02 junho, 2020

O que é fascismo?

O que é fascismo?
O fascismo foi um movimento político que surgiu na Itália sob a liderança de Benito Mussolini, que assumiu o poder desse país a partir de 1922 com a Marcha sobre Roma.

fascismo é entendido por cientistas políticos e historiadores como a forma radical da expressão do espectro político da direita conservadora. No entanto, é importante dizer que nem toda política praticada pela direita conservadora é extremista como o fascismo. Essa ideia também vale para o espectro político da esquerda, uma vez que nem toda política praticada por ela é radicalizada como o que foi visto pelo stalinismo, o regime totalitário liderado por Josef Stalin, entre 1927 e 1953, na União Soviética.

Afinal, o que é fascismo?

fascismo é um conceito que gera muito debate por sua complexidade, já que é um movimento político que se adapta a diferentes circunstâncias e apropria-se de ideais de diferentes ideologias. De toda forma, o fascismo, enquanto movimento político e social, possui uma retórica populista que explora assuntos como a corrupção endêmica da nação, crises na economia ou “declínio dos valores tradicionais e morais” da sociedade. Além disso, defende que mudanças radicais no status quo (expressão em latim para referir-se ao “estado atual das coisas”) devem acontecer.

Uma vez que ocupa espaços de poder, o fascismo transforma-se em um regime extremamente autoritário, baseado na exclusão social, portanto, hierárquico e bastante elitista. O termo “fascismo” pode ser usado para referir-se:
1. Ao fascismo surgido na Itália e liderado por Benito Mussolini.
2. À expressão extrema do fascismo sob a ideologia nazista, desenvolvida por Adolf Hitler.
3. Aos regimes que surgiram durante o período entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda inspirados ideologicamente no fascismo italiano, como foram os casos do salazarismo, em Portugal, do franquismo, na Espanha, do movimento Ustasha, na Croácia etc.

Características do fascismo
O fascismo clássico, forma como o fascismo italiano é conhecido entre os historiadores, possuía algumas características:
1. Implantação de um sistema unipartidário ou monopartidário, no qual apenas o próprio partido fascista tinha direito à atuação no sistema político nacional;
2. Culto ao chefe/líder como forma de colocá-lo como a única pessoa capaz de guiar a nação ao seu destino;
3. Desprezo pelos valores liberais, nos quais estão inclusas as liberdades individuais e a democracia representativa;
4. Desprezo por valores coletivistas, como o socialismo, comunismo e anarquismo;
5. Desejo de expansão imperialista baseada na ideia de domínio de povos mais fracos;
6. Vitimização de determinados grupos da sociedade ou de um povo com o objetivo de iniciar uma perseguição contra aqueles que eram vistos como “inimigos do povo”;
7. Uso da retórica contra os métodos políticos tradicionais afirmando que estes eran incapazes de combater as crises e de levar a nação à prosperidade;
8. Exaltação dos “valores tradicionais” em detrimento de valores considerados “modernos”;
9. Mobilização das massas;
10. Controle total do Estado fascista sobre assuntos relacionados à economia, política e cultura.

O que foi o fascismo italiano?
A expressão “fascismo” foi cunhada pelo italiano Benito Mussolini (1883-1945), que criou, em 1919, uma organização chamada Fasci Italiani di Combattimento. O termo “fasci”, que significa feixe, faz referência ao feixe de hastes de madeira com um machado no centro – símbolo da unidade do poder político na Roma Antiga.
Mussolini começou sua carreira política em um núcleo socialista italiano. O vínculo de Mussolini com o socialismo italiano foi interrompido em 1914 quando publicou em jornal socialista um artigo defendendo a participação da Itália na Primeira Guerra Mundial. Esse rompimento aconteceu porque os socialistas italianos eram radicalmente contra a entrada do país na guerra.

