26 julho, 2013

Parabéns a todas as avós e a todos os avôs

dia dos avós é uma data comemorativa dedicada aos avós
No Brasil comemora em 26 de julho, tendo sido esta data escolhida em razão da comemoração do dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de  Jesus Cristo.
Conta a história que, no século I a.C,  Ana e seu marido, Joaquim, viviam em Nazaré e não tinham filhos, mas sempre rezavam pedindo que o Senhor lhes enviasse uma criança. Apesar da idade avançada do casal, um anjo do Senhor apareceu e comunicou que Ana estava grávida, e eles tiveram a graça de ter uma menina abençoada a quem batizaram de Maria.
Devido à sua história, Santa Ana é considerada a padroeira das mulheres grávidas e dos que desejam ter filhos. Ana morreu quando Maria tinha apenas três anos. Maria cresceu conhecendo e amando a Deus e foi por Ele a escolhida para ser mãe de seu filho Jesus Cristo
São Joaquim e Santa Ana são os padroeiros dos avôs e avós.

O Papa em minha casa

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Quinta-feira, 25 de Julho de 2013. Casa 81, Bairro Varginha, Rio de Janeiro, Brasil. Passa a caravana do Papa que visita a cidade para a V Jornada Mundial da Juventude. Inesperadamente, o pastor se detém e entra naquela humilde moradia. Como não lembrar os passos de Jesus, relatados pelos quatro evangelistas ! Nestes, a caravana de Jesus, como sabemos, jamais atropelava uma dor ou um grito de socorro. Ao menor sinal de sofrimento, Jesus se detinha, não raro enfrentando a resistência dos pròprios apòstolos. Para o Mestre, mais do que a confissão religiosa ou o cumprimento da lei, a necessidade do pobre convertia-se em parada obrigatòria. Prevalecia o primado da acolhida, da justiça e do direito, da misericòrdia e da compaixão para com as « multidões cansadas e abatidas » (Mt 9, 35-38).

Na Casa 81, como nas demais habitações ao redor, quem sabe quantos dramas, quantas tensões e quanto sofrimento habitam aquele espaço restrito, reservado e familiar ! Quem sabe quantos problemas relativos ao trabalho, à habitação, à saùde, à educação, ao transporte, à segurança !... Quem sabe, também, quantas « alegrias e esperanças, tristezas e angùstias », quantas dores e temores, lutas, fracassos e vitòrias abrigam aquela simples casa ! Ou ainda, quantos sonhos e esperanças ali nasceram, cresceram, morreram ou se realizaram ! Nessa, como nas casas vizinhas e em centenas de bairros periféricos do Rio, bem como das outras capitais e de todo o Brasil, os embates do cotidiano se desenrolam, misturando risos e làgrimas, sonhos e lutas, correria e inquietações.

Sim, uma casa como milhões de outras. Pobre, sim, mas talvez rica de vida e alegria, festa e entusiasmo, como poucos palàcios suntuosos ; talvez dilacerada por divisões e conflitos familiares, doença, desemprego e pobreza, mas aberta à hospitalidade de quem necessita, como poucas mansões de alto luxo ; talvez sem saber se terà pão à mesa no dia seguinte, mas sempre pronta à solidariedade com o pròximo, como poucas familias milionàrias. Uma casa onde é mais duro o combate pela sobrevivência, certamente, mas onde em geral o afeto cimenta as relações humanas de forma mais sòlida, transparente e duradoura.

Bem ali, o Papa Francisco se detém e entra na humilde casa, visita aquela familia até então desconhecida. Abraça e beija as pessoas, ouve e fala com grande atenção, enche o espaço com seu sorriso largo e seu coração em festa no meio da multidão. Um pastor que conhece o seu povo, da mesma forma que este também o vem conhecendo sempre mais, na sua grandeza de alma e simplicidade de gestos. Além de Jesus, impossìvel não lembrar o pobre de Assis, do qual o pontìfice escolheu não somente o nome, mas também o louvor a Deus através de uma alegria contagiante, cheia de fé, confiança e entusiasmo juvenil e inebriante.

O gesto do Papa traz de volta a saudosa lembrança do chamado « trabalho de formiguinha » ou « trabalho de base » na pastoral de conjunto de décqdqs passadas. Visita às familias mais necessitadas, presença nos porões e nas periferias da sociedade, contato vivo com as pessoas em seu ambiente - pràtica muito utilizada nas missões populares e na evangelização dos lugares mais afastados. Visita que marca, conforta e deixa marcas de esperança e de paz… Mas de forma particular atitude que, uma vez mais, remonta à pràtica pastoral do profeta itinerante de Nazaré. A Boa Nova de Jesus Cristo é proclamada muito mais pelas ruas e aldeias do que no templo. Muito mais entre pescadores, camponeses, povo de rua, gente indefesa, doente e marginalizada do que entre os fariseus, escribas e saduceus. Basta conferir a paràbola do Bom Samaritano (Lc 10,13-35).

Muitas vezes o interior de cada familia esconde « pequenos infernos » de sofrimento humano. Feridas vivas que custam a cicatrizar. Basta olhar para o interior de nossa propria casa. Quantas chagas abertas, quantas màgoas, quantos laços rompidos ! A presença de um representante de Deus em meio a esse sofrimento torna-se uma grande benção : um sacerdote, um religioso ou religiosa, um missionàrio ou missionària, um agente pastoral… Queiram ou não, do ponto de vista da fé popular,  essas pessoas ligadas à Igreja, ou que em nome desta percorrem bairros e ruas, são protagonistas da Boa Nova de Jesus Cristo. O simples fato de entrar numa casa, onde às vezes reina a divisão e o rancor, o alcool, a droga e a violência, é como reafirmar que Deus não abandona aquelas pessoas. O Pai de Jesus jamais fecha a porta a quem bate, jamais vira o rosto a quem o procura. Reza-se no Credo que Jesus « desceu aos infernos » para arrancar-nos daì e elevar-nos ao céu do seu Reino.

Semelhante presença se concretiza num olhar de misericordioso, num ouvido atento e compreensivo, numa palavra de conforto e de paz, num toque de força e alento, num braço estendido, num sorriso de fé e esperança. Eis uma verdadeira forma de evangelização. Quando tudo isso vem reforçado pela visita do Pontifice da Igreja, evidente que se reforça, ao mesmo tempo, a « opção preferencial pelos pobres », como também a missão continental, grande compromisso com o Documento de Aparecida, da V Conferëncia do Episcopado Latino-amaricano e Caribenho.

Essa visita ao Rio de Janeiro, para o encontro com os jovens, representa oxigênio renovado numa Igreja que vem dando sinais de asfixia. Promessa de mudanças nas atitudes e nas relações. Vassoura nova para retirar o mofo dos cantos frios e obscuros, labirìnticos, de não poucos setores da Igreja; para limpar o lixo acumulado sob o tapete ou o verniz da diplomacia ritualista e da hipocrisia formal ; para remover as teias de aranha que impedem relações abertas e saudàveis e, ao esmo tempo, a partir do pròprio Evangelho, tecem vias tortuosas e distorcidas.  Oxalà estejamos diante dos primeiros raios de uma nova aurora ou das flores de uma nova e vicejante primavera.