30 maio, 2018

Corpus Christi - “Isto é meu corpo. Isto é meu sangue"


Corpus Christi  

“Isto é meu corpo. Isto é meu sangue"

Corpus Christi, celebração do "corpo de Cristo entregue e do sangue derramado por nós". Celebrar o  amor de Jesus, o Filho de nosso Deus, que deu a vida para nos salvar. Isso é lindo.

"Deu a vida por nós", diz são João, que conclui: "Também nós devemos dar a vida pelos irmãos" (1 Jo 3,16).

Precisamos deste pão para crescer no amor para reconhecer o rosto de Cristo no rosto das irmãs e irmãos.

O  "corpo entregue de Cristo" significa que, o amor gratuito e primeiro de nosso Deus para conosco, deve corresponder o nosso amor as irmãs e irmãos:   "Amai-vos uns aos outros como eu vos amo" (Jo 13,35).

A "Eucaristia forma em nós uma memória agradecida, porque nos reconhecemos como filhos amados e alimentados pelo Pai; uma memória livre, porque o amor de Jesus, o seu perdão, cura as feridas do passado e apazigua a recordação das injustiças sofridas e infligidas; uma memória paciente, porque sabemos que o Espírito de Jesus permanece em nós nas adversidades. A Eucaristia encoraja-nos: mesmo no caminho mais acidentado, não estamos sozinhos, o Senhor não Se esquece de nós e, sempre que vamos até Ele, alenta-nos com amor, nos ensina Papa Francisco.

A festa de Corpus Christi é celebrada com missa, seguida de procissão. A procissão nos faz recordar a caminhada do povo de Deus, que liberto da escravidão egípcia, vai ao encontro da terra prometida.

Convite para dançar com Deus



Convite para dançar com Deus

“A missão de quem crê é semear ressurreição”, afirma Dom Pedro Casaldáliga. Pessoas dos mais diversos caminhos espirituais fazem isso quando testemunham que a proposta divina é um amor transformador das estruturas. Estamos vivendo um tempo de intolerâncias, ódios e radicalismos de direita. Nesse contexto, retomamos um ensinamento de Etty Hillesun. Nos tempos do Nazismo, essa jovem judia, condenada à morte, esperava a hora da execução em um campo de concentração.

E ela afirmou: “Eles podem roubar tudo de nós, menos nossa humanidade. Nunca poderemos permitir que eles façam de nós cópias de si mesmos, prisioneiros do ódio e da intolerância”. A espiritualidade social e política libertadora nos torna capazes de sermos radicais em nossas opções e posicionamentos, sem abrir mão de nossa capacidade de amar e de nossa ética de respeito à dignidade do outro, seja ele quem for. É isso que as pastorais sociais fazem quando revelam que a transformação do mundo se faz a partir de baixo. É a inserção cotidiana nas bases que, como um trabalho de formiguinha vai semeando no mundo um jeito novo e amoroso de fazer trabalho social e político. Essa é a inspiração do Amor Divino nos corações humanos e que deve transformar as estruturas do mundo. Assim testemunhamos que Deus é Amor. Esse amor está presente como energia criadora e permanente no universo e dentro de cada um de nós.

No mundo, animais e até plantas se mostram sensíveis a uma música bela e se desenvolvem quando são tratados com amor. No universo mais amplo, a Física contemporânea mostra que o movimento e os ritmos são propriedades essenciais da matéria. Os grandes cientistas da Cosmologia (por exemplo, Fritjof Capra) concordam que toda matéria – tanto na Terra como no espaço – está envolvida numa dança cósmica. Isso não é metáfora. É real. O caminhar rítmico dos astros e o correspondente movimento da Terra que influi nos mares e no pulsar da Terra, assim como a batida do coração da vida, tudo isso tem um segredo, um ritmo oculto. Quando o ritmo da dança se modifica, o som produzido também muda.

Cada átomo canta incessantemente sua canção, e a cada momento, cria formas densas e sutis. Isso faz parte de uma dança que, na antiga Índia, os mestres espirituais já haviam intuído. Eles a chamavam: a dança de Shiva, a divindade que renova o universo. A dança cósmica do universo é espelho e expressão de uma dança divina, uma dança amorosa que mantém o ritmo do cosmos.

Cada um de nós só se torna pessoa e se realiza através do Amor, isso é, na relação com Deus em nós, na comunhão com os outros e no cuidado com a Terra e a natureza. Há uma relação trinitária inscrita em nosso próprio ser humano e a sabedoria da vida se alcança quando conseguimos que essas três dimensões diversas se harmonizem em uma dança íntima que, mesmo na idade adulta, pode parecer espiritualmente uma cantiga de ninar. Esse mesmo mistério que é arte como o de bailar em um contexto nem sempre favorável à dança do amor, se revela em nós, como mistério de Deus. Mistério que está em nós, mas nos ultrapassa. É maior do que nós. Nele, Deus em nós se revela como Pai de amor maternal, com o qual nós, cristãos só podemos nos relacionar intimamente através de Jesus, seu Filho, ressuscitado em nossa comunhão humana e no Espírito que se manifesta como mãe e alma do universo.

É mistério de amor presente no mais íntimo de cada um de nós. Essa Terna Trindade não existe fora de nós, em um céu distante, mas presente e atuante em nossa comunhão de amor, no cuidado com a Terra, a água e todos os seres vivos.

A Ternura é uma palavra que corresponde a uma expressão muito querida, tanto da tradição bíblica, como do Zen-budismo e do Dalai Lama: a palavra compaixão. No hebraico, o termo Rahamin significa literalmente “amor uterino”. Quer dizer que quando somos capazes de um amor uterino somos capazes de ternura. O que seria esse amor uterino? No seu discurso de Benarés, Buda diz que devemos olhar o outro, o nosso semelhante, como uma mãe olha o filho esperado que está ainda em seu útero. Esse amor uterino é o amor divino em nós.

É o amor de pura ternura.

Cada pessoa tem momentos e situações que provocam ternura. Entretanto, são momentos circunstanciais. Não bastam. É necessário assumirmos a Ternura como princípio básico e permanente do nosso jeito de viver. Para isso, é preciso um método de vida que a gente cultive e exerça tanto quando as situações favorecem, principalmente quando a realidade que nos envolve não é tão favorável assim. Os Evangelhos testemunham: Jesus viveu a partir deste princípio.

Era como um jeito de viver. Então mesmo quando ele se irritava, ou devia denunciar o mal, era movido por este princípio da Misericórdia ou da Ternura . Por isso, precisamos de uma verdadeira terapia interior para conseguir colocarmos nossa vida na sintonia com o Princípio Ternura, novo estado de consciência, mais respeitoso para com a Terra e cuidadoso com a vida. Nesse caminho, devemos valorizar mais a razão cordial e a inteligência emocional e criar espaço para a espiritualidade, fonte de contemplação, gratuidade e veneração. Dizia Kallil Gibran: “Quando você conseguir viver a Ternura como princípio, não diga ‘tenho Deus no coração’. Diga: “estou no coração de Deus”.

Marcelo Barros 

Fonte: CEBI

29 maio, 2018

A cidade está um silêncio!

As boas coisas da paralisação dos caminhoneiros!



A cidade está um silêncio!

