05 setembro, 2025

Programa Gás do Povo

O programa Gás do Povo, foi lançado, quinta-feira, dia 04 de setembro de 2025, pelo presidente Lula.

Quem tem Direito
Terão direito ao benefício as famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda mensal de até meio salário mínimo (R$ 759) por pessoa.

Terão prioridade quem recebem o Bolsa Família.

Cada família terá direito a uma quantidade de botijões por ano, conforme a composição familiar:
- Até três Botijões para famílias de dois integrantes;
- Até quatro para famílias com três integrantes;
- E até seis botijões anuais para famílias com quatro ou mais membros.

Ao todo, o programa distribuirá cerca de 65 milhões de botijões por ano.

O Gás do Povo substitui o atual Auxílio Gás, em vez do benefício em dinheiro, com o novo programa cada família vai retirar diretamente o botijão de gás nas revendedoras credenciadas pelo Governo do Brasil. A mudança aumenta a eficiência, a transparência e o controle da política pública.

O programa será feito da seguinte forma:
- Por meio de um aplicativo gerido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), onde o beneficiário poderá localizar revendas credenciadas e acessar o vale eletrônico;
- Com o cartão do próprio programa que será criado;
- Por meio de vale impresso a ser retirado nas agências da Caixa Econômica Federal ou em lotéricas;
- Ou com o cartão do Bolsa Família.

22 agosto, 2025

Com Carinho das CEBs para a PJ!

A celebração dos 45 anos da Pastoral da Juventude (PJ) em Maringá será no dia 6 de setembro de 2025, um sábado, com a presença do cantor e poeta Zé Vicente.


As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Arquidiocese de Maringá dedicam, com carinho, esta mensagem à Pastoral da Juventude (PJ) de Maringá.

A bela e profética caminhada da PJ em Maringá, tecida por tantas vidas inquietas e dedicadas, foi marcada pela alegria, superação, trabalho em conjunto, articulação e formação de lideranças. Esses elementos fortalecem os passos de quem continua essa jornada e convidam à reflexão: como estamos cuidando dessa memória, um sinal profético, poético e místico de que o Reino de Deus se manifesta através das juventudes?

Jesus é aberto às riquezas que as juventudes e as pessoas excluídas revelam, suas resistências e sua fé. Mais do que semear e levar "verdades", Jesus reconhece a água viva que encontra no íntimo de cada pessoa, no coração de cada ser humano, como encontrou no coração da mulher samaritana e nas juventudes.

As Comunidades Eclesiais de Base devem continuar vigilantes e orientando para não cair no erro de achar que temos a água e que o povo tem a sede. Na verdade, todos somos uma mistura de água e de sede. As comunidades são o lugar onde a água e a sede se encontram, se misturam e se complementam. As CEBs precisam da alegria, da sabedoria, da coragem, da ternura, da resistência e da ousadia das juventudes.

O que move as Comunidades Eclesiais de Base e a Pastoral da Juventude é a espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo, um modo de se relacionar com Deus que reaviva nossos sonhos e esperanças na construção do Reino. Assim, continuamos sendo espaços de ação evangelizadora, missionária, de acolhida, de escuta, de cuidado, de formação, de reflexão e de luta.

Desfrutemos deste momento de celebração dos 45 anos da Pastoral da Juventude em Maringá. A caminhada e os desafios continuam, e a graça do Jovem de Nazaré nos envolve e nos guia.

“Leva-me onde os jovens necessitem tua palavra; necessitem de força de viver. Onde falte a esperança, onde tudo seja triste simplesmente por não saber de ti”. (Música “Alma Missionária”, de Ziza Fernandes)

Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora das CEBs na Arquidiocese de Maringá

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Rezemos pela paz!

Senhor, conceda a paz e a justiça, enxugue as lágrimas daquelas e daqueles que sofrem por causa dos conflitos armados e por intercessão de Maria, Rainha da Paz que os povos encontrem o caminho da paz.


20 agosto, 2025

O Papa deveria viajar a Gaza para impedir o massacre de inocentes? Um gesto profético necessário em um mundo destruído. Artigo de José Manuel Vidal

- Poderia o Papa cruzar as fronteiras de Gaza e impedir a matança?

- A simples ideia de um Papa exigir a entrada em uma zona de guerra controlada por Israel é um gesto simbólico. Mas seria viável? Seria eficaz?

- Se Israel negasse a entrada do Papa, o impacto seria devastador para sua imagem global.

O artigo é de José Manuel Vidal, publicado por Religión Digital, 19-08-2025.

José Manuel Vidal é doutor em Ciências da Informação e licenciado em Sociologia e Teologia e diretor do Religión Digital.

Eis o artigo.

O clamor pela paz em Gaza ressoa alto em um mundo que parece insensível à tragédia. O sangue de crianças inocentes e a fome que devora um povo preso entre bombas e bloqueios escandalizam o mundo e levaram figuras como Madonna a se manifestarem, implorando ao Papa Leão XIV: "Você é o único de nós a quem não se pode negar a entrada".

