escolher o menor?”.

Autocontrole e fraqueza

Aristóteles contestará, anos depois, essa posição, referindo-se à dicotomia entre "enkrateia" e "akrasia", o autocontrole e o poder que exercemos sobre nós mesmos, por um lado, e a fraqueza da vontade, se não mesmo o agir contra os próprios interesses, pelo outro. E nestes dias de restrições, de isolamento, de indicações rigorosas mas não muito, de controles e multas pesadas mas nem sempre, quantos de nós, mesmo sabendo perfeitamente o que é certo ou errado fazer, sucumbimos à tentação e saímos dar um passeio cada um para onde quer? Fora o caso de Milão, que o prefeito Sala parece ter levado muito a sério, quantos comportamentos de risco, em termos de potencial contágio, são assumidos de forma consciente, inconsciente ou simplesmente porque estamos extenuados por meses de isolamento e distanciamento social?

Formalismo e realismo legal

Para tentar responder a essa pergunta, poderíamos começar nos fazendo outra pergunta, apenas aparentemente longe de nossa questão principal. Quando um juiz dá uma sentença, que tipo de decisão ele toma? Do que depende a pena ou, talvez, a concessão de prisão domiciliar em vez de prisão preventiva, uma redução da pena ou o reconhecimento de circunstâncias atenuantes? Nesse sentido, duas abordagens diferentes se contrapõem já há algum tempo: por um lado, os defensores do “formalismo jurídico” consideram a decisão como o resultado de um processo racional de aplicação das normas a um caso particular; um processo que se dá de forma deliberativa, lógica e imparcial, quase mecânica. Pelo outro lado, encontramos a abordagem do “realismo legal” que assume que a decisão seja certamente guiada por normas e procedimentos codificados, mas, ao mesmo tempo, também é influenciada por fatores externos de natureza psicológica, social e política.

Os estudos dos psicólogos

Para tentar colocar algum suporte empírico nessa diatribe, há alguns anos, Shai DanzigerJonathan Levav e Liora Avnaim-Pessoa, psicólogos da Universidade Ben Gurion e da Columbia de Nova York, decidiram ir ao fundo na questão através da observação controlada do comportamento real de um grupo de juízes. O estudo parte, explicitamente, do ditado popular de que "justiça é o que o juiz come no café da manhã". Decidiu-se observar, ao longo de 50 dias, oito juízes especialistas chamados a tomar, todos os dias, uma longa sequência de decisões sobre a concessão de liberdade condicional. Para cada caso em estudo, os autores do estudo consideram todas as variáveis legalmente relevantes consideradas pelo juiz em sua avaliação, como, por exemplo, o número de condenações anteriores, a gravidade do crime, os meses já passados na prisão, a possibilidade de um programa de reabilitação e outros de natureza semelhante. Também são registradas tanto a hora em que o caso individual é discutido quanto a ordem com relação a todas as outras decisões do dia. Em média 6 minutos são dedicados à discussão de cada caso, após o que o resultado é comunicado ao requerente. Dias exigentes e repetitivos, pontuados por dois intervalos, um no meio da manhã para um café ou lanche e outro para o almoço. Esses intervalos dividem a jornada de trabalho do juiz em três segmentos: manhã cedofinal da manhã e pós-almoço. Os autores, em particular, se concentram na relação entre a probabilidade de uma decisão favorável e a hora do dia em que o pedido é discutido. Nesse sentido, seria razoável esperar uma independência da probabilidade de aceitação do pedido em relação ao momento em que o processo é examinado. Isso, pelo menos, é o que os formalistas legais argumentam.