As boas coisas da paralisação dos caminhoneiros!

A cidade está um silêncio.

As ruas estão desertas, bicicleteiros e pedestres podem andar à vontade.

O ar está limpo.

Não há ruídos para perturbar nossos ouvidos

Não há gás na cidade, muita gente cozinhando com churrasqueira, panela elétrica, fogão solar.

Não há postos com gasolina e os carros estão nas garagens.

Começa faltar de tudo nos mercados e supermercados, mas os hortigranjeiros que vem do interior estão passando em nossas portas, também galinha caipira, bode fresco, peta, ovos, etc. Portanto, fome ainda não chegou por aqui.

Aqui é uma região produtora de hortigranjeiros, a exportação está bloqueada, prejuízos de 570 milhões de reais segundo a VALEXPORT. Em compensação, estamos comendo quase de graça as frutas de exportação que antes nem passavam pelo mercado local, como a banana de primeira que nunca se via por aqui.

Sabe que seria interessante aprender a lição e voltarmos a ter pomares nas chácaras, hortas nas casas, menos dependência de supermercado e dos shoppings?

Quem sabe dependermos menos de caminhões, com produções mais regionalizadas…

Quem sabe até pensarmos em ferrovias, trens com muitos vagões, apenas uma locomotiva, levando gente e mercadoria….

Quem sabe navegação de cabotagem pela longa costa brasileira, abastecendo grande parte de nossas cidades litorâneas…

Quem sabe mais energia solar produzida pelo povo, também eólica e assim menos dependência de combustíveis fósseis…

Quem sabe chegue a hora que não precisemos mais de petróleo – esse poluidor do ar, que colabora com o aquecimento global – e possamos viver de energias limpas. Como gorjeta nos livraríamos dos Pedros Parentes e dos analistas do mercado.

Quem sabe uma civilização menos predatória, menos consumista, mais sustentável, mais humana e realmente agradável de se viver…

Olha, esse paraíso nem parece tão impossível….

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Roberto Malvezzi (Gogó)
OBS: Escrevo a partir do dipolo Juazeiro-Petrolina

Tem certas coisas que são complicadas de entender!




Tem certas coisas que são complicadas de entender!

Me deparo com muita incoerência e ignorância política..., influências e manipulação do povo. Presença de oportunistas por trás do movimento dos trabalhadores caminhoneiros. A manipulação é tanta que já nem sei qual é realmente os objetivos em pauta desse movimento.

Que podridão, manobras maquiavélicas, o verdadeiro clamor das ruas esta sendo manipulado, não podemos perder o foco, é preciso mudança na política de reajustes de todos os combustíveis, redução das tarifas de pedágio para todos, reforma tributária, saúde, educação, fim dos setores do judiciário em determinar quem fica impune da corrupção, fora Temer entre outros.

A mídia tem um poder de manipulação que chega a assustar.  Temos que cuidar muito com a mídia em si, pois ela sugere coisas, situações através de todos os nossos sentidos, e o principal deles é a visão. Imagens que vemos mexem com nossos sentidos e emoções e podem, sim, nos induzir.

A palavra manipulação está associada a controlar direta ou indiretamente um objeto, animal ou pessoa, para atuar de uma determinada forma, de acordo com os desejos do agente manipulador; manipular é o ato de o sujeito fazer com que o outro faça algo sem raciocinar, sem senso crítico, dessa forma o manipulador pode conseguir que o manipulado faça coisas sem nem perceber que está sendo manipulado. Isso é muito perigoso.

O Papa com sua sabedoria divina na missa celebrada no dia dezessete de maio condenou a manipulação dizendo que, em outras perseguições sofridas por São Paulo, se vê que o povo grita sem nem mesmo saber o que está dizendo, e são “os dirigentes” que sugerem o que gritar: Esta instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje. Pensemos nisso. O Domingo de Ramos é: todos ali aclamam “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Na sexta-feira sucessiva, as mesmas pessoas gritam: “Crucifiquem-no”. O que aconteceu? Fizeram uma lavagem cerebral e mudaram as coisas. E transformaram o povo em massa, que destrói, disse Francisco.

Mas acredito que apesar dos esforços dos manipuladores o povo com todas essas manifestações não serão mais os mesmos, já não são os mesmos, vejam só, a um mês da copa do mundo, não é futebol que ouvimos o povo comentar, nem as crianças falam, mas onde dois ou mais estão reunidos, embora não de forma consciente como deveria, falam sobre a situação do Brasil, falam de injustiças e quem diria, fala sobre política. E isso é esperança.

“Ser homem e mulher de alegria”, quer dizer “ser homem e mulher de paz, de consolação”, diz Papa

Celebrando Missa na Capela da Casa Santa Marta, na manhã desta segunda-feira, 28/05, o Papa Francisco novamente falou sobre o que ele afirmou ser uma das características do cristão: a alegria, não obstante as provações e as dificuldades.



Afirmou o Papa: "Ser homem e mulher de alegria" significa "ser homem e mulher de paz, significa ser homem e mulher de consolação", disse Francisco, acrescentando ainda que a alegria "é o respiro do cristão", uma alegria feita de verdadeira paz e não falsa como aquela que a cultura de hoje oferece, que "inventa tantas coisas para nos divertir", inúmeros "momentos de dolce vita".

A verdadeira alegria é fruto do Espírito Santo

Francisco comentou trechos da primeira carta de São Pedro apóstolo e do Evangelho de São Marcos.

Do Evangelho em que São Marcos fala de um jovem rico que não consegue renunciar seus próprios interesses, o Papa comentou que o verdadeiro cristão não pode ser "tenebroso" ou "triste".

Para Francisco, "Ser homem e mulher de alegria", quer dizer a mesma coisa que "ser homem e mulher de paz, significa ser homem e mulher de consolação":

"A alegria cristã é o respiro do cristão, um cristão que não é alegre no coração não é um bom cristão. É o respiro, o modo de se expressar do cristão, a alegria. Não é algo que se compra ou que faço com esforço, não: é um fruto do Espírito Santo. Quem faz a alegria no coração é o Espírito Santo".

A alegria cristã é a paz do coração, não é a rizada...

A verdadeira alegria cristã nasce da lembrança daquilo que "o Senhor fez por nós", "regenerando-nos" para uma nova vida. A alegria nasce também da esperança daquilo que nos aguarda, o encontro com o Filho de Deus.

Memória e esperança são os dois elementos que permitem aos cristãos viver na alegria, que não é vazia, mas a alegria cujo "primeiro grau" é a paz:

"A alegria não é viver de risada em risada. Não, não é isso. A alegria não é ser engraçado. Não, não é isso. É outra coisa. A alegria cristã é a paz. A paz que está nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus pode nos dar. Esta é a alegria cristã. Não é fácil preservar esta alegria".

A alegria não se compra, é dom do Espírito Santo

No mundo contemporâneo, prossegue o Papa, Infelizmente, no mundo em que vivemos, afirma Francisco, nos contentamos com uma "cultura pouco alegre", "uma cultura onde inventam tantas coisas para nos divertir", tantos "momentos de dolce vita", mas que não satisfazem plenamente.

Verdadeiramente, a alegria "não é algo que se compra no mercado". A alegria "é um dom do Espírito" e vibra também no "momento do turbamento, no momento da provação".

