17 julho, 2020

O estilo de Jesus - Roda de conversa com a equipe de coordenação das CEBs



Roda de conversa com a equipe de coordenação das CEBs

O estilo de Jesus

Que o estilo de Jesus seja inserido no dia a dia em nossas Comunidades Eclesiais de Base, um modo que aproxima introduzindo ao coração do povo. “Como nos faz bem vê-Lo perto de todos! Se falava com alguém, fitava os seus olhos com uma profunda solicitude cheia de amor: “Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele” (Mc 10, 21). Vemo-Lo disponível ao encontro, quando manda aproximar-se o cego do caminho (cf. Mc 10, 46-52) e quando come e bebe com os pecadores (cf. Mc 2, 16), sem Se importar que O chamem de glutão e beberrão (cf. Mt 11, 19).Vemo-Lo disponível, quando deixa uma prostituta ungir-Lhe os pés (cf. Lc 7, 36-50) ou quando recebe, de noite, Nicodemos (cf. Jo 3, 1-15).


Esse estilo de Jesus leva a alegrar-se com os que estão alegres, a chorar com os que choram e a comprometer com um mundo novo transformado “mas não como uma obrigação, nem como um peso que nos desgasta, mas como uma opção pessoal que nos enche de alegria e nos dá uma identidade.”

As citações são da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Santo Padre o Papa Francisco.

A roda de conversa com a equipe de coordenação, respeitando a orientação de distanciamento social, será via videoconferência, sábado, 18 de julho de 2020, às 14h30. A videoconferência terá a presença dos representantes das CEBs das regiões pastorais, que fazem parte da coordenação arquidiocesana.

Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora das CEBs na Arqudiocese de Maringá

5ª Carta às Comunidades: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária na Comunidade Eclesial de Base


Carta às Comunidades nº 05 Rondonópolis, 15 de julho de 2020.

Estimadas comunidades eclesiais espalhadas e organizadas no Brasil e na América Latina!

O TREM DAS CEBs COMEÇOU A ANDAR, E NÃO PODE PARAR!

O trem da CEBS saiu de Londrina e continua sua jornada a caminho de Rondonópolis/MT. Nas estações por onde tem passado nos deixa uma carta, com conteúdo que alinha e direciona os caminhos de preparação para o 15º Encontro Intereclesial que será sediado por nossa Diocese em 2022. Muitas são as estações por onde esse trem passará, muitas serão as estações onde ele chegará, trazendo e levando os sonhos, ações e esperanças daqueles que se unem à Boa Nova, na missão peregrina de formar uma Igreja acolhedora, includente e atenta as políticas sociais, necessidades e dignidade de todo o ser humano, para que tenham vida e vida em abundância. O trem não pode parar, pois é nele que se movimentará nossas ações; é ele que levará de uma estação a outra como nos fala o Tema: “CEBs: Igreja em Saída na busca da Vida Plena para Todos e Todas”, é nele que viajaremos fortalecidos, entoando nosso Lema: “Vejam! Eu vou criar novo céu e uma nova terra…” (Is 65,17ss).

O TREM ATRAVESSA UMA NEBLINA PERIGOSA

Esse trem está atravessando uma pandemia que já perdura mais de quatro meses. Perdas, medos, cuidados, insegurança, quarentena, muitas opiniões acertadas e muitos erros na condução desta pandemia. Mas não podemos fraquejar e nem desanimar. Saudades da comunidade. Redescobriu-se a evangelização e o fortalecimento das comunidades através das redes sociais. Mas logo voltaremos à comunidade, ao abraço, ao sorriso, às crianças brincando sorridentes, muitas histórias, sonhos e planejamentos. Novamente círculos bíblicos, reuniões, planejamentos… vida de comunidade.

BUSCA DA VIDA PLENA PARA TODOS E TODAS

Em tempos modernos vivemos realidades distintas que vão da presença à omissão, do medo à coragem, do silêncio ao se fazer ouvir, as críticas e opressões se elevam em relação àqueles que escutam o grito dos oprimidos e por eles decidem ir e dedicar sua luta de dar voz e vez a quem está às margens do caos social. Buscar vida plena para todos e todas, requer coragem, esvaziamento de si, fé e uma crença absoluta de que o Evangelho e os exemplos deixados por Jesus Cristo são o caminho que levará ao novo céu e uma nova terra. Mas, onde buscarmos e por onde começarmos a trilhar o caminho que esse trem deverá passar? A resposta se encontra na ação e vivência comunitária, na base, onde o caminho a ser percorrido é reconhecer o papel fundamental das comunidades eclesiais de base. As CEBs, um lugar muitas vezes distante que mesmo entre tantos desafios busca a inclusão e a integração social, através dos quatro pilares fundamentais que as sustentam, Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária, deve ser cada vez mais difundido e incorporado ao cotidiano das Dioceses e Paróquias.

CONHECENDO A CASA: a casa CEBs, uma casa de portas abertas.