Os realistas, por outro lado, consideram, entre outros, os efeitos da repetitividade da tarefa e do fato de que este elemento possa afetar a qualidade da decisão, fazendo prevalecer, por exemplo, aspectos automáticos, emocionais e simplificações excessivas. Segundo essa posição, então, a probabilidade de uma decisão favorável tenderia a diminuir ao longo do dia, com valores elevados pela manhã e valores inferiores à tarde. Os dados do estudo, no entanto, em última análise, mostram resultados diferentes, surpreendentemente diferentes. O significado da expressão "justiça é o que o juiz come no café da manhã" assume, à luz das evidências recolhidas, um valor muito mais literal do que se poderia imaginar. A probabilidade de aceitação dos pedidos é, de fato, muito elevada no início do dia, quando cerca de 65% dos pedidos são julgados favoravelmente, mas começa a se reduzir muito rapidamente até zerar. Depois, o juiz e seus colaboradores fazem o primeiro intervalo: frutas, lanches, uma bebida e as audiências são retomadas. Mais uma vez a probabilidade de um desfecho favorável aumenta, fixando-se em torno de 65% e depois, rapidamente, como antes do intervalo, tende a zerar e assim por diante até o almoço. À tarde, novamente, outro pico e depois declínio. Portanto, não é tanto a ordem em que um pedido é examinado que determina a probabilidade de aceitação, mas sim sua maior ou menor distância das pausas que interrompem a jornada de trabalho do juiz (Danziger S. et al., “Extraneous Factors in Judicial Decisions”, Proceedings of the National Academy of Sciences, April 26, 2011, vol. 108, p. 6889–6892).

Fonte: Dehonianos


08 dezembro, 2020

Teóloga Maria Clara Bingermer Aponta 6 Pistas Pastorais para a Evangelização no Pós Pandemia


Teóloga Maria Clara Bingermer Aponta 6 Pistas Pastorais para a Evangelização no Pós Pandemia

A decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio, teóloga Maria Clara Lucchetti Bingemer, ofereceu aos mais de 200 bispos de todo país que participaram de uma reunião promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no dia 25 de novembro, uma reflexão teológica com seis pistas para um projeto de Evangelização e de ação pastoral da Igreja Católica no contexto da pós-pandemia.

Aos 297 participantes da reunião, compreendendo, além dos bispos, os assessores das comissões episcopais e representantes de pastorais e organismos vinculados à CNBB, Maria Clara defendeu que as propostas que sistematizou partem do resgate dos aprendizados feitos.

Autora de diversos livros, entre eles, ¿Un rostro para Dios?, A globalização e os jesuítas e o Mistério e o Mundo, a teóloga frisou que é necessário considerar ainda que o mundo está imerso na vivência dos problemas decorrentes do avanço do novo Coronavírus. “Ainda nos encontramos dentro da pandemia, vivendo um conjunto de perplexidades. Estamos há nove meses (tempo de uma gestação de um ser humano) de joelhos por causa de um vírus invisível”, disse.

Segundo a professora, as pistas teologais que levantou partem de um exercício de sonhar com o futuro, o que ajuda a olhar para frente. A professora apontou seis aspectos e pontos que precisam ser observados numa ação pastoral num contexto do pós-pandemia.

a) Retomar o luto com olhar Pascal

Segundo a teóloga, a Igreja numa atitude silenciosa (mais ouvir do que falar) precisa ajudar as famílias que perderam entes, só no Brasil já somam mais de 175 mil mortos em decorrência da Covid-19, a processarem o luto. Segundo ela, a Igreja precisa escutar estas famílias que perderam seus entes queridos e, como agentes do consolo movidos pelo Espírito Santo, ouvir e rezar a sua dor. “É necessário transformar a dor em redenção”, disse.

b) Apostar na arte e beleza

A teóloga defendeu, como forma de processar o sofrimento e este momento vivido pela humanidade, ser necessário que a Igreja abra espaço para a expressões da arte que recuperem a beleza e a estética. “A música, a literatura e arte são elementos preciosos para reencantar os corações”, disse. Para a professora, a arte é um caminho para falar de Deus. Os pastores e agentes de pastoral são chamados a ser ‘poetas de Deus’ e construir uma teo-poética atravessada de beleza e gratuidade”, afirmou.