Isso é verdade? Poderia o Papa, como chefe de Estado, autoridade moral reconhecida e líder espiritual de milhões de católicos em todo o mundo, cruzar as fronteiras de Gaza e impedir o massacre? E se não, o que significaria essa tentativa?

Um precedente histórico: gestos papais que mudam a história

Esta não é a primeira vez que um papa é chamado a ser um farol em meio a uma tempestade. João Paulo II foi instado a visitar o Iraque durante a Guerra do Golfo. Ele não o fez, mas sua voz ressoou alto, condenando o conflito e defendendo a paz.

Mais recentemente, Francisco atingiu um marco em 2015, quando visitou a República Centro-Africana, um país dilacerado pela violência sectária. Sua presença, seu acolhimento às vítimas e sua mensagem de reconciliação foram um bálsamo que, pelo menos temporariamente, silenciou as armas.

No entanto, quando solicitado a viajar para a Ucrânia em meio à invasão russa, Bergoglio optou por não ir, preferindo uma diplomacia mais discreta, embora não menos ativa, primeiro com o Cardeal Esmoler e depois com o Cardeal Zuppi.

Agora, a pergunta ressoa mais uma vez na consciência mundial: o Papa Leão XIV deveria viajar para Gaza? A própria ideia de um Papa exigir a entrada em uma zona de guerra controlada por Israel, um país com políticas de segurança rigorosas, é um gesto altamente simbólico. Mas seria viável? E, mais importante, seria eficaz?

Israel deixaria o Papa entrar?

Como chefe de Estado do Vaticano, o Papa não é um cidadão comum. Sua entrada em Gaza dependeria de uma decisão política de Israel, que controla o acesso ao território. Embora Madonna afirme que o Papa "não pode ter a entrada negada", a realidade é mais complexa. Israel poderia permitir sua entrada como um gesto diplomático, ciente da pressão internacional que surgiria caso fosse negada.

No entanto, você também pode argumentar razões de segurança para bloquear o acesso, especialmente em um ambiente altamente tenso como o atual.

De qualquer forma, se Israel negasse a entrada do Papa, o impacto seria devastador para sua imagem global. O mundo veria um Estado impedindo o líder da Igreja Católica de levar uma mensagem de paz e conforto a um povo sofredor. Seria um erro estratégico que colocaria Israel no banco dos réus perante a opinião pública internacional.

Por outro lado, se Israel permitisse a entrada, o Papa poderia se tornar um catalisador para destacar o sofrimento em Gaza, abrindo as portas para mais ajuda humanitária e pressionando por um cessar-fogo.

Um gesto profético é suficiente?

A presença do Papa em Gaza seria, sem dúvida, um ato profético, um grito pela humanidade em meio à barbárie. Leão XIV, com seu estilo sóbrio, simples e calmo, e sua capacidade de se conectar com os marginalizados, poderia caminhar entre as ruínas, abraçar crianças órfãs e exigir que o mundo não olhasse para o outro lado.

Mas seria suficiente para parar a guerra? A história nos ensina que os gestos papais têm imenso poder simbólico, mas nem sempre se traduzem em mudanças imediatas. Na África Central, Francisco conseguiu um cessar-fogo temporário, mas em outros conflitos, como na Ucrânia, sua influência foi muito mais limitada.

O conflito em Gaza é particularmente complexo, com raízes históricas, políticas e religiosas que transcendem a vontade de qualquer líder, por mais carismático que seja. O Papa poderia pressionar Israel, o Hamas e a comunidade internacional a permitir a entrada de ajuda humanitária e negociar o fim das hostilidades, mas uma solução definitiva pode exigir um esforço coletivo que transcenda sua liderança.

O Papa é a única esperança?

Em seu apelo, Madonna eleva o Papa a um status quase mítico: "o único" capaz de entrar em Gaza. Mas essa declaração, embora comovente, não é totalmente precisa. Outros atores — líderes políticos, organizações internacionais e movimentos de cidadãos — também desempenham um papel crucial na busca pela paz. Especialmente o presidente Trump, grande aliado e amigo de Netanyahu.

No entanto, é verdade que o Papa possui algo único: sua autoridade moral e sua capacidade de mobilizar consciências em escala global. Um Papa em Gaza não seria apenas um símbolo, mas um tapa na cara da indiferença mundial. Se Leão XIV exigisse publicamente a entrada em Gaza, mesmo que lhe fosse negada, o impacto seria inegável.

Seu gesto desafiaria os líderes da guerra, destacando sua responsabilidade pelo sofrimento de pessoas inocentes. Além disso, poderia inspirar a comunidade internacional a agir com mais urgência para garantir ajuda humanitária e pressionar por um cessar-fogo.

Um risco que vale a pena correr

A viagem do Papa a Gaza não é uma utopia, mas também não é uma solução mágica. Seria um ato de coragem, um desafio aos poderosos e um abraço aos esquecidos. O grande abraço que os palestinos aguardam e que o mundo anseia por ver. Mesmo que não interrompa a guerra imediatamente, poderá mover as peças no tabuleiro de xadrez global, forçando os líderes (especialmente Netanyahu e Trump) a se olharem no espelho de sua própria desumanidade.

Assim como Francisco na África Central, outro Papa, Leão XIV, poderia ser o profeta que desperta as consciências e abre caminho para a paz. Mas, para isso, Prevost precisa estar disposto a correr o risco. Porque, como disse João Paulo II, "a paz não é apenas a ausência de guerra, mas a presença da justiça". E em Gaza, a justiça continua sendo uma dívida pendente.

Santidade, deixe-se guiar pelo seu coração e pela imensa pulsação do mundo inteiro. A Palestina precisa de você, e as crianças e os famintos não podem esperar mais . E o Padre Romanelli respiraria aliviado, finalmente!

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Fonte: IHU

18 agosto, 2025

Lula monitora ação militar dos EUA contra Maduro e teme impacto no Brasil

Presidente brasileiro acompanha com apreensão a operação ordenada por Donald Trump para combater cartéis de drogas, que inclui presença de submarinos, navios de guerra e aeronaves de reconhecimento no Caribe.


A informação é publicada por Agenda do Poder, 15-08-2025.

Fonte: IHU


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanha com preocupação a decisão de Donald Trump de enviar forças militares dos Estados Unidos para o Mar do Caribe Meridional. Segundo apuração publicada pela agência Reuters e pela CNN, a medida foi anunciada pelo governo americano com o objetivo declarado de combater cartéis de drogas na América Latina, mas é vista por assessores do Planalto como potencialmente desestabilizadora para a região.

A operação ocorre em meio a tensões com a Venezuela, cujo presidente, Nicolás Maduro, é apontado por Washington como ligado ao narcotráfico. Nos últimos dias, Trump aumentou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à captura de Maduro. O líder venezuelano reagiu, alertando que um ataque militar poderia representar “o fim do império americano”.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que a ação acontece em águas internacionais e não caracteriza intervencionismo. No entanto, em Brasília, auxiliares de Lula consideram que a movimentação de forças estrangeiras na região é preocupante “em qualquer circunstância”, especialmente se houver risco de violação territorial envolvendo o Brasil.

Operação militar de grande porte

O destacamento inclui militares do Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima e da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, além de um submarino de ataque com propulsão nuclear, aeronaves de reconhecimento P8 Poseidon, contratorpedeiros e um cruzador de mísseis guiados. Todos estão sendo alocados para o Comando Sul dos EUA (Southcom) como parte de um reposicionamento estratégico iniciado há três semanas.

Fontes ligadas à defesa americana afirmam que o reforço militar busca “enfrentar ameaças à segurança nacional” oriundas de organizações narcoterroristas atuantes na região. Um oficial da Marinha dos EUA declarou que as tropas estão prontas para “executar ordens legais e apoiar os comandantes combatentes nas necessidades que lhes forem solicitadas”.

Para o governo brasileiro, o cenário exige monitoramento constante e ação diplomática coordenada, a fim de evitar que a escalada de tensões afete diretamente a estabilidade da América do Sul.

Em tempo

"Governo acha que Trump quer mudança de regime no Brasil e prevê ações para além de Bolsonaro. Na visão de fontes do Planalto, EUA podem inclusive questionar a legitimidade da eleição de 2026" é o título da reportagem de Patrícia Campos Mello, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 17-08-2025.

Segundo a reportagem, o governo brasileiro encara o tarifaço e as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil como uma tentativa de "mudança de regime" e acredita que as ações de presidente Donald Trump não se restringem a pressão sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF (Supremo Tribunal Federal), marcado para setembro. Para uma fonte do Planalto, as ações de Trump visam a influenciar o processo eleitoral brasileiro. Nessa visão, a ideia do governo americano é garantir que exista um candidato com afinidade ideológica com Trump na cédula eleitoral da eleição presidencial do Brasil em 2026. O governo brasileiro também acredita que, caso haja vitória do presidente Lula (PT) no ano que vem, haverá questionamento da legitimidade da disputa no Brasil por parte de Trump. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vem afirmando há meses que, se Bolsonaro não estiver na cédula, os EUA não vão reconhecer a eleição no Brasil.

12 agosto, 2025

Grupo Muzenza de Capoeira

 Roda realizada no dia 11/08/2025

Visita amiga do Mestre Goiore e de outros colegas.


08 agosto, 2025

Campanha da fraternidade (CF) 2026

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou quinta-feira, 7 de agosto, a identidade visual da Campanha da Fraternidade (CF) 2026.

