27 maio, 2010

A Igreja a onde estava?

Depois de ler e ouvir manifestações de solidariedade por lideranças da Igreja ao Padre Silvio Andrei após o exagero na divulgação dos fatos e a forma como os policiais agiram, veio à mente a pergunta: A Igreja a onde estava?

Quantas mulheres e homens, sendo na maioria pessoas pobres, humildes e simples tem seus direitos humanos desrespeitados. Quantas dessas pessoas sofrem abusos e maldades no meio de quem deveria praticar a justiça e zelar pela dignidade humana. Quantas dessas pessoas já passaram e passa pela mesma situação de padre Silvio Andrei. E aí vem a pergunta, “a Igreja a onde estava?”.

No final de semana celebrando Pentecostes, ouvimos a afirmação que a Igreja é o corpo de Cristo e o templo do Espírito Santo. A bíblia nos revela a vida publica de Cristo, sempre envolvido e comprometido na defesa da pessoa humana, de forma toda especial na defesa dos pobres; dos que tinham seus direitos desrespeitados; sofriam humilhação; eram desprezados. Afirmo que da mesma forma como Cristo amava seus apóstolos também amava o povo. Sua presença amiga no meio e em defesa do povo e sua entrega total na cruz da autenticidade na minha afirmação.

A forma como a Igreja esta agindo no caso do padre Silvio Andrei nos leva a não ter duvida, Igreja é o corpo de Cristo e o templo do Espírito Santo. É presença amiga de Cristo. A atitude da Igreja levará o padre encontrar sentido da vida; a ganhar força para continuar sem deixar de assumir o que fez; a redescobrir a amizade e o valor da solidariedade. A injustiça praticada tende a dar lugar à justiça tão cobrada neste caso.

Como é bonito ver a Igreja humildemente sendo capaz de sentir e enxergar o sofrimento, a dor de uma pessoa humana. De perceber o abuso do poder; as violações da lei e da justiça nas prisões; o desrespeito aos direitos humanos; a violência e a falta de ética e a utilização errada da liberdade de comunicação e expressão pela maioria dos meios de comunicação.

Que bom que a Igreja não se calou e como se faz necessário que ela não se cale. Muitas mulheres e homens que já tiveram seus direitos desrespeitados; humilhados tão quanto o padre Silvio Andrei e diante das manifestações publicas dos bispos em relação ao caso do padre hoje se perguntam: quando aconteceu comigo “a Igreja a onde estava?” Porque não me deu a mão? Porque não pronunciou publicamente em defesa dos direitos humanos? Porque... ? .

A Igreja precisa ter o rosto de seu povo; precisa sentir a dor do povo e ser solidária. A Igreja precisa estender a mão sem olhar a quem.
Quando isso acontecer de fato à pergunta “a Igreja a onde estava?” não fará mais sentido a não ser para quem quer prejudicar a Igreja, por que para quem estava caído, sozinho e sem rumo; tratado como marginal, como trapo humano dirá que a Igreja estava ao seu lado, dando sentido à sua vida, lutando contra as injustiças. A Igreja tem que olhar, acolher, defender, proteger e resgatar, porque a Igreja de Cristo é Mãe e esta nunca abandona.

Desafios da Igreja

No Terceiro Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), realizado de 17 a 21 de maio, na cidade de Montes Claros (MG), com a contribuição do teólogo Benedito Ferraro, foi pensada a atuação da Igreja Católica tendo como ponto de partida a importância histórica das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s). De acordo com o teólogo, o apoio da Igreja na luta e resistência da classe trabalhadora modificou a compreensão da fé.
A partir da teologia da libertação, o trabalho das CEB’s e as Pastorais Sociais envolveram a Igreja no enfrentamento dos problemas sociais: “O trabalho das CEB’s mudou a cara da Igreja no Brasil porque trouxe, para dentro dela, os problemas do povo”, afirmou. Segundo ele, o cenário atual é de um distanciamento, de parte da Igreja, dos problemas do povo brasileiro.
No debate em plenária, agentes e trabalhadores expressaram que a Igreja tem que se envolver mais com as comunidades rurais, comprometer-se com a transformação social e apoiar decididamente as lutas sociais, tanto no campo quanto na cidade. Esperam, ainda, seu envolvimento na Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra.