Quaresma é tempo de preparação para a Páscoa. Seu itinerário
fundamental, para todo cristão, é o da conversão do coração e da solidariedade
para com o próximo. A oração é o melhor meio para orientar cada um de nós a
viver sua vocação fundamental à santidade.
Segundo padre Luís Renato Carvalho de Oliveira, no Retiro
Quaresmal, “busca-se fazer uma experiência da presença amorosa de Deus na vida
cotidiana, experimentar como toda ela está habitada, envolvida e dinamizada
pelo amor de Deus. Dessa experiência, deverá brotar em nós, como resposta ao
amor de Deus, o desejo e a prática de um relacionamento pessoal e amoroso com
Ele em todos os momentos e situações de nossa vida”.
Ele também ressalta que as pessoas que conduzem com empenho
a experiência têm notado crescimento em sua vida de fé, de oração, na
convivência familiar e comunitária, no trabalho pastoral-evangelizador e no
desejo de aprofundar sempre mais sua intimidade com Deus.
A Campanha da Fraternidade é o modo com o qual a Igreja no
Brasil vivencia a Quaresma. Há mais de cinco décadas, ela anuncia a importância
de não se separar conversão e serviço à sociedade e ao planeta. A cada ano, um
tema é destacado, assim, a Campanha da Fraternidade já refletiu sobre
realidades muito próximas dos brasileiros: família, políticas públicas, saúde,
trabalho, educação, moradia e violência, entre outros enfoques.
Em 2020, a CF convida, por meio de seu texto-base, a olhar
de modo mais atento e detalhado para a vida. Com o tema “Fraternidade e Vida:
Dom e Compromisso” e lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34),
busca conscientizar, à luz da palavra de Deus, para o sentido da vida como dom
e compromisso que se traduzem em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na
família, na comunidade, na sociedade e no planeta, casa comum.
Elementos básicos para cada pessoa fazer o Retiro Quaresmal
2020 são:
Dedicar 30 minutos à oração pessoal diária e rever essa
oração durante alguns minutos.
Participar de um encontro semanal para partilha da oração,
orientações e entrega do material da próxima semana.
Clique abaixo e faça o download dos materiais do Retiro
Quaresmal 2020:
“Quaresma, entrar no deserto.” Este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta Quarta-feira de Cinzas (26/02), na Praça São Pedro. “Hoje, iniciamos o caminho quaresmal, caminho de quarenta dias em direção à Páscoa, rumo ao coração do ano litúrgico e da fé”, sublinhou Francisco. “É um caminho que segue o de Jesus, que no início de seu ministério se retirou por quarenta dias para rezar e jejuar, tentado pelo diabo, no deserto.” https://bit.ly/2ThxXxF
As mortes violentas por razões de Gênero nos coloca todos os
dias no “medo”.
Ser mulher é ser a luta! Ser mulher é saber que precisamos
encarar uma guerra por dia contra a discriminação e opressão que o machismo nos
oferece.
Temos o nosso corpo sexualizado a cada instante e isso não
pode e nem deve ser aceito, somos assediadas, mortas... Pelo fato de sermos
mulheres e vivermos em uma sociedade que ainda nos inferioriza. A cada 7
segundos, aproximadamente, uma mulher é vítima de violência física.
Somos tantas, somos livres e somos o que quisermos ser.
Talvez um dia teremos queda nos tristes números de
feminicídio e a sociedade perceberá que não cabe objetificação em um corpo
feminino que não nasceu para ser pautado pelo outro.
Enquanto isso não acontece, seguiremos carregando a nossa
própria cruz.
Ah... e se Jesus fosse mulher?! Seu coração aceita? Seus
olhos enxergam? Seu amor te limita?
“EU SOU DA ESTAÇÃO PRIMEIRA DE NAZARÉ, ROSTO NEGRO, SANGUE
ÍNDIO, CORPO DE MULHER’”
Texto Evelyn Bastos que interpretou Jesus Mulher no desfile
da Mangueira publicado no seu Instagram.
