12 agosto, 2016

1ª Semana Maringaense de Capoeira


1ª Semana Maringaense de Capoeira


Em parceria com o Grupo Muzenza, que comemora 35 anos e celebra Encontro Nacional de Capoeira do Grupo Muzenza.

Começou ontem e vai até domingo a 1ª Semana Maringaense de Capoeira, uma parceria entre secretaria de Cultura e Grupo Muzenza.

O encontro, que vai até domingo, oferece diversas atrações gratuitas: rodas entre os grupos e demais participantes, exposições, cerimônia de batizado e troca de cordas, oficinas e palestras.

Programação

12/08/2016 (sexta-feira)
09h às 17h 
Exposição “A Capoeira em Maringá e no Brasil” - Associação Cultural Mandinga-ê 
Local: Praça Napoleão Moreira da Silva.
- 08h30 – Oficina de Capoeira Lúdica - Associação de Capoeira Centro Cultural Sucena
Local: Biblioteca Municipal Profª Tomires Moreira de Carvalho (Mandacaru)
- 14h – Oficina de Capoeira Lúdica – Associação de Capoeira Centro Cultural Sucena
Local: Biblioteca Municipal Profª Maria Aparecida da Cunha Soares (Palmeiras)
Fazendo parte da programação do Encontro Nacional de Capoeira do Grupo Muzenza 
- 19h – Palestra com o Mestre Carson Luiz Siega (Porto Alegre – RS) 
- 20h10 - Palestra com o Contramestre “Aranha”, Gean Carlos Gonçalves de Freitas (Curitiba – PR) 
- 21h15 - Roda aberta de Capoeira 
Local: Ginásio Valdir Pinheiro – Vila Olímpica.

13/08/2016 (sábado)
09h às 17h 
Exposição “A Capoeira em Maringá e no Brasil” - Associação Cultural Mandinga-ê 
Local: Praça Napoleão Moreira da Silva.
Fazendo parte da programação do Encontro Nacional de Capoeira do Grupo Muzenza 
- 10h – Roda aberta de Capoeira
Local: Praça Raposo Tavares
- 15h30 às 18h – Cerimônia de Batizado e Troca de Cordas / Encerramento do Encontro Nacional de Capoeira do Grupo Muzenza 
Local: Teatro Reviver.

14/08/2016 (domingo)
- 15h – Rodas de Capoeira. Grupos Participantes: Associação de Capoeira Centro Cultural Sucena, Associação Cultural Mandinga-ê, Grupo Cultural de Capoeira Brasileirinho, Grupo Muzenza Maringá e Nossa Ginga Maringá.
Local: Praça da Catedral

11 agosto, 2016

O amor entre Clara e Francisco de Assis

O amor entre Clara e Francisco de Assis
Há entre Francisco e Clara algo misterioso que conjuga Eros e Ágape, fascinação e transfiguração. Os relatos conservados da época falam dos encontros freqüentes entre eles. No entanto, “regulavam tais encontros de modo que aquela divina atração mútua pudesse passar despercebida aos olhos das pessoas, evitando boatos púbicos”.
Francisco (+1226) e Clara (+1253), ambos de Assis, são figuras das mais queridas da cristandade, das quais nos podemos realmente orgulhar. Os dois uniam três grandes paixões: pelo Cristo pobre e crucificado, pelos pobres, especialmente os hansenianos e um pelo outro. O amor por Cristo e pelos pobres não diminuía em nada o amor profundo que os unia, mostrando que entre pessoas que se consagram a Deus e ao serviço dos outros pode existir verdadeiro amor e relações de grande ternura. Há entre Francisco e Clara algo misterioso que conjuga Eros e Ágape, fascinação e transfiguração. Os relatos conservados da época falam dos encontros freqüentes entre eles. No entanto, “regulavam tais encontros de modo que aquela divina atração mútua pudesse passar despercebida aos olhos das pessoas, evitando boatos púbicos”.
Logicamente, numa pequeníssima cidade como Assis, todos sabiam tudo de todos. Assim também do amor entre Clara e Francisco. Uma legenda antiga refere-se a este diz-que-diz-que com terníssima candura:”Certa feita, Francisco havia ouvido alusões inconvenientes. Foi a Clara e disse-lhe: Comprendeste, irmã, o que o povo diz de nós? Clara não respondeu. Sentiu que seu coração começava a parar e que, se dissesse uma palavra mais, iria chorar. É tempo de separar-nos, disse Francisco. Então, tu vais à frente e, antes de vir a noite, terás chegado ao convento. Eu irei sozinho e te acompanharei e longe, conforme o Senhor me conduzir. Clara ajoelhou-se no meio do caminho. Pouco depois, recuperou-se, levantou-se e continuou a caminhar, sem olhar para trás. O caminho passava por um bosque. De repente, ela se sentiu sem forças, sem consolo e sem esperança, sem uma palavra de despedida antes de separar-se de Francisco. Aguardou um pouco. Pai, disse, quando nos veremos de novo? Quando o verão voltar, quando as rosas florescerem, respondeu Francisco. E então, naquele momento, algo maravilhoso aconteceu. Parecia que por sobre os campos cobertos de neve, tivesse chegado o verão e irrompessem milhares e milhares de flores. Depois de uma perplexidade inicial, Clara se apressou, colheu um ramalhete de flores e o entregou nas mãos de Francisco”. E a legenda termina dizendo:”Desde aquele momento em diante, Francisco e Clara nunca mais se separaram”.
Estamos diante da linguagem simbólica das lendas. Mas são elas que guardam o significado dos fatos primordiais do coração e do amor. “Francisco e Clara nunca mais se separaram”, quer dizer, souberam articular seu mútuo o amor com o amor a Cristo, aos pobres de tal forma que era um só e grande amor. Efetivamente jamais saíram um do coração do outro. Uma testemunha da canonização de Clara diz com grazie que Francisco para ela “parecia-lhe ouro de tal forma claro e lúcido que ela se via também toda clara e lúcida como se fosse num espelho”. Dá para expressar melhor a fusão de amor entre duas pessoas de excepcional grandeza de alma?
Em suas buscas e dúvidas ambos se consultavam e buscavam na oração um caminho. Um relato biográfico da época conta: “Certa feita, cansado, Francisco chega a uma fonte de águas cristalinas. Põe-se a olhar, por longos instantes, para estas águas claras. Depois, tornou a si e disse alegremente a seu amigo íntimo, Frei Leão: Frei Leão, ovelhinha de Deus, que pensas que vi nas águas claras da fonte? A lua, que se espelha lá dentro, respondeu Frei Leão. Não, irmão, não via lua, mas sim, o rosto claro de nossa irmã Clara, cheio de santa alegria, de sorte que todas as minhas tristezas desapareceram”.
Texto de Leonardo Boff

10 agosto, 2016

2º Encontro Ecumênico do Paraná


O 2º Encontro Ecumênico do Estado do Paraná está chegando!

O tema será o cuidado com a casa comum com foco no ecumenismo, tendo como assessora a Pastora Romi Márcia Bencke, do CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs e o Pastor Werner Fuchs, da IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

Movimentos Ecumênicos de todo estado do Paraná vão se reunir para orar e pensar juntos nossa responsabilidade enquanto cristãs e cristãos com a Criação! Não deixe de se inscrever!!!

Mais informações no site:
https://encontroecumenicoparana.wordpress.com

Dia Internacional dos Povos Indígenas e o Brasil das Olimpíadas

"O espetáculo global impera impávido, roendo o duro osso da crise. Do "impedimento” à Lava Jato, do futebol ao carnaval, das Olimpíadas aos milhões da corrupção sem fim. Mas é também o país de lutadores, de guerreiros, de gente que não abre mão do seu sonho de transformar esse país de uma minoria que acumulam privilégios em uma nação de justiça, solidariedade e paz."


"Neste dia em que prestamos nossa homenagem à luta e resistência secular dos povos originários, indígenas, lembramos de maneira especial os povos/grupos que vivem em situação de isolamento e ameaçados em sua sobrevivência, especialmente na região amazônica. No Brasil lembramos de maneira especial os povos submetidos a maiores violências como os Kaiowá Guarani do Mato Grosso do Sul, e os Tupinambá, no sul da Bahia. Que o Bem Viver desses povos nos ilumine e e estimule na luta por um Brasil melhor para todos", escreve Egon Heck, do secretariado nacional do Conselho Indigenista Missionário - CIMI, ao enviar o artigo que publicamos a seguir.

Eis o artigo.

Dia de muito ritual, reza, denúncia, clamor e protestos

"O Dia Internacional dos Povos Indígenas é uma data celebrada mundialmente no dia 09 de agosto e foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1995 para expressar o reconhecimento internacional em relação a esses povos, [...] Segundo dados da própria ONU, a população indígena no mundo está estimada em cerca de 370 milhões de pessoas, o que representa algo em torno de 5% da população mundial. No entanto, segundo a entidade, esses povos compõem cerca de um terço da população mais pobre do mundo e são expostos a uma série de problemas, que abrangem doenças, discriminação, perseguição, baixa expectativa de vida, ameaças territoriais e poucas garantias de verem cumpridos os seus direitos humanos.” (Rodolfo Pena).

Mobilizações pela vida e direitos


Uma vez mais os povos indígenas no Brasil estarão se mobilizando na luta por seus mais elementares direitos, negados e espezinhados por uma elite econômica e política inescrupulosa e racista. Dirão ao mundo que continuarão lutando pelos seus direitos constitucionais, impedindo qualquer retrocesso, como a PEC 215, o Marco Temporal, que figuram entre as inúmeras iniciativas anti indígenas em curso nos poderes Legislativo e Executivo.

Em Brasília aproximadamente duas centenas de indígenas vindos de várias regiões do país, estarão participando da Audiência Pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Nas diversas regiões do país os povos originários estão organizando atos de protesto e mobilizações pela garantia e respeito a seus direitos, especialmente às suas terras. Estarão também denunciado as violências que vem sofrendo, com frequentes assassinatos e prisões de lideranças, com a total impunidade dos assassinos, um alto índice de suicídios, pela desesperança, preconceito e racismo imperante. Se medalhas por violência contra os povos indígenas houvesse, o Mato Grosso do Sul seria agraciado com ouro.

O país do espetáculo


O espetáculo global impera impávido, roendo o duro osso da crise. Do "impedimento” à Lava Jato, do futebol ao carnaval, das Olimpíadas aos milhões da corrupção sem fim. Mas é também o país de lutadores, de guerreiros, de gente que não abre mão do seu sonho de transformar esse país de uma minoria que acumulam privilégios em uma nação de justiça, solidariedade e paz.

Quando inicia mais um Fórum Social Mundial, em Montreal, no Canadá, nos unimos aos lutadores e sonhadores do mundo inteiro para clamar: um outro mundo e Brasil, são possíveis necessários e urgentes.

*Por CIMI, Conselho Indigenista Missionário.

Fonte: http://site.adital.com.br

Lei Maria da Penha completa dez anos entre comemorações e preocupações


A delegada Camila Delcaro Fernandes conversava com a reportagem quando foi interrompida por uma funcionária da delegacia, localizada na zona leste de São Paulo. Ela informava que, na sala ao lado, havia uma mulher aos prantos. Maria Lúcia, uma dona de casa de 50 anos, estava desesperada porque, um dia antes, tinha ido ao Fórum e, sem entender direito, assinara um documento em que se comprometia a retirar a medida protetiva que mantém seu ex-companheiro violento longe dela. Em troca, segundo o acordo, ele voltaria a incluir o filho do casal no convênio médico que recebe da empresa, do qual o menino, com problemas de saúde, havia sido excluído. Só entendeu direito o documento quando já estava no ônibus a caminho de casa e o lia com calma.

- Se isso acontecer, ele vai me matar dentro da minha própria casa!, soluçava ela.

A reportagem é de Talita Bedinelli, publicada por El País, 07-08-2016.

Pouco mais de 16 quilômetros dali, no centro de São Paulo, sua xará Maria Márcia, uma técnica de enfermagem de 46 anos, deixava horas antes a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, após registrar mais uma queixa contra o companheiro. Acompanhada da filha adolescente, ela explicava que, dessa vez, o marido levou os habituais xingamentos de "puta" e "vadia" para um outro nível: agarrou seu pescoço e tentou sufocá-la. Dali, ela seguiria ao Instituto Médico Legal para atestar as marcas da agressão em seu corpo. Esperava assim que, desta vez, o juiz considerasse a violência física algo grave o suficiente para determinar a medida protetiva e manter o homem longe de sua casa.

- Da última vez que prestei queixa, por causa dos xingamentos, o juiz achou que não era o caso. Falei: o que precisa? Que ele me quebre toda para que se tome alguma providência?

Há dez anos, o 7 de agosto de 2006, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionava uma lei, inspirada em outra Maria, a da Penha, para proteger mulheres como as Marias com as quais a reportagem conversou na última sexta-feira em delegacias especializadas de São Paulo. No Brasil, o quinto país onde mais se matam mulheres no mundo -mais do que na Síria, que está em guerra e onde atua o Estado Islâmico -ainda morrem mais de 4.000 mulheres ao ano, um número que só aumenta, apesar da lei.

A primeira década da Lei Maria da Penha é de comemoração, avaliam as feministas. Mas, em um país machista que tem ganhado contornos mais conservadores a cada ano, também é preciso se preocupar, apontam elas. Dentre os aspectos positivos, destaca-se o fato de que foram criados novos atributos para a polícia e para a Justiça, como juizados especiais, e também a definição de que órgãos de diversas esferas tenham que se articular para criar ações e dar assistência às mulheres em situação de violência doméstica. A mudança na forma como as medidas protetivas passaram a ser dadas às mulheres é uma das vitórias, afirm a a delegada Fernandes. Antes, era necessário que um advogado as pedisse. Agora, tudo é feito diretamente pela mulher, na delegacia, e dada pelo juiz em um prazo de até 96 horas.

Esse aspecto, entretanto, está, no momento, no centro de uma polêmica. Um Projeto de Lei que tramita no Congresso quer que as medidas protetivas sejam dadas pelo próprio delegado de polícia, sem que ela seja autorizada antes pelo juiz, que deve confirmá-la em até 24 horas. Para os defensores da mudança, isso vai acelerar o processo para menos das 96 horas previstas. Para os críticos, é um risco alterar a lei para dar mais atribuições às delegacias, que atualmente já são sobrecarregadas e, muitas vezes, não prestam o serviço de acolhimento adequado. "Muitas delegacias fazem um bom trabalho, mas a maioria delas acaba mandando a pessoa para casa, coloca panos quentes na situação, pois acha que há crimes mais importantes para cuidar", afirma Leila Linhares, advogada e coordenadora da Cepia, uma organização que participou da elaboração da lei, há dez anos. "Um dos avanços da lei foi, justamente, fazer com que a mulher tivesse um melhor acesso ao judiciário", ressalta ela.