Tema “Fraternidade e Moradia”
Lema bíblico “Ele veio morar entre nós” (Jo 1,14)

Despertar a consciência sobre o direito à moradia digna como expressão concreta da fé cristã.

O assessor do Setor de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul Hansen, afirmou “Deus veio morar entre nós, e isso fundamenta a dimensão social da nossa fé. A Campanha da Fraternidade nos convida a construir aqui, entre nós, sinais do Reino de Deus, promovendo dignidade, especialmente nas realidades onde ela é negada”.

Segundo o padre Jean, o Brasil enfrenta um déficit habitacional de 6 milhões de moradias, somado a um déficit qualitativo de 26 milhões de residências inadequadas – sem saneamento básico, com espaços superlotados ou estruturas precárias. “Essa realidade clama por conversão social e ações concretas que garantam um lar digno a todos”.



*A mensagem do cartaz*

A imagem escolhida para representar visualmente a Campanha foi desenvolvida pela Assessoria de Comunicação da CNBB e traz elementos simbólicos que provocam reflexão. No centro, destaca-se a escultura “Cristo sem-teto”, criada por um artista católico canadense em 2012, Timothy Schmalz, após a experiência de ver um homem em situação de rua dormindo em um banco de parque, em Toronto.

A escultura, que tem réplicas em diversas cidades do mundo – inclusive no Brasil – mostra um homem coberto por um cobertor, com o rosto e as mãos escondidos, mas com os pés feridos, revelando ser Jesus. Há um espaço vazio no banco, convidando quem vê a se aproximar.

“A mensagem é clara: é preciso se aproximar para reconhecer o Cristo presente nas periferias e entre os empobrecidos. Deus habita nossas cidades, mas muitas vezes está escondido nos que mais sofrem”, explicou padre Jean.

O fundo do cartaz exibe a silhueta de uma cidade dividida por duas cores contrastantes – marrom e laranja – representando os paradoxos urbanos e sociais. Ao centro, uma igreja com uma cruz simboliza a presença da fé nesse contexto, chamada a ser sinal de esperança e transformação.

“O cartaz quer nos provocar à conversão: mudar o olhar, reconhecer o Cristo no irmão sem moradia, e assumir um compromisso pessoal, comunitário e social com a dignidade humana”, completou o assessor.

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Fonte: Site da CNBB


Ouvir o canto de Isabel

Por Irmã Tea Frigério

Ouvir o canto de Isabel

A Boa Nova das Comunidades lucanas está nos acompanhando nas liturgias dominicais. Entre os Evangelhos sinóticos seja o que mais nos ajuda a compreender que a história de Deus se faz realidade na história cotidiana vivida por mulheres e homens. O protagonismo das mulheres é o elemento fundamental desta história: abrem sua obra com elas, e, o testemunho delas é referencial ao encerrar o evangelho. Lucas 1-2 e 24 colocam as bases históricas-sociais e teológicas sobre as quais constroem o caminho de Jesus e das comunidades originarias tendo a participação decisiva, igualitária, autônoma das mulheres.

Há um debate aberto: o evangelho de Lucas é favorável mais do que os outros evangelhos às mulheres? O debate é aberto e não há consenso, mas nestes escritos, vou deixar a questão de lado. Sublinho somente que o evangelho de Lucas tem cerca de 20 referências a mulheres que não encontramos nos outros evangelhos.

Convido vocês a fazer esta pesquisa, sem dúvida enriquecedora sobretudo nas intuições que vocês podem elaborar. Pessoalmente fiz isso e partilho minhas intuições tendo como chão o caminho que como Igreja estamos vivendo, o da sinodalidade.

A fina arte histórica narrativa que Lucas coloca à disposição das comunidades nos presenteia nos capítulos 1 e 2 com a reflexão teológica de suas comunidades: a Boa Nova de Jesus não tem início na sua idade adulta, mas sonho-anúncio, gravidez-feto, amamentação-bebê, cuidado-criança são o lugar onde a Boa nova é gestada e vem à luz. Deus salva na relação-presença com mulheres portadoras de vida. Deus salva e liberta se tornando carne no mistério da carne de mulheres que engravidam e dão à luz. Experiência misteriosa do sagrado que se realiza na vida através de fala de anjos, de Espírito que envolve, de corpos de homens, de mulheres, crianças.

Na sua arte narrativa Lucas nos convida a entrar na história através de narrações paralelas: o anúncio e nascimento de João Batista e Jesus.

“… nos dias de Herodes …”(1,5) palavras que nos introduzem numa história onde há violência e morte, que nos convidam a fixar nossa atenção sobre um casal: Isabel e Zacarias“… ambos justos … neles não havia criança, porque Isabel era estéril e ambos eram avançados em idade” (1,7).