Mussolini, então, alinhou seu discurso político com o viés nacionalista italiano. Entre 1919 e 1920, o fortalecimento político de movimentos de orientação socialista levou classes conservadoras na Itália a alinharem-se com o fascismo italiano. O fascimo ganhou muita força nas regiões rurais do centro da Itália.
Nesse contexto, a partir da organização Fasci Italiani di Combattimento, surgiu o Partido Nacional Fascista. O grande objetivo era tomar o poder da Itália tanto por via eleitoral quanto por meio de atos violentos contra opositores. O uso da violência pelos fascistas, inclusive, chegou a ser elogiado por determinadas classes da sociedade italiana que viam a agressividade como uma forma de enfraquecer os socialistas.
Mussolini chegou ao poder em 1922 após membros do Partido Nacional Fascista realizarem a chamada Marcha sobre Roma. Essa marcha aconteceu no dia 28 de outubro de 1922. Nela, fascistas de toda a Itália marcharam em direção a Roma, capital do país, para pressionar o então rei, Vitor Emanuel III, a empossar Mussolini como seu chefe de Estado (ou primeiro-ministro). Muitos fascistas contaram com apoio governamental para chegarem à capital italiana.
O resultado da Marcha sobre Roma foi que o rei destituiu o primeiro-ministro empossado e convocou Benito Mussolini a formar a base do novo governo, agora sob o controle dos fascistas. Monarquistas e conservadores da direita comemoraram a posse de Mussolini, liberais aceitaram a situação, e socialistas opuseram-se, no entanto, não tiveram forças para controlar o crescimento do fascismo. Com o tempo, Mussolini conseguiu controlar todo o Estado italiano.
O Partido Nacional Fascista planejou um modelo de Estado forte, no qual o poder executivo fosse centralizado e a figura do líder, o duce (em italiano), incontestável. O culto à personalidade de Mussolini tornou-se uma das principais características do fascismo italiano. Essa veneração do chefe de Estado também se espalhou para outros países da Europa e para outros continentes nessa época.
Dessa inspiração, surgiram os movimentos que são conhecidos entre os historiadores (e já citados neste texto) como “fascismo espanhol”, no caso de Francisco Franco; “fascismo português”, no caso de Francisco Oliveira Salazar; e “fascismo alemão”, no caso do nazismo de Adolf Hitler.

Neofascimo
Atualmente, utiliza-se o termo “neofascista” como referência a regimes políticos que possuem características semelhantes às dos fascismos tradicionais (italiano, alemão, espanhol, português, etc), mas que possuem certas diferenças ideológicas. Essas diferenciações são decorrentes do contexto de desenvolvimento do neofascismo, que é completamente diferente do contexto dos fascismos do período entreguerras. O elo, portanto, é a aproximação ideológica entre o fascismo clássico e os neofascismos.
São características do “neofascismo”:
1. Chauvinismo: patriotismo exagerado que, muitas vezes, assume posturas violentas e xenófobas.
2. Desprezo pela democracia liberal: apesar disso, o neofascismo não constrói regimes extremamente fechados e totalitários como no caso do fascismo italiano. No neofascismo, podem ser construídos regimes com ar democrático, com eleições, inclusive. No entanto, a ação autoritária e doutrinadora do regime visa a manipular as massas como forma de atender aos interesses fascistas.
3. Medidas antipovo: a ideia de “inimigo externo” do fascismo transformou-se em “inimigo interno” no neofascismo. Assim, grupos internos podem ser encarados como inimigos, e medidas contra eles são tomadas como forma de combater-se a oposição política e o debate de ideias.

Resumo
fascismo foi um movimento que surgiu na Itália na década de 1910 e alcançou o poder desse país na década de 1920, mais precisamente em 1922. A ascensão do fascismo na Itália está diretamente relacionada com a crise econômica que o país viveu. Além disso, tem relação com a frustração italiana com a Primeira Guerra Mundial e com o temor da expansão do socialismo no país.
O líder do fascismo italiano foi Benito Mussolini, político que iniciou sua carreira em movimentos socialistas, mas que, ao longo da década de 1910, foi alinhando seu discurso a pautas nacionalistas que agradavam e aproximavam-no do conservadorismo italiano. Sua popularização foi decorrente do uso da violência para reprimir grupos socialistas.
O termo “fascismo” pode ser usado para referir-se, especificamente, ao fascismo italiano, mas historiadores estendem seu uso para outros regimes daquela época, como o nazismo alemão, a Ustasha croata, o franquismo espanhol, etc. Atualmente, também há utilização do termo “neofascismo” para referir-se a movimentos políticos hodiernos que possuem aproximações ideológicas com o fascismo.
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*Crédito da imagem: Everett Historical / Shutterstock
**Crédito da imagem: withGod / Shutterstock
***Crédito da imagem: Olga Popova / Shutterstock


Por Daniel Neves Silva (Historiador)
      Cláudio Fernandes (Mestre em História)

Fonte: Brasil Escola

Oração indígena do silêncio


Live CEBs do Basil


4ª Carta às Comunidades: As CEBs em tempos de pandemia da COVID-19


Rondonópolis/MT, 01 de junho de 2020 (em memória de São Justino).