Do perfil particular do facebook de meu irmão em Cristo
Celso Pinto Carias.
Uma reflexão de sua amiga Tania Regina da Silva, que fala de doença, dor, sofrimento, e muita esperança.
Vale a pena ler. Transcrevo o texto abaixo:
Nossa! Quantos abraços recebi nas postagens cheias de
carinho e solidariedade de cada amigo/a. Isso é lindo! E é o que importa nesta
vida. São gestos que nos enche de força e coragem. Estou sendo acompanhada
pelos médicos que me ajudaram a ver quais os procedimentos a serem
seguidos(ainda não tenho o diagnóstico que comprove ser um câncer, graças a
Deus!). Entretanto, o que eu gostaria de ressaltar que o sofrimento faz parte
de nossa condição humana, mas o que não deve fazer parte é a indiferença, a
indiferença nos desumaniza. A solidariedade realizada como nos conta a Bíblia
no gesto do "bom samaritano " nos aproxima do Pai misericordioso
trazido por Jesus. Portanto, os nossos pequenos gestos podem transformar a vida
de quem nos aproximamos. Podemos ser parte de uma grande corrente do bem.
"E hoje, dia 21.02, quero continuar minha reflexão de
ontem, depois de ter passado por mais uma oncologista. E por outro lado, era
muito tarde quando resolvi escrever meus pensamentos formulados nessas idas e
voltas de ônibus para um médico e outro. Então, havia parado no convite a
"Corrente do bem ", aliás, é um título de um filme lindo sobre um
garotinho que quer mudar o mundo, vejam! E eu usava muito esse filme nas minhas
aulas com os jovens e adolescentes do colégio Teresiano. A vida da gente é um
vai e vem de certezas e incertezas, entretanto, a dor, o sofrimento, as
alegrias e as tristezas, as decepções e as vitórias, podem ser vividas de outra
maneira, sendo solícitos uns para com os outros. Quando nos sentimos partes e
responsáveis pelo todo. "O mar não está para peixe " , o Brasil nem
sem fala...entregue aos loucos/loucas. Mas podemos fazer diferente! E foi neste
sentindo que quis agradecer e agradeço muito pela corrente de anjos(humanos,
graças a Deus! Que venho encontrando pelo caminho desde 2011 quando descobri o
primeiro câncer). A vida segue nem sempre do jeitinho que planejamos, estou
neste turbilhão (mestrado que inicia no dia 02/03, o trabalho na escola, na
Igreja, no dia a dia... a chuva que quebrou meu telhado, a doença que aparece e
aí....) . Somos frágeis! Necessitamos uns dos outros, e quando falo de outros
me refiro a outra pessoa, a natureza, o planeta, o universo criado por Deus.
Podemos e devemos criar coisas novas, jeitos novos de vivenciar tudo que está a
nossa volta. Seja nas nossas relações familiares, na casa e no trabalho, na
realidade que nos cerca. Não precisamos querer tudo a ferro e fogo. Deus não
precisa de advogados/as mas de seguidores. 'De gente que goste de gente" e
que queira o mundo mudar. Por agora, um beijo no coração."
Há 54 dias, famílias seguem mobilizadas para impedir o despejo de três áreas no município de Cascavel.
Foto Eliana de Oliveira
Por Diangela Menegazzi Da Página do MST
Fotos: Maikeli Gomes e Eliana de Oliveira / MST e Diangela Menegazzi
Seu Nivaldo Alves é o primeiro a chegar todos os dias no espaço da Vigília Resistência Camponesa, em Cascavel, no Paraná. Ele chega cedo para cortar a lenha e acender o fogão caipira, onde mais tarde será preparado o almoço. Aos 59 anos, Nivaldo é trabalhador Sem Terra acampado e soma-se às mais de 800 pessoas ameaçadas de despejo das terras em que vivem e plantam, situadas na região Oeste do Estado.
Aos poucos, outras pessoas vão se juntando a Nivaldo, chegando à Vigília que começou na manhã de 28 de dezembro de 2019. Às 10 horas, o espaço de convivência, instalado às margens da BR-277, já está todo ocupado pelas famílias vigilantes, que chegaram a pé, de trator, ou em carros e motos vindas de acampamentos e assentamentos vizinhos. Elas estendem as faixas onde denunciam o motivo pelo qual estão ali, organizam e limpam o local para mais um dia de resistência.
Foto Diangela Menegazzi
As famílias querem o fim da violência e dos despejos no campo, para continuar o desenvolvimento de suas comunidades. E buscam o apoio do Estado para a efetivação da reforma agrária. Ao todo, são 211 famílias ameaçadas. Elas vivem há 20 anos nos acampamentos Resistência Camponesa, Dorcelina Folador e Primeiro de agosto, dentro do chamado Complexo Cajati.
Palavras de ordem e o hino do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do qual as famílias fazem parte, são entoados na primeira atividade do dia, chamada de “Formatura”. Este também é o momento no qual os representantes dos acampamentos e assentamentos vizinhos se mostram presentes, além de outras pessoas que chegam diariamente para dar apoio e prestar solidariedade ao movimento.
Na última semana, agricultores Sem Terras dos municípios do Sudoeste do Paraná participaram da Vigília. Segundo Airton Ferreira dos Santos, do acampamento Mãe dos Pobres, de Clevelândia, a presença demonstra a cumplicidade entre os acampados de todas as regiões e também a resolução em levar a experiência àquela região, se necessário. Lá, também há ameaça de despejo. “Quem tá na peleia, tem que ficar ativo”, afirma. Anteriormente, uma caravana do Norte do Estado esteve em Cascavel para apoiar e conhecer a experiência de luta.
Foto Maikeli Gomes
Organizados, sete grupos se revezam para preparar o almoço, feito com alimentos frescos. Quiabo, feijão, arroz, milho verde, abobrinha, carnes e saladas diversas fazem parte do cardápio. Os alimentos são produzidos e doados pelas próprias famílias acampadas. Aos sábados e domingos, militantes já assentados na região e outros visitantes também contribuem na tarefa da cozinha.
Enquanto o almoço é feito, as crianças menores correm e brincam pelo espaço. As já em idade escolar, chegam e partem do local da Vigília até o assentamento vizinho Valmir Mota. Lá, funcionam duas escolas do campo, uma municipal e outra estadual.
Nesse vai e vem das crianças, e em meio às tarefas dos adultos, cultivam-se momentos de prosa, regadas a chimarrão e tererê, bebidas com erva-mate típicas da região. Ali, os agricultores sem-terra compartilham experiências de colheita e plantio sem o uso de veneno, e falam de coisas triviais mescladas a clamores e preocupações com o futuro de suas comunidades.
Foto Diangela Menegazzi
Luiza Fagundes, 44 anos, e Odair Padilha de Lima, 34 anos, ambos do acampamento Resistência Camponesa, comercializam em Cascavel o que produzem em suas roças. São pelo menos 200 quilos de alimentos vendidos semanalmente em bairros da cidade. Nas rodas de conversa, os dois agricultores repassam conhecimento, ao mesmo tempo em que estão atentos à política que afeta suas vidas. “Se nós não unirmos forças, não conseguiremos chegar lá [conquistar a posse das terras] e tocar a vida pra frente”, diz Luiza.
Os alimentos produzidos pelas famílias também ficam expostos na Vigília, para serem vendidos às pessoas de fora. Nesta época, há feijão novo colhido pelos acampados, de cores e tamanhos tão diversos que deixaria impressionada qualquer pessoa, como eu, acostumada a comprar somente o feijão preto ou carioca no mercado.