c) Revalorizar o espaço doméstico

A professora defendeu que, no contexto da pandemia, redescobrimos uma nova configuração para a Igreja que se deslocou a vivência da fé dos templos para as casas. Segundo ela, é necessário ver esta realidade como uma oportunidade para pensar formas de pleno funcionamento da vida eclesial, o que remonta às próprias fontes e origens do cristianismo e começo da Igreja Católica. “De casa, nos conectamos por meio da tecnologia; Na casa, redescobrimos o espaço da família, da celebração da fé e a perseverança na fração do pão”, disse.

d) Cuidado da Terra e da Casa Comum

“Somos terra e nosso destino está inextricavelmente ligado ao destino da terra”, afirmou a téologa para defender a ideia de que a pandemia nos ajudou a denunciar o nosso estilo de vida não saudável. Segundo Maria Clara, é necessário aprofundar ainda mais a urgência da conversão ecológica, defendida pelo Papa Francisco na Encíclica Laudato Si´, com a fraternidade universal. Frente à atitude predatória do meio ambiente, a teóloga defendeu que é necessário reforçar que somos terra sobre a qual foi soprado o Espírito de Deus que anima e dá vida a tudo que está conectado.

e) Fratelli Tutti

A teólogo defendeu que a nova Encíclica Fratelli Tutti lançada pelo Papa Francisco é uma bússola para os novos tempos. “À luz do exemplo do Bom Samaritano, o Papa chamou-nos a atenção de que existe um ferido caído pelo caminho, na estrada” e de que devemos deixar a ideia de sermos “sócios” para sermos irmãos. Com a Encíclica, segundo a professora, o Papa também revisitou a opção pelos pobres que são os que sofreram as consequências da pandemia. “A Fratelli Tutti defende uma solidariedade nova e a fraternidade humana como um projeto tão adiado e urgente”, apontou.

f) Parceria mais estreita com a ciência

Num contexto de negação da ciência e de discursos pseudo cientificistas, a professora defendeu a importância de a Igreja se cercar das informações corretas baseadas no conhecimento científico.

07 dezembro, 2020

Terra, algo se move. Artigo de Carlo Petrini

"Chegou a hora de pensar no solo como um recurso vital e não infinito, no qual todos nos identificamos", escreve Carlo Petrini, fundador do Slow Food, ativista e gastrônomo, sociólogo e autor do livro Terrafutura (Giunti e Slow Food Editore), no qual relata suas conversas com o Papa Francisco sobre a "ecologia integral” e o destino do planeta, em artigo publicado por La Repubblica, 05-12-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.

Hoje, 5 de dezembro, é o dia mundial do solo. Instituído oficialmente pela FAO em 2014, esta celebração está ligada à necessidade urgente de sensibilizar o grande público (e não só) para a questão crucial da proteção do solo, um bem comum que não é protegido e cada vez mais depredado pela ação humana.

Em 1943, num de seus contos mais famosos, Antoine de Saint-Exupéry ensinou-nos que “o essencial é invisível aos olhos”. Bem, acontece que quando se trata de solo é exatamente assim. A infinita biodiversidade que vive no solo, da qual o homem conhece apenas 1% e que é o húmus indispensável para o bom funcionamento do nosso ecossistema, não é visível ao olho humano. Um olho já míope por si só, que não é mais capaz de observar com atenção nem mesmo o que é evidente, quanto mais compreender a importância do que é imperceptível!

No momento histórico que estamos atravessando, porém, é preciso fazer um esforço e nos libertar da cegueira que está nos conduzindo, nem tão lentamente, para o abismo. É fundamental e indispensável, para a existência da nossa própria espécie, tornar visível o invisível e voltar ao essencial: compreender que não há futuro sem solo vivo, e não há vida sobre (e na) Terra sem biodiversidade.

