03 fevereiro, 2016

Lições para viver o Ano da Misericórdia em família

Como ajudar os filhos a serem misericordiosos?

A pergunta acima pode passar pela cabeça de vários pais que querem aproveitar ao máximo esse tempo de graças proclamado pelo Papa Francisco, afinal, o Ano Santo da Misericórdia é um convite para todos os cristãos, de todas as idades. À procura de algumas respostas para essa questão, conversamos com um casal experiente, que tem muita riqueza para compartilhar sobre o tema.
Edson e Rosângela Pieralise são de Londrina/PR, são do Instituto de Famílias de Schoenstatt e pais do Gabriel (19), do Rafael (17) e da Beatriz (14). Por meio de exemplos bem práticos do seu dia a dia, eles dão várias ideias que ajudam a inserir os filhos na corrente de misericórdia que inspira e inquieta a Igreja.
Para viver bem, em família, este Ano Santo, o casal indica três pontos chave para reflexão, repletos de exemplos simples que podem ser adotados por muitos lares. Acompanhe:
1º Peregrinar, em família, às Portas Santas
Peregrinar, cruzar a Porta Santa da Misericórdia nada mais é do que o colocar-se no coração de Jesus, do Bom Deus. Podemos dizer que é encontrar-se com o olhar misericordioso de Deus que nos espera. É muito forte isso. Eu me deixo abraçar por Deus, deixo-me olhar por ele.
Certa vez eu (Edson) estava no Santuário rezando. Chegaram então várias crianças e a Irmã (de Maria) que as acompanhava começou a falar: “Aqui dentro chove, chove muito”. As crianças olharam para todos os lados, procurando onde estavam os buracos. “Mas, como Irmã?”. Ela respondeu: “Aqui chovem muitas graças e muitas bênçãos. Cada vez que vocês vêm ao Santuário, saem empapados, encharcados de graças”. Com essa história podemos dizer que cada vez que cruzamos a Porta Santa, ficamos empapados, encharcados com a misericórdia de Deus.
Algo que devemos notar é que há uma diferença muito grande entre um peregrino e um turista. A gente PEREGRINA à Porta Santa. Isso é muito bonito para mostrar aos nossos filhos que somos todos peregrinos, pois viver é peregrinar e peregrinar é viver. Para o peregrino, o percurso é importante, ele se deixa tocar, se deixa transformar, ele vivencia a jornada e não somente exteriormente, mas permite que ela lhe toque o coração.
É também importante perceber que ao atravessar a Porta Santa vamos aprendendo a sair de nós mesmos, pois rezamos pelo Papa, pelas intenções da Santa Igreja. Há ainda um incentivo para os sacramentos da Confissão e da Eucaristia, já que para receber a indulgência plenária é necessário passar por eles. Precisamos vivenciar tudo isso em família, não ele ou ela mais que o outro, mas todos juntos, incluindo os filhos.
2º O meu Santuário Lar e o meu Santuário Coração se tornem um oásis de misericórdia
Isso envolve se deixar tocar e transformar por Deus. Para ser misericordioso é preciso ter uma experiência de misericórdia.
Uma vez nós fizemos uma vivência de lava-pés em casa, algo que aprendemos com nossos irmãos de Curso. Foi celebrada uma Missa de Perdão entre nós, pai e filhos, no nosso Santuário Lar. Um sentava na cadeira e os outros lavavam seus pés, pedindo perdão por tudo que tinha feito, pelas coisas que o magoaram, muitas vezes sem perceber. Era bonito porque quem lavava os pés pedia perdão e quem sentava na cadeira perdoava, depois trocávamos de lugar. Outra coisa que fazemos juntos é perdoar um ao outro em toda Missa que participamos. No ato penitencial a gente pede perdão a Deus, mas também entre nós, seja pelo olhar ou por um toque de mão, sempre sabemos que ali vivenciamos o perdão.
Por que contamos tudo isso? Qual a importância do perdão no contexto da misericórdia? É que o perdão garante a manutenção da vida familiar, faz a nossa casa ficar sempre nova. Então para que o meu Santuário Lar e o meu Santuário Coração sejam um oásis de misericórdia é preciso passar pela experiência do perdão.
É importante ainda se atentar para as obras de misericórdia que o Papa nos fala. Por exemplo, o dar de comer. Nós moramos num prédio, então algumas vezes que fazemos nossas refeições, levamos um prato de comida para o porteiro. São os nossos filhos que levam e eles já sabem, não estão levando a comida somente para o porteiro, mas para Jesus. Sempre que eles ganham roupa nova, doam as mais velhas, eles mesmos doam. Os três também vão visitar a avó doente, cantam e rezam com ela; as obras de misericórdia estão muito perto, não é preciso buscar atitudes distantes. Uma vez nós estávamos passeando e passou uma ambulância perto de nós, aí meu filho, pequeno, falou: “Vamos rezar por essa pessoa”. Agora, toda vez que vemos uma ambulância, um motoqueiro caído ou um acidente, nós rezamos por essa pessoa. Isso foi se incorporando e nem nos demos conta de que são obras de misericórdia. Em casa nós temos uma caderneta de oração para as pessoas que pedem para rezarmos, ela fica no Santuário Lar e nós anotamos o nome do todos. É interessante que muitos atos de misericórdia são coisas que todos já fazemos, o que muda é que agora tomamos mais consciência e damos um sentido maior a isso.
Uma dica é aproveitar as coisas que temos no dia-a-dia para transformar nosso Santuário Lar e nosso Santuário Coração num oásis de misericórdia. Por exemplo, a música. Tem uma canção lindíssima que fala: “Todo o teu pecado, em toda a tua vida, é uma pequena gota que se derramou no mar da misericórdia infinita de Deus” (Misericórdia Infinita, Walmir Alencar). O filme e o musical ‘Os Miseráveis’ são muito bonitos também, porque mostram como a misericórdia é decisiva para o personagem principal, como transforma a vida dele. A gente pode também descobrir a misericórdia por meio de leituras, várias vezes partilhamos trechos da Bula do Ano Santo, Misericordiae Vultus, do Papa Francisco, e como ela há vários outros livros. É um incentivo para ler com os filhos, em família.
3º Ser imagem do Pai de Misericórdia para os filhos
Os pais são o primeiro rosto de Deus para os filhos. Este é um ano para nós nos questionarmos, como pais, se nossos filhos estão levando uma imagem boa de Deus Pai misericordioso. Nesse ano especial é tempo de pedir graças para curar as feridas do nosso coração para que eu possa ser um pai melhor, pois quanto mais filho eu for diante de Deus, melhor pai eu serei para os meus filhos.
Podemos dizer que é um ano de cura, para que o meu coração seja mais parecido com o Sagrado Coração de Jesus, um ano especial de graças para que a gente possa ver esse Deus da vida presente em nossa história, nos mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos da nossa vida. Que nesse ano nossos filhos possam ver em nós o rosto de Deus e que também levemos o desafio de olhar para trás, para nossa história e encontrar Deus nela, para assim curar nossas feridas e tentarmos ser pais e mães melhores.
(Texto enviado à ZENIT por Karen Bueno)

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