A apresentação de Isabel e Zacarias minuciosamente paritária nos faz recordar Sara e Abraão. No entanto a esterilidade de Isabel vem colocada em primeiro plano, implicitamente culpada pela ausência de criança. A narração avança nos fazendo entrar no templo com Zacarias, participar do anúncio do anjo Gabriel, sair do templo mudo, voltar para as montanhas de Judá, somente no final da narração lembrando-se de Isabel. Acompanhando o roteiro, também as interpretações e comentários de 1,5-25, têm relegado Isabel à margem, dando destaque a Zacarias.

A Boa Nova, porém, é vivenciada para ambos embora em tempos diferentes: Zacarias sai do templo mudo por causa de sua incredulidade. O primeiro louvor, neste evangelho brota da boca de Isabel. “Isto me fez o Senhor, quando olhou para baixo para anular o meu opróbrio entre as pessoas” (1,25).

Opróbrio, vergonha, discriminação, exclusão devido a esterilidade apontam para humilhação a partir de sua sexualidade; seu sofrimento existencial vem das observações maldosas ou alusões a esterilidade associadas a compreensão de pecado e maldição.

Do opróbrio se eleva a voz de Isabel que canta sua libertação. O primeiro cântico de louvor, no evangelho das Comunidades lucanas o escutamos de Isabel. Gravidez e louvor, guardados primeiro no silêncio por cinco meses, como dons preciosos, explodem de sua boca, canta a Boa Nova de libertação: seu ventre floriu, uma criança está sendo gestada, Deus anulou a discriminação.

A narração se encerra mantendo nosso olhar em Isabel: em seu ventre o novo se manifesta e concretiza.

O que aconteceu a Zacarias em sua volta para casa? Será que por ter ficado mudo escutou mais a voz de Isabel? Será que algo mudou na relação entre Isabel e Zacarias? Será que foi percebendo que o sagrado habitava na casa, no corpo de Isabel? Será que esta mudança atraiu e agradou o olhar de Deus que a abençoou com uma criança?

Sem maiores detalhes, pressupondo mudanças na relação sexual dos idosos Isabel e Zacarias, a narração afirma a concepção e a gravidez de Isabel. No corpo da mulher, no seu ventre grávido salvação e libertação se realizam. E, a comunidade guardou para nós a memória do seu cântico de louvor, tornando-o o primeiro cântico de louvor em seu evangelho.

O cântico de louvor de Isabel denuncia as relações sociais e religiosas construídas de forma assimétricas que humilham mulheres que não têm criança e que por causa disso são colocadas na última esfera da hierarquia social e excluídas da esfera religiosa. Os cânticos de louvor que brotam hoje das vozes das mulheres nas comunidades o que denunciam?

No templo, Zacarias incrédulo, ficou mudo. A igreja precisará ficar muda para apreender a escutar a voz das mulheres? Esta Igreja que relega ao último versículo as mulheres, silencia seu cântico, descarta seu poder de engravidar o novo e assim anula seu próprio poder salvífico libertador.

A Divina Ruah abra os ouvidos, rompa a incredulidade, ajude a percorrer o caminho de Zacarias: sair do templo, voltar para periferia, para casa, voltar mudo, e, no silêncio aprender a ouvir, acolher a voz de Isabel, seu canto de louvor pelo novo que carregam em seu ventre.

Bolsonarismo: o puro suco da vergonha alheia

O que segue a baixo, é newsletter, recebido em meu e-mail, do "Brasil de Fato"

Bolsonarismo: o puro suco da vergonha alheia

E Bolsonaro finalmente foi preso. Quero dizer, quase. Prisão domiciliar é um começo, certo? Pós-tornozeleira eletrônica e impedimento de usar as redes sociais, que, aliás, foram o motivo da sua queda, com uma ajudinha de seus filhos e do deputado Nikolas Ferreira. Mas a extrema direita não se calou. Ou melhor, se calou, fez motim, impediu o retorno do Congresso, do Senado e de Comissões.

O Brasil não é para fracos e a semana não poupou emoções. A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na segunda-feira (4). A decisão inclui o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de visitas exceto de familiares próximos e advogados, e recolhimento de todos os celulares do local.

Tudo isso porque o ex-presidente participou a distância do protesto de manifestações bolsonaristas realizadas no dia anterior (3) em algumas cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), colocou brevemente o pai no viva-voz para falar com o público e, mais tarde, divulgou um vídeo mostrando Bolsonaro em casa enviando uma mensagem aos apoiadores.

O deputado federal Nikolas Ferreira fez o mesmo, utilizando o ex-presidente para impulsionar as mensagens proferidas na manifestação. Aparentemente, nem todas ações dos aliados realmente vêm para ajudar e Bolsonaro teve que passar a semana em casa.

Falando em aliados, a oposição também tentou ajudar. Parlamentares bolsonaristas obstruíram as votações na Câmara e no Senado em defesa da anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o fim do foro privilegiado e pedindo o impeachment de Moraes. E chamaram as ações de “pacote de paz”.

