20 outubro, 2023

29º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Reflexão: - Domingo, 22 de outubro de 2023

29º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Leituras:

Is 45,1.4-6
Sl 95(96),1.2a.3.4-5.7-8.9-10a.c (R. 7ab)
1Ts 1,1-5b
Mt 22,15-21


A liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum, Jesus é confrontado pelos poderes religiosos na figura dos fariseus e pelos poderes políticos na figura dos herodianos. A liturgia leva a refletir a relação entre as realidades de Deus e as realidades do mundo e de perceber, a ação de Deus na história, Deus é único Senhor da história e da vida de cada pessoa.

A primeira leitura, mostra o profeta Isaías no final do tempo do exílio quando o rei Ciro autoriza a volta das e dos exilados. Sobre o comando do rei Ciro, no ano de 539 a.C., o Império Persa derrota o Império opressor babilônico e logo a vitória, é promulgado o decreto - édito de Ciro, que concede aos judeus exilados o retorno à Jerusalém. O texto inicia assim “Isto diz o Senhor sobre Ciro seu Ungido”, portanto Deus escolheu Ciro, derramou sobre ele o seu Espírito e concedeu-lhe poder, para que ele, desempenhando a sua missão real, se tornasse seu instrumento de libertação. Deus age na história, para realizar o seu projeto, serve da história dos povos, chegando a tomar um rei pagão para revesti-lo com a função de messias (ungido), própria dos reis de Israel. O Senhor age na história e na vida de seu povo, e eles leem no gesto de Ciro um gesto de Deus, que abre as portas e não deixa fechar os portões, para que todas e todos saibam de sua pertença a Deus, a origem de tudo é Deus, ninguém é propriedade de ninguém, a humanidade é filha de Deus.

É preciso compreender, mesmo diante dos acontecimentos do nosso tempo; mesmo quando parece que Deus mantem-se em silêncio; mesmo sem saber para onde é que a história conduz; mesmo diante da crueldade dos que destrói a natureza; inventam esquemas de destruição e de morte; produz a guerra; produz à miséria, a exploração e a injustiça, é preciso compreender que Deus continua intervindo na história, não de forma mágica, Deus atua no mundo com simplicidade e discrição, através de pessoas, muitas vezes pessoas limitadas, simples, pecadoras, a quem Ele chama e a quem Ele confia uma missão. Quem recebe o chamado precisa estar disponível, para acolher esse chamamento e para aceitar ser instrumento de Deus na história, na construção de um mundo novo.

Na segunda leitura, Paulo vai dizer aos Tessalonicenses "sois do número dos escolhidos”. Quem eram os Tessalonicenses, para quem Paulo escreve, eram os mais pobres de Tessalônica e Paulo vai diz a eles "sois do número dos escolhidos" por força do Espírito Santo. O exemplo da comunidade cristã de Tessalônica, com a catequese iniciando, leva ao questionamento, apesar de um ambiente hostil, abraçou com entusiasmo o Evangelho e concretizou a proposta de Jesus na vida do dia a dia, através da fé, do amor e da esperança.

O Evangelho, Jesus em Jerusalém, onde acontece confronto direto com as autoridades religiosas e políticas. Os dirigentes judeus nas suas certezas e preconceitos, recusam a acolher a proposta do Reino e Jesus procura levar os dirigentes a consciência de que, ao recusar o Reino, estão a recusar a oferta de salvação que Deus lhes faz. Nos últimos três domingos as parábolas contadas por Jesus relatam esse confronto. A primeira parábola dos dois filhos, o que disse sim, mas que não foi trabalhar no campo e o que disse não e foi (cf. Mt 21,28-32); na segunda, a dos vinhateiros maus que foram capazes de matar o filho (cf. Mt 21,33-46); na terceira, os convidados para o banquete que rejeitaram o convite (cf. Mt 22,1-14). No Evangelho desse 29º Domingo do Tempo Comum, Jesus é confrontado pelos poderes religiosos na figura dos fariseus e pelos poderes políticos na figura dos herodianos, eles armam cilada para Jesus com intuito de acusa-lo publicamente. Os conflitos porque eles tinham uma imagem de um Deus vingador, e Jesus vem e revela um Deus terno, compassivo e misericordioso, que se coloca junto aos pobres, marginalizados, os fracos, acolhendo a todas e a todos e libertando. Jesus nunca praticou maldade e nunca quis poder.