Palavra, significa a iniciação à vida cristã, se refere a adesão a Jesus Cristo, não somente pela porta do Batismo, Confirmação e Eucaristia, mas principalmente na experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. É através da Palavra ou das Sagradas Escrituras como canal condutor que se chega as experiências em Cristo, é por ela que alimentamos o amadurecimento da fé e colocamos em prática o anúncio de Jesus Cristo. A Sagrada Escritura nos chama ao eixo íntimo e necessário à mensagem original de Jesus Cristo. Ela é fonte inspiradora para a transformação de pessoas, famílias e sociedade, a direção para um novo céu e uma nova terra. A iniciação à vida Cristã nos propõe o confronto entre nossa vida com a vida, prática e atitude de Jesus. Os primeiros Cristãos faziam essa experiência no processo de inserção à comunidade. A palavra de Deus nos molda e fortalece na construção da nova Jerusalém desde a terrestre – terra sem males – e a celeste que é a vitória da ressurreição dos mortos.

Pão, oferecido à comunidade como alimento insubstituível à vida cristã, deve ser valorizado pelas comunidades como a verdadeira via para a comunhão com Cristo e a comunidade. O “Pão da vida” (Jo 6,35), que celebra o domingo de alegria, é o que mantem Jesus presente naqueles que se valorizam essa comunhão. No alimento concedido pelo Pão, Jesus nos chama para a missão de partilha e comunhão. O Pão, além do corpo e sangue de Cristo e palavra de Deus é também o que alimenta, sustenta e eterniza, desde a igreja doméstica, ninho de gestação e existência até as relações mais amplas com a comunidade, sociedade e com o próprio Deus Trindade.

Caridade, guiados pela Palavra e alimentados pelo Pão, a comunidade se faz fonte de vida, se faz lugar de fecundação, é casa comum a todos que chegam, aos que são esperados e principalmente àqueles que são resgatados. A caridade significa amor à Deus e ao próximo, é uma virtude, por não ser um dom, deve ser praticada até virar um hábito de se fazer o bem. “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias do homem de hoje, sobretudo dos pobres e todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco em seu coração” (GS, Proêmio, n.1). A caridade deve ser a prática de se oferecer as portas abertas para a vivência do Evangelho, onde as experiências vivenciadas sejam a aliança de resgate e dignidade à vida, desde a concepção até sua finitude.

Ação Missionária, “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). A tarefa missionária é uma prática diária. É a conscientização de que chamado à missão a própria vida é transformada. Não se vive mais em si e sim no outro. O cristão chamado, tocado pelo projeto missionário de Jesus Cristo parte em busca não só dos mais próximos, mas, dos desconhecidos, vai ao encontro de um, dois ou do coletivo e resgata os que se encontram apartados. Cotidianamente suas ações devem ser de solicitude para com os pobres, afastados, marginalizados e excluídos em uma sociedade onde a modernidade insiste em implantar uma individualização do eu como caminho de realização pessoal. A conscientização de que a Igreja não é estática, não se define em si, mas em cada um que a leva ao próximo, nasce no coração do missionário que busca uma transformação social justa.

O trem das CEBs tem a finalidade de animar, fortalecer, avivar e motivar as comunidades rumo a acolhida e convivência fraternal, a exemplo dos cristãos das primeiras comunidades (At 2,42-47) estreitando os laços, encurtando distâncias, aquecendo relações, partilhando tudo de si para o enriquecimento da comunidade e assim ultrapassarmos as diversidades eclesiológicas, como balizadora, para a unidade no qual todos possam entrar na roda e dançar a mesma música, cuja melodia e o ritmo seja o mesmo: evangelização e vivência da fé entre irmãos e irmãs.

Para Roda de conversa:

Como está a celebração da Palavra na comunidade?
E a leitura da Palavra de Deus?
Os grupos bíblicos?
Que ações de caridade, de transformação estão acontecendo nas comunidades?
Como são cultivadas as lideranças especialmente o espaço para jovens?

Secretariado do 15º Intereclesial das CEBs
(contribuição do Pe. Ademilson Lopes de Assunção).

Dia 17 de julho Bem aventurado Inácio de Azevedo e seus companheiros már...

Inevitável



Inevitável

Uma certeza que, muitas vezes, ouvimos e que também repetimos é a que todos vamos morrer e que isso é inevitável. Essa fala, no entanto, nunca nos assegurou um adeus, pois quando chega a hora da partida, que é inesperada, nos sentimos sem qualquer preparo administrar a situação que se impõe.

Bate desespero. É horrível.

Nos perguntamos “Por que?” “Como assim?” “De repente?” Diante da angústia, somos atraídos pela possibilidade de negação: “isso não está acontecendo”.

A certeza que tanto afirmamos de que um dia vamos morrer e que isso é inevitável, incomoda, confunde, e dói muito quando perdemos alguém.

Dá um nó na garganta dizer adeus;

Dá um aperto no peito;

Dá uma dor na alma.

No pensamento, passa a retrospectiva de todos os momentos, olhares, sorrisos, comemorações, falas, de toda as presenças. Ao mesmo tempo, aquela certeza que dói - nunca mais voltaremos a nos encontrar, nesse mundo.

E, quando tudo diz ser o fim, a nós que ficamos cabe recomeçar, viver e elaborar o luto. Nesse processo, muitos nos querem ver fortes e sorrindo, mas cabe uma compreensão de que juntar todos os pedaços requer tempo, lágrimas, tristezas, saudades e as falas das repetidas histórias que são questões inevitáveis e necessárias.

Psicóloga Camila Volpini Oliver de Andrade