A falta de delegacias especializadas em número suficiente também é apontada por organizações feministas como uma falha na aplicação da lei. Em um país com 5.570 municípios, existem 502 delegacias de atendimento à mulher, a maioria concentrada nos grandes centros urbanos e com um horário de funcionamento pouco acessível -até as 18h e apenas nos dias de semana. São Paulo, por exemplo, apenas neste mês terá uma delegacia do tipo 24 horas e que abrirá aos finais de semana. Em tese, o Boletim de Ocorrência pode ser feito em qualquer delegacia, mas, na prática, isso nem sempre é possível. Maria Lúcia, que chorava na delegacia, foi ameaçada com um pedaço de pau pelo ex-marido na noite de um sábado. No domingo, foi ao distrito policial do bairro prestar queixa e acabou sendo orientada pelo delegado a procurar, no dia seguinte, uma delegacia especializada, pois seria "mais bem atendida", conta ela.

Melhorar a articulação entre os diversos setores que atendem a mulher vítima de violência também é uma necessidade, na opinião de organizações que trabalham com o assunto. Além disso, se espera que, nos próximos anos, o país invista mais em uma parte da legislação que foi mais esquecida: a prevenção à violência. "A lei tem sido aplicada mais na ótica do depois da violência, com ênfase na delegacia e no Judiciário", aponta Linhares. A delegada Fernades concorda. "Há um círculo da violência que a gente não consegue romper. A vítima, por dó companheiro ou por necessidade, acaba voltando. É preciso investir mais nessa parte psicológica, de empoderar a mulher e fortalecer a autoestima dela, desde a escola. É preciso ensinar desde cedo que ela precisa ser independente e não tem que aguentar um bêbado que bate nela dentro de casa."

Fonte: http://site.adital.com.br

08 agosto, 2016

Carta do Papa Francisco à Equipe de Refugiados das Olimpíadas 2016


Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, uma equipe composta unicamente por refugiados: cinco vêm do Sudão do Sul, dois da Síria, dois do Congo e um da Etiópia.
A reportagem é do sítio Il Sismografo, com informações do jornal Corriere della Sera, 05-08-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A equipe de refugiados das Olimpíadas do Rio entraram no Estádio do Maracanã antes do Brasil, dono da casa, na cerimônia que, no dia 5 de agosto, marcou o início das Olimpíadas do Rio.
Dez atletas, dois provenientes da Síria, dois de Congo, cinco do Sudão e um da Etiópia, todos refugiados. Quem anunciou a lista dos nomes, selecionados entre 43 candidatos para fazer parte da representação, foi o presidente do Comitê Olímpico, Thomas Bach.
"Esses refugiados não têm casa, não têm uma equipe nem uma bandeira ou um hino", disse. "Nós vamos oferecer a eles uma casa na Vila Olímpica, junto com todos os outros atletas do mundo. E, para eles, será tocado o hino olímpico, enquanto a bandeira das Olimpíadas vai ser erguida nos estádios para representá-los. Esse será um sinal de esperança para todos os refugiados do mundo e fará com que o planeta entenda ainda melhor o enorme porte da crise dos refugiados".
Eis a carta enviada pelo papa à equipe.
Cidade do Vaticano, 26 de julho de 2016
Aos Membros da Equipe Olímpica de Refugiados,
Queridos irmãos: Rami Anis, Yiech Pur Biel, James Nyang Chiengjiek, Yonas Kinde, Anjelina Nada Lohalit, Rose Nathike Lokonyen, Paulo Amotun Lokoro, Yusra Mardini, Popole Misenga e Yolande Bukasa Mabika.
Quero fazer chegar até vocês a minha saudação e o meu desejo de êxito nestas Olimpíadas. Que a coragem e a valentia que vocês trazem consigo possam expressar, através dos Jogos Olímpicos, um grito de fraternidade e de paz. Que, através de vocês, a humanidade compreenda que a paz é possível, que, com a paz, tudo se ganha; em troca, com a guerra, tudo se perde.
Desejo que o testemunho de vocês faça bem a todos nós. Rezo por vocês e, por favor, peço-lhes que o façam por mim.
Que Deus os abençoe.
Fraternalmente,
Francisco
Fonte: IHU

05 agosto, 2016

O Beato Romero é proposto para padroeiro da JMJ do Panamá


O Beato Romero é proposto para padroeiro da JMJ do Panamá
Bispos panamenhos que estão em Roma, para uma visita de cortesia ao Papa Francisco para agradecer-lhe a escolha do Panamá para a Jornada Mundial da Juventude 2019, propuseram o Beato Óscar A. Romero como padroeiro do encontro trienal católico. O arcebispo José Domingo Ulloa, do Panamá, declarou aos jornalistas no dia 03 de agosto que o Beato Romero é um modelo para os pastores, um pastor que esteve perto do seu povo e que deu sua vida pelos outros. “Creio que a figura de Romero sempre está presente como um modelo que todos devemos seguir como cristãos, sendo alguém que esteve perto dos outros, capaz de denunciar (a injustiça) e anunciar (o Evangelho)”, disse.
A reportagem é publicada por Super Martyrio, 04-08-2016. A tradução é de André Langer.

O cardeal panamenho José Luis Lacunza disse ao jornal do Vaticano que Romero é uma “referência espiritual” para o evento. “O central, neste momento, é dom Romero, que foi beatificado no ano passado”, disse o cardeal Lacunza. “Ele tinha uma linha pastoral em defesa dos mais necessitados e dos excluídos, assim como o Papa Francisco. Era um homem, um pastor, que na vida defendeu os direitos dos mais pobres e a liberdade de todas as pessoas, apesar da opressão de um governo militar e ditatorial. Creio que isto também dará voz aos problemas sociais que ainda persistem em alguns países da América Central”.
O bispo Manuel Ochogavia Barahona disse ao Catholic News Service que os centro-americanos “têm um grande carinho” pelo arcebispo salvadorenho e que segue sendo um símbolo de esperança para “todos os povos da América Latina”. Ochogavia disse que ele e seus bispos companheiros estavam participando de reuniões iniciais organizativas com o Pontifício Conselho para os Leigos e que os temas e os padroeiros do evento serão decididos pelo Papa Francisco “nos próximos meses”.
Apesar destas disposições, os panamenhos fizeram lobby pelo Beato Romero, apresentando sua proposta de fazer de Romero o padroeiro da JMJ 2019 em vários meios de comunicação. O arcebispo Ulloa disse à Rádio Vaticano que a escolha do Panamá para o evento foi um bálsamo para toda a América Central e a América Latina e que encomendava o sucesso do evento ao Beato Romero e à Santa Maria a Antiga, padroeira do Panamá.
Os bispos panamenhos apoiaram publicamente a causa da canonização de Romero. Em outubro de 2012, o arcebispo Ulloa fez a bênção de um busto de Romero na orla marítima do Panamá, um dos lugares que está sendo cogitado para acolher os eventos da JMJ. O cardeal Lacunza disse palavras convincentes em honra de Romero em San Salvador em março de 2015. O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, foi um dos presidentes latino-americanos que participou da beatificação no ano passado.
Por outro lado, a campanha por Romero pode fazer parte da estratégia regional para levar a JMJ ao istmo. O Panamá obteve o apoio de todos os bispos da América Central, ajudando-o a superar a Coreia do Sul pela honra de acolher o evento. Os outros governos centro-americanos também apoiaram a campanha do Panamá, com a promessa de que toda a região se beneficiaria da escolha do Panamá para o evento.
A escolha do Panamá foi anunciada pelo Papa Francisco no final da JMJ 2016 em Cracóvia, Polônia, no último final de semana. O Papa tradicionalmente participa do evento.
A Igreja panamenha programou uma entrevista coletiva para esta sexta-feira no aeroporto do Panamá quando os bispos retornam da sua viagem a Roma.
Fonte: IHU

Para Refletir

"Aprendi então, uma grande lição na vida que é, nós vamos descobrir e passar a valorizar as coisas, somente depois quando as perdemos."

