15 novembro, 2019

No link abaixo, slide trabalhado agora no 4º SULÃO DAS CEBs

No link abaixo, slide trabalhado agora no 4º SULÃO DAS CEBs. Recebi da Leoni.

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IGREJA  DA  BASE na  perspectiva  do  Papa  Francisco
O Contar-me  como  ato  político  de construção  de  conhecimento.
O FALAR como ação  política  profética.
Contar-me  como  ato  político  profético



4° Sulão das CEBs

4º SULÃO DAS CEBs
Igreja da Base na perspectiva do Papa Francisco
15 a 17 de novembro 
Canoas – Arquidiocese de Porto Alegre/ RS


A arquidiocese de Maringá está representada pelo Celso Claudemir Ninno, Luzia Fermino A. Nascimento, Gracínia da Silva Batista, Maria Lucia Martins Orlandelli e Lucineide Ribeiro Agreira Bonifácio.




O 4° Sulão das CEBs, que ser espaço para partilhar as nossas lutas, buscas, alegrias e esperanças, mas também angústias e dúvidas, animados/as pela certeza de que onde houver um/a cristão/ã consciente ou uma mulher e um homem de boa vontade que se irmanam na solidariedade, na luta pela justiça, e na criação de estruturas de fraternidade e comunhão, o tirano poder não será nem absoluto e nem definitivo. E aí está o coração das CEBs, aí está acontecendo o jeito de ser da Igreja comprometida com Jesus Cristo.

Canoas foi indicada diante do fato de que as CEBs no RS tiveram aí seu berço inicial, fruto da ação do Espírito Santo, como fonte geradora de uma Igreja encarnada na realidade do povo sofredor, entre eles, os Índios e Afrodescendentes.

Através da inserção e ação evangelizadora do Irmão Antônio Cechin, sua irmã Matilde e tantas outras lideranças leigas e religiosas, que sempre nos animaram com os exemplos de fé de São Sepé.

Com nosso Irmão e Pastor Francisco, que nos preside na caridade, queremos renovar essa fé no Deus Conosco, que continua caminhando ao nosso lado, ouvindo os clamores de seu povo, acolhendo em seus braços e coração misericordioso nossas incertezas e dores, mas ao mesmo tempo, nos animando para que, como Moisés, sejamos também nós uma Igreja na base, profética e portadora da esperança da terra onde jorra leite e mel, ou como dizem os sábios povos nativos guaranis, uma Terra Sem Males.

O Sulão das CEBs, reúne representantes dos quatro Regionais do sul do Brasil (Sul 1, Sul 2, Sul 3 e Sul 4). 

O que é ''aporofobia''? Uma reflexão útil e atual

“Ninguém tem antipatia pelos turistas estrangeiros que invadem as nossas cidades artísticas, muito menos pelos empresários ou pelos financiadores estrangeiros que abrem ou adquirem empresas entre nós. O problema não é o estrangeiro, mas sim o pobre como tal e aquilo que ele representa.”


A opinião é do padre italiano Luciano Cantini, em artigo publicado em Il Sismografo, 10-07-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Adela Cortina é professora de Ética e Filosofia Política na Universidade de Valência (Espanha), diretora da Fundação Étnor para a Ética dos Negócios e das Organizações, membro da Academia das Ciências Morais e Políticas, tem oito doutorados “honoris causa” conferidos por diversas universidades no mundo. Ela é a autora da “palavra do ano de 2017”, de acordo com a Fundação Espanhola Urgente(a de 2014 foi “selfie”), que está entrando na reflexão de quem está atento à evolução do pensamento e dos comportamentos sociais no mundo ocidental.

A palavra é “aporofobia”, que Adela cunhou e usou em diversos artigos, livros, entrevistas; é uma palavra emprestada da língua grega e tenta identificar uma fobia, um medo, uma patologia social que se manifesta na aversão a alguém que é percebido como diferente, como a homofobia, a islamofobia, a xenofobia.

Em grego, a palavra á-poros significa “sem recursos”, portanto, o termo aporofobia significa “rejeição ou aversão aos pobres”.

De acordo com a filósofa espanhola, é importante chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. De fato, é por uma mera questão política ou pela falta de uma percepção plena, talvez por limites de linguagem, que a nossa sociedade, muitas vezes, define como “xenofobia” ou “racismo” a rejeição aos imigrantes ou aos refugiados, termo que, na maioria dos casos, é indesejado, mas também inadequado para expressar a realidade. De fato, essa percepção dos nossos dias não se deve ao status de estrangeiros, mas sim ao fato de que são pobres.

Dos políticos às pessoas comuns, existe a preocupação de rejeitar o fato de serem tachados de racistas xenófobos, enquanto se esforçam para encontrar as justificativasmais diversas para uma atitude de antipatia e de rejeição não claramente identificada.

A professora espanhola defende que o que assusta a nossa sociedade do bem-estar é a pobreza, mas não se tem a coragem de reconhecer isso, mesmo que seja recorrente se apresentarem situações de crise econômica. Identificando a pobreza com os estrangeiros imigrantes e refugiados e com os Rom, é menos constrangedor e mais fácil apresentar essas pessoas como uma ameaça à identidade nacional. Desse modo, construiu-se um discurso social repleto de ódio que não é totalmente identificável com a xenofobia.

Nos últimos anos, mudaram rapidamente as formas em que a pobreza se manifesta, assim como a sua percepção. O certo é que, na Itália, a pobreza avança – cada vez menos ricos são mais ricos, e aumenta o número dos pobres mais pobres –, além disso, a pobreza e o desconforto geram e incentivam formas de microcriminalidade. Isso torna as pessoas incertas e preocupadas, assustadas a ponto de se perderem no escuro em busca do “leproso”, em vez de buscarem as causas para remediar isso seriamente. É mais fácil deixar os pobres do lado de fora da porta de casa (ou no meio do mar).

Ninguém tem antipatia pelos turistas estrangeiros que invadem as nossas cidades artísticas, muito menos pelos empresários ou pelos financiadores estrangeiros que abrem ou adquirem empresas entre nós. O problema não é o estrangeiro, mas sim o pobrecomo tal e aquilo que ele representa.

A pobreza e a degradação que ela envolve nunca desapareceram, mas são diferentes a percepção e o modo de enfrentá-la na história recente: passou-se de uma situação de pobreza generalizada desde a Grande Guerra aos anos do boom econômico, em que também eram generalizados a solidariedade e os modos de convivialidade (vivia-se com a chave na fechadura de casa), em que assistimos ao fenômeno da emigração; entre os anos 1960 e 1980, produzimos sistemas de assistencialismo, mas também de marginalização, surgiram bairros e estruturas inteiros para se relegar a pobreza – exemplo disso são o “serpentone” de Roma ou as “vele” de Nápoles; em Livorno, foram os bairros a norte que tiveram essa prerrogativa, mas os “campos nômades” também surgiram por toda a parte –, áreas onde a pobreza e uma espécie de separação se reproduziram, aumentando o empobrecimento e a guetização social. A pobreza foi mantida longe dos olhos.

Com o bem-estar, pensou-se em uma requalificação das periferias, mas não dos centros históricos, cujas estruturas de moradia, não mais adequadas a um estilo de vida rico, foram pouco a pouco ocupadas pelos menos ricos, como os estrangeiros imigrantes. A urbanização da pobreza é um fenômeno tão novo que criou o alerta de invasão.

Saber que existe a aporofobia não muda a situação, e talvez não seremos capazes de eliminar a rejeição aos pobres dos nossos medos, mas pelo menos poderemos nos tornar conscientes do problema real e identificar algum caminho de correção, talvez até tirando algumas máscaras, libertando-nos de formas de “libertação das consciências” do assistencialismo, trabalhando sobre o próprio coração e sobre o próprio sentimento, antes ainda de fazer escolhas operativas.

“É urgente redescobrir a ideia de bem comum, para a felicidade da convivência; é urgente se exercer na ‘con-vivialidade’, na partilha do alimento, para redescobrir os laços sociais, a possibilidade de instaurar uma confiança recíproca, que se traduz em responsabilidade um pelo outro” (Enzo BianchiJesus, julho de 2018).

Fonte: IHU