Carta às Comunidades em tempo da pandemia de COVID-19

Estimadas comunidades eclesiais espalhadas e organizadas no Brasil e na América Latina!

“Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: Criai ânimo, não tenhais medo” (Is 35,3); “Eis que eu estou convosco todos os dias” (Mt 28,20); “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6:10); “Vigiai, permanecei firmes na fé, portai-vos corajosamente, sede fortes! Fazei tudo com grande amor fraternal” (1Cor 16,13 ). “Tudo posso naquele que me conforta” (Fp 4:13) com estas palavras de fé e de esperança o Secretariado do 15º Intereclesial e a Coordenação Nacional da CEBs saúdam todos os irmãos e irmãs de caminhada das CEBs, neste tempo de pandemia de COVID-19.

Comungamos do mesmo sentimento, das mesmas preocupações e das dores de quem perdeu um ente querido neste tempo que atravessamos.

Estamos em comunhão com o nosso Papa Francisco, que tem sido uma voz profética aos povos, governos, culturas e raças sobre o cuidado com a pessoa, acima de tudo. “A narrativa dos discípulos de Emaús, nos dá a certeza de que nas noites escuras da vida e da história, o Senhor permanece conosco, Ele caminha conosco” (Lc 24, 13-35) nos encoraja o Papa. Mantemos a comunhão com os Bispos do Brasil que nos animam ao nos dizer: “Este tempo grave de Pandemia fechou as portas de nossas igrejas, mas a Igreja não está fechada, ela continua alimentando seus filhos e filhas através da oração, da Palavra, das celebrações transmitidas pelas TVs Católicas, rádios e mídias sociais, continua assistindo aos pobres e mais necessitados pela caridade e criando redes de solidariedade”.

Certamente muitos olhares se voltam para a sua comunidade, o desejo de se encontrar com pessoas, de abraçar, de sorrir, de sentar juntos, de animar a comunidade, de promover a vida da comunidade, de visitar os idosos e necessitados. Porém, neste tempo estamos fazendo aprendizado de coisas que já estavam sendo esquecidas pela vida moderna, como a importância da “Igreja doméstica”, a leitura da Palavra de Deus, a oração em família, bem como o cuidado com as pessoas.

Nossa esperança é de que em breve nos veremos novamente em comunidade, mas não iguais como antes, mas, tanto as instituições como as pessoas devem voltar diferentes, com nova visão de vida, de cuidado, de fraternidade, de tolerância, de respeito ao outro e a nossa Casa Comum. É importante recordar que no mundo há muito sofrimento em decorrência do vírus; famílias enlutadas, fome, violência, desemprego e pobreza. Na comunidade são milhares de idosos, doentes, crianças, pobres que clamam pela presença dos cristãos, daí a importância da solidariedade, comunhão e de gestos concretos.

A comunidade é experiencial de vida. É um valor internalizado dentro de nós. Não são três ou cinco meses que vão tirar este valor dentro de nós, mas ao contrário, vivemos um tempo de fortalecer nossas convicções, de amor à comunidade, de desejo de se doar mais ainda, de criar esta prática de nossa fé: vida que brota das comunidades eclesiais de base.

Estamos iniciando o mês de junho, conhecido como mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, bondoso, acolhedor, aquele que diz: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).

Esse é um tempo de olhar para dentro de si, rever posturas e convicções, mas tempo também de abrir o coração para as pessoas, a realidade em que vivemos e o cuidado com este planeta em que habitamos.

Seja você um apaixonado/a pela vida das comunidades. Irradie esperança, entusiasmo. Desperte desejo de retorno à comunidade, fortaleça-se na fé e na caridade. Utilize diariamente as Redes Sociais para animar a comunidade.

Com abraço fraterno!!!

Secretariado do 15º Intereclesial das CEBs
Coordenação da Ampliada Nacional das CEBs