21 dezembro, 2018

Transformamos pobres em consumidores e não em cidadãos, diz Mujica


Transformamos pobres em consumidores e não em cidadãos, diz Mujica

Em entrevista à BBC News Brasil, o ex-presidente do Uruguai José Mujica reforça uma admissão de culpa sobre o que considera ter sido uma falha dos governos de esquerda na América Latina.

"Conseguimos, até certo ponto, ajudar essa gente (pobres) a se tornar bons consumidores. Mas não conseguimos transformá-los em cidadãos", diz ele em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Mujica estava na cidade por causa de dois filmes que retratam momentos de sua vida: o longa de ficção A Noite de 12 Anos, do uruguaio Álvaro Brechner, e o documentário El Pepe,Una Vida Suprema, do sérvio Emir Kusturica.

O primeiro, pré-selecionado pelo Uruguai na disputa por uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro, acompanha a militância do ex-presidente e de companheiros nos anos 1970 na guerrilha urbana Tupamaros. O segundo foca em sua vida pessoal e em suas ideias. As filmagens de Emir Kusturica começaram em 2014, durante os últimos dias de sua presidência.

Questionado sobre sua opinião em relação ao novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, Mujica diz acreditar que "talvez as promessas sejam piores do que a realidade" e aventa dificuldades no governo do capitão reformado.


Confira aqui.


Paróquia São Mateus Apóstolo de Maringá


Papa: Igreja sairá das tempestades mais bela e purificada

“Por favor, ajudemos a Santa Mãe Igreja na sua tarefa difícil que é reconhecer os casos verdadeiros distinguindo-os dos falsos, as acusações das calúnias, os rancores das insinuações, os boatos das difamações.”


Papa: Igreja sairá das tempestades mais bela e purificada

As aflições e as alegrias na Igreja marcaram o discurso do Papa Francisco aos membros da Cúria Romana, por ocasião do Natal.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira os seus colaboradores da Cúria Romana, para as felicitações de Natal – uma das audiências mais tradicionais e aguardadas do ano.

Como nos anos precedentes, o Pontífice fez um longo discurso, franco, falando das mazelas e das alegrias que afligem o trabalho de quem se dedica à Igreja.

Tempestadres e furacões

“No mundo turbulento, a barca da Igreja viveu este ano e vive momentos difíceis, sendo acometida por tempestades e furacões”, analisou o Papa.

“Entretanto, a Esposa de Cristo prossegue a sua peregrinação entre alegrias e aflições, entre sucessos e dificuldades, externas e internas. Com certeza, as dificuldades internas continuam sempre a ser as mais dolorosas e destrutivas.”

Aflições

Para o Pontífice, muitas são as aflições, citando os migrantes que encontram a morte ou aqueles que, ao sobreviverem, acham as portas fechadas. “Quanto medo e preconceito!”, lamentou Francisco.

“Quantas pessoas e quantas crianças morrem diariamente por falta de água, comida e remédios! Quanta pobreza e miséria! Quanta violência contra os frágeis e contra as mulheres! Quantos cenários de guerras declaradas e não declaradas! Quantas pessoas são sistematicamente torturadas.”

Francisco falou também que se vive hoje uma “nova era de «mártires»”. “A cruel e atroz perseguição do Império Romano parece não conhecer fim”, constatou.
Outro motivo de aflição apontado pelo Papa é o contratestemunho e os escândalos de alguns filhos e ministros da Igreja através do flagelo dos abusos e da infidelidade.

Abusos

“Desde há vários anos que a Igreja está seriamente empenhada em erradicar o mal dos abusos”, garantiu o Pontífce.

Hoje, afirmou o Papa, também existem homens consagrados que “cometem abomínios e continuam a exercer o seu ministério como se nada tivesse acontecido; não temem a Deus nem o seu juízo, mas apenas ser descobertos e desmascarados”.

Francisco então foi contundente:

“ Fique claro que a Igreja, perante estes abomínios, não poupará esforços fazendo tudo o que for necessário para entregar à justiça toda a pessoa que tenha cometido tais delitos. (...) Esta é a opção e a decisão de toda a Igreja. ”

A propósito, o Pontífice citou o encontro de fevereiro próximo, no Vaticano, com todos os presidentes das Conferências Episcopais, para reiterar a vontade da Igreja de prosseguir pelo “caminho da purificação”.

Ainda sobre o tema dos abusos, Francisco agradeceu o trabalho dos jornalistas “que foram honestos e objetivos e que procuraram desmascarar estes lobos e dar voz às vítimas”.

“Por favor, ajudemos a Santa Mãe Igreja na sua tarefa difícil que é reconhecer os casos verdadeiros distinguindo-os dos falsos, as acusações das calúnias, os rancores das insinuações, os boatos das difamações.”

Aos abusadores, o Papa pediu que se convertem e se entreguem à justiça humana e se preparem para aquela divina.

Infidelidades

Outra aflição apontada por Francisco é a da infidelidade, citando o famoso provérbio: «De boas intenções, o inferno está cheio».

São as pessoas que “traem a sua vocação, o seu juramento, a sua missão, a sua consagração a Deus e à Igreja; aqueles que se escondem, por detrás de boas intenções, para apunhalar os seus irmãos e semear joio, divisão e perplexidade; pessoas que sempre encontram justificações, até lógicas e espirituais, para continuar a percorrer, imperturbáveis, o caminho da perdição”.

Para fazer resplandecer a luz de Cristo, portanto, o Papa recorda que todos temos o dever de combater a “corrupção espiritual”.

Alegrias

Francisco deixou para o final do seu discurso os motivos de alegrias:

“O bom êxito do Sínodo dedicado aos jovens. Os passos realizados até agora na reforma da Cúria: os trabalhos de clarificação e transparência na economia” são alguns deles.

Também são motivos de alegrias os novos Beatos e Santos, de modo especial os recentes dezanove mártires da Argélia.

Acrescentam-se o aumento do número de fiéis, as famílias e os pais que vivem seriamente a fé e a transmitem diariamente aos próprios filhos e o testemunho de muitos jovens que escolhem “corajosamente” a vida consagrada e o sacerdócio.

“Um verdadeiro motivo de alegria é também o grande número de consagrados e consagradas, bispos e sacerdotes, que vivem diariamente a sua vocação com fidelidade, em silêncio, na santidade e abnegação. São pessoas que iluminam a escuridão da humanidade, com o seu testemunho de fé, esperança e caridade.”

Transformar as trevas em luz

O Santo Padre recordou que a força de toda e qualquer instituição não reside em ser composta por homens perfeitos, mas na sua vontade de se purificar continuamente:

“ Por isso, é necessário abrir o nosso coração à verdadeira luz: Jesus Cristo. Ele é a luz que pode iluminar a vida e transformar as nossas trevas em luz. ”

O Papa concluiu seu discurso com uma mensagem de esperança, recordando que o Natal dá a certeza de que “a Igreja sairá destas tribulações ainda mais bela, purificada e esplêndida”.

Fonte: Vatican News