27 dezembro, 2018

Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria Natal


Paraíba já possui 44 usinas de dessalinização de água que Bolsonaro quer ‘importar’ de Israel

Em artigo publicado no G1, o professor de jornalismo ambiental André Trigueiro revela que a tecnologia para implantar usinas de dessalinização de água que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) quer ‘importar ‘de Israel já existe no Brasil desde 2004.

No texto, o professor ressalta que na Paraíba, por exemplo, já existem 44 sistemas implantados através Programa Água Doce (PAD), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Governo do Estado.

A ideia de ‘importar’ a tecnologia israelense foi anunciada pelo presidente eleito no dia de Natal, através de sua conta pessoal no Twitter





Confira abaixo o artigo do professor André Trigueiro:

Bolsonaro e a dessalinização da água

A primeira missão dada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para seu ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, foi buscar em Israel soluções para a seca do Nordeste, como por exemplo, usinas de dessalinização que pudessem tratar a água salobra da região. Busca-se fora do país uma solução que, na verdade, já vem sendo aplicada desde 2004 – com tecnologia nacional chancelada pela Embrapa – e que já resultou na instalação de 244 sistemas de dessalinização no Ceará, 44 na Paraíba, 29 no Sergipe, 10 no Piauí, 68 no Rio Grande do Norte, 45 em Alagoas, e 145 na Bahia.

O Programa Água Doce (PAD), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente, vai na direção das soluções eficientes e de baixo custo, como vinha sendo também a instalação de cisternas para a coleta de água de chuva nas comunidades que mais se ressentem dos efeitos da estiagem. Resta ainda a finalização das obras de transposição das águas do rio São Francisco e, principalmente, a definição de quem pagará pela manutenção do sistema. Os custos de instalação foram totalmente assumidos pelo governo federal, e os governadores dos Estados beneficiados pela obra deveriam arcar com as demais despesas, mas nada indica que isso vá acontecer. Quem está pagando a conta é a “viúva”, ou seja, todos nós. Caberá ao presidente eleito resolver esse embroglio político que sangra os cofres da União.

Usinas de dessalinização – especialmente as de grande porte como as desenvolvidas em Israel – demandam um consumo elevadíssimo de energia elétrica e um plano de manejo adequado para as toneladas de impurezas removidas no processo. Israel já é parceiro estratégico do Brasil há décadas no compartilhamento de tecnologias inteligentes na área da irrigação, principalmente o gotejamento, que reduziu drasticamente o consumo de água na fruticultura de exportação.

Investir em usinas de dessalinização de grande porte por aqui poderia até ser uma opção se o Brasil esgotasse primeiro outras alternativas, principalmente, a exploração da água de reuso. Transformar a água tratada de esgoto em insumo agrícola, industrial ou até mesmo em água potável é uma alternativa mais barata e absolutamente viável. Hoje o esgoto coletado e tratado é lançado nos corpos hídricos sem qualquer utilidade ou serventia. Dentre as raras exceções, destaca-se o Projeto Aquapolo – maior empreendimento para produção de água de reuso industrial na América do Sul – que transforma esgoto doméstico de São Paulo em água usada por 12 grandes indústrias. O projeto desenvolvido pela Sabesp em parceria com a BRK Ambiental fornece 650 litros de água de reuso por segundo – o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes – a um preço até 50% mais baixo que o da água potável. Bom para as indústrias, melhor ainda para a Grande São Paulo, que reforça seu estoque de água nos mananciais que abastecem a população.

A Embrapa também desenvolve experiências bem sucedidas de aproveitamento da água de reuso na irrigação de lavouras no Nordeste. O projeto prioriza as culturas que não absorvem os elementos patogênicos presentes no esgoto humano após o tratamento primário, quando se dá apenas a remoção dos sólidos. As plantas que se beneficiam dos nutrientes do esgoto (nitrogênio, fósforo, potássio, etc.) podem ser ingeridas sem riscos para a saúde, e o agricultor ainda economiza na compra de fertilizantes, uma vez que o esgoto cumpre a função de adubar o solo. Apesar do conhecimento construído em torno dessa tecnologia – já empregada em outros países – ela não teria ainda deslanchado por aqui por pressão do setor químico, que comercializa fertilizantes.

Importante dizer que a água de reuso também poderia ser potabilizada e servida sem riscos para a população. Se isso não aconteceu ainda no Brasil – como se vê em Cingapura, Namíbia e nos estados do Texas e da Califórnia, nos Estados Unidos – não é por falta de tecnologia, mas preconceito. Considerando a péssima qualidade dos mananciais que abastecem algumas das principais regiões metropolitanas do Brasil, pode-se dizer que, tecnicamente, já bebemos água de reuso. Mas ainda não há regulamentação que permita a potabilização da água de reuso para consumo humano.