Frase do texto "Uma vida em dois tempos", publicada no Jornal Liberdade, no. 17 da Paróquia Nossa Senhora da Liberdade - Arquidiocese de Maringá, onde Pe. Vito Slobojian descreve um pouco de sua vida.

03 agosto, 2016

Catadores de recicláveis farão a coleta seletiva nos jogos olímpicos


Catadores de recicláveis farão a coleta seletiva nos jogos olímpicos

Um grupo formado por 240 catadores será o responsável por coletar todos os resíduos recicláveis da Olimpíada do Rio. A iniciativa foi apelidada de “Reciclagem Inclusiva: Catadores nos Jogos Rio 2016” e é uma parceria que envolve o Ministério do Trabalho, o Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria Estadual do Ambiente e a iniciativa privada.

Os catadores inscritos no programa fazem parte das redes Movimento, Recicla Rio e da Federação das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis. De acordo com a organização, os trabalhadores serão remunerados durante a atuação no evento e todos os resíduos coletados serão destinados às cooperativas parceiras, gerando renda para as próprias associações selecionadas.

Os catadores trabalharão em três áreas específicas que receberão competições: Deodoro, Barra da Tijuca e Maracanã. Segundo os organizadores, a expectativa é de que os jogos gerem 3,5 mil toneladas de resíduos recicláveis e a proposta é conseguir coletar 100% desse material e destiná-lo à reciclagem.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os catadores atuarão em duas frentes: uma educativa, com ações de sensibilização do público, e outra mais operacional. Caberá aos trabalhadores a separação, o transporte e a organização dos resíduos em um centro de triagem, o Ecoponto Brasil, e sua destinação às cooperativas selecionadas.

Fonte: http://ciclovivo.com.br

Jesus e a mulher que não se cala e O faz repensar sua atitude!

Jesus e a mulher que não se cala e O faz repensar sua atitude!

No evangelho de hoje, Mt 15,21-28, percebe que a comunidade tinha atitudes discriminatórias de judeus para com estrangeiros e para com mulheres.

Vejam, Jesus se encontra com uma cananéia, considerada duplamente impura por ser mulher e por ser estrangeira.

Estranho ou estratégico, quem sabe, mas no primeiro momento Jesus ignora a dor e a súplica da mulher que pede cura a sua filha doente, Ele age de forma excludente de judeus, silencia.

Os discípulos que com certeza muito ainda tinham a aprender para uma mudança de mentalidade, propõem a expulsão da mulher. Triste não? Diante da atitude dos discípulos, inspiremo-nos a uma reflexão de nosso comportamento hoje com relação aos excluídas/os.

Jesus fala a mulher ainda de forma excludente: “Não fui enviado a não ser para as ovelhas perdidas de Israel. Não é conveniente tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorros.” (vv. 24.26).

Em Mt, 7,6, vemos que para muitos judeus, estrangeiras/os eram “cães” ou “porcos”, responsáveis por calamidades  para os filhos de Israel.

Vejam que interessante, a mulher não se cala, não aceita a discriminação que ela e a comunidade sofrem, leva Jesus a repensar sua atitude discriminatória e sabiamente utiliza os mesmos termos que Ele: “É verdade, Senhor, mas também os cachorros comem das migalhas que caem da mesa de seus donos!” (v. 27).

Jesus acolhe a correção feita pela mulher, sensibiliza com a causa, com certeza aconteceu um diálogo entre os dois. Lindo, Jesus reconhece que o “pão” é para todas e todos, para além de Israel.

O Evangelho motiva uma reflexão de nossas atitudes e convida a termos atitude nova de reciprocidade e receptividade para além da realidade em que estamos envolvidos.

Precisamos dar abertura de forma fraterna, um jeito novo de dialogar e acolher. É preciso fazer uma experiência social cristã onde haja respeito e envolvimento. Interagir de forma fraterna.

02 agosto, 2016

Papa institui Comissão sobre o Diaconato das mulheres


No último dia 12 de maio o Santo Padre, durante o encontro - realizado na forma de diálogo na Sala Paulo VI - com as participantes da Assembleia Plenária das Superioras Gerais, manifestou a sua intenção de “constituir uma comissão oficial que possa estudar a questão do Diaconato das mulheres”, “especialmente no que diz respeito aos primeiros tempos da Igreja”.

Depois de intensa oração e de uma amadurecida reflexão, Sua Santidade decidiu instituir a Comissão de Estudo sobre o Diaconato das mulheres, chamando a fazer parte:

Presidente:
Dom  Luis Francisco Ladaria Ferrer, S.I., Arcebispo tit. de Tibica, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé.

Membros:
Irmã Nuria Calduch‑Benages, M.H.S.F.N., Membro da Pontifícia Comissão Bíblica;
Profa. Francesca Cocchini, Docente na Universidade «La Sapienza» e no Instituto Patrístico «Augustinianum», Roma;
Mons. Piero Coda, Diretor do Instituto Universitário «Sophia», Loppiano, e Membro da Comissão Teológica Internacional;
Pe. Robert Dodaro, O.S.A., Diretor do Instituto Patrístico «Augustinianum», Roma, e Docente de patrologia;
Pe. Santiago Madrigal Terrazas, S.I., Docente de Eclesiologia na Pontifícia Universidade «Comillas», Madri;
Irmã Mary Melone, S.F.A., Reitora Magnifica da Pontifícia Universidade «Antonianum», Roma;
Pe. Karl‑Heinz Menke, Docente emérito de Teologia dogmática na Universidade de Bonn e Membro da Comissão Teológica Internacional;
Pe. Aimable Musoni, S.D.B., Docente de Eclesiologia na Pontifícia Universidade Salesiana, Roma;
Pe. Bernard Pottier, S.I., Docente no «Institut d'Etudes Théologiques», Bruxelas, e Membro da Comissão Teológica Internacional;
Profa. Marianne Schlosser, Docente de Teologia espiritual na Universidade de Viena e Membro da Comissão Teológica Internacional;
Profa. Michelina Tenace, Docente de Teologia fundamental na Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma;Profa. Phyllis Zagano, Docente na «Hofstra University», Hempstead, Nova Iorque.

Mais informações aqui

29 julho, 2016

Marta e Maria juntas revelam o ser cristão: – Marta o trabalho – Maria a oração (Lc 10, 38-42)

Marta e Maria juntas revelam o ser cristão:
– Marta o trabalho
– Maria a oração
No evangelho de hoje (Lc 10, 38-42) três personagens: Jesus, Marta e Maria.
Jesus se faz próximo. Próximo de duas mulheres. Entra, conversa, come junto com elas.
Marta a dona de casa, preocupa com o almoço para Jesus.
Maria aproveita para ficar junto a Jesus, seu carinho, suas palavras, torna-se discípula. (8,38; 10,39; At 22,3).
Esse texto apresenta uma Luz Nova, Jesus entra na casa de duas Mulheres e come com elas, por ser mulheres eram consideradas impuras.
Jesus rompe esse preconceito, essa visão distorcida e ao ler o texto percebemos confiança entre eles, tanto que Marta fica bem a vontade para fazer reclamações.
Penso que Marta e Maria juntas revelam o ser cristão.
Marta o trabalho, ela amava Jesus tanto quanto Maria O amava, más era preciso preparar algo para Jesus comer, diante desse fato, Marta dedica ao trabalho, servir.
Maria senta com Ele, curte Sua presença, O escuta, O contempla.
Para ser cristão é preciso ouvir, contemplar, sentir Jesus, manter uma intimidade linda com ele, oração e ao mesmo tempo, se colocar a serviço, trabalhar.

27 julho, 2016

“As pessoas estão adoecendo por consumirem produtos de prateleiras”, alerta pesquisadora

“A alimentação saudável não pode ser direito de uma única classe social. As pessoas estão adoecendo por consumirem produtos de prateleiras, por isso o acesso ao verdadeiro alimento deve ser garantido para todos e todas”. Esse foi o alerta dado pela pesquisadora da área alimentar, Patrícia Pinto, durante o painel ‘O alimento como direito, agrotóxico e saúde humana”.