É preciso dizer, porém, que depois de anos em que repetidamente, como um mantra, me vi denunciando o crime irreversível de consumo do solo, algo finalmente se move. Pelo menos a nível europeu, a atenção sobre essas questões está crescendo e fico feliz em ver que a própria FAO dedicou mais dias este ano à reflexão sobre o tema, apresentando, entre outras coisas, o primeiro relatório sobre a biodiversidade do solo. Pequenos passos, mas importantes para alcançar aquela “sustentabilidade” que todos almejamos e da qual muitos enchem a boca.

Na verdade, o uso invasivo do termo “sustentável” é uma das questões a ser demolida para tornar a transição ecológica realmente possível. Vamos ser claros, não há dúvida de que a sustentabilidade é um valor absoluto. Mas, neste momento histórico, parece mais oportuno falar em “regeneração”, principalmente para o solo.

Regenerar, de fato, significa mudar o paradigma: passar de uma lógica extrativista - na agricultura, mas em geral no sistema produtivo - para uma lógica participativa. É chegada a hora de participar, de ser corresponsáveis pelo bem-estar do que nos rodeia; também e acima de tudo aquele da Terra.

De fato, essa batalha não diz respeito apenas aos agricultores, nem apenas aos políticos, muito menos os cientistas que se preocupam com a defesa do solo. É uma batalha que diz respeito a todos! Ninguém deve, nem pode recuar. Por isso, o trabalho que terá de ser feito nestes anos será o de criar alianças: uma questão que não é apenas de método, mas de substância.

É hora de fazer dialogar a ciência, aliada indispensável nessa caminhada, com os saberes tradicionais, muitas vezes guardados pelos pequenos e médios produtores.

É hora de fazer a esfera produtiva falar com aquela dos cidadãos consumidores. Para que mesmo estes últimos possam apoiar com suas compras processos virtuosos na esfera agrícola. Se não aproveitarmos essa oportunidade extraordinária e não criarmos um elo entre ciência, pequena produção e cidadãos, a batalha do solo já estará em grande parte perdida.

Se é verdade, de fato, que a Terra é nossa mãe, consequentemente todos nós temos uma tarefa de fraternidade universal que não pode deixar de levar em conta o estreito vínculo que existe entre todos nós.

Por tempo demais deixamos a saúde do solo nas mãos da lógica especulativa, de puro e exclusivo business. Chegou a hora de pensar no solo como um recurso vital e não infinito, no qual todos nos identificamos.

É aqui, então, que o termo regenerar toma consciência: há regeneração, de fato, somente se todos nós nos movermos juntos na mesma direção.

Fonte: IHU

06 dezembro, 2020

“Reflexão da Palavra” 2º Domingo do Advento – 06/12/2020

Quero aproveitar para dizer a você se você ainda não está inscrito se inscreva no nosso canal compartilhe o canal das CEBs Arquidiocese de Maringá para as suas amigas, os seus amigos para que outras pessoas possam conhecer e também possa curtir e compartilhar nossos vídeos. 

Por enquanto estamos com: 
“Reflexão da Palavra” aos domingos
“Catequese Permanente” as terças-feiras 

Todos os vídeos ficam gravados em nosso canal e podem ser assistidos e partilhados a qualquer momento.

 

04 dezembro, 2020

Covid-19: A Arquidiocese de Maringá sempre comprometida com o bem comum dos seus diocesanos


Covid-19: A Arquidiocese de Maringá sempre comprometida com o bem comum dos seus diocesanos

No início desta crise sanitária do coronavírus, ouvimos muitas vezes que, depois da pandemia, não seríamos mais os mesmos. Um novo normal provocaria nas pessoas um amadurecimento humano e, consequentemente, novas relações sociais se estabeleceriam no seio da sociedade, renovando pessoas e instituições.