Esta seria uma excelente contribuição do presidente eleito para a gestão dos recursos hídricos no Brasil. Abrir caminho para a água de reuso, manter os programas que levam cisternas e mini usinas de dessalinização no Nordeste, concluir as obras de transposição do São Francisco (definindo as regras que garantirão a resiliência econômica do sistema), e estimular o consumo consciente de água.

Faltou dizer que o maior consumidor de água (no Brasil e no mundo) é a agricultura. É também o setor que mais desperdiça esse precioso recurso. Mas abordaremos isso em uma outra oportunidade.

Mais de 3 mil cristãos mortos em 2018!



S. Estêvão, o Primeiro Mártir:  mais de 3 mil cristãos mortos em 2018  

Ao ler nos Atos dos Apóstolos a história do martírio de Santo Estêvão festejado hoje, 26 de dezembro, como o Primeiro Mártir, o que impressiona não é apenas a brutalidade da lapidação, mas o contraste com a sua mansidão. As suas últimas palavras são um pedido de perdão para seus assassinos: “Senhor, não os considere culpados deste pecado”. Palavras que ressoam nos séculos, marcando o coração de muitos cristãos mártires mortos pela fé. Hoje há mais mártires do que nos primeiros séculos, disse Papa Francisco várias vezes ao recordar também recentemente, em uma Missa na Casa Santa Marta, os coptas degolados na praia da Líbia, que morreram dizendo “Jesus, Jesus!”, com o consolo no coração.

“Ajuda à Igreja que Sofre”: as mulheres são mais perseguidas

Cerca de um mês atrás, a Fundação de Direito Pontifício “Ajuda à Igreja que Sofre” publicou seu Relatório anual. No mundo, há 300 milhões de cristãos perseguidos e 38 países nos quais são discriminados. Muitos destes cristãos perdem a vida por razão da sua fé. A porta-voz da Fundação Marta Petrosillo comenta o relatório ao Vatican News.

R. – O ano de 2018 confirma esta dramática tendência. É muito difícil fazer estimativas exatas, mas podemos citar muitos episódios e também muitas perdas. Recordo por exemplo dos cinco sacerdotes mortos na República Centro-Africana em quatro ataques diversos, ou nos sete sacerdotes mortos no México. Na Nigéria houve um atentado dentro de uma igreja no mês de abril, na ocasião morreram outros dois sacerdotes. Só na Nigéria, nos primeiros cinco meses de 2018 quase 500 cristãos foram mortos em ataques por parte dos islamitas Fulani. Podemos recordar também o recente atentado no Egito de 2 de novembro no qual morreram 11 cristãos que estavam indo ao santuário próximo de Minya. Portanto, todas estas mortes confirmam que o drama da perseguição contra os cristãos continua.

Geralmente onde são perseguidas as minorias cristãs e não só estas, as mulheres e as meninas são as que mais sofrem. Como foi este ano?

R.- Infelizmente este ano confirma os anteriores. Podemos dizer que a situação é a mesma. As mulheres cristãs em muitos contextos são duplamente agredidas. Temos sequestros, estupros e casamentos forçados em vários países. Um caso emblemático é o do Paquistão, onde todos os anos muitas jovens – são sequestradas, violentadas e obrigadas a se casarem com seus estupradores. Um dos últimos casos ocorreu alguns meses atrás a uma criança de apenas doze anos. Uma situação semelhante foi registrada também no Egito, onde há casos de mulheres sequestradas, convertidas e obrigadas a se casarem com os agressores. Enfim ser mulher e ser cristã em muitos países do mundo significa vulnerabilidade dupla. Isso vale também, obviamente, para as crianças.

Vocês recebem testemunhos de cristãos de todo o mundo. Durante este ano houve situações em que os agressores ficaram impressionados pelo testemunho dos cristãos ou histórias emblemáticas de perdão?

R. Certamente em muitos países, onde há situações dramáticas, a ação da Igreja foi fundamental para promover uma aproximação dos que não confiavam nas comunidades cristãs. Uma irmã que trabalha na Líbia com refugiados cristãos provenientes da Síria nos contou que um senhor muçulmano, que era muito hostil para com as comunidades cristãs, começou até mesmo a ajudá-la. Os que são perseguidos contam muitas histórias de perdão. Em fevereiro deste ano, durante um evento da nossa Fundação no Coliseu recebemos Rebecca Bitrus, que foi sequestrada e violentada por homens do grupo Boko Haram na Nigéria. Ela teve um filho de um dos seus agressores e nos disse várias vezes que no seu coração não há ódio e que perdoou os homens que a tinham agredido.


Por VaticanNews