A reportagem é de Catiana de Medeiros e publicada por Saúde Popular, 22-07-2016.
O evento foi realizado pelos setores de produção e saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),no Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, na cidade de Belo Horizonte (MG). As atividades, que acontecem na Serraria Souza Pinto e na Praça da Estação, tiveram início nesta quarta-feira (20) e vão até o próximo domingo (24).
Conforme Patrícia, que trabalha a memória gustativa com pequenos agricultores de todas as regiões do país, o tipo de comida que a população tem acesso influencia diretamente na boa saúde ou no surgimento de várias doenças. Segundo ela, os alimentos saudáveis estão cada vez mais distantes da mesa dos brasileiros, e essa realidade não surge apenas da invasão do agronegócio nas lavouras e nos espaços de comercialização.
“Os consumidores da cidade se identificam quando encontram arroz agroecológico, mas não conseguem tê-lo como parte de sua vida, porque esse alimento, que é limpo, praticamente sumiu das prateleiras. Isso também está relacionado aos cultivos saudáveis que os agricultores perderam com o passar das gerações”, disse.
O trabalho desenvolvido pela pesquisadora tem o intuito de, através da memória, conscientizar produtores e consumidores sobre a ligação existente entre saúde, produção e consumo. “As pessoas começam a despertar para a valorização daquilo que verdadeiramente é alimento, porque ele deixou de ser produzido ou, então, porque é produzido em pequena escala. É um diálogo sobre o saber do cultivo e do cozinhar com os povos do campo e da cidade”, completou.
Professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, do Rio de Janeiro, André Burigo também participou do painel, e comentou sobre o avanço nos últimos anos da agricultura capitalista e os impactos irreparáveis que ela pode causar ao planeta.
“É uma agricultura contra a natureza e a biodiversidade. A sua violência ataca o MST não apenas por ser um Movimento que luta pela democratização da terra, mas também por defender um novo modelo de produção contrário ao agronegócio. Este, por sua vez, joga veneno em cima das comunidades indígenas e quilombolas porque quer saquear e destruir os recursos naturais que elas preservam”, denunciou Burigo.
Ele ainda apresentou um estudo realizado entre 1990 a 2014 sobre a área plantada no Brasil. Neste período de 24 anos, a produção de commodities – soja, milho e cana-de-açúcar – aumentou de 28 milhões de hectares para mais de 55 milhões.
Já a produção dos alimentos – feijão, arroz e mandioca – passou de 11,4 milhões para 7,1 milhões de hectares cultivados. “Enquanto o agronegócio tomou áreas da agricultura camponesa e familiar, o Brasil aumentou sua população em 50 milhões nestes últimos anos. Isso explica a elevação dos preços dos alimentos no mercado e reflete na saúde da população”, complementou.
Alternativa
O projeto de Reforma Agrária Popular foi uma das alternativas apresentadas no painel para auxiliar na resistência e autonomia dos povos que buscam uma vida mais justa e saudável.
De acordo com Delwek Matheus, do setor de produção do MST/SP, o grande desafio do Movimento é concretizá-lo por meio da conscientização social e da mudança da matriz produtiva, mas indo além da produção de alimentos agroecológicos. “Essa mudança depende de um conjunto de relações econômicas, sociais e culturais. Compreende sair do modelo convencional, enfrentá-lo politicamente e derrotá-lo através da luta pela terra”, apontou.
Ele lembrou ainda que os brasileiros consomem em média 7,3 litros de veneno ao ano, e que a contaminação não ocorre somente através da ingestão de alimentos que estão nas prateleiras dos supermercados. “O desenvolvimento da monocultura, a exploração do trabalho e a degradação da natureza também geram prejuízos ao meio ambiente e à saúde”, argumentou.
Ceres Hadich, do MST/PR, acrescentou que o intuito da Reforma Agrária Popular também é chegar à soberania alimentar, garantindo mais qualidade de vida para a população do campo e da cidade. “É uma construção coletiva, que envolve a territorialização do Movimento e gera muitos impactos positivos, sendo capaz de tornar os homens mais livres e conscientes”, finalizou.
Foto: Elitiel Guedes.

26 julho, 2016

Hoje celebramos dia dos “AVÓS”

Hoje celebramos dia dos “AVÓS”
Que a benção e a ternura de nosso Deus cubram suas vidas!

“Aos avós que receberam a bênção de verem os netos, foi confiada a tarefa de transmitir a experiência de vida, a história da família e partilhar com simplicidade a sabedoria e a fé, que é a herança mais preciosa.”
Papa Francisco


Dom Jaime e o diaconato feminino


Hoje dom Jaime Luiz Coelho completaria 100 anos. Dom Jaime fica para a história como o maior nome da nossa jovem cidade de Maringá. E um novo fato histórico se torna público após pesquisa do padre Marcos Roberto: Dom Jaime, surpreendentemente, era a favor da instituição do diaconato feminino (algo que o papa Francisco levantou recentemente). Leia aqui 

http://maringa.odiario.com/maringa/2016/07/missa-na-catedral-de-maringa-lembra-100-anos-de-dom-jaime/2204479/

25 julho, 2016

Mais de 80% dos brasileiros apoiam fora Temer, segundo jornal

Mais de 80% dos brasileiros não desejam que o presidente em exercício, Michel Temer, ocupe definitivamente o cargo e estenda seu mandato provisório até 2018, disse hoje o diário digital Brasil 247.

Ao rebater os resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e cujos resultados foram distorcidos ao serem conhecidos, a publicação esclareceu que segundo a referida sondagem apenas 19% dos entrevistados se manifestaram a favor da continuidade do interino.

Na informação difundida pelo periódico Folha de São Paulo, tampouco se revela que 62% dos entrevistados apoiam a convocatória para novas eleições presidenciais antecipadas, acrescentou Brasil 247.

Recordou ainda que, curiosamente, antes do processo de impeachment da presidenta constitucional Dilma Rousseff, a Folha chegou a defender em um editorial a renúncia conjunta da mandatária e de Temer, propondo como saída novas eleições.

O que talvez contribuiu para que o jornal mudasse de postura foi o fato de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha subido em todas as simulações de voto realizadas, passando a liderar sozinho as intenções em qualquer cenário para um primeiro turno de votação, ressaltou.

Em um comentário difundido pela própria publicação digital, o responsável do Blog da Cidadania, Eduardo Guimarães, considerou por sua parte que a "ousadia do Datafolha ou do Grupo Folha - ou de ambos - provavelmente se deveu à percepção de que a aprovação do impeachment pelo Senado corre risco".

Do contrário, opinou, o instituto de pesquisa não cometeria uma fraude tão grosseira como divulgar a informação de que apenas três por cento quer novas eleições, entre outras falsidades.

Ao se referir para a não publicação de algumas questões contidas na amostragem, o editor executivo da Folha, Sérgio Dávila, alegou que é prerrogativa da redação escolher o que jornalisticamente resulta mais relevante no momento quando se decide publicar os resultados da pesquisa.

Em relação à dupla renúncia de Dilma e Temer não nos pareceu especialmente noticioso por repetir a tendência de uma avaliação anterior e pelas mudanças no atual cenário político, em que essa possibilidade já não é levada em conta, assinalou Dávila citado pelo próprio periódico digital.