O texto de Mateus diz que "Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus", quem eram os fariseus, eram um grupo de líderes religiosos do povo judeus, conhecedor da lei, eram pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra e eles fazem um plano, movido pela maldade, como hoje, quantos planos de maldade acontecendo.

Os fariseus não aceitavam a dominação romana, embora não se manifestavam para sobreviver e os herodianos apoiavam Herodes, o império romano, a dominação e fizeram uma aliança, um acordo para pegar Jesus e foram até Jesus e disseram "Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências", assim se dá o agir da traição, elogiam Jesus, um elogiar cheio de ironia, uma armadilha.

Eles perguntam a Jesus "É lícito ou não pagar imposto a César?" Esse imposto já era um sinal da dominação, os judeus tinham que pagar esse imposto a César, que com o valor do imposto, mantem sua segurança, seu luxo, seus caprichos, e o povo passava necessidade, tinha que pagar o imposto, não havia saída, quem não pagava o imposto, o exército romano prendia. Perguntam a Jesus se é lícito ou não pagar a César o imposto. Se a resposta de Jesus fosse não, o exército viria e o prendia, se Jesus respondesse sim, o povo não iria compreender e até acharia que Jesus fosse igual aos outros, más "Jesus percebeu a maldade deles e disse: "Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha?

No templo não podia entrar a moeda do imposto porque era uma moeda romana, havia na moeda a face do César, imperador de Roma, não diferente de hoje, se acha, domina e até fala em nome de Deus, e Jesus vai dizer "Mostrai-me a moeda do imposto!", levaram a Jesus uma moeda e Jesus pergunta "De quem é a figura e a inscrição desta moeda? Eles responderam: "De César". Jesus então lhes disse: "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus".

Jesus não cai na armadilha, manda devolver a César o que é de César, devolver sua exploração; sua dominação; sua arrogância; sua autossuficiência; sua injustiça, e para os dias de hoje podemos incluir Fake News. E Jesus diz, devolver a Deus o que é de Deus, a vida. Não se tira a vida de nenhuma pessoa, porque a vida de cada pessoa é de Deus, portanto não se tira a dignidade, não tira a alegria, a esperança. A vida de ninguém não pode ser maltratada e tirada.

Havia na moeda de Roma a imagem de César, que seja dada a César. A humanidade tem a imagem de Deus, conforme livro de Gênesis, Deus criou à sua imagem a mulher e o homem, portanto, a humanidade pertence somente a Deus e deve reconhece-lo como o seu único Senhor. A preocupação de Jesus é a de deixar claro que a mulher e o homem só pertencem a Deus e deve entregar toda a sua vida nas mãos de Deus.

É preciso compreender, que entregar a vida nas mãos de Deus, não é omissão diante das injustiças. Deus chama e conta com a mulher e o homem na construção de seu projeto; na construção de um mundo justo e fraterno. São muitas as vidas ceifadas; são muitas as vidas maltratadas; são muitas as vidas exploradas; são muitas as vidas diminuídas na sua dignidade, cada mulher e cada homem devem sentir o grito que vem da terra; o grito que vem da natureza; o grito das crianças; o grito das mulheres; o grito dos homens; o grito dos idosos; o grito das juventudes; o grito da violência doméstica; o grito que vem da guerra e da violência com armas; o grito das e dos excluídos e marginalizados, gritos esses presentes no mundo. Deus chama as mulheres e os homens de todas as idades a lutar contra todos os sistemas que, na Igreja ou na sociedade, atentem contra a vida e a dignidade de qualquer pessoa e de toda criação.

Oração pela Paz!

Oração pela Paz!


“Senhor Deus da Paz, escuta a nossa súplica!

Dá-nos a paz, ensina-nos a paz, guia-nos para a paz.

Abre os nossos olhos e os nossos corações

e dá-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra!».

Infunde em nós a coragem de realizar gestos concretos

para construir a paz.

Senhor, Deus Amor que nos criaste

e nos chamas a viver como irmãos,

dá-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz;

dá-nos a capacidade de olhar com benevolência

todos os irmãos que encontramos no nosso caminho.

Mantém acesa em nós a chama da esperança

para efetuar, com paciente perseverança,

opções de diálogo e de reconciliação,

para que vença finalmente a paz.

Senhor, desarma a língua e as mãos,

renova os corações e as mentes,

para que a palavra que nos faz encontrar

seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida

se torne: shalom, paz, salam! Amém.



Papa Francisco
(Invocação pela Paz, Jardins do Vaticano, 8 de Junho de 2014)