Assim, deputados e senadores de oposição se revezaram ocupando as mesas diretoras da Câmara e do Senado, impedindo os trabalhos do parlamento. Nas imagens, bocas, olhos e orelhas tapados com fita crepe, correntes ao redor dos punhos, pressão ao redor do presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB), muito barulho e vergonha alheia.

Tanto Motta quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tentaram contornar a situação e reagir ao bloqueio, mas para quem vê de fora, a sensação é de falta de moral e ambiguidade. Neste meio tempo, o pedido de impeachment de Moraes foi protocolado com apoio de muitos senadores, mas Alcolumbre disse que o tema não será pautado.

O que se observa é o desespero da oposição para aprovar o PL da anistia aos investigados pela tentativa de golpe de Estado e o fim do foro privilegiado. Tudo isso para livrar Bolsonaro da prisão definitiva, aquela fora de casa. Mas a ação penal no STF está prestes a ser concluída e talvez seja a hora de se dedicar a outras pautas.

Afinal, todo o pandemônio desta semana ocorreu em meio ao início oficial da taxação de 50% nos produtos exportados para os Estados Unidos, imposta pelo governo de Donald Trump, que começou quarta-feira (6) com demissões nos setores afetados. E o próprio governo brasileiro está bolando um plano de contingência para ajudar os setores afetados, usando uma “régua” para considerar a variação de exportações dentro de um mesmo setor, para tornar o socorro mais preciso.

É estranho que, enquanto a economia brasileira corre riscos, parte dos parlamentares se preocupe em salvar a pele de um ex-presidente que, se olharmos bem, pouco fez para que o país crescesse em todos seus anos na política.

Ou talvez não seja estranho. Afinal, como disse o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) Paulo Niccoli Ramirez, é apenas um “sintoma do fundamentalismo político e religioso” no país. “São políticos que não estão preocupados com o Brasil, não colocam o Brasil acima de tudo, mas os Estados Unidos acima de todos, e a ignorância e estupidez como uma regra das suas práticas políticas.”

01 agosto, 2025

A esquerda de verde e amarelo

O que segue a baixo, é newsletter, recebido em meu e-mail, do "Brasil de Fato"

A esquerda de verde e amarelo


Acossado pelas mal chamadas tarifas — que, na verdade, são sanções com motivação política — dos Estados Unidos, o Brasil parece ter se tornado o centro do planeta. Pelo menos, na última semana.

Dentre os países afetados pelo arroubo tarifário de Donald Trump, o nosso se manteve firme, não cedeu às pressões e aposta na fórmula "diálogo e soberania" para resolver a crise.

E o saldo político, até agora, foi positivo:
- o tarifaço foi minimizado por Trump, que retirou uma série de produtos da lista;
- o índice de aprovação do governo, pela primeira vez, ultrapassou o de desaprovação;
- a extrema direita, afundada em suas próprias rusgas, saiu "enfraquecida" e "humilhada".

O presidente Lula, ao melhor estilo dos tempos de Vila Euclides, voltou a oferecer, quase diariamente, palavras de ordem anti-imperialistas e mantém o Brasil como um farol de sobriedade em um mundo com cada vez mais ódio. Nenhum gringo nos dará ordens ou vai meter a mão nos nossos recursos, prometeu o presidente.

Ao New York Times, Lula expôs Trump ao revelar que tentou diversas vezes o diálogo, mas não foi recebido. A revista The Economist já fala em "tiro no pé" da Casa Branca.

E o povo parece ter compreendido o seu papel ao ocupar as ruas nesta sexta-feira (1º), em marchas por todo o país defendendo a soberania nacional e rechaçando intervenção estrangeira. Os alvos indicam muita coisa: consulados e a embaixada estadunidense em Brasília são foco dos protestos.

Nas redes, o governo e a esquerda saíram das cordas com a estratégia que já vinha dando frutos ao pautar o debate de taxação aos super ricos e que agora mira o imperialismo como inimigo.

Tudo indica que a bandeira nacional voltou — como já foi em outros momentos históricos — às mãos da esquerda e que a pauta da soberania será plataforma de campanha em 2026.

Apesar do otimismo, precisamos vigiar para avançar, tendo a memória como candieiro e o futuro livre como horizonte.

Um governo que defende a soberania deveria realizar a reforma agrária popular, exigida pelo Movimento Sem Terra na semana camponesa, que contou com ocupações e atos em todo o país.

Um governo que defende a soberania deveria rever o regime de concessões da Petrobrás, que enriquece petroleiras gringas e retira poder decisório do povo brasileiro sobre seus recursos.

O mesmo governo que defende a soberania deveria reestatizar a Eletrobras e todas as outras estatais estratégicas que foram entregues nos últimos 30 anos.

E o governo que defende a soberania poderia rever a política do arcabouço fiscal, que busca a manter a distopia do "déficit zero", para aproveitar as janelas positivas que podem vir do tarifaço e transformar o Estado em força motriz de um ciclo virtuoso na economia com investimento nacional, proteção de empregos e desenvolvimento industrial.