*A notícia é da Prensa Latina(Agencia Informativa Latinoamericana) 

Fonte: http://site.adital.com.br

Especialistas desmentem números que anunciam rombo na previdência

“As pessoas não vão aceitar. Se elas tiverem acesso a essas informações, não podem aceitar isso”. A frase é da economista Denise Gentil, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A indignação que ela aposta que mobilizará a maioria da população brasileira é com a proposta de uma nova reforma da previdência, que o governo interino promete apresentar e aprovar no Congresso Nacional ainda este ano. As informações que alimentariam essa recusa são simplesmente a negação de tudo que você lê e ouve diariamente nos jornais: na pesquisa feita para sua tese de doutorado, Denise mostra, com dados oficiais, que o Brasil não tem nenhum rombo naprevidência social. Mais do que isso: anualmente, sobra (muito) dinheiro no sistema público que hoje garante aposentadorias e pensões a 32 milhões de trabalhadores. Até agora, o ‘otimismo’ da pesquisadora em relação a uma ‘grita’ da população tem razão de ser: segundo a pesquisa ‘Pulso Brasil’, realizada pelo Instituto Ipso em junho deste ano, nos 70% de desaprovação do governo Temer, a forma como o interino vem atuando em relação à reforma da previdência é o que tem a maior taxa de rejeição — 44%.
A reportagem é de Cátia Guimarães, publicada por EPSJV/Fiocruz, 22-07-2016.
O fato é que, como resposta à crise econômica, uma nova reforma da previdência vem sendo desenhada desde o ano passado. Ainda no governo da presidente Dilma Rousseff, foi criado o Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social, que produziu um relatório de diagnóstico mas não chegou a apresentar ou apreciar propostas. Após o afastamento temporário da presidente, o governo interino teve pressa: montou um novo Grupo de Trabalho, com a participação de quatro centrais sindicais — Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) —, além da Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para encaminhar o tema. Na primeira reunião, o governo interino apresentou o seu diagnóstico. Na segunda, as centrais entregaram propostas para aumentar as receitas da previdência. No dia 28 de junho, aconteceu o terceiro e último encontro. Nele, os ministros interinos encaminharam a substituição desse grupo por outro mais reduzido, agora com a presença de um representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que até então não vinha participando das negociações, um integrante do governo interino e um porta-voz dos trabalhadores (Dieese). Antecipando medidas de ‘economia’ que atingem diretamente a previdência, o governo interino emitiu, no dia 7 de julho, um Medida Provisória (nº 739/2016) que dificulta ainda mais o acesso ao auxílio-doença e à aposentadoria por invalidez. Entre as mudanças implementadas, está a interrupção automática do benefício no prazo de 120 dias, obrigando o segurado a requerer a prorrogação junto ao INSS, e a criação do Bônus Especial de Desempenho Institucional por Perícia Médica em Benefícios por Incapacidade, que significará um “incentivo” no valor de R$ 60 pago pelo governo aos médicos por cada perícia realizada além da “capacidade operacional ordinária”. Antecipando o resultado das perícias que ainda serão feitas, o governo já calcula que essas medidas gerarão uma economia de R$ 6,3 bilhões anuais, às custas da diminuição de benefícios dos trabalhadores.
A proposta oficial de reforma da previdência, no entanto, não tinha sido apresentada até o fechamento desta matéria. Mas isso é apenas um detalhe. Desde o seu programa antecipado de governo até as muitas declarações de Henrique Meirelles, ministro interino da fazenda, e do próprio Temer, não é segredo para ninguém que, entre outras coisas, o governo provisório quer instituir (e aumentar) a idade mínima para a aposentadoria e restringir as regras daprevidência rural. O argumento é que, em nome do ajuste fiscal, são necessárias medidas estruturais que reduzam os gastos do Estado. E a previdência aparece destacada como o maior deles, responsável por um rombo que, segundo previsões do governo interino, deve chegar a R$ 136 bilhões este ano. Esses números, no entanto, são desmentidos por pesquisadores e entidades que se dedicam ao tema.
Contas que não batem
Por mais que a matemática seja considerada uma ciência exata, quando o assunto é a situação da previdência no Brasil, há muito tempo que dois mais dois não têm dado quatro. Lidando com os mesmos dados primários, governos (o interino e o da presidente Dilma) e estudiosos chegam a resultados diametralmente opostos. Para se ter uma ideia, enquanto os economistas do governo provisório apontam em 2015 um déficit de R$ 85 bilhões, no mesmo ano as planilhas da Anfip anunciam um superávit de R$ 24 bilhões. E a comparação com os anos anteriores mostra que, em função do aumento do desemprego, que diminui a arrecadação, esse saldo positivo foi bem menor do que os R$ 53,9 bilhões que sobraram em 2014 e os R$ 76,2 bilhões de 2013, anos em que, do lado do Planalto, já se falava em déficit. “O governo faz um cálculo muito simplório. De um lado, ele pega uma das receitas, que é a contribuição ao INSS, dos trabalhadores, empregadores, autônomos, trabalhadores domésticos, que é o que a gente chama de contribuição previdenciária. Do outro, pega o total do gasto com os benefícios: pensão, aposentadoria, todos os auxílios — inclusive auxílio doença, auxílio-maternidade, auxílio-acidente — e diminui. Então, isso dá um déficit”, explica Denise Gentil.
A primeira vista, pode parecer um erro matemático. Isso porque a Constituição Federal estabelece, no artigo 194, que, junto com a saúde e a assistência social, a previdência é parte de um sistema de seguridade social que conta com um orçamento próprio. Esse orçamento, por sua vez, é alimentado por tributos criados especificamente para esse fim. Assim, diferente do que os governos fazem, na parcela de cima da conta da previdência — a receita — devem ser incluídas não apenas as contribuições previdenciárias mas também recursos provenientes da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL), Contribuição sobre o Financiamento da Seguridade Social (CSLL) e do PIS-Pasep. Para se ter uma ideia da diferença que esse ‘detalhe’ faz, contadas apenas as contribuições previdenciárias, a receita bruta da previdência em 2014 foi de R$ 349 bilhões para pagar um total de R$ 394 bilhões de benefícios. Essa conta, queDenise caracteriza como “simplista”, mostra um déficit de R$ 45 bilhões — ainda assim muito menor do que o anunciado pelo governo. Quando, no entanto, se considera a receita total, incluindo os mais de R$ 310 bilhões arrecadados da CSLLCofins e PIS-Pasep, esse orçamento pula para R$ 686 bilhões.
Talvez você esteja supondo que o dinheiro que sobrou no orçamento da seguridade social mas faltou no da previdência tenha sido usado nas outras duas áreas a que, constitucionalmente, ele se destina: saúde e assistência. Mas essa é uma meia verdade. A soma dos gastos federais com saúde, assistência e previdência totalizou, em 2014, R$ 632 bilhões. Como o orçamento da seguridade foi de R$ 686 bi, no final de todas as receitas e todas as despesas, ainda sobram R$ 54 bilhões. E como esse saldo se transforma em déficit? Com uma operação simples: antes de destinar o dinheiro para essas áreas, o governo desvia desse orçamento 20% do total arrecadado com as contribuições sociais, o que, em 2014, significou um ralo de R$ 60 bilhões.
Na prática, isso significa que o orçamento que a Constituição vinculou, governos e parlamentos vêm desvinculando todos os anos, desde 1994. Trata-se da Desvinculação de Receitas da União (DRU), um mecanismo aprovado e renovado no Congresso a cada quatro anos que autoriza os governos a usarem livremente parte da arrecadação de impostos e contribuições, sempre sob o argumento de que é preciso desengessar o orçamento para melhor administrar o pagamento da dívida pública. Ela acaba de ser mais uma vez prorrogada no Congresso, agora por um período mais longo (oito anos e não quatro) e com uma alíquota maior, de 30%. Segundo cálculos da Anfip, em 12 meses isso significará o desvio de cerca de R$ 120 bilhões arrecadados por meio de contribuições sociais, que deveriam alimentar o caixa da seguridade social. “Se a previdência é deficitária, o governo vai retirar 30% da onde? Como um sistema que está à beira de quebrar pode ceder 30% para outros fins que nem se precisa justificar?”, provoca Sara Graneman, professora da Escola de Serviço Social da UFRJ e pesquisadora do tema.