Foto Eliana de Oliveira
Nos fins de semana, a Vigília fica ainda mais animada, pois recebe mais amigos vindos do meio urbano de Cascavel, além de pessoas de outros municípios e estados brasileiros. Lideranças religiosas, políticas e de outros movimentos sociais são presenças frequentes no local. No domingo, a Vigília também tem recebido celebrações religiosas.
Neste último, dia 16, o Bispo Naudal Alves Gomes, da Diocese Anglicana de Curitiba, celebrou missa em solidariedade às famílias. “Pedimos ao nosso governador Ratinho, e a todas as autoridades, que cessem os despejos e reintegrações de posse, para que os nossos companheiros continuem produzindo e vivendo com dignidade e trazendo alimento para a mesa das famílias brasileiras”, ponderou Naudal ao fim da celebração.
O encerramento das atividades da Vigília é feito pontualmente às 15 horas. Uma pessoa é escolhida para falar em nome dos presentes. A manifestação é gravada e compartilhada posteriormente nas redes sociais. Em todas as mensagens, ecoam as palavras de ordem “Ratinho Jr., basta de despejo!” (em referência do governador do Paraná, do PSD) e “Resistência Camponesa: por Terra, Vida e Dignidade”.
Segundo a coordenação do MST, a Vigília continuará por tempo indeterminado, até a solução do impasse.
O padre James Martin, o conhecido autor jesuíta e defensor dos católicos LGBTQ, postou um vídeo no YouTube intitulado “As cinco perguntas mais comuns sobre o ministério católico LGBT” [assista abaixo, em inglês], no qual explora as perguntas mais frequentes sobre os católicos LGBT que ele recebe em suas palestras, em seu ministério e em conversas pessoais.
A reportagem é de Brian William Kaufman, publicada por New Ways Ministry, 15-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As perguntas são:
1. Você está desafiando o ensino da Igreja sobre a homossexualidade?
2. O que você diz aos católicos LGBT que não se sentem acolhidos na Igreja?
3. Por que você não fala mais sobre castidade?
4. O que o Papa Francisco e você conversaram durante o seu encontro?
5. Quais são os próximos passos para a pastoral LGBT na Igreja?
Os membros do New Ways Ministry provavelmente se lembrarão de que o Pe. Martin recebeu o Prêmio Bridge Building do New Ways Ministry em outubro de 2016. O prêmio “homenageia indivíduos que, por seus estudos, liderança ou testemunha, promoveram a discussão, a compreensão e a reconciliação entre as pessoas LGBT e a Igreja Católica”.
As principais conclusões das respostas do Pe. Martin a essas perguntas estão descritas abaixo.
Pergunta 1: Você está desafiando o ensino da Igreja sobre a homossexualidade?
O Pe. Martin responde “não” a essa pergunta. Ele ressalta que o ensino da Igreja sobre a homossexualidade é mais nuançado e amplo do que as poucas linhas sobre a expressão sexual que muitas vezes são pinçadas do Catecismo. Ele enfatiza que, no centro da nossa fé católica, está o ensino da Igreja sobre “Jesus e sua mensagem de amor, misericórdia e compaixão. E eu também não estou desafiando esses ensinamentos”, responde ele. Esse ensino precisa ser aplicado ao modo como as pessoas tratam as pessoas LGBT na Igreja.
Pergunta 2: O que você diz aos católicos LGBT que não se sentem acolhidos na Igreja?
O Pe. Martin reconhece o sofrimento pessoal e espiritual e a dor sentida pelos católicos LGBT devido às atitudes excludentes encarnadas por várias lideranças da Igreja. A sua breve recapitulação da resposta de um pároco à revelação de uma paroquiana de que ela era lésbica demonstra esse espírito pouco acolhedor em relação aos católicos LGBT. O pároco disse a ela:
“Eu rezei durante todo o meu sacerdócio para que eu nunca conhecesse uma pessoa gay”.
