A missão ad extra entendida principalmente como saída geográfica do próprio ambiente, cultura e igreja de origem (C 9), constitui um critério importante, mas insuficiente para definir os contornos de um carisma e de um projeto missionário ad gentes. Hoje as fronteiras são múltiplas, são coloniais, são invisíveis, são excludentes e necessitam serem assumidas com urgência, ousadia e sem medo para que seja testemunhado e anunciado o Reino da Vida a todos. Impulsionada pela perspectiva da “Igreja em saída” do Papa Francisco, a missão é chamada a tomar iniciativa (EG 24), deixando a tranquilidade passiva dos templos e das sacristias (DAp 548), saindo da própria comodidade e tendo a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho (EG 20): “nada do humano pode lhe parecer estranho” (DAp 380).
Isso implica não apenas mudar de país, aprender uma língua e se inserir na vida de outro povo, mas ter a capacidade de olhar o humano a partir de dentro, perceber as alegrias e as tristezas, saber colher os anseios e as aflições, partilhar o cotidiano com espírito de serviço e de luta, tecer relações humanas de ternura e de amizade, habitar as fronteiras do mundo dos pobres: aprender, escutar, dialogar, trabalhar, viver e, sobretudo, alimentar a esperança. Muito mais que um movimento exterior, a missão ad extra é chamada a expressar um movimento interior, um jeito de ser e de viver, uma paixão intensa e incarnada pela humanidade, um impulso de gratuidade que não se contêm e que alcança a extensão dos confins da terra nas profundezas das periferias existenciais.