21 fevereiro, 2020

Father James Martin answers five common questions about LGBT Catholic mi...


O padre James Martin, o conhecido autor jesuíta e defensor dos católicos LGBTQ, postou um vídeo no YouTube intitulado “As cinco perguntas mais comuns sobre o ministério católico LGBT” [assista abaixo, em inglês], no qual explora as perguntas mais frequentes sobre os católicos LGBT que ele recebe em suas palestras, em seu ministério e em conversas pessoais.
A reportagem é de Brian William Kaufman, publicada por New Ways Ministry, 15-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As perguntas são:
1. Você está desafiando o ensino da Igreja sobre a homossexualidade?
2. O que você diz aos católicos LGBT que não se sentem acolhidos na Igreja?
3. Por que você não fala mais sobre castidade?
4. O que o Papa Francisco e você conversaram durante o seu encontro?
5. Quais são os próximos passos para a pastoral LGBT na Igreja?



Os membros do New Ways Ministry provavelmente se lembrarão de que o Pe. Martin recebeu o Prêmio Bridge Building do New Ways Ministry em outubro de 2016. O prêmio “homenageia indivíduos que, por seus estudos, liderança ou testemunha, promoveram a discussão, a compreensão e a reconciliação entre as pessoas LGBT e a Igreja Católica”.
As principais conclusões das respostas do Pe. Martin a essas perguntas estão descritas abaixo.

Pergunta 1: Você está desafiando o ensino da Igreja sobre a homossexualidade?

Pe. Martin responde “não” a essa pergunta. Ele ressalta que o ensino da Igreja sobre a homossexualidade é mais nuançado e amplo do que as poucas linhas sobre a expressão sexual que muitas vezes são pinçadas do Catecismo. Ele enfatiza que, no centro da nossa fé católica, está o ensino da Igreja sobre “Jesus e sua mensagem de amor, misericórdia e compaixão. E eu também não estou desafiando esses ensinamentos”, responde ele. Esse ensino precisa ser aplicado ao modo como as pessoas tratam as pessoas LGBT na Igreja.

Pergunta 2: O que você diz aos católicos LGBT que não se sentem acolhidos na Igreja?

Pe. Martin reconhece o sofrimento pessoal e espiritual e a dor sentida pelos católicos LGBT devido às atitudes excludentes encarnadas por várias lideranças da Igreja. A sua breve recapitulação da resposta de um pároco à revelação de uma paroquiana de que ela era lésbica demonstra esse espírito pouco acolhedor em relação aos católicos LGBT. O pároco disse a ela:
“Eu rezei durante todo o meu sacerdócio para que eu nunca conhecesse uma pessoa gay”.
Embora exista essa perspectiva homofóbica, o Pe. Martin lembra aos católicos LGBT que “eles fazem parte da Igreja tanto quanto o papa, o seu bispo local ou eu”, por causa do sacramento do batismo. O Pe. Martin também encoraja os católicos LGBT a procurarem uma comunidade paroquial acolhedora e a não deixarem que as autoridades eclesiásticas os afastem da Igreja da qual fazem parte.

Pergunta 3: Por que você não fala mais sobre castidade?

Pe. Martin comenta que, de fato, ele discute a castidade em quase todas as palestras. Ele revela que está “vivendo a castidade” mediante seus votos jesuítas há mais de 30 anos. O Pe. Martin também menciona que quase todos os católicos, incluindo os católicos LGBT, estão familiarizados com os ensinamentos da Igreja sobre celibato e castidade no que se refere à homossexualidade. Ao responder a essa pergunta, o Pe. Martin descreve seu foco em outras áreas da pastoral que ele considera negligenciadas, como “o modo de convidar as pessoas LGBT a se verem amadas por Deus, o modo de mostrar respeito e acolhida às pessoas LGBT nas paróquias e escolas católicas, o modo de combater a alta incidência de suicídio entre jovens LGBT, e assim por diante”.

Pergunta 4: O que o Papa Francisco e você conversaram durante o seu encontro?

Em 2019, o Pe. Martin foi convidado a falar com o Papa Francisco em particular, após um encontro prévio do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, no qual o padre jesuíta atua. Durante o encontro, o Papa Francisco pediu que o Pe. Martin não compartilhasse com a mídia os detalhes de sua conversa, para que ele e o Papa Francisco pudessem falar livremente. No entanto, o Papa Francisco permitiu que o Pe. Martin compartilhasse a sua conversa com indivíduos e grupos.
Durante a conversa, o Papa Francisco e o Pe. Martin falaram sobre as pessoas LGBT em todo o mundo. As reflexões do Pe. Martin mostram poderosamente o impacto desse significativo encontro:
“Eu me senti inspirado, consolado e, acima de tudo, encorajado a continuar esse ministério em paz. É difícil expressar o quanto eu sou grato por aqueles 30 minutos.”

Pergunta 5: Quais são os próximos passos para a pastoral LGBT na Igreja?

Pe. Martin revela vários pontos de ação para a pastoral LGBT na Igreja:
1) trabalhar pela descriminalização das relações entre pessoas do mesmo sexo em 70 Estados-nação e pela abolição da pena de morte em seis países pelo envolvimento em relações entre pessoas do mesmo sexo;
2) enfrentar o problema generalizado do bullying, assédio e preconceito anti-LGBT, a fim de evitar as trágicas consequências do suicídio;
3) parar de demitir pessoas LGBT casadas que trabalham em instituições católicas. As demissões são um exemplo de uma Igreja que discrimina as pessoas LGBT. Ele enfatiza que, se os empregadores católicos demitirem seus funcionários LGBT por não seguirem os ensinamentos da Igreja, eles também serão obrigados a demitir outros grupos de católicos que não aderem estritamente ao ensino da Igreja em outras áreas de suas vidas.
O ministério LGBT do Pe. Martin fornece um marco teológico através da qual podemos trabalhar para criar um ambiente harmonioso, inclusivo e amoroso para as pessoas LGBTQ, combater a homofobia, a transfobia e o fanatismo em todas as suas formas.
Podemos optar por nos fixar em algumas poucas linhas do Catecismo ou podemos ouvir os obstáculos que frustram a participação plena das pessoas LGBT em suas comunidades religiosas. E podemos celebrar que os professores, os educadores e os ministros leigos LGBT trazem valiosos dons, talentos e sabedoria para as suas escolas, estudantes, colegas e irmãos paroquianos, em vez de ficarmos obcecados sobre as pessoas com quem eles decidem se casar em uma cerimônia civil.
Por fim, podemos nos esforçar para responder à obra interna de Deus nas nossas vidas e nos nossos corações, ouvindo e abraçando as pessoas LGBT, como sugere o Pe. Martin. Em muitas comunidades espirituais, esse trabalho e ministério já começaram, e é um passo incrível rumo a um abraço mais pleno em nossos irmãos e irmãs LGBT

Fonte: IHU

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