"Há uma inquietação positiva, mas outra que não é positiva, a de buscar as seguranças em qualquer lugar, de buscar o prazer em qualquer lugar.

O jovem do Evangelho tinha medo de que se abandonasse as riquezas não poderia ser feliz. A alegria, a consolação: o nosso respiro de cristãos", concluiu o Papa. (JSG)


Fonte: Vatican News

28 maio, 2018

Os testemunhos das mulheres que ousaram combater a Ditadura!

“Ao fazer "Hoje", me deparo com uma sociedade que permite que sua memória seja roubada. E que aceita que, neste momento, alguém esteja sendo torturado numa prisão brasileira. Será que em algum momento a gente vai dizer: ‘Chega!’?” 


Em pé sobre uma cadeira, nua, encapuzada e enrolada em fios, Ana Mércia Silva Roberts, então com 24 anos, esforçava-se para manter os braços abertos, sustentando uma folha de papel presa entre os dedos de cada mão. Ela estava naquela posição havia horas. A cada vez que o cansaço lhe fazia baixar minimamente os braços, um choque elétrico percorria todo seu corpo. E as gargalhadas preenchiam a pequena sala. Eram vários homens, talvez oito, talvez dez. Cada um com um rosto, uma história, uma vida. “Um dos meus torturadores poderia ser meu avô, um senhor de gravata-borboleta para quem eu daria lugar no ônibus; o outro era um loiro com chapéu de caubói. Havia um homem com jeito de pai compreensivo que chegou a me dar um chocolate, e um jovem bonito com longos cabelos escuros, que andava de peito nu, ostentando um crucifixo, de codinome Jesus Cristo”, afirma.

O rosto desses algozes, integrantes da repressão militar, e as cenas do dia em que teve de ser estátua viva perante eles são parte das lembranças que Ana Mércia, hoje 66, guarda de quase três meses de prisão no DOI-Codi e no Dops, dois centros paulistanos de tortura e prisão de oposicionistas ao regime militar, instaurado sete anos antes. Integrante do Partido Operário Comunista, ela esteve nos porões da ditaduraem 1971, mesma época em que o País vivia a prosperidade do “milagre econômico” e o ufanismo alimentado pela conquista da Copa de 70 e por slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Nos meses em que ficou encarcerada, seu corpo e mente foram massacrados de diversas formas. Mas não é ao descrevê-las que seus olhos ficam marejados. “Estranhamente, eu não me lembro de quase nada daquelas semanas, meses. Fiz terapia, mas não consigo recuperar esses trechos da minha vida. O que mais me dói é isso. Vários pedaços de mim e da minha existência não me pertencem, ficaram com eles (os militares)”. Ana Mércia é uma mulher com pouca memória das torturas daqueles porões. E é também uma metáfora do próprio Brasil, que segue desmemoriado das histórias do regime militar (1964 a 1985)quase 30 anos depois do fim da ditadura. A diferença entre Ana Mércia e o Brasil é que ao País foi dada a chance de recuperar e registrar os detalhes de sua história. É essa a missão da Comissão Nacional da Verdade, criada pela presidenta Dilma Rousseff (ela mesma vítima de torturas do Estado) e que tornou acessíveis uma série de papéis até então secretos. Desde maio de 2012, 19 milhões de páginas de documentos foram retirados de seus arquivos e estão em análise, e cerca de 350 pessoas foram ouvidas. É um movimento delicado e, para muitos, atrasado. Até então, o Brasil já havia debatido por anos como lidar com a violência da época.

A Ordem dos Advogados do Brasil chegou a pedir, em 2008, a revisão da Lei da Anistia, que perdoava todos os “crimes políticos” e beneficiava também torturadores, mas teve o pedido negado pela Justiça. Da sua parte, grupos militares se opunham à quebra de sigilo e à própria Comissão por temer uma caça às bruxas. Foi depois de muito diálogo que se chegou à fórmula de um grupo de trabalho com ênfase na transparência: a Comissão da Verdade pode acessar qualquer documento que considerar importante e tem o poder de convocar pessoas para depor, mas não de julgá-las. Do primeiro ano de trabalho, emergiram as conclusões de que a tortura começou em 1964, pouco depois do golpe, e ocorreu em pelo menos sete estados diferentes. Nesse pouco tempo, o Estado brasileiro admitiu que os assassinatos do deputado Rubens Paiva e do jornalista Vladimir Herzoq foram obra de seus agentes, e descortinou o recrutamento e o extermínio de tribos indígenas da Amazônia pelos militares.

Tudo isso dá contornos mais nítidos à história recente do País, mas o grupo ainda tem muito a contar até dezembro de 2014, quando os trabalhos serão encerrados. Uma das principais incumbências da Comissão é esclarecer a participação das mulheres na resistência à ditadura e as torturas a que foram submetidas. “Acreditamos que as mulheres sofreram violências específicas, sexuais, motivadas também por machismo, que buscavam destruir a feminilidade e a maternidade delas”, afirma Glenda Mezarobba, uma das coordenadoras do grupo Ditadura e Gênero, que investiga o assunto na Comissão da Verdade. Os trabalhos ainda não possuem conclusões definitivas, mas há fortes indícios do que pode ter acontecido às brasileiras durante as duas décadas de regime militar. “Hoje, trabalhamos com um número de 500 mortos pela ditadura, 50 deles seriam mulheres. Mas sabemos que os dois números estão subestimados”, afirma Glenda, empenhada em refazer a estatística.

A quantidade de processos reclamando anistia sugere que esse número é muito maior. Desde 2001, o Ministério da Justiça recebe pedidos de indenização de brasileiros que, de alguma maneira, tiveram a vida marcada pelo regime militar. São parentes e vítimas de violência ou pessoas que, por motivo exclusivamente político, ficaram impedidas de trabalhar. Hoje, o órgão contabiliza mais de 73 mil pedidos. Mais de 40 mil já foram aceitos. As mulheres foram fundamentais no combate ao regime em todas as suas fases. Seu engajamento nos movimentos pela anistia dos presos políticos, que muitas vezes culminaram com passeatas exclusivamente femininas, são a parte mais conhecida dessa militância. Mas, nas organizações de esquerda Ditadura, elas também foram importantes. Guardavam armas e abrigavam militantes (aliás eram preferidas para essa função, pois levantavam menos suspeitas), traduziam jornais comunistas estrangeiros, participavam das aulas de doutrinas ideológicas, da elaboração dos planos de assaltos e sequestros, tinham aulas de tiro e muitas foram a Cuba fazer curso de guerrilha. Nas organizações clandestinas, chegaram a dirigentes.

“Era preciso que houvesse uma mulher em cada esconderijo, para manter a aparência de uma casa normal”, afirma Glenda. Elas também agregavam uma faceta afetiva e familiar às organizações, muitas foram mães na clandestinidade ou na cadeia. Na descrição feita pela psicóloga argentina, naturalizada brasileira, Maria Cristina Ocariz, a mulher militante parece a expressão viva da frase do revolucionário argentino  Ernesto Che Ghevara: “hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”. “Elas tinham a mesma garra que os homens. Perdiam companheiros, assassinados pelo regime, e ainda assim seguiam na luta, não por frieza, mas por convicção ideológica de poder construir um mundo melhor para seus filhos.” Cristina, que hoje coordena a Clínica do Testemunho Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo, um serviço que oferece espaço para reparação psicológica aos afetados por ditaduras, fez parte da resistência aos militares argentinos antes de se exilar no Brasil. Na juventude, na década de 70, ela deixava seu bebê de 1 mês nos braços da mãe, em Buenos Aires, ia a manifestações e corria para casa a tempo de amamentar seu filho. Quando eram presas, as mulheres tinham pela frente não apenas a tortura, mas também o sexismo e a violência sexual. “É claro que ser mulher fazia diferença. Porque ainda que os homens torturados também tivessem de ficar nus, eles tiravam as roupas na frente de outros homens. A mulher ficava nua diante dos olhos cobiçosos e jocosos daqueles homens, essa era a primeira violência”, afirma Tatiana Merlino, organizadora do livro "Luta, Substantivo Feminino", publicado em 2010 pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, que descreve o assassinato de 45 mulheres militantes.

Nudez e tortura

“A primeira coisa que eles fizeram quando entrei na sala de depoimento foi me mandar tirar a roupa, eu já fiquei apavorada”, afirma Ana Maria Aratangy, de 66 anos. “Eu não esperava por aquilo. Eu mesma fui tirando a roupa, achei que era melhor do que deixá-los arrancar. Acho que foi pior do que as torturas que vieram depois”. Ana Maria era membro do Partido Operário Comunista quando foi presa, aos 24 anos, e estava grávida de algumas semanas, mas não sabia. Estudante do sexto ano de medicina, ela afirma que sua militância era tímida: guardava duas armas em casa e tinha leituras consideradas subversivas. Nem sequer conhecia os líderes do POC. Até por isso, não teve muito a dizer quando vieram os choques nos mamilos e os tapas no rosto. Tampouco pôde conter os gritos. Enquanto gritava, sua mãe, que havia sido presa junto com ela, ouvia da sala ao lado. Ana Maria só saiu da prisão aos cinco meses de gestação. Sua filha, hoje, tem 41 anos.

“Depois de nos colocarem nuas, eles comentavam a gordura ou a magreza dos nossos corpos. Zombavam da menstruação e do leite materno. Diziam ‘você é puta mesmo, vagabunda’”, afirma AnaMércia. As violências que seguiam incluíam, em geral, choques nas genitálias, palmatórias no rosto, sessões de espancamento no pau de arara, afogamentos ou torturas na cadeira do dragão, cujo assento era uma placa de metal que dava descargas elétricas no corpo amarrado do prisioneiro. Mas com as mulheres era diferente. “Havia uma voracidade do torturador sobre o corpo da torturada”, afirma a psicóloga Maria Auxiliadora Arantes, cuja tese de doutorado sobre tortura no Brasil será publicada este ano. “O corpo nu da mulher desencadeia reações no torturador, que quer fazer desse corpo um objeto de prazer.”

Foi exatamente o que viveu Ieda Seixas, de 65 anos. Aos 23, ela foi presa por causa da militância do pai, operário. Demorou muito tempo para ser capaz de relatar o que passou. E, quase 40 anos depois, não consegue conter as lágrimas ao descrever: “Levaram-me para um banheiro durante a noite, no DOI-Codi, eram uns dez homens. Fiquei sentada em um banco com dois deles me comprimindo, um de cada lado. Na minha frente, em uma cadeira, sentou um cara que chamavam de Bucéfalo. Ele me dava muito tapa na cara, a minha cabeça virava de um lado para o outro, mas eu nem sentia, porque um dos homens que estava sentado ao meu lado não parava de passar a mão em mim, colocou os dedos em todos os meus orifícios. Era tão terrível que eu pedia: ‘Coloquem-me no pau de arara’. Mas aquele homem dizia: ‘Não, gente. Não precisa levar essa aqui para o pau de arara. Comigo ela vai gozar e vai falar’.

Todos riam. Naquela noite, se eu tivesse tido meios, teria tentado me matar.”O suicídio pode ter sido o destino de outras mulheres que não conseguiram suportaram a violência sexual. Segundo Luci Buff, da Comissão da Verdade, começam a aparecer informações de que até mesmo freiras teriam sido estupradas por militares. Amélia Teles, de 68 anos, relata que não foi capaz de conter o vômito ao ver que o torturador ejaculava sobre seu corpo nu e ferido, depois de masturbar-se olhando para a vítima, amarrada na cadeira do dragão. Militante do Partido Comunista, ela tinha dois filhos, de 5 e 4 anos, quando foi presa, em 1972. O assédio sexual do torturador não foi a pior parte. Em um dos dias na prisão, depois de ser exaustivamente torturada Amélia viu a porta da sala se abrir e seus dois filhos entrarem. “Foi a pior coisa do mundo. Eu, amarrada (nua) na cadeira do dragão, sem nem poder abraçá-los. A minha filha me perguntou: ‘Mãe, por que você está azul?’. Eram as marcas dos hematomas, do sangue pisado, espalhados pelo meu corpo”, afirma Amélia. “Eles foram claros comigo: para manter meus filhos vivos, eu teria que colaborar com eles.” Os dois filhos hoje são adultos. Passaram por terapia e guardam apenas fragmentos de memória de sua visita ao DOI-Codi. Nenhum quis ter filhos. Amélia credita esse fato ao trauma na infância.

Agredir crianças para atingir a mãe não era um recurso excepcional. Nem sequer as mulheres grávidas eram poupadas. Em 1974, com uma barriga de seis meses de gestação, a militante do grupo revolucionário MR-8 Nádia Nascimento foi presa, junto com o seu companheiro, em São Paulo. “Já foram logo me dizendo que filho de comunista não merecia nascer. Arrancaram minha roupa na frente do meu companheiro, que já estava muito machucado pela tortura, e perguntavam se ele queria que me torturassem, diziam que dependia dele. Ameaçaram me estuprar na frente dele, mesmo grávida. Até que,em um dado momento, me colocaram na cadeira do dragão. Ali, comecei a sangrar por causa dos choques e perdi meu filho”, conta Nádia, que teve uma série de complicações médicas decorrentes do aborto provocado e da falta de cuidados hospitalares. A criança se chamaria Lucas e hoje teria 39 anos de idade.

Também presa aos seis meses de gestação, Criméia de Almeida, de 67 anos, conseguiu manter seu filho na barriga, a despeito das torturas. Quando a bolsa estourou, na cela solitária que ela ocupava em uma carceragem do exército em Brasília, dezenas de baratas que habitavam o lugar começaram a subir por suas pernas, alvoroçadas por se alimentar do líquido amniótico. Embora pedisse ajuda, teve de esperar horas até ser transferida a um hospital. Lá, a ex-guerrilheira do Araguaia, que havia trabalhado como parteira na Amazônia, teve as pernas e os braços amarrados. “Quando o bebê nasceu, já o levaram para longe de mim. E o médico me costurou sem anestesia, eu gritava de dor. Daí passaram a usar meu filho para me torturar. Passavam dois dias sem trazê-lo para mamar. Quando ele vinha, estava com soluço, magro, morto de fome. Ele nasceu com quase 3,2 kg. Mas com um mês de vida pesava apenas 2,7 kg. Na infância, ele tinha muitos pesadelos, chegou a ter convulsões. É claro que ficaram traumas em todos nós. Quando eu estava presa e ouvia o tilintar de chaves na carceragem, que significava que alguém seria torturado, o bebê começava a soluçar dentro do útero. Hoje, aos 40 anos, João Carlos ainda soluça toda vez que fica estressado”, afirma Criméia.

Ele não conheceu o pai, André Grabois, que até hoje é considerado desaparecido político. Criméia não teve a chance de enterrar seu companheiro. É provável que André tenha sido assassinado pelos militares durante a guerrilha do Araguaia – movimento comunista na região amazônica combatido pelo governo entre 1972 e 1974, no qual acredita-se que os militares tenham lançado bombas de Napalm, o mesmo químico usado no Vietnã, de acordo com mais uma revelação recente da Comissão da Verdade. Sorridente até ali, em um evento sobre educação internacional para mulheres, a ministra das mulheres, Eleonora Menicucci, ganhou um semblante pesado ao ser indagada por Marie Claire sobre sua história na ditadura. Quando foi presa, em 1971, tinha apenas 22 anos e uma filha de 1 ano e 10 meses. Para forçála a dar informações de sua atividade política, os militares colocaram a menina, Maria, apenas de fralda, no frio. A criança chorava e os torturadores ameaçavam dar choques nela. Ieda Seixas, que foi aprisionada na mesma cela que a atual ministra logo depois dessa sessão de tortura, afirma: “A Eleonora andava como um animal enjaulado, de um lado para o outro, e dizia ‘minha filha, minha filha’. Tinha os olhos esbugalhados, passava a mão pelos cabelos com desespero, parecia que ia explodir. Era mais do que estar transtornada, ela estava em estado de choque”.

Sobre a experiência, a ministra diz: “A Maria superou tudo e hoje é uma vencedora. Eu também superei. Tive outro filho que me deu a certeza de que o que fiz foi correto e me mostrou que eu ainda era capaz de ser mãe mesmo depois de todas as torturas que sofri. Mas, ainda assim, relembrar isso é muito sofrido. Acho que cada um resolve à sua maneira. A Maria aprendeu a lidar com isso com mais liberdade e menos sofrimento. Eu, tudo o que tinha de falar, eu falei. Porque o pior não é a tortura física, mas a psicológica, a ameaça. As ameaças que faziam comigo de torturar a Maria na minha frente eram tão pesadas que talvez fossem mais fortes do que a própria tortura em si”.

O futuro

É com essa mesma memória que o Brasil tenta aos poucos lidar. A abertura dos arquivos e os depoimentos, que pode resultar em processos contra os torturadores, não são as únicas manifestações. No cinema, "Hoje", filme da diretora Tata Amaral, mostra o quão atual é nossa dívida com a história. A protagonista do longa, vivida pela atriz Denise Fraga, é uma ex-militante de esquerda cujo marido foi morto pelos militares. Ela recebe uma indenização pela morte dele e compra um apartamento, mas, no dia da mudança, o desaparecido ressurge. A figura do retorno mostra como é difícil seguir em frente sem resolver o passado. É assim no filme e na vida de Criméia, Amélia, Ieda, Ana Mércia e Ana Maria. “Ao fazer "Hoje", me deparo com uma sociedade que permite que sua memória seja roubada. E que aceita que, neste momento, alguém esteja sendo torturado numa prisão brasileira. Será que em algum momento a gente vai dizer: ‘Chega!’?”

A reportagem é de Mariana Sanches, publicada pela revista Marie Claire, 24-09-2013.

Presidente de associação de caminhoneiros faz apelo contra intervenção militar

"Devemos tomar cuidado com o que estamos postando, porque numa intervenção militar os mesmos personagens continuaram no poder e penso que o povo quer mudar justamente isso, tirar esses hipócritas do poder agora."  

“E confesso que estou muito assustado com essa posição”, escreveu.

José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM), usou o Facebook para dizer que o pedido de intervenção militar é “equivocado”.


Leia na íntegra:

SOBRE OS PEDIDOS DE INTERVENÇÃO MILITAR:

ALERTA URGENTE!!!! – DIA 27/05/18 ÀS 13:20

Caminhoneiros, bom tarde!!! Estou observando que a maioria dos participantes dessa grande e única manifestação E NUNCA VISTA EM NOSSO PAÍS, proclamam por uma Intervenção Militar já!!! E confesso que estou muito assustado com essa posição. Então eu pergunto a todos esses que clamam por uma intervenção militar: – Vocês sabem o que é uma Intervenção Militar????

Em países onde vigora o Estado Democrático de Direito que o caso do BRASIL, algo como uma “intervenção militar” em que acontece o uso do poder das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) só pode ocorrer sob ordem dos poderes constituídos, isto é, dos conselhos formados por membros do Poder Executivo e do Poder Legislativo e com a devida supervisão do Poder Judiciário. No Brasil, as intervenções militares, segundo a Constituição Brasileira de 1988, só podem efetivar-se legalmente em três casos específicos: 
1) intervenção federal; 
2) Estado de Defesa; 
3) Estado de Sítio.

Então pessoal, não podemos clamar por uma Intervenção Militar, esse pedido está equivocado e não será o remédio apropriado para a nossa situação.

Devemos tomar cuidado com o que estamos postando, porque numa intervenção militar os mesmos personagens continuaram no poder e penso que o povo quer mudar justamente isso, tirar esses hipócritas do poder agora. Não é isso mesmo que todos nós almejamos pessoal????

Se vocês querem saber o General Villas Boas está reunido neste momento na sala do Alto-Comando do exército (27/05), sob a coordenação do Ministro da Defesa e com a presença dos comandantes das Forças e outros militares, para uma vídeo-conferência com os responsáveis por áreas de atuação na solução da “greve dos caminhoneiros”.

Isso quer dizer que se for necessário as forças armadas por decisão do governo intervirão em favor da ordem a pedido do presidente da república e aí pergunto a todos: – é isso que estamos querendo???

Vamos pensar um pouco nisso!!!

Fonseca – Presidente da ABCAM

Uma linda e abençoada semana a todas e a todos!

“O clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso” (Tg 5,4)

“Eu vi a opressão de meu povo, ouvi o grito de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos” (Ex 3,7-8).


Dom Biasin faz uma reflexão sobre a vida e afirma: “Quando falta a profecia, o povo se corrompe!”


“Quando falta a profecia, o povo se corrompe!

“Se saio para os campos, aí estão os atingidos pela espada; se entro na cidade, aí, os abatidos pela fome! Pois até o profeta e o sacerdote vagueiam pela terra sem saber o rumo!


“Quando falta a profecia, o povo se corrompe! (Pr 29,18). Esta afirmação do livro dos Provérbios impressiona pela sua lucidez e cria impacto na nossa consciência”, afirma o bispo da diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Francesco Biasin.

E o bispo continua, quem está com os cabelos brancos e ainda com boa memória, lembra com saudade que em tempos recentes houve entre nós profetas cuja visão da vida, em suas mais variadas manifestações, iluminou a nossa caminhada eclesial, motivou o nosso compromisso com a transformação da sociedade à luz da Palavra de Deus e soube articular um discurso capaz de criar opinião pública na perspectiva de ser “fermento, sal e luz”!