Embora exista essa perspectiva homofóbica, o Pe. Martin lembra aos católicos LGBT que “eles fazem parte da Igreja tanto quanto o papa, o seu bispo local ou eu”, por causa do sacramento do batismo. O Pe. Martin também encoraja os católicos LGBT a procurarem uma comunidade paroquial acolhedora e a não deixarem que as autoridades eclesiásticas os afastem da Igreja da qual fazem parte.
Pergunta 3: Por que você não fala mais sobre castidade?
O Pe. Martin comenta que, de fato, ele discute a castidade em quase todas as palestras. Ele revela que está “vivendo a castidade” mediante seus votos jesuítas há mais de 30 anos. O Pe. Martin também menciona que quase todos os católicos, incluindo os católicos LGBT, estão familiarizados com os ensinamentos da Igreja sobre celibato e castidade no que se refere à homossexualidade. Ao responder a essa pergunta, o Pe. Martin descreve seu foco em outras áreas da pastoral que ele considera negligenciadas, como “o modo de convidar as pessoas LGBT a se verem amadas por Deus, o modo de mostrar respeito e acolhida às pessoas LGBT nas paróquias e escolas católicas, o modo de combater a alta incidência de suicídio entre jovens LGBT, e assim por diante”.
Pergunta 4: O que o Papa Francisco e você conversaram durante o seu encontro?
Em 2019, o Pe. Martin foi convidado a falar com o Papa Francisco em particular, após um encontro prévio do Dicastério para a Comunicaçãodo Vaticano, no qual o padre jesuíta atua. Durante o encontro, o Papa Francisco pediu que o Pe. Martin não compartilhasse com a mídia os detalhes de sua conversa, para que ele e o Papa Francisco pudessem falar livremente. No entanto, o Papa Francisco permitiu que o Pe.Martin compartilhasse a sua conversa com indivíduos e grupos.
Durante a conversa, o Papa Francisco e o Pe. Martin falaram sobre as pessoas LGBT em todo o mundo. As reflexões do Pe.Martin mostram poderosamente o impacto desse significativo encontro:
“Eu me senti inspirado, consolado e, acima de tudo, encorajado a continuar esse ministério em paz. É difícil expressar o quanto eu sou grato por aqueles 30 minutos.”
Pergunta 5: Quais são os próximos passos para a pastoral LGBT na Igreja?
O Pe. Martin revela vários pontos de ação para a pastoral LGBT na Igreja:
1) trabalhar pela descriminalização das relações entre pessoas do mesmo sexo em 70 Estados-nação e pela abolição da pena de morte em seis países pelo envolvimento em relações entre pessoas do mesmo sexo;
2) enfrentar o problema generalizado do bullying, assédio e preconceito anti-LGBT, a fim de evitar as trágicas consequências do suicídio;
3) parar de demitir pessoas LGBT casadas que trabalham em instituições católicas. As demissões são um exemplo de uma Igreja que discrimina as pessoas LGBT. Ele enfatiza que, se os empregadores católicos demitirem seus funcionários LGBT por não seguirem os ensinamentos da Igreja, eles também serão obrigados a demitir outros grupos de católicos que não aderem estritamente ao ensino da Igreja em outras áreas de suas vidas.
O ministério LGBT do Pe. Martin fornece um marco teológico através da qual podemos trabalhar para criar um ambiente harmonioso, inclusivo e amoroso para as pessoas LGBTQ, combater a homofobia, a transfobia e o fanatismo em todas as suas formas.
Podemos optar por nos fixar em algumas poucas linhas do Catecismo ou podemos ouvir os obstáculos que frustram a participação plena das pessoas LGBT em suas comunidades religiosas. E podemos celebrar que os professores, os educadores e os ministros leigos LGBT trazem valiosos dons, talentos e sabedoria para as suas escolas, estudantes, colegas e irmãos paroquianos, em vez de ficarmos obcecados sobre as pessoas com quem eles decidem se casar em uma cerimônia civil.