Embora possa até ser que a humanidade saia desta pandemia com traços de uma espiritualidade mais profunda e comprometida, ao menos até agora – dez meses de restrições sociais – mais do que constatar mudanças, assistimos apenas a uma mera aposta ainda não realizada. É o que estamos vendo na cidade de Maringá.

A insensibilidade e irresponsabilidade de pessoas que, ao invés de pensar no próximo e na construção coletiva de instrumentos de combate à proliferação do coronavírus, fazem críticas arbitrárias às medidas preventivas propostas pela Arquidiocese de Maringá, e amplamente apoiadas pela sociedade civil, no assim chamado “Pacto pela Vida”. 

A Arquidiocese de Maringá sempre teve responsabilidade e comprometimento com as causas sociais dos municípios que a sua circunscrição eclesiástica abrange. Não seria agora diante da dramática situação sanitária de aumento exponencial dos casos de contágio da Covid-19 que a Igreja se furtaria a colaborar na resolução do problema. 

Desde o início da colonização de Maringá e cidades adjacentes, vê-se claramente a importante e imprescindível participação da Igreja na construção e solidificação de instituições políticas, sociais e culturais em nossa região, em vista do bem comum. 

A nossa Arquidiocese sempre foi chamada, respeitada e ouvida na sua sabedoria e comprometimento com o desenvolvimento de nossa cidade. Basta olharmos para tantas instituições locais que tiveram a participação e contaram com a credibilidade da Igreja para a consolidação da cidade em que vivemos. 

Bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas – de tempos passados e de hoje – sempre tiveram papel relevante no debate local de questões de interesse público. Não nos eximimos do nosso dever e responsabilidade de homens e mulheres, lideranças religiosas da Igreja em nossas comunidades paroquiais, de orientar nossos fiéis que acorrem piedosamente à Igreja para frequentar os sacramentos, e de exortá-los à corresponsabilidade diante de questões que vão além do âmbito estritamente espiritual. 

Nossa fé e comprometimento com a vida das pessoas superam o sectarismo religioso de grupos que querem transformar uma crise sanitária em reacionarismo religioso, travestido de piedade sacramental expressa em frases como: “Precisamos da Santa Missa! Ouçam nosso clamor”, “A Santa Missa é o verdadeiro serviço essencial”, “A celebração da Eucaristia é mais segura do que o comércio”, “A Eucaristia é fonte de vida verdadeira”, “A Eucaristia é o nosso alimento”, “Mais fácil viver sem o sol do que sem a Santa Missa”, “Se um filho pedir pão, qual é entre vós o pai que lhe dará uma pedra?”, “Devolvam-nos a Santa Missa”, entre tantas outras frases retóricas. 

A incapacidade de reflexão destas pessoas é tamanha que não são capazes de compreender que a suspensão das missas com a presença dos fiéis por duas semanas não significa desprezo pela Eucaristia, mas, muito ao contrário, obediência ao apelo do Evangelho que nos pede para defender a vida e vida em plenitude (cf. Jo 10,10). 

As palavras do teólogo Padre Antônio José de Almeida, residente em nossa arquidiocese, resume perfeitamente o sentimento que habita nosso coração de pastores: “A celebração comunitária da Eucaristia está sendo apenas adiada por uma situação que a justifica plenamente. 

A Igreja está propondo um Pacto pela Vida, para o qual convoca toda a população da região, num momento em que a elevação das taxas de contágio, de internação e de óbitos se mostra preocupante. A Igreja está renunciando temporariamente a celebrar comunitariamente o sacramento que é o ‘o coração e o cume da vida da Igreja’ (Catecismo da Igreja Católica, 1407), não só para não dar ocasião a uma possível disseminação da Covid-19, mas também para dar um exemplo eloquente do que todos e cada um somos chamados a fazer neste momento delicado: tomar todas as medidas ao nosso alcance para não nos contaminarmos e para que outros não se contaminem. 

A Eucaristia tem uma dimensão profundamente eclesial, comunitária e social. Não pode nunca ser dissociada da Igreja, da comunidade cristã e do contexto social, sobretudo dos mais vulneráveis”. 