No texto, dom Biasin ressalta que hoje em dia aproxima-se mais da nossa realidade a profecia de Jeremias: “Se saio para os campos, aí estão os atingidos pela espada; se entro na cidade, aí, os abatidos pela fome! Pois até o profeta e o sacerdote vagueiam pela terra sem saber o rumo!”(Jr 14,18). O sentimento é exatamente este: ter perdido o rumo! E trata-se de um sentimento bastante generalizado!

Detectar as causas do surgimento desse sentimento negativo ou apresentar receitas para a sua superação é tarefa árdua, quando não impossível! Mas é preciso reagir porque acreditamos que a profecia não acabou, nem acabará e todos queremos encontrar um caminho para sairmos da situação estagnante em que se encontra a sociedade, com reflexos pesados sobre a vivência eclesial, ressalta o bispo.

Permito-me citar o Papa Francisco: ele fala de “sociedade desenraizada” e afirma: “Penso que uma maneira forte de nos salvar seja o diálogo, o diálogo dos jovens com os idosos: uma interação entre velhos e jovens… Jovens e idosos devem conversar uns com os outros. É preciso fazer isso cada vez mais: isso é muito urgente! E tanto os velhos quanto os jovens devem tomar essa iniciativa. Existe uma passagem na Bíblia (Joel 3,1) que diz: ‘Vossos anciãos terão sonhos e vossos jovens terão visões’.

Dom Biasin, chama atenção para uma realidade: nossa sociedade descarta ambos, descarta os jovens do mesmo modo que descarta os velhos. No entanto, a salvação dos idosos é dar aos jovens a memória. Isso torna os velhos verdadeiros sonhadores de futuro, enquanto a salvação dos jovens é pegar essas lições, esses sonhos, e levá-los adiante com a profecia… Os velhos sonhadores e os jovens profetas são o caminho da salvação desta nossa sociedade desenraizada: duas gerações de descartados podem salvar a todos.

Segundo ele, tudo isso está ligado ao que chamo de revolução da ternura, porque é preciso ternura para um jovem se aproximar de um idoso e é preciso ternura se um idoso quiser aproximar-se de um jovem”. (Francisco: Deus é jovem. Editora Planeta, pag 40 e 41)

Dom Biasin finaliza o texto fazendo um apontamento: Trata-se de uma dica preciosa para manter viva a esperança, cultivar os nossos sonhos e despertar a nossa profecia! Porque “quando falta a profecia, o povo se corrompe!”.


Fonte: CNBB

25 maio, 2018

Missa pelo Brasil em Maringá

“Vamos rezar por todos os trabalhadores. Somos um só povo que deseja uma reforma tributária imediata e justa. Este movimento não é apenas dos caminhoneiros; agora é de todo o povo Brasileiro. Vamos rezar pela democracia e pela justiça social. O governo precisa ouvir o clamor das ruas”

O Arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, convida as famílias para a Santa Missa pelo Brasil, que será celebrada nesse sábado (26) às 16h nas proximidades do Posto Duzentão em Maringá.

Sábado (26) às 16h nas proximidades do Posto Duzentão em Maringá - Avenida Morangueira, saída para Presidente Prudente.

“Vamos rezar por todos os trabalhadores. Somos um só povo que deseja uma reforma tributária imediata e justa. Este movimento não é apenas dos caminhoneiros; agora é de todo o povo Brasileiro. Vamos rezar pela democracia e pela justiça social. O governo precisa ouvir o clamor das ruas”, diz o arcebispo.

Caminhoneiros segue em greve

É...Presidente Temer falhou, caminhoneiros seguirão em greve...Muito Bom.

Um Deus sem atrativos

Deus pode ser uma descoberta inesperada, uma grande surpresa.    




O artigo é de José Antonio Pagola, colaboração de Magda Mello- CEBs Leste II, publicado por CEBs do Brasil, 29-07/2017.


Jesus procurava comunicar às pessoas a Sua experiência de Deus e do Seu grande projeto de fazer um mundo mais digno e feliz para todos. Nem sempre conseguia despertar o Seu entusiasmo. Estavam demasiado acostumados a ouvir falar de um Deus apenas preocupado com a Lei, o cumprimento do sábado ou os sacrifícios do Templo.Jesus contou-lhes duas pequenas parábolas para sacudir a sua indiferença. Queria despertar neles o desejo de Deus. Queria-lhes fazer ver que encontrar-se com o que Ele chamava “Reino de Deus” era algo muito mais maior que o que viviam aos sábados nas suas sinagogas: Deus pode ser uma descoberta inesperada, uma grande surpresa.

Nas duas parábolas a estrutura é a mesma. No primeiro relato, um lavrador «encontra» um tesouro escondido no campo… Cheio de alegria, «vende tudo o que tem» e compra o campo. No segundo relato, um comerciante de perolas finas «encontra» uma perola de grande valor… Sem qualquer dúvida, «vende tudo o que tem» e compra a perola.

Algo assim acontece com o «Reino de Deus» escondido em Jesus, a Sua mensagem e a Sua atuação. Esse Deus resulta tão atrativo, inesperado e surpreendente que quem o encontra, sente-se tocado no mais fundo do seu ser. Já nada pode ser como antes.

Pela primeira vez, começamos a sentir que Deus nos atrai de verdade. Não pode haver nada maior para alentar e orientar a existência. O “Reino de Deus” muda a nossa forma de ver as coisas. Começamos a acreditar em Deus de forma diferente. Agora sabemos por que viver e para quê.

A nossa religião falta-lhe o “atrativo de Deus”. Muitos cristãos relacionam-se com Ele por obrigação, por medo, por costume, por dever…, mas não porque se sintam atraídos por Ele. Mais tarde ou mais cedo podem acabar por abandonar essa religião.

A muitos cristãos foi-lhes apresentada uma imagem tão deformada de Deus e da relação que podemos viver com Ele, que a experiência religiosa lhes resulta inaceitável e inclusive insuportável. Não poucas pessoas estão a abandonar agora mesmo Deus porque não podem viver já por mais tempo num clima religioso insano, impregnado de culpas, ameaças, proibições ou castigos.

Cada domingo, milhares e milhares de presbíteros e bispos pregam o Evangelho, comentando as parábolas de Jesus e os Seus gestos de bondade a milhões e milhões de crentes. Que experiência de Deus se comunica? Que imagem se transmite do Pai e do Seu Reino? Atraímos os corações para o Deus revelado em Jesus? Afastamo-los do Seu mistério de Bondade?

“VENHA A NÓS O TEU REINO”


O Reino de Deus é, sobretudo, uma boa notícia para os pobres e os maltratados injustamente.  Deus não pode reinar, a não ser fazendo justiça àqueles a quem ninguém a faz, nem sequer os reis da terra. Só Deus pode garantir a defesa dos fracos.

Para Jesus, a vinda do REINO DE DEUS é tudo:

– é o núcleo central de sua mensagem,

– a convicção mais profunda,

– o objetivo de toda sua atuação,

– a paixão de sua vida.