Por mais contraditório que seja, a DRU fornece o amparo legal para o cálculo dos governos, que contraria a garantia prevista na Constituição. Mas aqui é necessário cautela. Primeiro porque nem com a DRU o “rombo” chega perto do que os governos e jornais alardeiam. Segundo porque, mesmo com a DRU, o orçamento continuaria positivo se os governos não retirassem outra bolada do caixa da previdência e da seguridade por meio de isenções fiscais, ou seja, tributos que deixam de ser cobrados das empresas, como forma de ‘incentivo’. Agora mesmo em 2016, ano em que areforma da previdência vem sendo debatida como prioridade tanto pelo governo eleito afastado quanto pelo governo interino, a Lei Orçamentária Anual, enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso, prevê R$ 69 bilhões de renúncia apenas dos recursos da previdência, sem contar o conjunto das contribuições que financiam toda a seguridade social. A simples decisão de não abrir mão desses recursos faria com que a previdência fechasse as contas no azul. “Você diz que a previdência tem um déficit de R$ 85 bilhões mas renuncia ao equivalente a 3% do PIBde receita? E depois quer que a sociedade aceite uma reforma da previdência?”, questiona Denise Gentil. Isso sem contar a sonegação fiscal que, segundo cálculos do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, impediu que R$ 453 bilhões chegassem aos cofres públicos no ano passado. Em outras palavras: o déficit é produzido, não por fórmulas matemáticas, mas por opções políticas. “Ninguém discute neste país os mais de R$ 501 bilhões que foram bastos no ano passado com os juros da dívida. Ninguém discute os mais de R$ 200 bilhões que foram gastos só para segurar a taxa de câmbio. Mas discute-se o fato de que 70% dos benefícios da previdência são de até dois salários mínimos. É uma loucura!”, diz DeniseSara completa: “Não é a estrutura de financiamento nem a pirâmide etária que têm problemas. O problema é a retirada de recursos. Essa é a maior pedalada que o Brasil tem”.
Concepções que não batem
Denise é enfática em afirmar que “não faz sentido falar em déficit da previdência”. E, ao dizer isso, ela não está apenas repetindo que as contas do governo estão erradas. “Trata-se de um princípio filosófico”, explica, defendendo a concepção que orientou o capítulo de seguridade social da Constituição. “A ideia é nós termos um sistema de proteção social que abrange as pessoas na velhice, na adolescência, na infância…”, exemplifica, para justificar por que essas áreas, que atendem a necessidades sociais, têm que ser geridas pela demanda e não pela oferta de recursos disponíveis.
O grande salto da Constituição foi compreender que, como sistema voltado a garantir direitos, a seguridade deveria ser “financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta”. O envelhecimento da população e a mudança na pirâmide etária brasileira, por exemplo, que têm sido usados como um dos principais argumentos em defesa de uma nova reforma, já estavam previstos no princípio que regeu esse capítulo da Constituição. Essa é uma das razões para que se tenha um orçamento composto não só por contribuições dos próprios trabalhadores e seus empregadores, mas também por tributos pagos pelas empresas em geral. A idéia era exatamente garantir sustentabilidade mesmo quando a população de idosos, que usufrui da aposentadoria, superasse a população economicamente ativa, que contribui para ela. “A Constituição de 1988 foi um raio em céu azul. Porque a partir dali o que houve foi uma dilapidação dos princípios constitucionais, foi a ilegalidade sendo patrocinada pelo Estado para restringir direitos sociais”, lamentaDenise, que completa: “É uma disputa antiga e será eterna porque é uma disputa de classe”.
Problemas do envelhecimento?
De fato, embora não tenha apresentado uma proposta oficial, a medida mais alardeada na reforma da previdência prometida pelo governo interino é o estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria. O argumento: a população brasileira está envelhecendo e, em 2040, essa mudança da pirâmide vai tornar o sistema insustentável. “Acho um certo excesso de zelo. Os governos não conseguem prever a próxima crise e querem nos convencer do que vai acontecer em 2040?”, ironiza Sara Granemann.
O argumento da pressão demográfica também não é novo. O relatório elaborado pelo grupo técnico instituído pelo governo Dilma, que discutiu o tema até pouco antes do afastamento da presidente, informa que, em 2015, a expectativa de vida do brasileiro era de 75,4 anos e que, em 2042, esse tempo médio de vida subirá para 80,07 anos. “O aumento da longevidade da população demanda ações específicas para a sustentabilidade da seguridade social”, conclui o relatório. Sara ressalta que essa mudança etária deveria ser comemorada e não servir de pretexto para se retirar direitos da população. “O aumento da expectativa de vida é um feito da humanidade no século 20. Se elevar para todo mundo a aposentadoria para 65 anos, por exemplo, você terá pessoas se aposentando a menos de dez anos da morte”, alerta. Declarações mais recentes do Palácio do Planalto, no entanto, dão conta de um cenário ainda pior: matéria publicada no jornal O Globo no último dia 27 de junho afirma que o “governo Temer quer permitir aposentadoria só a partir dos 70 anos”. A notícia é que o projeto que está sendo elaborado proporia idade mínima de 65 anos para agora, ampliando para 70 daqui a 20 anos. “O cálculo é o quanto mais perto da morte o direito da aposentadoria deve chegar”, denuncia Sara.
Vilson Romero, presidente da Anfip, explica que a primeira desmistificação que precisa ser feita é exatamente em relação a essa expectativa de vida. E aqui o pulo do gato do discurso governamental está em divulgar apenas o cálculo da “média”. “Como estabelecer uma idade mínima para aposentadoria num país como o Brasil, onde no campo se morre aos 55 anos e no Rio Grande do Sul há quem viva até os 85, 90 anos?”, questiona, destacando a maioria dos brasileiros que vivem sob condições precárias de trabalho morre antes de fazer jus à aposentadoria.
Mas os especialistas ouvidos pela Poli alertam ainda para uma segunda desmistificação necessária nessa discussão. “Já existe idade mínima”, diz Sara. Além dos auxílios (doença, maternidade, entre outros), pensão por morte e benefícios acidentários e assistenciais, o Regime Geral da Previdência Social engloba três modalidades de aposentadoria: por invalidez, idade e tempo de contribuição. Por definição, não cabe restrição de idade para as aposentadorias concedidas a pessoas que, vitimadas por doenças ou acidente, tenham ficado impedidas de trabalhar. A aposentadoria por idade já estabelece o mínimo de 60 anos para mulheres e 65 para homens – nesse caso, o objetivo de uma nova reforma seria jogar a aposentadoria mais para frente. A modalidade por tempo de contribuição permite que o trabalhador se aposente em qualquer idade, desde que contribua durante 30 anos, se for mulher, ou 35 anos no caso dos homens. É nessa modalidade que poderia estar concentrado o contingente de trabalhadores que conseguem o benefício aos 55 anos – média que tem sido alardeada pelos governos como a idade em que os brasileiros se aposentam. A partir de uma medida aprovada no ano passado, o trabalhador tem a alternativa de se aposentar quando a soma do seu tempo de contribuição (30 ou 35) com a idade resultar em 85 ou 90 para mulheres e homens, respectivamente. A cada dois anos, acrescenta-se um ponto nesse resultado final, de modo que, em 2026, a soma tenha que dar 90 e 100.