Infelizmente o crescente clericalismo atropela a vida de muitos bons leigos, ainda que alguns, de modo ingênuo, paralisados por uma teologia centrada na manutenção dos “serviços sacramentais”, ignoram o ensinamento do Concílio Vaticano II que ressalta que “não há realidade humana alguma que não encontre eco” no coração da Igreja, porque “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e dos que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo.” (Gaudium et spes 1). 

Na contramão do Papa Francisco, que nos pede uma Igreja missionária em saída, capaz de se compadecer do outro, o clericalismo reina absoluto desnutrindo a fé do povo e diminuindo a força do Evangelho na valorização da vida das pessoas. Além disso, nosso Arcebispo, Dom Frei Severino Clasen, em diálogo com os padres da Arquidiocese, quer levar a Igreja de Maringá a dar sempre maior testemunho da fé, encorajando cada fiel batizado a proteger a vida, bem maior a ser defendido. 

Portanto, conclamamos todas as pessoas que, neste período de pandemia e superlotação de nossos hospitais, colaboremos na prevenção dos casos da Covid-19. Seja sua família uma Igreja doméstica, meditando a Palavra de Deus em família, rezando o terço, acompanhando a Santa Missa através de nossas mídias digitais. 

Aproveitemos esta lamentável pandemia para mudar nossos hábitos, amadurecer nosso senso de responsabilidade para com o próximo e criar relações sociais mais saudáveis, inteiramente preocupados com o bem comum. 

Nossa Igreja em Maringá, sempre atuante nos interesses coletivos e desejosa de ver o Reino de Deus acontecer na vida de cada pessoa, continuará, mesmo com as missas suspensas sem a presença dos fiéis, próxima e solidária a todos os seus filhos e filhas, alimentando-os com suas orações, com a Palavra de Deus e ansiosa para superarmos juntos este difícil momento pelo qual está passando a humanidade. 


Pe. Marcos Roberto Almeida dos Santos 
Do presbitério da Arquidiocese de Maringá 
Maringá-PR., 04 de dezembro de 2020.

Fonte do texto: Site da Arquidiocese de Maringá

29 novembro, 2020

Reflexão da Palavra 1º Domingo do Advento

#PactoPelaVida - conter a propagação da COVID-19 - Arquidiocese de Maringá suspende celebrações


#PactoPelaVida - conter a propagação da COVID-19

Arquidiocese de Maringá suspende celebrações

Após deliberar coletivamente com a sociedade civil organizada de Maringá pela criação do #PactoPelaVida e ouvir todo o Clero, o Arcebispo de Maringá, Dom Frei Severino Clasen, decidiu suspender as celebrações com a presença de fiéis entre 01 e 11 de dezembro. É uma medida drástica para ajudar a conter a propagação da COVID-19 em todos os municípios da Arquidiocese de Maringá.

As igrejas permanecerão abertas, mas apenas com missas on-line. As secretarias paroquiais e a Cúria Metropolitana também permanecem abertas.

Para celebrações de casamentos já marcados entre estes dias, os noivos deverão entrar em contato com os padres individualmente. Esses casos serão tratados em cada particularidade.

“É uma medida que precisamos tomar agora, ou não teremos as celebrações no Natal. Os hospitais estão saturados e a situação é gravíssima”, diz Dom Severino Clasen. 


27 novembro, 2020

Advento: Tempo das mulheres


 
Advento: Tempo das mulheres 


“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre...” (Lc 1,41) 

A reflexão bíblica é elaborada por Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta, comentando o evangelho do 4° Domingo do Tempo do Advento - Ciclo C (23/12/2018) que corresponde ao texto bíblico de Lucas 1,39-45. 