Não é de estranhar que, ao ensinar a seus discípulos a rezar, brote-lhe este desejo do fundo do seu ser: “Pai, venha o teu Reino”. Esta terminologia monárquica pode parecer-nos hoje um pouco estranha. Podemos talvez até entendê-la mal. Mas, se quisermos entender o Pai-nosso, devemos aprofundar-nos nesta expressão.


1. EVITAR IDEIAS ERRÔNEAS

a)  Não devemos identificar O REINO DE DEUS com o CÉU, lugar de recompensa e gozo com Deus. Jesus não está pensando num Reinado de Deus que se realiza na outra vida, além da morte. O Reinado de Deus é algo que está em marcha e acontece agora. É certo que a plenitude do Reino se dará no final, mas o crescimento do Reino de Deus, a acolhida, a entrada no Reino devem acontecer agora. Por isso, ao dizer “venha a nós o teu Reino” não estamos pedindo para ir ao céu. Estamos almejando que o Reino de Deus se torne realidade em nós, que chegue sua justiça, que se imponha no mundo seu Senhorio.

b)  Também não devemos entender o Reino de Deus como algo interior que se realiza por meio da graça na alma dos crentes, mas como um processo destinado a transformar a vida inteira. (Lc 17,21: “O Reino de Deus já está entre vós”)[1] Naturalmente, a conversão ao Reino de Deus implica uma vida inteira, mas o chamado a “entrar no Reino” não é um convite para intensificar a vida espiritual, mas para tomar uma decisão que compromete toda a pessoa. Por isso, quando dizemos “venha a nós o teu Reino” não pedimos que Deus reine interiormente nos corações, mas que transforme a realidade inteira do mundo e a vida material, espiritual e social dos seres humanos, para que seja mais conforme com os desígnios de Deus nosso Pai. [2]

c) Também não devemos confundir o Reino de Deus com a Igreja, como se o Reino de Deus só se realiza dentro da instituição eclesiástica e crescesse e se desenvolvesse na medida em que esta cresce e se desenvolve. A Igreja está a serviço do Reino de Deus e trata de anunciá-lo e promovê-lo, pois é “sacramento” ou sinal da presença de Deus entre os seres humanos, inaugurada por Cristo e em Cristo. Mas o Reino de Deus não se identifica com as fronteiras da Igreja visível; Deus reina onde reina seu amor e sua justiça. Por isso, quando dizemos “venha a nós o teu Reino”, não pedimos que cresça e se estenda a Igreja, mas que o Reino de Deus chegue ao mundo inteiro e também a Igreja.


2. A UTOPIA DO REINO DE DEUS

Quando se organizou em Israel a monarquia, nem por isso Deus deixou de ser o soberano do povo, o autêntico Rei de Israel. Por isso Ele era aclamado com hinos como este:

“A ti, Javé, pertencem a grandeza, o poder, o esplendor, a majestade e a glória, pois tudo o que existe no céu e na terra pertence a ti. Teu é o Reino, e a ti cabe elevar-se como soberano acima de tudo. A riqueza e a glória vêm de ti. E tu governas todas as coisas. Em tua mão está a força e o vigor. Em tua mão está o poder de engrandecer e fortificar todas as coisas.” (1Cr 29,11-12) Os reis de Israel estavam subordinados a Deus e deviam cumprir sua vontade.

Por isso não é de estranhar que, ao comprovar que os reis também não atuavam com justiça e bondade, despertasse no povo a esperança de que Deus mesmo enviaria, um dia, seu “Ungido”, ou Messias [3] descendente de Davi, para que instaurasse o verdadeiro “Reinado de Deus”, tornando realidade uma utopia tão antiga como o coração humano: o desaparecimento do mal, da injustiça, e da opressão, da dor e da morte.

O “Reino de Deus“ trará consigo a verdadeira justiça e a paz, a salvação e a felicidade. Então desaparecerão o pecado  as injustiças e se promoverá a libertação e a dignidade de todos. É o que anuncia o Livro da consolação  da profecia de Isaías “Como são belos sobre os montes,  os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa notícia, que anuncia a salvação,  que diz a Sião: «Seu Deus reina».” (Is 52,7)

O Reino de Deus é, sobretudo, uma boa notícia para os pobres e os maltratados injustamente.  Deus não pode reinar, a não ser fazendo justiça àqueles a quem ninguém a faz, nem sequer os reis da terra. Só Deus pode garantir a defesa dos fracos: “Nesse dia, os surdos ouvirão as palavras do livro; e os olhos do cego, libertos da escuridão e das trevas, tornarão a ver. Os pobres voltarão a se alegrar com Javé, e os indigentes da terra ficarão felizes com o Santo de Israel. 

Pois não haverá mais ditador, e aquele que zombava de todos desaparecerá; e todos os que tramam o mal serão eliminados: os que acusam alguém no processo, os que no tribunal fazem armadilha para o juiz e, por um nada, arruínam o justo.” (Is 29, 18-21)   Assim canta o salmista:

“Porque ele liberta o indigente que clama e o pobre que não tem protetor.

Ele tem compaixão do fraco e do indigente, e salva a vida dos indigentes.

Ele os redime da astúcia e da violência, porque o sangue deles é precioso aos seus olhos.” (Sl 72/71, 12-14)

Assim, pois, o desejo de que venha o “Reino de Deus“ resume o anelo de que chegue uma nova ordem ao mundo que só Deus pode introduzir. Só Ele pode impor na humanidade a justiça verdadeira. Só Ele pode trazer ao mundo a paz e a salvação. Só Ele pode destruir o pecado e eliminar a iniquidade.

3. O REINO DE DEUS ESTÁ CHEGANDO


oda a atuação de Jesus se concentra na vinda deste Reino de Deus. Jesus vive convencido de que com ele, com sua mensagem e sua atuação, o Reino de Deus começa a tornar-se realidade. Deus já está chegando. O Reino de Deus começa a abrir caminho entre os seres humanos. A vida está sendo trabalhada pela força salvadora de Deus. Esta é a grande notícia que obriga a todos nós a mudar. Assim resume o Evangelista São Marcos a mensagem central de Jesus:

«O tempo já se cumpriu, e  o  Reino de Deus está próximo.  Convertam-se e creiam no Evangelho (Boa Nova).» (Mc 1,15) [4] Esse Reinado de Deus não chega com a espetacularidade que muitos contemporâneos de Jesus esperavam, mas de maneira humilde, simples e quase oculta. O Messias, o Enviado de Deus não vem instaurar um reino poderoso, de caráter político. Seu modo de tornar presente o Reino de Deus é introduzir justiça, verdade, saúde e perdão na vida  dos  seres  humanos. «… Porque   o Filho do Homem   não   veio para ser servido. Ele veio para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.» (Mc 10,45) Por isso, esse Reinado de Deus é como uma “semente” que foi semeada no mundo para ir crescendo (Mc 4,26-32), como um punhado de “fermento” que foi introduzido na história humana para ir transformando-a (Mt 13,33).  A força salvífica de Deus já está atuando, mas é: como um “tesouro escondido” que ainda deve ser descoberto (Mt 13,44) ou como uma “pérola preciosa” pela qual se arrisca tudo (Mt 13,45).