Por fim, podemos nos esforçar para responder à obra interna de Deus nas nossas vidas e nos nossos corações, ouvindo e abraçando as pessoas LGBT, como sugere o Pe. Martin. Em muitas comunidades espirituais, esse trabalho e ministério já começaram, e é um passo incrível rumo a um abraço mais pleno em nossos irmãos e irmãs LGBT.
“Ele também denuncia
a falta de destaque feminino: "Para dizer a verdade, não sei como explicar
isso aos fiéis. Eu sinceramente esperava mais progresso nessa questão, porque é
uma questão de justiça de gênero".”
Erwin
Kräutler: "Não podemos colocar a questão do celibato acima da celebração
da Eucaristia!"
Participante
central do Sínodo para a Amazônia em Roma, bem como do REPAM no Brasil, o
prelado missionário confessou sua "perplexidade" à falta de clareza
do "sonho eclesial" de Francisco em "Querida Amazônia"
Reconhecendo
que continua "sem entender por que essa medida não foi incluída na
exortação", o bispo lembrou que não se deve perder a esperança, pois
"a questão continuará sendo levantada, em particular pelos bispos que,
como eu, votaram para os viri probati "
Erwin
Kräutler, bispo emérito de Xingu, explicou sua visão da exortação pós-sinodal
em uma entrevista concedida ao catch.ch . Participante central do Sínodo da
Amazônia em Roma, bem como do REPAM no Brasil, o missionário conhece
perfeitamente as comunidades indígenas e ficou grato por o Papa Francisco as
ter tornado visíveis em 'Querida Amazônia'.
"Estou
extremamente satisfeito com ... três sonhos e meio!", Disse ele, referindo
elogios às seções do documento em que o papa descreve sonhos "sociais,
culturais e ecológicos" e sublinhando sua "perplexidade" ao
alcançar o "sonho eclesial".
"Senti
uma folga", confessa o bispo, que esperava que Francisco anunciasse a
aprovação do 'viri probati', a ordenação de padres casados .
O
bispo emérito de Xingu destacou que, enquanto nas demais seções do texto o
Pontífice se expressa enfaticamente, exigindo "proteger a floresta
amazônica" e usando os termos "injustiça e crime" para se
referir a operações econômicas que operam sem controle Na região amazônica, o sonho
eclesial precisa pousar na realidade.
Erwin
Kräutler diz, a esse respeito, que "muitas pessoas, inclusive eu, acharam
esta parte muito estranha porque realmente muda de estilo " , como se a
escrita papal tivesse sido intervida na parte mais controversa da exortação
apostólica. Aquele que atendeu às expectativas de renovação entre os
missionários da Amazônia.
Reconhecendo
que continua "sem entender por que essa medida não foi incluída na
exortação", o bispo lembrou que não se deve perder a esperança, pois
"a questão continuará sendo levantada, em particular pelos bispos que, como
eu, votaram para os viri probati ". "Afinal - ele continuou - não
esperávamos que o papa concordasse com isso imediatamente. Isso ocorre porque
também precisamos chegar a um acordo que seja aceito pela Igreja Católica em
todo o mundo".
Um erro estratégico
Da
mesma forma, ele definiu a negação do 'viri probati' como um "erro
estratégico", pois, na sua perspectiva, "a única maneira de resolver
o problema da falta de padres é tirar proveito das riquezas da Amazônia".
Nomeadamente, os leigos, as mulheres ... cujo papel não foi defendido em 'Dear
Amazonia', que não deu origem ao diaconato feminino.
"Senti
isso particularmente quando vi que nem o cardeal Claudio Hummes, que era
relator do Sínodo, nem o cardeal Pedro Barreto foram convidados a apresentar o
texto em Roma", lamenta o prelado, descrevendo que na Amazônia os leigos
substituem muitos comunidades remotas aos consagrados. "Mas permanece o
problema de que eles não podem presidir a Missa. Eles podem celebrar batismos.