Os sinais da quarta Semana do Advento nos devolvem à beleza do pequeno, à humildade do cotidiano, à simplicidade dos encontros. No mistério da Visitação, uma simples saudação, essa experiência universal de acolhida do outro, desencadeia uma torrente de comunicação entre duas mulheres grávidas que se enchem de júbilo, bendizem e se alegram juntas enquanto a vida cresce em suas entranhas. 

No encontro entre Maria e Isabel a comunicação abarca, com igual intensidade, tanto a dimensão corporal como a que se expressa em palavras. Nesse clima de confiança total acontece o diálogo entre elas. Duas mulheres que compartilham um segredo que não são capazes de entrever em toda sua imensidade, carregada de transcendentais consequências. E nessa efusão de duas pessoas simples, unidas pelo sangue e sobretudo pela fé, se reconhecem partícipes de uma história que as ultrapassa. Encantadas, agradecidas, maravilhadas, expressam os sentimentos de seu coração no louvor a Deus. “Minh’alma engrandece o Senhor” é a primeira mensagem do Magnificat com que nos evangeliza aquela jovem simples de Nazaré que guardava em seu coração todas as coisas que iam acontecendo. 

O evangelho da Visitação nos convida a contemplar como Maria saiu de sua casa e empreendeu apressadamente uma viagem; viagem que é metáfora de todas as viagens da existência humana. Maria disse “fiat” a Deus, pôs-se a caminho e foi renovando cada dia de sua vida esse arriscado e confiado “sim”. Advento, tempo de espera no qual Maria é protagonista, guardando um segredo que afetará a todos nós. O que a move a sair é um grande projeto que vem do alto. Assim ela nos revela que não se pode viver sem mistério, sem paixão; que o mistério nos deslumbra, nos supera e nos dinamiza. 

Em Isabel, podemos admirar como se une o assombro por uma maternidade inesperada com a ação do Espírito atuando sobre sua esterilidade. Seu assombro e exaltação ecoam com a alegria e a dança da criança que carrega em suas entranhas. Isabel, a mais velha, se inclina diante de Maria, a mais jovem, num abraço e num beijo acolhedor. As duas são portadoras de mistério; estão profundamente marcadas pela comoção. Nelas tudo é surpresa, vibração e alegria. 

Isabel e Maria não só se acolhem e se animam, mas se acompanham e se ajudam. O acompanhamento entre ambas se converte em fonte de bênçãos. 

Maria descobre que não se encontra sozinha; há uma mulher que lhe acompanha. 

Ela quer compartilhar sua experiência de mulher (e futura mãe) com outra mulher, sua “prima” Isabel, a mãe do Batista. Maria vai ao encontro de Isabel para sentir o apoio na figura de uma mulher madura, mas cheia de vida e de futuro. Não se dirige ao Templo nem ao sacerdote.... Os homens de então não são capazes de entender o que está acontecendo nestas duas mulheres, pois estão preocupados com outras coisas. Maria precisa dizer para outra mulher, para celebrar com ela “a maravilha que Deus estava realizando nela”. Toda a história da esperança humana, a humanidade inteira se condensa em duas mulheres. 

Ambas, tocadas pelo Espírito, seguem sua própria evolução: cada uma tem sua gravidez, e isto requer cuidado, proteção, equilíbrio... 

Assim, as duas unidas caminharão em direção a um maravilhoso futuro desconhecido. O novo precisa companhia, unir mãos e corações, mentes, forças e pés. Cada uma com seu segredo dentro de si, presente em suas entranhas. As duas com uma forte convicção: foram visitadas pela misericórdia de Deus. 

Em nome do filho que dança no seu ventre e tomando a palavra dos grandes sábios da Antiga Aliança, como encarnação da esperança do povo israelita que aguardou este momento durante séculos, Isabel canta a grandeza da mãe do Messias: “Bendita tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!”.“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o senhor lhe prometeu”. 