Á primeira vista, tudo isto sobre o “Reino de Deus” pode parecer ainda algo insignificante, como um pequeno “grão de mostarda” (Mc 4,31) inclusive pode parecer que vai fracassar, pois a semente pode ter diversas sortes segundo a acolhida ou a resistência que vai encontrar ao cair em diferentes terrenos (Mc 4,3-9). Mas Jesus convida seus seguidores a descobrir, no mais profundo da história humana, a força humilde, mas poderosa, de Deus que já conduz o mundo para sua salvação: “A vós foi dado o mistério do Reino de Deus“ (Mc 4,11).

O próprio Jesus, com sua atuação sanadora e sua luta contra o mal e a dor, oferece sinais de que o Reinado de Deus está chegando: «os cegos recuperam a vista,  os paralíticos andam,  os leprosos são purificados,  os surdos ouvem,  os mortos ressuscitam e  aos pobres é anunciada a Boa Notícia.» (Mt 11,5).


Se Jesus vai expulsando o mal e fazendo mais sã a vida dos humanos, mais libertada e feliz, isto indica que Deus está vencendo o mal com o bem e está implantando seu Reino:  “Mas se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, “Mas se pelo dedo de Deus que expulso os demônios”(Lc 11,20))   então o Reino de Deus chegou até vós” (Mt 12,28).

A chegada do Reino de Deus é a melhor notícia que se podia escutar no mundo, pois aquele que quer reinar entre os homens não é um ditador, mas um Deus-Pai, Abba, que busca só uma coisa, que é o bem e a felicidade de todos. Se Deus reina, reinará na humanidade a fraternidade, a comunhão e a amizade. Acolher a Deus como único Absoluto não leva à injustiça, à opressão ou à mútua destruição. Ao contrário, é a única coisa que pode levar a humanidade à convivência fraterna e à justiça para todos.

Segundo Jesus, os primeiros que vão escutar o Evangelho(=Boa Nova) do Reino são os pobres: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Os primeiros beneficiados com a chegada do Reino de Deus são os indefesos, as vítimas dos poderosos, os marginalizados, os que não tem lugar na sociedade nem no coração dos outros.
Não que estes sejam melhores do que ninguém para merecer o Reino de Deus de forma privilegiada. A única razão é que são pobres e estão necessitados de justiça e amor. Por isso é bom para eles que se imponha o Reinado de Deus e sua justiça.  Se Deus reina no mundo, nessa mesma medida já não reinarão os poderosos sobre os fracos, os ricos não abusarão dos pobres, os homens não dominarão as mulheres, os povos do Primeiro Mundo não explorarão os do Terceiro Mundo.

Por outro lado, se reinam Deus e a sua justiça, já não reinarão na humanidade, como senhores absolutos, o dinheiro, a força, as armas, o bem estar e o poder. Não se poderá dar a nenhum César o que é de Deus (cf. Lc 20,25). Não se poderá servir ao mesmo tempo a Deus e ao dinheiro (cf. Lc 16,13)

4. ENTRAR NO REINO

O Reino de Deus está em processo. “Já está aqui, mas ainda não chegou a sua plenitude. Foi semeado na terra, e deve ir crescendo aos poucos. Seus começos são humildes, quase insignificantes, mas está destinado a ter um alcance universal. O bem já atua no mundo, mas ainda não venceu totalmente o mal. O Reino é um dom que recebemos, mas também é uma promessa que esperamos ver realizada”[5]. Daí o nosso anseio: “Venha o teu Reino” : que a “semente” continue crescendo, que o “fermento” continue levedando, que o começado em Cristo continue a desenvolver-se. Fazer do íntimo este pedido só é possível quando se está disposto a entrar na dinâmica do Reino. Se desejamos o Reino, temos de seguir o convite de Jesus:

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e    todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo” (Mt 6,33).

Entrar no Reino de Deus exige adotar uma atitude de “crianças” que acolhe o Pai, Abba, pois “o Reino dos Céus é dos que são como elas” (Mt 19,14)[6]. Exige também viver com o espírito das bem-aventuranças, pois “deles é o Reino de Deus“ (Lc 6,20).

Mas, além disso, o anseio pelo Reino de Deus impele e compromete a trabalhar para que esse Reino de Deus seja acolhido. Isto significa trabalhar por um mundo mais fraterno e solidário, construir relações mais humanas, instaurar a paz e promover a reconciliação, reagir contra as injustiças, manter sempre viva a esperança em Deus, sem cair no pessimismo ou no desespero, pedir ardentemente a vinda do Reino. Seguindo a Jesus, também nós somos chamados a realizar gestos libertadores, criadores de vida, que podem ser percebidos como boa notícia pelos que sofrem: “Pelo caminho, proclamai que está próximo o Reino de Deus.

Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, dai também de graça!” (Mt 10,7-8). Os gestos podem ser diversos: oferecer esperança aos que não podem esperar nada desta sociedade, acolher aqueles que não encontram lugar nem acolhida em parte alguma, defender aqueles que não podem defender-se diante dos poderosos, fazer justiça aos que são mal tratados injustamente, dar vez e voz aos que são esquecidos e marginalizados, oferecer perdão e possibilidade de reabilitação aos culpáveis… Onde se vive e trabalha com este espírito, está chegando o Reino de Deus.  Quem anseia pelo Reino não perde a esperança nem esquece a ação de graças:  “Nós te damos graças, Senhor Deus todo-poderoso, aquele que é e que era,  porque assumiste o teu grande poder e entraste na posse do Reino” (Ap 11,17).

Embora não vejamos realizado seu Reino tal como desejamos, nós sabemos que Deus orienta tudo para a salvação final.     Deus é “Aquele que É, que Era e que Vem” (Ap 1,4).

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NOTAS:

[1] A ideia  de um  Reino de Deus  no interior das pessoas  provém, sobretudo,  da interpretação  que  muitos  fizeram  de   Lc 17,21:    “[…….] o Reino de Deus já está dentre de vós”. A exegese atual entende: “O Reino de Deus já está entre vós”. Devemos optar pelo Reino que não é um acontecimento puramente externo.

[2] Marcos define o REINO DE DEUS assim: “vivermos em paz uns com os outros.” (Cf. Mc 9,50)  É o desejo de Deus, a Sua vontade. Marcos usa REINO DE DEUS 14 vezes:    Mc 1, 15;    4,11.26.30;  9,1.47;  10,14.15.23.24.25;  12,34; 14,25; 15,43

[3] O meu “UNGIDO” (Sl 2,2) no original hebraico corresponde a “MESSIAS” sendo o prometido por Deus para ser o Rei que salvaria o seu povo. Na tradução literal para o grego ficou “CRISTO”.

[4] A palavra EVANGELHO (em grego) é traduzida como BOA NOTÍCIA ou BOA NOVA.

[5] Cf. (BORRELL, A. Op.cit.,p.46)

[6] Mateus fala do “Reino dos Céus“, mas é para designar o “Reino de Deus“, evitando usar explicitamente o nome divino.

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Texto extraído do Livro: “PAI-NOSSO – Orar com o Espírito de Jesus” de JOSÉ ANTONIO PAGOLA, Ed Vozes – 2012

*José Antonio Pagola cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. Foi professor de Cristologia na Faculdade Teológica do Norte da Espanha (Vitoria). É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Há sete anos se dedica exclusivamente a pesquisar e tornar conhecida a pessoa de Jesus.