Vale a pena ler a reportagem
No fim
de maio, a bióloga Concetta Castilletti abraçou os dois filhos
adolescentes, cumprimentou os colegas do hospital romano Spallanzani e
partir para ir ao encontro do ebola. Dois aviões de linha e um Piper instável
a levaram até Guéckédougou,
na Guiné,
o primeiro e mais letal foco da epidemia, o coração das trevas: naquele dia, já
havia 241 mortos contabilizados.
Na
realidade, o ebola é uma doença dos pobres, um mal da ignorância e da sujeira.
Não há vacinas nem tratamentos, é verdade. Mas o vírus, embora letal, não é
particularmente agressivo; não circula no ar pronto para matar quem passa. Para
ser infectado, é preciso um contato físico não casual com um doente ou com os
seus fluidos corporais. Para prevenir a infecção é suficiente a observância de
normas de higiene básicas e um mínimo de conhecimento sobre os mecanismos de
contágio. Por isso, os epidemiologistas não incluem o ebola na lista das
catástrofes que podem chegar à Itália ou ao continente europeu.
Problema de pobres
Especulações políticas à parte, o ebola continuará sendo um
problema africano, uma das pragas de um continente em que os gastos com saúde
pública, em quase toda a parte, estão abaixo dos 100 dólares por ano por
habitante, em comparação com os 8.000 dos Estados Unidos.
De um lugar em que, dizem os voluntários do Médicos Sem Fronteiras,
se você convencer um doente a se tratar, você quase já ganhou a batalha.
Mas
é preciso não se equivocar, no entanto. O ebola não é uma doença que os
africanos vão procurar, talvez porque, na ausência de outra coisa, continuam
caçando e comendo morcegos-das-frutas, o maior incubador animal do vírus. O
ebola é uma "doença negligenciada": uma daquelas nas quais as
empresas farmacêuticas não investem, porque há pouco ou nada a ganhar.