Eles podem pregar. Eles podem liderar uma comunidade. Mas eles não podem
administrar os sacramentos fora do batismo", diz o bispo Emérito.
Para
ele, essa missa não pode ser celebrada onde um padre não chega é negar aos
católicos o direito fundamental de Eucaristia . "Não podemos colocar a
questão do celibato acima da celebração da Eucaristia!", Afirma. Embora
reconheça que neste tipo de comunidades os evangélicos ganham credibilidade,
porque vivem neles encarnados em vez de "estarem passando".
Por
fim, ele denuncia a falta de destaque feminino : "Para dizer a verdade,
não sei como explicar isso aos fiéis. Sinceramente, esperava mais progresso
nessa questão, porque é uma questão de justiça de gênero".
"Em tua cúria romana, irmão Francisco, há uma legião de presbíteros que vivem em celibato e não tem praticamente trabalho ministerial algum. Seria tão absurdo enviar todos esses padres da Cúria a regiões perdidas do Brasil, Peru, Chade ou Tehuantepec, para que aqueles cristãos pudessem ver cumprido seu direito a celebrar a eucaristia?. A cúria romana poderia ficar ocupada por leigos fieis, (“viri probati” também), casados e pais de famílias. Porque nenhuma lei eclesiástica exige o celibato para trabalhar em escritório, nem por importante ou sagrado seja o escritório. Seriam alguns excelentes “burocratas cristãos” (nessa expressão resignada e bem-humorada de um irmão nosso jesuíta, que passou toda sua vida como secretário)".
A pergunta é de José Ignácio González Faus, espanhol, teólogo e jesuíta, em carta aberta ao papa Francisco sobre os críticos do Sínodo Pan-Amazônico, publicada por Religión Digital, 17-02-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Concluindo a carta, o teólogo escreve: "E voltando ao que é sério: todos cremos estar buscando aqui a vontade de Deus. Por que então não colocar toda a Igreja em estado de oração para pedir o que queriaSanto Inácio: “que conheçamos e cumpramos a Sua santa vontade”? Quando pedimos isso na oração, está comprovado que essa petição sim que é escutada"
Eis a carta.
Nem sequer sei se lerás esta carta. O estilo epistolar tornou-se para mim um gênero literário: porque imaginar um interlocutor me ajuda a se expressar.
Em qualquer caso, quis comentar um pouco tua recente decisão sobre a ordenação presbiteral de homens casados, a propósito do Sínodo da Amazônia. Mais que uma negativa, trata-se de uma não-decisão: não abriu a porta, porém tampouco a trancou. Suponho que por temor de um cisma nesta Igreja onde há um setor que não se cansa de te colocar travas nas rodas e que se viu ajudada esta vez por todo esse clamor midiático que dava a impressão de que isso era a única coisa que importava no tema da Amazônia. E também por todos aqueles aos quais já se referia Engels, em uma célebre carta sobre o socialismo nascente, onde dizia que enquanto aparece uma empresa nova, todos os frustrados recorrem a ela para usá-la em benefício próprio e não em favor dos destinatários dessa empresa.
Por todas essas razões tento te compreender. Posso presumir ademais de ter escrito algumas páginas de elogio ao celibato, reconhecendo também o enorme perigo de perseguição e concluindo que somente poderá dar um bom testemunho sobre o celibato aquele que humildemente se atreva a confessar que seu celibato lhe ensinou a amar.
A partir desta postura quis contribuir com algumas reflexões com a pretensão – tão estranha hoje – de que não valham pela autoridade das quais as disse (que neste caso é nula), mas sim pela verdade do que dizem.