Vestir-se de verde e amarelo não é só uma demanda retórica ou eleitoral para a  esquerda, é uma necessidade histórica para melhorar a qualidade de vida do povo e, finalmente, completar o salto e abandonar de vez o subdesenvolvimento.

23 julho, 2025

No Matrimônio de minha sobrinha Natália realizado 19/07/2025

 


Seminário das CEBs Província Eclesiástica de Maringá

Seminário das CEBs Província Eclesiástica de Maringá
Data: 26 e 27 de Julho de 2025
Assessor: Celso Pinto Carias



A Província Eclesiástica de Maringá compreende Arquidiocese de Maringá e as dioceses de Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama.

A missão de nossas Comunidades Eclesiais de Base, é viver e anunciar o Evangelho nas realidades que o Senhor as confia. É junto a porção do Povo de Deus que pertence a cada CEB de nossa Província Eclesiástica de Maringá, que somos chamadas e chamados a nos empenhar na ação evangelizadora e missionária, na perspectiva de uma Igreja em saída, “para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora e sem medo” (EG, 23).

Seminário Provincial das CEBs

Tema: CEBs, fortalecendo a caminhada Sinodal no Cuidado da Casa Comum!

Lema: “Caminhavam juntos, partilhavam o Pão e perseveravam nas orações e no Bem Viver” (Cf. At 2,42)

Local: Diocese de Campo Mourão, Paroquia Nossa Senhora do Caravaggio, (salão paróquial)
Rua Duque de Caxias, 393, esquina com a Rua Dom Jaime Luiz Coelho
Cidade de Campo Mourão


"𝘕𝘰 𝘤𝘰𝘳𝘢çã𝘰 𝘥𝘦 𝘋𝘦𝘶𝘴 𝘦𝘴𝘵ã𝘰 𝘢𝘴 𝘊𝘰𝘮𝘶𝘯𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦𝘴 𝘦 𝘯𝘢𝘴 𝘊𝘰𝘮𝘶𝘯𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦𝘴 𝘦𝘴𝘵á 𝘢 𝘧𝘢𝘤𝘦 𝘥𝘦 𝘋𝘦𝘶𝘴 𝘷𝘪𝘷𝘰 𝘦 𝘷𝘦𝘳𝘥𝘢𝘥𝘦𝘪𝘳𝘰!" (Lucimar Moreira Bueno)

21 julho, 2025

Eu e minha sobrinha

Eu e minha sobrinha, madrinha de aliança de minha outra sobrinha Natalia.
Matrimônio realizado 19/07/2025.


CEBs formação Região Pastoral Santa Cruz

Arquidiocese de Maringá
Foto da formação sobre o Conselho Pastoral da Comunidade (CPC).
Oferecida pela assessoria e coordenação arquidiocesana das CEBs na Região Pastoral Santa Cruz.
20/07/2025





18 julho, 2025

A Justiça brasileira colocou uma tornozeleira eletrônica em Bolsonaro devido ao risco de fuga.

Fonte: El País
18 de julho de 2025

A Justiça brasileira colocou uma tornozeleira eletrônica em Bolsonaro devido ao risco de fuga.

O ex-presidente, que pode pegar mais de 40 anos de prisão por tentativa de golpe, não poderá falar com o filho nem entrar em contato com embaixadores estrangeiros.

O ex-presidente Jair Bolsonaro acordou nesta sexta-feira em sua casa em Brasília com a visita mais temida: a Polícia Federal. Policiais foram à sua residência para colocar uma tornozeleira eletrônica, após o Supremo Tribunal Federal detectar um risco crescente de fuga. O líder de extrema direita está em meio a um processo judicial por ter liderado uma tentativa de golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva , e a pena, que pode ser anunciada em setembro, pode ultrapassar 40 anos de prisão.

A operação policial ocorre um dia após a última carta do presidente dos EUA, Donald Trump, pressionando as autoridades brasileiras a apoiarem Bolsonaro, chegar a afirmar que o julgamento "deve terminar imediatamente". Com as tensões crescendo a cada dia, o juiz Alexandre de Moraes, que preside o caso, decidiu tomar precauções antes que Bolsonaro pedisse asilo a Trump e buscasse refúgio na embaixada dos EUA, por exemplo, uma hipótese há muito comentada.

Os movimentos de Bolsonaro já eram bastante limitados desde que a polícia confiscou seu passaporte no início de 2024. Agora, com a tornozeleira eletrônica, ele estará sob vigilância 24 horas. Ele poderá circular livremente, embora com restrições: à noite (das 19h às 7h), terá que ficar em casa. Não poderá ter contato com embaixadores estrangeiros nem se aproximar fisicamente de nenhuma embaixada. Também não poderá usar as redes sociais nem manter contato com um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro , que, dos Estados Unidos, se tornou o arquiteto de toda a estratégia de pressão via Trump.

Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro atuou para dificultar o julgamento da tentativa de golpe e realizou ações que podem ser enquadradas como crimes de coação, obstrução de Justiça e atentado à soberania nacional.

[Notícias em desenvolvimento]


Lula acusa Trump de chantagear o Brasil!

Fonte: El País
17 de julho de 2025 

Lula acusa Trump de chantagear o Brasil por sua defesa de Bolsonaro.

O presidente dos EUA pede que o país sul-americano interrompa "imediatamente" o julgamento contra o líder de extrema direita.


Uma semana após o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar aumentar as tarifas sobre o Brasil para 50%, o clima permanece aquecido, e possivelmente até mesmo em ascensão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alterna declarações de estadista com discursos mais inflamados em defesa da soberania nacional, e Trump aumenta a pressão nas redes sociais. Na noite de quinta-feira, os dois, que nunca sequer conversaram por telefone, entraram em choque: Lula com uma mensagem gravada à nação; Trump com uma carta endereçada ao ex-presidente Jair Bolsonaro publicada no Truth, sua plataforma de mídia social.

Na carta, Trump reforça a ideia de que o aumento de tarifas contra o Brasil é motivado por questões políticas e não econômicas , e não esconde sua interferência nos assuntos internos do Brasil. "Vi o tratamento terrível que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto dirigido contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!", diz a carta, assinada por ele, enviada ao líder de extrema direita. A exigência de Trump ocorre dois dias após o Ministério Público Federal (MPF) solicitar a prisão de Bolsonaro e seus aliados mais próximos por organizarem um golpe contra Lula. Bolsonaro corre o risco de 43 anos de prisão.

Trump elevou o tom ao afirmar estar preocupado com "os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo" — o de Lula — e enfatizou que expressou sua desaprovação por meio da política tarifária. "Minha mais sincera esperança é que o governo brasileiro mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto", conclui a carta do republicano, em um novo alerta.

Lula, por sua vez, fez um discurso gravado antes da publicação da carta de Trump, no qual, em tom solene e sem citar diretamente o republicano, enfatizou que tentar interferir na Justiça brasileira é um "grave atentado" à soberania do Brasil. Retornando à carta inicial em que Trump anunciou o aumento de 50% nas tarifas, Lula lembrou que, antes disso, o Brasil havia negociado por meses: "Estávamos esperando uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, na forma de ameaças às instituições brasileiras e com informações falsas sobre o comércio entre Brasil e Estados Unidos". Horas antes, em um evento com milhares de estudantes, Lula, um pouco mais inflamado, voltou a se gabar com um discurso patriótico: "Um gringo não manda nesse presidente!", proclamou.

O mais recente ataque de Trump é a gota d'água na estratégia de pressão dos EUA em relação ao Brasil. O penúltimo capítulo veio esta semana, quando o Departamento de Comércio anunciou que investigaria o Brasil por práticas desleais, citando desmatamento, tentativas de regulamentação de grandes empresas de tecnologia , métodos de pagamento eletrônico como o Pix (criado pelo Banco Central e extremamente popular no Brasil) e até pirataria em uma rua do centro de São Paulo, algo que provocou descrença na classe política.

Lula respondeu com dados sobre a queda nas taxas de desmatamento e insistiu que as mídias sociais, como todas as outras empresas, devem estar sujeitas à legislação brasileira e parar de disseminar desinformação e discurso de ódio. Como tem feito em todas as suas declarações públicas sobre o assunto, afirmou que o Brasil usará todos os instrumentos legais para se defender, incluindo a Lei de Reciprocidade Econômica, que pode aumentar as tarifas sobre produtos dos Estados Unidos caso Trump cumpra sua ameaça.

Enquanto os discursos e cartas continuam, o governo brasileiro se reúne diariamente com representantes dos setores que podem ser mais afetados caso a ameaça tarifária de Trump entre em vigor em 1º de agosto, e alcançou uma unidade não vista há muito tempo. No mar de incertezas que se tornou a relação entre Estados Unidos e Brasil, a única certeza é que cada ameaça de Trump isola ainda mais Bolsonaro e fortalece Lula.

Pesquisas já indicam melhora na avaliação do presidente, que até quatro dias atrás vivia a pior crise de popularidade de seu mandato. Uma pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira indica que Lula derrotaria qualquer um dos possíveis candidatos de direita em 2026, e sua vantagem aumentou significativamente em relação a junho.

Lula sabe que tem uma oportunidade de ouro para unir o país contra o clã Bolsonaro. Em seu pronunciamento televisionado, ele afirmou que sua indignação é ainda maior sabendo que o ataque ao Brasil conta com o apoio de alguns políticos brasileiros: "Eles são os verdadeiros traidores do país; eles acreditam que 'quanto pior, melhor', não se importam com a economia do país ou com os danos causados ao nosso povo", acrescentou. Um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, mora nos Estados Unidos há meses e pressiona Trump para que defenda seu pai.