Esta é voz de benção, ou seja, de graça criadora e abundância. Esta é a benção e a bem-aventurança que dirigem a Maria todos os “esperantes” do Antigo Testamento. Esperaram longos séculos, dirigidos, animados, pela voz dos profetas. Agora podem sentir-se satisfeitos. Chegou o cumprimento e assim o confirma, em nome de todos, Isabel, mulher israelita, mãe profética. 

É verdade que as bênçãos eram comunicadas pelos sacerdotes. No entanto, Isabel bendiz Maria em sua plena juventude e grávida de Deus. Bendiz o fruto de suas entranhas. Só esta mulher que engendrou em sua velhice, assumindo a voz do profeta que carrega em sua entranha, pode entender e receber a mãe messiânica, proclamando sobre ela a grande voz do cumprimento dos tempos. Estamos no centro da oração mais querida dos cristãos católicos (depois do Pai-Nosso), que é a Ave Maria. 

Maria recebe agradecida as palavras de benção e lhe responde dando graças a Deus com o Magnificat. 

Advento é o tempo das mulheres, ou seja, daquelas que tem uma surpresa a oferecer, pondo-se a serviço do amor de Deus que levam em seus ventres, amor que as envolve e as transcende, fazendo-as servidoras da vida. 

A cena da Visitação nos situa em um espaço intenso de mulheres. É como se, ao chegar o momento culminante da revelação, os varões passassem a segundo plano. Certamente, realizaram e em algum sentido continuam realizando funções socialmente importantes: fazem negócios, servem como sacerdotes no templo, estudam e explicam o sentido da lei como escribas, definem e encarnam a pureza do povo eleito como os fariseus... 

Esses e outros ofícios de varões foram e são valiosos; mas ao chegar a plenitude dos tempos acabam se tornando secundários, pois Deus não precisa de sacerdotes, nem de fariseus, nem escribas, como os antigos. O cuidado da vida e a vida mesma do Messias de Deus, como futuro salvador da humanidade, está em mãos de mulheres. 

Também a Igreja hoje deve viver “em tempo de “parto”, pois carrega em seu ventre Alguém maior que ela mesma; ela só poderá “dar à luz” a Deus na história da humanidade se renunciar às suas grandezas externas, feitas de riquezas e privilégios, de honras e poderes... e revestir-se da simplicidade, da ternura e da acolhida amorosa. Para isso, ela precisa pôr-se a caminho, para visitar e dialogar com Isabel e com outras mulheres, e aprender com elas o que significa estar a serviço da vida, que a ultrapassa sempre. 

Este ícone da Visitação des-vela o modo original de ser e de agir de toda a comunidade eclesial; há diversidades de serviços que a caracterizam, mas todos são convidados a reconhecer, a servir, a celebrar as maravilhas que Deus continuamente realiza em tudo e em todo. 

É um ícone dinâmico que nos lança a “sair apressadamente” ao encontro do outro, com quem temos um parentesco, na consciência de que fazemos parte de uma mesma humanidade. 

A vida cristã de nossos dias precisa voltar à Visitação, reviver a “cultura do encontro” e buscar inspiração nas protagonistas no evangelho deste domingo. A vida cristã necessita Visitação para ser mais vida e mais cristã, para deixar seguranças, cuidar e acompanhar a vida que há nela e nas “periferias existenciais”, ali onde o novo está germinando, para espanto e surpresa de todos. 

Com a Visitação nos chega memória agradecida, paixão comprometida e esperança dinamizadora de um possível presente fecundo. A Visitação é um foco criativo de espiritualidade. 


Para meditar na oração 

Advento nos inunda da alegria da Visitação e nos move a ser portadores e portadoras da Vida de Deus para o nosso hoje. 

- Você visita ou se deixa visitar por quem é diferente? Ou assume posturas de preconceito e intolerância? 

- Através das “redes sociais” visitamos tantas pessoas: suas visitas virtuais são cheias de graça e alegria ou carregadas de julgamento, de mensagens pessimistas...? 


Fonte: IHU