Além disso, mais uma vez, os números desmentem o argumento: dos 32 milhões de benefícios garantidos pela previdência brasileira, apenas 5,4 milhões ou 16,6% estão nessa modalidade. O número é baixo por uma razão muito simples: com o alto grau de informalidade e instabilidade do mercado de trabalho brasileiro, são poucas as pessoas que conseguem ter vínculo empregatício que gere contribuição por 30 ou 35 anos seguidos. Isso significa que a maioria da população brasileira se aposenta com uma idade muito maior do que aquela que é divulgada pelos defensores da reforma previdenciária. Trata-se, mais uma vez, de uma ‘matemática’ particular: segundo Romero, mesmo não fazendo o menor sentido estabelecer idade para aposentadoria por invalidez ou pensão por morte, por exemplo, esses benefícios são contabilizados pelo governo no cálculo que produz a média de 55 anos.
Velhice e desenvolvimento
Mas de pouco vale a desmistificação desses números diante da afirmação repetida de que, com a mudança da pirâmide etária, o sistema da previdência vai entrar em colapso em algumas décadas. “Não vai acontecer nada disso”, garante Denise Gentil, completando: “O discurso demográfico do envelhecimento populacional é um discurso do mercado financeiro”. Como economista, seu argumento é que não se pode fazer previsões para o futuro sem levar em conta uma variável que as análises “catastrofistas” dos governos sempre ignoram: a produtividade. “Quando você vê as planilhas do ministério da previdência, todas as variáveis estão projetadas para o futuro: massa salarial, massa de benefícios, inflação, taxa de crescimento do PIB… Só não tem a produtividade”, descreve. E explica: “Se tivesse esse cálculo, ficaria claro que, no futuro, embora existindo em menor número, cada trabalhador vai produzir muito mais do que se produz hoje. E que, portanto, essa capacidade produtiva maior vai gerar produto e renda no montante suficiente para pagar os salários dos ativos e os benefícios dos inativos”.
Diante de “uma produção gigantesca”, diz, a preocupação deve ser garantir um mercado consumidor à altura. E é aqui que entram os aposentados. “O envelhecimento da população brasileira não vai ser problema, mas solução”. Desde que eles tenham a aposentadoria garantida, claro.
Aposentadoria no campo e salário mínimo
Outro ponto que tem sido apontado pelos ‘especialistas’ governamentais é a necessidade de se mudarem as regras da aposentadoria dos trabalhadores rurais. Hoje, a Constituição permite aos trabalhadores do campo se aposentarem cinco anos antes dos urbanos, sem exigência do tempo mínimo de contribuição, recebendo um salário mínimo. Segundo Denise Gentil, as discussões da reforma vinham cogitando não só igualar a idade de aposentadoria como condicioná-la à contribuição, ou seja, equiparar com os critérios da previdência urbana. “Como se você tivesse condições de comparar essas duas realidades, do trabalhador rural e urbano, neste país”, contesta.
De fato, considerado apenas o fluxo de caixa entre a receita e a despesa previdenciária, sem levar em conta os recursos da seguridade social como um todo, o subsistema de previdência rural apresenta um déficit que, em 2015, foi de R$ 90,0 bilhões. Romero explica que, de um lado, esse desequilíbrio expressa o impacto de uma medida muito positiva para os trabalhadores: a valorização do salário mínimo na última década que, “obviamente deu uma valorizada muito grande no benefício rural”. Mas o problema, na sua avaliação, está na falta de contribuição de um setor central da economia no campo: o agronegócio. Hoje, as empresas desse ramo são isentas de contribuição previdenciária sobre o que é exportado e pagam uma alíquota de 2,6% sobre a receita bruta da comercialização interna. Como regra geral, os outros setores pagam 20% sobre a folha de pagamento. “Isso tem sido contestado pela CNA [Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil], pelo ministério da agricultura, mas eu acho que é chegada a hora de o agronegócio, que tem sido tão incentivado, ser incentivado também a contribuir um pouco mais para o equilíbrio das contas da previdência rural”, analisa Romero. Essa foi uma das dez propostas formalmente entregues pelas centrais sindicais que compuseram o GT ao governo interino.
Mas já há reação. Matéria do jornal O Estado de São Paulo no dia 23 de junho informa que uma das “alternativas” consideradas pelo governo interino na proposta de nova reforma da previdência é cobrar a contribuição do INSS das empresas do agronegócio. Na reportagem, no entanto, Roberto Brant, ex-ministro do governo Fernando Henrique, atual consultor da CNA e coordenador do programa de Michel Temer para a área — tendo sido o principal cotado para o ministério da previdência, caso ele não tivesse sido extinto — classificou essa medida como “nonsense”, argumentando que a reforma precisa priorizar a redução das despesas e não o aumento de receita.
E não foi só sobre a previdência rural que a valorização do salário mínimo destacada por Romero teve impacto. Por isso mesmo, uma das medidas que vem sendo anunciada desde o programa antecipado do governo interino é impedir que os benefícios previdenciários e assistenciais continuem tendo reajustes que acompanhem o salário mínimo. Num texto que, entre outras coisas, ignora o sistema de financiamento da seguridade social, que garante um caixa próprio, o programa do PMDB defende: “É indispensável que se elimine a indexação de qualquer benefício do valor do salário mínimo. (…) Os benefícios previdenciários dependem das finanças públicas e não devem ter ganhos reais atrelados ao crescimento do PIB”. Para Sara Granemann, inclusive, essa é a diferença substancial que se pode destacar entre as propostas que circulavam no governo Dilma e as que se cogitam agora, durante o governo interino. “Para Temer, há uma fúria de desvincular e criar um outro índice, sem dizer qual. Se Dilma voltar, talvez não faça isso”, arrisca, ressaltando, no entanto, que, embora nunca tenha aparecido como proposta, no governo petista o impacto dessa indexação sempre era apresentado como problema.
Para que tudo isso?
Para os especialistas ouvidos pela Poli, tudo isso aponta um claro processo de privatização e financeirização da previdência brasileira, que traz muitos riscos para os trabalhadores. Denise explica que o que se chama de previdência privada é, na verdade, o investimento num fundo que aplica no mercado financeiro o dinheiro pago pelos trabalhadores. “Não é previdência, é investimento, com custo alto e retorno baixíssimo”, denuncia Denise. Diferente da garantia que a previdência social oferece, aqui pode-se ganhar ou perder. O caso do Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, é exemplar. Neste exato momento, o fundo acumula um rombo de quase R$ 7 bilhões que, segundo análises publicadas na grande imprensa, se devem principalmente a perdas em investimentos de risco, por exemplo, em títulos de outros países e nas empresas de Eike Batista. Uma solução proposta foi aumentar em 23 anos a contribuição de todos, inclusive aqueles que já teriam direito ao benefício. Segundo matéria do jornal O Globo de março deste ano, isso significaria inclusive uma redução de 18% no contracheque dos já ‘aposentados’.
Segundo dados da Anfip, em fevereiro de 1997, o Brasil tinha 255 fundos de pensão que movimentavam R$ 72 bilhões; em dezembro de 2015, são 308 fundos com uma reserva de R$ 685 bilhões. Isso talvez explique por que, na avaliação de Denise, a proposta de reforma da previdência nada tenha a ver com fluxo de caixa: trata-se, na verdade, de um amplo acordo entre Estado e mercado financeiro, que envolve o pagamento dos juros da dívida pública e o fortalecimento dos fundos de pensão, que se tornaram um verdadeiro nicho de mercado para o grande capital. “Os governos começam a divulgar que a previdência está quebrada porque as pessoas vão se sentir inseguras em usar o serviço público e vão correr para o banco fechar um plano privado. Com esse discurso, o governo tem empurrado a população para o colo dos bancos”, explica Denise, que alerta: “Você tem que se perguntar a quem serve essa reforma”.
Fonte: IHU