1. Há uma frase do Evangelho que creio levar gravada na alma e são aquelas duras palavras de Jesus: “Hipócritas! Quebrantais a vontade de Deus porque vos apegais às tradições dos homens” (Mc 7, 6-8). Quando era jovem, e gostava mais de provocar, escrevi que essas palavras deveriam estar escritas na fachada de São Pedro do Vaticano, no lugar daquela “tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”...
Pois bem, quando releio essas palavras de Jesus, duas coisas me parecem evidentes: é vontade de Deus que todos os cristãos (também os da Amazônia) possam celebrar a eucaristia. O encargo aquele: “fazei isso em memória de mim” (Lc 22, 19) vale para todos os cristãos, sejam corubos ou piripkurasou romanos. Por outro lado, a lei do celibato não é um mandato divino, mas sim uma tradição humana: venerável, mas uma tradição humana.
2. Também penso no conselho que te deu um bispo brasileiro quando te confiou o ministério de Pedro: “Não te esqueça dos pobres”. E vale agora o argumento que outras vezes se deram das posições mais conservadoras: lembrar-se dos pobres não é somente lembrar-se de seus direitos humanos pisoteados, mas também de que possam receber a Cristo. Se a norma do celibato é distinta no mundo dos pobres do que é em nosso mundo rico, não parecerá isso uma aplicação daquele celebérrimo discurso do bispo Bossuet sobre a eminente dignidade dos pobres na Igreja? Ali dizia o famosos orador: “no mundo os primeiros são os ricos, na Igreja os primeiros são os pobres; no mundo os favores e privilégios são para os ricos, enquanto que na Igreja de Jesus Cristo as graças e bênçãos são para os pobres”...
Estamos muito longe disso, infelizmente. Porém ao menos não viria mal que algum gesto bem sonoro nos recordasse.
3. E senão, em plano um pouco mais esquisito e bem-humorado, resta outra solução para que aqueles pobres não fiquem privados da eucaristia. Em tua cúria romana, irmão Francisco, há uma legião de presbíteros que vivem em celibato e não tem praticamente trabalho ministerial algum. Inclusive vários deles são bispos sem igreja, contra a proibição expressa do Concílio da Caledônia (já no 451). Tenta-se eludir essa proibição assinalando a uma Igreja inexistente. A qual parece uma verdadeira hipocrisia, que já Bento XVI quis eliminar, porém a cúria não permitiu.
Pois bem: seria tão absurdo enviar todos esses padres da Cúria a regiões perdidas do Brasil, Peru, Chade ou Tehuantepec, para que aqueles cristãos pudessem ver cumprido seu direito de celebrar a eucaristia? A cúria romana poderia ficar ocupada por leigos fieis, (“viri probati” também), casados e pais de famílias. Porque nenhuma lei eclesiástica exige o celibato para trabalhar em escritório, nem por importante ou sagrado seja o escritório. Seriam alguns excelentes “burocratas cristãos” (nessa expressão resignada e bem-humorada de um irmão nosso jesuíta, que passou toda sua vida como secretário).
Parece tudo isso um disparate? Talvez sim. Porém o melhor é que onde há problemas extremos há de se buscar soluções extremas, e onde as coisas estão mal repartidas há que se procurar reparti-las bem. Em qualquer caso poderia ser uma excelente ocasião para que homens como o cardeal Sarah ou o cardeal Müller demonstrassem o sentido ministerial do celibato.
4. E voltando ao que é sério: todos cremos estar buscando aqui a vontade de Deus. Por que então não colocar toda a Igreja em estado de oração para pedir o que queriaSanto Inácio: “que conheçamos e cumpramos a Sua santa vontade”? Quando pedimos isso na oração, está comprovado que essa petição sim que é escutada.
Um abraço bem fraterno e bem reverente, por virtual que seja.
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"As paróquias precisam se tornar redes de pequenas Comunidades Eclesiais de Base. As CEB's aproximam as pessoas, uma se envolve com as outras, assumem compromissos e partilha acontece." (Dom Anuar Battisti - Arcebispo de Maringá)