30 abril, 2009

Entrevista com Dom Anuar Battisti e padres Nelson Molina e Genivaldo Ubinge

Dom Anuar e os padres Nelso Molina e Genivaldo Ubinge em entrevista a este blog falam sobre a 20ª Romaria do Trabalhador e da Trabalhadora da Arquidiocese de Maringá que este ano traz como tema: “Justiça e paz no mundo do trabalho” e o lema “No trabalho, justiça e paz é a gente que faz”.
Segue a entrevista:
Dom Anuar, a grande maioria das dioceses realizam no dia do trabalho, 1º de maio, a Romaria do Trabalhador e da Trabalhadora. Qual a importância desta Romaria?
Para todos nós é uma oportunidade para criar maior consciencia do valor do trabalho e somar forças na busca e na defesa dos direitos de todos, trabalhadores e trabalhadoras. Dentro da caminhada de fé queremos manifestar a nossa solidariedade com todos os desempregados e desempregadas, descartados do processo pelo qual cada um tem o direito e o dever de ganhar o pão com o suor do próprio rosto. Por isso vamos caminhar juntos no dia do trabalho e em cada dia de nossa vida, sob a proteção de São Jose trabalhador e nos passos de Jesus o filho do carpinteiro, também trabalhador, Caminho, Verdade e Vida.

Pe. Molina, as paróquias Jesus Bom Pastor e Santo Cura D’Ars, ambas da cidade de Paiçandu, assumiram a realização da 20ª Romaria do Trabalhador e da Trabalhadora da Arquidiocese de Maringá. Qual a importância deste evento para a cidade?
Para as paróquias Jesus Bom Pastor e Santo Cura d’Ars de Paiçandu, a Romaria tem uma importância extraordinária porque abre suas portas para acolher os romeiros trabalhadores e trabalhadoras de toda a Arquidiocese de Maringá. Queremos como paróquias anfitriãs demonstrar o nosso carinho, nossa alegria e a nossa sensibilidade com o povo trabalhador. A nossa expectativa é muito grande porque envolvemos as pastorais e movimentos e outras organização da sociedade para demonstrar nosso compromisso com a classe trabalhadora.
Paiçandu é uma cidade operária, de pessoas vindas do interior da região sudoeste do Paraná, onde a maioria levanta muito cedo para ganhar o seu pão em Maringá e muitos enfrentam lotação, ciclovia e demais meios de transporte buscando garantir o seu sustento, mas é um povo que acredita na vida de comunidade e apostam na comunhão fraterna. Portanto é um povo sofrido, mas é uma Igreja viva que quer acolher os romeiros para celebrar junto o dia do trabalhador e trabalhadora. São José Operário intercedei pelos romeiros e trabalhadores.


Pe. Genivaldo, qual será a reflexão da 20ª Romaria do Trabalhador e da Trabalhadora, o horário e o local de acolhida?
Nossa reflexão nesta 20ª Romaria tem dois pontos principais, as inseguranças e apreensões dos trabalhadores e trabalhadoras, seus lamentos e reivindicações, num primeiro momento e os caminhos que o Jesus nos aponta de Justiça e Paz. A inspiração, como se vê, é a CF2009 e também a narrativa evangélica da multiplicação dos pães (Marcos 6,34-44). Esses pontos marcam as duas paradas da caminhada. Na primeira - 13h30 no centro de Eventos Av. Ivai, Paiçandu - Jesus desafias os discípulos a escutar e conhecer os lamentos e dores da multidão convida a ver na multidão, as pessoas, com suas histórias de sofrimento, cansaço e abatimento. Aqui parecem diversas situações de injustiças e, por conseguinte, inseguranças dos trabalhadores e trabalhadoras: pais e mães que se sentem inseguros de como estão seus filhos enquanto eles estão no trabalho, pois não há creche para todas as crianças e tem aquelas que estudam, mas ficam meio período expostas, é o lamento da falta de programas de contraturno; o lamento da mãe de detento que não consegue ver seu filho conseguir emprego, marcando pela passagem na detenção; o lamento da moradora que sente a falta de passarelas e demais infraenstruras na cidade; o lamento do agricultor que ressente falta de política de preço e crédito e à merce de empresas multinacionais, etc... São muitos. Mas na verdade têm uma raiz comum "a espoliação pelo lucro e ambição do capital", ou seja, a sociedade construída num sistema de egoísmo e competição, que prega a maximação do lucro em detrimento da pessoa. Inicia-se a caminhada, nela as pessoas são convidadas a descobrir os pães que elas têm as experiências de conquistas e condições de vida melhor que são frutos da organização e associação das pessoas. Serão os "cinco pães e dois peixes", que partilhados são multiplicados por Jesus para alimentar a vida e esperanças dos trabalhadores. Aqui se recolhe os pães que a pessoas trouxeram para a Romaria para a partilha. Tendo todos partilhado da vida e pão, caminhamos para a Escola Milton Santos e ali rezamos a Santa Missa presidida por D. Anuar.
Como se vê, partilhando nossas inseguranças e medos, intuindo sua raiz comum, descobriremos nossos dons e forças, a organização como caminho para paz e justiça no mundo de trabalho.

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